A crise climática e a década da restauração – ou seria do colapso? Ainda depende de nós!

28 jan, 2021 | Notícias

“Entendemos que o mundo é muito complexo e que mudanças não acontecem da noite para o dia. Mas vocês já tiveram mais de três décadas de blá-blá-blá. De quantas mais vocês precisam?” perguntou Greta Thunberg no dia 26 de janeiro de 2021, às elites econômicas e políticas mundiais reunidas no Fórum Econômico Mundial em Davos na Suíça.

Greta Thunberg, a jovem sueca de 18 anos que mobilizou milhões de pessoas ao redor do mundo nos últimos anos, sabe que não há mais desculpa, simplesmente porque não há mais tempo. Ou agimos agora ou nossos filhos e netos não terão a chance de agir e de viver neste planeta – e não existe outro.

Você está preocupado com o futuro da Terra? Bem, a perspectiva é pior do que até mesmo os cientistas podem imaginar”. É isso que aponta uma pesquisa que analisou mais de 150 estudos sobre o estado atual do mundo natural. O artigo, escrito por 17 cientistas da Flinders University, Stanford University e da University of California, Los Angeles, descreve as tendências futuras prováveis ​​no declínio da biodiversidade, extinção em massa, perturbação climática e toxificação planetária. Os cientistas esclarecem a gravidade da situação humana e fornecem uma fotografia atual das crises que devem ser tratadas agora. Os problemas, todos ligados ao consumo humano e ao crescimento populacional, quase certamente se agravarão nas próximas décadas. Os danos serão sentidos por séculos e ameaçam a sobrevivência de todas as espécies, incluindo a nossa.

Números não mentem

A pesquisa supracitada analisou o estado atual do meio ambiente global. Aqui estão alguns números:

  • houve uma redução pela metade da biomassa da vegetação desde a revolução agrícola, há cerca de 11.000 anos. No geral, os humanos alteraram quase dois terços da superfície terrestre da Terra;
  • cerca de 1.300 extinções de espécies foram documentadas nos últimos 500 anos, com muitas mais não registradas. De forma mais ampla, o tamanho das populações de espécies animais diminuiu em mais de dois terços nos últimos 50 anos, sugerindo que mais extinções são iminentes;
  • cerca de um milhão de espécies de plantas e animais estão globalmente ameaçadas de extinção. A massa combinada dos mamíferos selvagens hoje é menos de um quarto da massa antes dos humanos começarem a colonizar o planeta. Os insetos também estão desaparecendo rapidamente em muitas regiões;
  • 85% da área úmida global foi perdida em 300 anos, e mais de 65% dos oceanos foram comprometidos até certo ponto pelos humanos;
  • houve uma redução pela metade da cobertura de corais vivos nos recifes em menos de 200 anos e uma diminuição na extensão das ervas marinhas em 10% por década no último século;
  • cerca de 40% das florestas de algas diminuíram em abundância, e o número de grandes peixes predadores é menos de 30% daquele de um século atrás.

Uma situação ruim que continua piorando

A população humana atingiu 7,8 bilhões de pessoas – o dobro do que era em 1970 – e deve chegar a cerca de 10 bilhões até 2050. Mais pessoas significa mais insegurança alimentar, degradação do solo, poluição por plásticos e perda de biodiversidade.

As altas densidades populacionais também tornam as pandemias mais prováveis. Elas também geram superlotação, desemprego, escassez de moradias e deterioração da infraestrutura e podem desencadear conflitos que levam a insurreições, terrorismo e guerra.

O consumo ultrapassou a capacidade da Terra de se regenerar, cresceu de 73% em 1960 para mais de 170% hoje. Ou seja, estamos consumindo os recursos dos nossos filhos e netos.

Se não bastasse, tem a mudança climática. A ação humana já ultrapassou o aquecimento global de 1 ° C neste século, e quase certamente ultrapassará 1,5 ° C entre 2030 e 2052. Mesmo se todas as nações signatárias do Acordo de Paris ratificassem seus compromissos, o aquecimento ainda atingiria entre 2,6 ° C e 3,1 ° C em 2100.

As informações aqui apresentadas podem ser acessadas aqui.

As Nações Unidas declararam o período entre 2021 e 2030 como a Década da Restauração.

Década da Restauração de Ecossistemas (2021-2030)

A degradação dos ecossistemas terrestres e marinhos compromete o bem-estar de 3,2 bilhões de pessoas em todo o planeta, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Isto significa que a degradação já afeta quase metade da população da Terra.

A conservação dos ecossistemas ainda preservados e a restauração de ecossistemas degradados são a melhor forma de enfrentar a crise climática, a perda de biodiversidade, a escassez hídrica e de alimentos

Esse é o motivo pelo qual a Assembleia Geral das Nações Unidas declarou que o período de 2021-2030 será a “Década da Restauração de Ecossistemas”, que tem como principal objetivo aumentar os esforços para restaurar ecossistemas degradados, criando medidas eficientes para combater a crise climática, alimentar, hídrica e da perda de biodiversidade.

Quando falamos em restauração de ecossistemas não estamos falando apenas das florestas. Segundo a representante do PNUMA no Brasil, Denise Hamú, muitas pessoas pensam nas florestas. “Elas estão sim ameaçadas e são vitais para o planeta e para o ser humano. Mas outros ecossistemas, a exemplo de pântanos, pradarias, savanas (como o cerrado brasileiro) e corais também estão entrando em colapso e são essenciais para a manutenção dos serviços ecossistêmicos, que são a base da nossa sobrevivência enquanto espécie e sociedade. A Década da Restauração chega para canalizar soluções e esforços locais e globais, fortalecer parcerias, impulsionar ações (novas e já em curso) e intensificar a troca de conhecimentos e boas práticas em prol do nosso meio ambiente”, complementa Hamú.

É por todos esses motivos que a Apremavi está iniciando 2021 com força total. Precisamos encarar a crise climática como crise e para isso nossas ações devem ser concretas e responsáveis. Todos podem e devem fazer a sua parte, mudando hábitos e ajudando a implementar projetos ambientais.

Seja você também um ativista do clima e ajude a mudar o rumo do nosso Planeta.

Autor: Wigold B. Schäffer.

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