Serra da Abelha

1 jun, 1996 | Notícias

A ÁREA de Relevante Interesse Ecológico da Serra da Abelha foi criada por motivação da Apremavi, através da Resolução 005 de 17.10.90 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente e referendada por decreto Presidencial Publicado no Diário Oficial da União no dia 28 de maio de 1996.

Localizada no município de Vitor Meirelles, é uma área de 4.604 hectares de Mata Atlântica. Abrange uma zona de transição entre florestas ombrófila mista e ombrófila densa, o que confere grande importância científica, por sua biodiversidade e característica fitossociológicas.

Na área existem aproximadamente 8.000 araucárias adultas, com idade superior a 200 anos. O sub bosque é formado por espécies como a canela sassafrás, canela amarela, canela fogo,canela preta, canela garuva, cedro, palmito, pau óleo, pindabuna, angico, casaca danta, andrade, e nos locais onde já houve interferência humana surgem vassourões, canela guaica e bracatinga. Essas características lhe conferem o status de inigualável banco de sementes, que podem ser usadas para reprovar com espécies nativas, áreas já degradadas em toda a região do entorno.

Na área existem centenas de nascentes que abastecem espécies nativas, áreas já degradadas em toda a região do entorno.

Na área existem centenas de nascentes que abastecem vários ribeirões com belas cachoeiras, dentre os quais se destacam o Rio Deneke, o Rio da Prata e o Rio Varaneira, que desembocam no Rio Itajaí do Norte. A altitude varia de 400 a 800 metros, com existência de vales estreitos e profundos, além de pequenas cavernas. Existem também áreas planas, principalmente nas margens dos rios e no planalto onde ocorre a araucária.

A Serra da Abelha é rica em fauna, guardando espécies ameaçadas de extinção como o papagaio de peito roxo, tucano, gralha azul, gavião pombo, tesourinha do mato e pavó. Além destes podem ainda ser observados na região, ouriços, pacas, quatis, cachorros do mato, e dezenas de outras espécies de aves, répteis e anfíbios.
A ARIE da Serra da Abelha faz parte dos remanescentes de Mata Atlântica de Santa Catarina e é um dos últimos redutos da Araucária augustilofia, da que lá restam apenas 3% da área que existia originalmente.

A região da Serra da Abelha foi considerada como uma das áreas prioritárias para ações de proteção e conservação, no Workshop sobre a Biodiversidade da Mata Atlântica e Campos Sulinos, realizado nos dias 10 a 14 de agosto de 1999, em Atibaia – SP

Serra da Abelha é prioridade para a preservação da Biodiversidade no Brasil

O trabalho da Apremavi na Serra da Abelha

A APREMAVI vem trabalhando desde 1987 para a preservação desse importantíssimo patrimônio natural. Motivou a criação da ARIE em 1990 e em 1992 produziu o vídeo “Pinheiro Brasileiro”: “Sua Vida, Seu Papel, Seu Destino”, retratando a realidade da área.

Atualmente está realizando o projeto “Educação Ambiental e Conservação dos Recursos Naturais na ARIE da Serra da Abelha”, com o apoio financeiro e técnico do IBAMA e a participação da Prefeitura Municipal de Vitor Meireles e da Associação dos Agricultores José Valentim Cardoso.

P projeto, iniciado em 1999, que tem como objetivo implementar atividades de educação ambiental, junto aos agricultores da ARIE da Serra da Abelha e comunidade do entorno, visa contribuir com a preservação e recuperação dos recursos naturais da área.

Atividades do projeto

1- Realização de diagnóstico socioambiental envolvendo as famílias residentes no interior da ARIE, para possibilitar a elaboração, a partir dos dados levantados, de um plano de manejo para a área.

2- Capacitação das famílias, através de cursos e atividades práticas, em agricultura orgânica, recuperação de áreas degradadas, enriquecimento de florestas secundárias e ecoturismo.

3- Recuperação de áreas degradadas através do reflorestamento de áreas de preservação permanente, com espécies nativas da Mata Atlântica e enriquecimento de florestas secundárias existentes no interior da ARIE.

4- Implantação de áreas piloto de agricultura orgânica.

5- Elaboração de materiais educativos e de divulgação.
O projeto está trazendo grande motivação para a comunidade, principalmente através do curso, e despertando o interesse de alguns jovens, que já estão buscando aperfeiçoamento como guias ecoturismo.

Outra instituição que se integrou ao projeto é o INCRA, que está participando de discussões e negociações junto ao IBAMA, com o objetivo de concretizar um Plano de Manejo para a área e possibilitar o assentamento definitivo das famílias. Este plano busca contemplar a preservação ambiental através de atividades ecologicamente sustentáveis e a busca da melhoria da qualidade de vida dos moradores.

A comunidade ajuda a preservar a floresta

Na ARIE da Serra da Abelha residem 38 famílias que praticam a agricultura familiar e fazem a coleta do pinhão para substência. As famílias estão organizadas na Associação de Agricultores José Valentim Cardoso (Ajovacar), fundada em 1997.
Algumas dessas famílias residem na área desde 1948, época em que começaram as atividades agrícolas e d e coleta de pinhões, praticadas ao longo dos anos pelos moradores da ARIE, apresentam reduzido impacto ambiental, fato que contribui para a conservação da floresta até os dias atuais.

Segundo dados do diagnóstico socioambiental, realizado pela Apremavi e prefeitura municipal de Vitor Meirelles junto a 100% das famílias residentes no interior da ARIE, atualmente 146 há estão sendo utilizados para paisagens, 110 há para lavouras anuais, 14 há com reflorestamento de pinus e eucalipto e três ha estão reflorestados com espécies nativas. Os moradores também informaram que existem aproximadamente 250 ha com capoeiras em estágio médio ou avançado de regeneração.
A área declarada de utilidade pública pelo INCRA, para fins de Reforma Agrária, através de dois decretos, nos anos de 1985 e 1986.

Recentemente, em função da criação da ARIE, o INCRA iniciou negociações junto ao IBAMA, visando à implantação de um projeto de assentamento alternativo que possibilite contemplar a permanência das famílias na área, com a conservação da floresta.

Por abrigar madeiras nobres, a Serra da Abelha sempre foi alvo de conflitos, invasão de madeireiros, caça e também alguns incêndios criminosos. Com a criação da ARIE, os moradores passaram a perceber a importância ambiental da área e começaram a denunciar as tentativas de invasão de madeireiros e o corte ilegal de árvores.

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