Encontro de Ambientalistas Históricos movimentou o Centro Ambiental Jardim das Florestas

Encontro de Ambientalistas Históricos movimentou o Centro Ambiental Jardim das Florestas

Encontro de Ambientalistas Históricos movimentou o Centro Ambiental Jardim das Florestas

Como parte da comemoração dos 30 anos Apremavi, foi realizado um encontro de confraternização de ambientalistas “históricos” do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O evento, realizado nos dias 21, 22 e 23 de abril de 2017, no Centro Ambiental Jardim das Florestas, da Apremavi, em Atalanta-SC, teve a participação de 25 pessoas, incluindo alguns da jovem guarda da Apremavi.

O encontro teve como objetivo falar sobre o “futuro”: futuro do passado e futuro do presente. Efetivamente o tempo passou e hoje estamos no futuro do qual falávamos nos idos da década de 1980, ou 1970 no caso de alguns, como os pioneiros fundadores da Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena), Lauro Eduardo Bacca e Nelcio Lindner.

O futuro é da “cor” ou do “jeito” que o imaginávamos naquela época? Quais foram as contribuições dos sonhadores ambientalistas que já estavam na “luta” (ou na estrada) naquela época e continuam até hoje, mesmo que alguns em outras frentes (universidades, governos,  ministério público, empresas…)? Quais foram as principais conquistas ou vitórias? Quais foram as decepções e derrotas?

Momento de reunião dos ambientalistas. Foto: Arquivo Apremavi

Analucia Hartmann, Procuradora da República avalia que a contribuição do movimento ambientalista de Santa Catarina para a conservação dos recursos naturais é positiva: “nós criamos, vou falar nós porque também já participei a muito tempo desse movimento, um paradigma neste estado, os diversos movimentos por suas maneiras peculiares de agir, contribuíram muito para a proteção dos recursos naturais e o saldo é positivo, apesar de termos muito a fazer. Os desafios atuais são enormes, infelizmente a destruição e o desenvolvimentismo são muito mais rápidos do que a reação da sociedade e o desafio é conscientizar a sociedade para que ela abrace a ideia da preservação dos recursos naturais e para que possamos criar um modelo de desenvolvimento sustentável”.

O Prof. João de Deus Medeiros da UFSC e coordenador do Grupo Pau-Campeche, disse que o movimento ambientalista, com esforço de um trabalho voluntário de várias lideranças, conseguiu avanços significativos para criar um cenário mais favorável da sociedade brasileira em sua relação com o meio ambiente: “o aprimoramento da legislação ambiental como a Lei da Mata Atlântica, a Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação e também a consolidação do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente tiveram uma colaboração inequívoca das entidades ambientalistas”.

Para Nélcio Lindner, fundador da Acaprena, um grande desafio é fazer com que a consciência ambiental ecoe no coração e na mente das pessoas de maneira geral.

Clovis Borges, fundador da Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), de Curitiba-PR,  avalia que o resultado do trabalho de conservação da natureza, feito por um grupo pequeno de pessoas no Brasil, é extraordinário, seja na restauração de áreas degradadas, na proteção da fauna e da flora e na criação e  implementação de áreas protegidas: “o que cultivamos e conseguimos colher nesses anos é um pano de fundo para um desafio de se buscar o envolvimento de novos atores e ampliar essas conquistas. Estamos também diante de retrocessos como o Código Florestal e os órgãos ambientais estão cada vez mais desestruturados, e isso, juntamente com as influencias políticas, tem feito com que eles percam a condição de cumprimento de  sua missão”.

Lauro Eduardo Bacca, fundador da Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena) em 1973, afirma que o movimento ambientalista deu uma contribuição enorme: “se não fossem organizações e pessoas que levantassem os problemas ambientais a sociedade teria reagido de forma muito mais lenta do que reagiu à destruição. Se olharmos para a Mata Atlântica veremos que a situação hoje está muito melhor do que há 40 anos e a poluição também está muito menor. Há 40 anos os rios eram numa cloaca de tudo quanto é atividade humana. Por outro lado vemos hoje uma aparente falta de engajamento das gerações mais novas nas causas sociais. A ação ambiental quase sempre envolve questões a longo prazo e as pessoas parece que preferem ou entendem só as questões a curto prazo mas nós temos que agir e pensar a longo prazo”.

Silvia Marcuzzo entregando presente ao Presidente da Apremavi, Edegold Schäffer. Foto: Arquivo Apremavi

Para a jornalista ambiental Silvia Marcuzzo de Porto Alegre, é importante que os jovens larguem as telas dos computadores e dos celulares e observem um pouco a natureza: “a natureza tem muita coisa a nos ensinar, seja uma borboleta, uma flor ou a movimentação das nuvens…isso não vai se aprender e entender através do Youtube, mas através da conexão aqui e agora com a natureza”.

Kathia Vasconcelos Monteiro, do Instituto Augusto Carneiro de Porto Alegre, disse  que o movimento ambientalista começou de forma expontânea mas ao longo do tempo as pessoas foram chegando e muita coisa foi feita em relação às florestas, às energias limpas e aos biomas como a Mata Atlântica e o Pampa: “quando se olha pra traz vemos que os ambientalistas mudaram o mundo, mesmo que ainda não em todos os aspectos que o mundo requer”.

Segundo Noemia Bohn, da Acaprena, é importante que os jovens se dêem conta de que a vida está aqui fora e para manter a vida e a qualidade de sua própria vida é necessário trabalhar pela proteção e conservação da natureza.  E isso vale a pena: “conseguimos vitórias impressionantes, especialmente no aspecto da legislação, que acabaram se refletindo na vida prática e evitando a degradação da cobertura florestal e contribuíram no controle da poluição. O maior desafio agora é manter o que foi conquistado e evitar os retrocessos que estão em curso”.

Para Emerson Antonio de Oliveira, da Fundação Grupo Boticário, conseguimos grandes avanços com muito esforço e muito trabalho desde a década de 1980, como os acordos internacionais sobre biodiversidade, sobre clima e também uma legislação sólida e eficiente aqui no Brasil. O desafio maior do momento é evitar os retrocessos na legislação que está sofrendo ataques de setores que não querem a implementação dessa legislação.

Segundo Vanderlei Schmitt, da Acaprena, “os jovem que estão indignados com a situação de degradação ambiental no planeta tem a oportunidade de contribuir, basta procurar uma organização ambiental e colocar a mão na massa e hoje precisamos dos jovens para reverter o quadro da degradação do planeta terra”.

 

Ambientalistas durante visita na Apremavi. Foto: Arquivo Apremavi

Leocarlos Sieves, da Acaprena, diz que é importante lutar, não se deixar abater pelas adversidades por que no passado alguém já lutou para que hoje tenhamos qualidade de vida e hoje temos que lutar para que as futuras gerações também tenham qualidade de vida.

Miriam Prochnow, fundadora da Apremavi em 1987, disse que o encontro foi extremamente proveitoso: “além de reunir amigos de longa data e compartilhar histórias, foi um momento de avaliação que permitiu mostrar os resultados alcançados e pensar em como trabalhar para o enfrentamento dos desafios atuais, como a questão das mudanças climáticas.

Autor: Wigold Schäffer

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