Canal de PCH em Taió volta a romper

24 fev, 2019 | Notícias

No último dia 23 de fevereiro o canal da Pequena Central Hidrelétrica (PCH) Rudolf Heidrich, do empreendedor Heidrich Geração Elétrica Ltda, localizado no distrito de Passo Manso, comunidade de Ribeirão das Pedras no município de Taió (SC) tornou a romper. Este já é terceiro problema registrado na obra. A Apremavi acompanha o caso desde o início da implantação das usinas e já havia alertado sobre os perigos relacionados à elas, tendo inclusive em 2008 solicitado o indeferimento do licenciamento devido a inviabilidade da obra do ponto de vista da sustentabilidade ambiental, veja aqui e aqui.

O canal de concreto, que tem cerca de 4 quilômetros de extensão, faz o desvio a céu aberto da água do Rio Itajaí do Oeste para a PCH Rudolf Heidrich e passa na altura da meia encosta por cerca de 28 propriedades. Operando com 100% da capacidade de inundação, o canal havia passado por uma vistoria horas antes do seu rompimento. A Defesa Civil afirmou que os moradores conseguiram sair a tempo e sem lesões, mas o rompimento causou estragos nas propriedades do entorno.

Vale lembrar que desde 2014 famílias se opunham ao modelo implantado para instalar a hidrelétrica. A obra chegou a ficar suspensa até 2017, quando obteve autorização para instalação e operação pela FATMA. Após o início das atividade, em 2017, um rompimento foi registrado, causando também prejuízos para os moradores da região.

Em depoimento ao Jornal Informe Blumenau, o advogado Odair Andreani disse que a obra é um verdadeiro monumento ao absurdo. “O canal desvia o Rio Itajaí do Oeste por 3.6 km, ou seja, cria praticamente um novo rio, que inclusive, em alguns pontos, está 30 metros acima do nível do rio original”, ressalta Odair. Para a Apremavi fica cada vez mais claro que não houve uma avaliação real dos impactos ambientais do empreendimento.

Para complementar o descaso, um relatório da Agência Nacional de Águas (ANA) divulgado em 2017, aponta que metade das 138 barragens catalogadas pela ANA em Santa Catarina não tem planos de segurança, emergência e nem passam por vistorias. Fica a pergunta: quantas vezes mais teremos que ver crimes ambientais dessa natureza não terem seus operadores responsabilizados?

Este já é terceiro problema registrado na PCH de Taió. Foto: Defesa Civil de Taió (SC).

Autora: Carolina Schäffer.
Foto de destaque: Defesa Civil de Taió (SC).

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