A visitação para a comunidade local e planejada por ela, direcionada à sensibilização e educação ambiental, será a prioridade do uso público do Parque Nacional (PARNA) das Araucárias. A orientação foi definida em assembleia extraordinária realizada dia 29 de janeiro, em Passos Maia (SC). O evento teve participação de 35 representantes do Poder Público e Sociedade Civil, entre conselheiros e apoiadores. Pela manhã foram avaliadas duas propostas de trilha no Parque. À tarde a assembleia deu continuidade ao diálogo, planejamento e encaminhamentos.

Juliano Rodrigues Oliveira, analista ambiental do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e chefe do PARNA, ressalta que “a visitação vai começar com grupos de educação ambiental, grupos de visitantes da comunidade. A gente pretende incentivar que as pessoas da comunidade de Passos Maia, Ponte Serrada e dos municípios vizinhos, de escolas, trabalhadores, venham conhecer a unidade”, salienta.

Boas vindas aos participantes.

Para Mateus Sônego, da Coordenação Geral de Visitação (CGVIS) do ICMBio/Brasília-DF o Parque e seu conselho acertaram em definir a educação ambiental como tema da visitação. “A Unidade de Conservação (UC) tem que valorizar a comunidade do entorno para que a comunidade do entorno valorize a UC”, frisou Sônego. Nessa relação o ganho é mútuo, pela divulgação da unidade e geração de renda à região, destacou. Segundo o ICMBio, todos os Parques Nacionais receberão esforços de estrutura e investimento até 2020.

A diversidade de atrativos do Parque Nacional das Araucárias destaca seu potencial para o turismo, cita Jaqueline Pesenti, responsável pelo diagnóstico de turismo e uso público do Parque na época da elaboração do plano de manejo. Contudo, “é necessário muito planejamento de longo prazo, passando pela definição do público alvo, estrutura de suporte à visitação e envolvimento direto da comunidade local”, comenta. Um exemplo de envolvimento da comunidade para o turismo foi o almoço preparado pela conselheira Cleusa Gabiatti.

Para Vanessa Kanaan, coordenadora do projeto de reintrodução do papagaio-de-peito-roxo no Parque, um dos atrativos é a observação de aves. Essa atividade está atraindo pessoas de fora e da própria comunidade local, que já está contribuindo com o monitoramento dos papagaios.

A Prefeitura de Passos Maia esteve representada pelo prefeito em exercício, Leomar Listoni e pelo prefeito licenciado, Ivandre Bocalon (Evandro). O Parque representa “um atrativo exuberante, um potencial enorme, que o município vê como uma grande oportunidade e por isso faz questão de participar do conselho”, observa Bocalon. Ele avalia a reunião como positiva e acrescenta que “a administração municipal está apoiando, vai apoiar e acredita na ideia”.

Fabiana Bertoncini, chefe da Floresta Nacional (FLONA) de Chapecó, ressalta que as UCs não devem ser vistas de forma isolada, como historicamente foram percebidas. “É preciso ver o uso público como um aliado da gestão, pois se não há o uso ordenado, há o clandestino”, pontuou. Como exemplo, Fabiana mencionou os projetos de educação e sensibilização ambiental que a unidade vem desenvolvendo junto às escolas e comunidades do entorno, além de atividades diferenciadas, como a recente Pedalada Ambiental, promovida para divulgar a FLONA e incentivar a prática de ciclismo.

De Concórdia a experiência foi compartilhada pela equipe da Equipe Co-Gestora do Parque Estadual (PE) Fritz Plaumann (ECOPEF). “A gente usou o Parque como um catalisador de parcerias e projetos e hoje a satisfação dos visitantes é avaliada como ótima em mais de 80% das avaliações”, cita Rafael Leão, um dos responsáveis pelo uso público dessa unidade.

Em 2013 os conselheiros do PARNA das Araucárias conheceram de perto o PE Fritz Plaumann, em visita técnica realizada pela Apremavi por meio de projeto apoiado pelo TFCA/Funbio. “A visita propiciou aos conselheiros perceber como é o funcionamento de um Parque, desde as trilhas ao envolvimento com os moradores vizinhos, e essa experiência contribuiu para a discussão sobre o uso público do Parque Nacional das Araucárias”, observa Marcos Alexandre Danieli, coordenador de projetos da Apremavi.

Outra situação foi compartilhada pela equipe do Grupo de Apoio à Gestão do Parque Estadual das Araucárias (GRIMPEIRO) de São Domingos (SC). A unidade já teve visitação, mas hoje está fechada e isso tem frustrado a comunidade local. Mesmo assim, o trabalho continua com atividades de educação ambiental nas escolas locais, complementa Angelo Milani, presidente da instituição.

Grimpeiro compartilhando experiência do PE Araucárias.

O uso público do Parque Nacional das Araucárias continuará sendo discutido nas próximas reuniões. A discussão não é recente, mas só pôde avançar após a indenização de algumas áreas. Dentre os encaminhamentos da assembleia, o conselho assinou e encaminhará Moção à presidência do ICMBio solicitando mais analistas ambientais para o Parque, que atualmente possui apenas um servidor lotado.

Fotos: Marcos Alexandre Danieli.

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