Projeto em território indígena une a comunidade para restaurar a mata ciliar

17 out, 2025

O Projeto Refloresta Maciambú é realizado na aldeia Pira Rupá, em Palhoça (SC), e já plantou mais de mil mudas para promover a restauração ecológica de áreas alteradas no território.

O último plantio da iniciativa ocorreu no sábado (11/10), e reuniu a comunidade para colocar a mão na terra e plantar mais 400 mudas nativas. Cedro (Cedrela fissilis), pitanga (Eugenia uniflora) e aroeira-vermelha (Schinus terebinthifolia) integraram o mix de espécies. A escolha das árvores que foram plantadas foi realizada em conjunto com a comunidade, buscando também o uso futuro dos frutos, folhas e sementes. 

Também foram realizadas oficinas para o diagnóstico socioambiental do território e  troca de saberes e Etnobotânica. Uma formação em práticas de viveiragem de espécies nativas para a produção de novas mudas na terra indígena está sendo planejada. Assim, além da restauração ecológica, a iniciativa busca fortalecer os saberes e conexão com a área, que foi degradada antes do reconhecimento do território indígena.

 

Registros do terceiro mutirão de plantio do projeto Refloresta Maciambú. Fotos: Vitor Lauro Zanelatto.

Além da comunidade da aldeia Pira Rupa, o projeto contou com a ajuda de diversos voluntários nas diferentes ações já realizadas, e é apoiado por diversas organizações, entre elas a Apremavi, que doou parte das mudas utilizadas através do projeto Bosques de Heidelberg, que apoia a criação de bosques de espécies nativas da Mata Atlântica em parceria com a ONG alemã Bund für Umwelt und Naturschutz Deutschland – BUND, e já plantou 185 mil árvores desde 1999. A iniciativa é viabilizada com apoio do Fundo Casa Socioambiental, através da chamada Mata Atlântica Viva.

Werá Mirim, liderança jovem da comunidade, compartilhou a motivação para propor o projeto:  “O Rio Maciambú passa pela nossa comunidade, e a gente via a erosão da nossa terra. A gente traz uma reflexão da nossa cosmologia Guarani: a recuperação da mata ciliar é devolver a energia para o solo, devolver a energia para a mãe terra. Foi com essa reflexão que nós começamos o trabalho.”

Já Mariama Brod Bacci, colaboradora do projeto, destacou a importância da iniciativa para a proteção ambiental da bacia hidrográfica do Rio Maciambú, ameaçada pelo desmatamento, mineração e utilização elevada de agrotóxicos na região: “Com esse projeto nós estamos conseguindo recuperar as áreas degradadas da mata ciliar, protegendo o leito do Rio Maciambú, que nasce no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e é essencial para o bem-viver”.

 

O Projeto Bosques de Heidelberg

A parceria entre a Apremavi e o BUND acontece desde 1999 e busca a restauração da Mata Atlântica no Brasil. A principal atividade é o plantio de árvores nativas produzidas no Viveiro Jardim das Florestas, aliado a realização de palestras, visitação a trilhas em áreas de florestas e apoio a campanhas educativas, buscando sensibilizar e envolver alunos e a sociedade em geral na proteção e recuperação do ambiente natural. Sempre que possível, os bosques são plantados em centros de ensino, áreas estratégicas para que o espaço também seja explorado como recurso em atividades de educação ambiental, contemplação e interpretação da natureza. 

> Saiba mais 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Miriam Prochnow e Mariama Brod Bacci
Foto de capa: ©Vitor Lauro Zanelatto

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