Relatório do IPCC aponta que precisamos ser radicais quando o assunto é clima

16 ago, 2021 | Notícias

Com base no Sexto Relatório de Avaliação (AR6) do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o Relátorio do IPCC, lançado no último dia 09/08, e nesta análise feita pelo Observatório do Clima, alguns pontos são fundamentais:

JÁ FOI ESTABELECIDO QUE A AÇÃO HUMANA TEM AQUECIDO AINDA MAIS O SISTEMA CLIMÁTICO E QUE MUDANÇAS DO CLIMA RÁPIDAS E DISSEMINADAS PELO MUNDO JÁ ESTÃO ACONTECENDO

É inequívoco que os seres humanos provavelmente contribuíram significativamente com o aquecimento global observado no último século. Do aquecimento de 1,09°C observado atualmente (2011-2020) em comparação com o período pré-industrial (1850- 1900), 1,07°C provavelmente derivam de ações humanas, como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento.

AS EMISSÕES DO PASSADO JÁ TORNARAM IRREVERSÍVEIS ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS DO AQUECIMENTO GLOBAL, COMO O DEGELO, O AUMENTO DO NÍVEL DO MAR E MUDANÇAS NOS OCEANOS

Além disso, o relatório projeta que nas próximas décadas o clima mudará em todas as regiões e de formas diferentes. Mas não se trata apenas de aumento na temperatura, haverá mudanças no regime de chuvas e secas, na incidência dos ventos, na paisagem das áreas costeiras e na vida do oceano.

Para 1,5°C de aquecimento global, haverá, por exemplo, ondas de calor crescentes, estações quentes mais longas e estações frias mais curtas. A 2°C de aquecimento global, espera-se que os extremos de calor atinjam mais frequentemente os limites de tolerância, prejudicando tanto a agricultura como a saúde.

O relatório aponta ainda que a mudança climática está afetando as mais variadas regiões do mundo de formas diferentes – e essa diferença irá aumentar à medida que a temperatura aumentar. Por exemplo, em altas latitudes, é provável que a precipitação aumente, enquanto se prevê que diminua em grandes partes das regiões subtropicais.

O AQUECIMENTO GLOBAL ULTRAPASSARÁ 1,5°C ANTES DO MEIO DO SÉCULO, MAS PODE SER REDUZIDO ABAIXO DISSO NO FIM DO SÉCULO COM AÇÃO AMBICIOSA IMEDIATA

Dos cinco cenários de emissão avaliados a marca de 1,5°C deve ser ultrapassada entre 2021 e 2040, embora a probabilidade dessa ultrapassagem seja maior nos cenários de mais alta emissão. Apenas um dos cenários nos dá alguma chance de manter viva a meta do Acordo de Paris, e somente se ações ambiciosas de redução das emissões forem estabelecidas pelos países.

PARA REDUZIR O IMPACTO HUMANO NO CLIMA O ÚNICO NÍVEL TOLERÁVEL DE EMISSÃO É ZERO

Limitar o aquecimento global em qualquer nível requer no mínimo que as emissões líquidas de CO2 sejam zeradas e que outros gases de efeito estufa, como o metano, sejam substancialmente reduzidos.

Há diferentes medidas que contribuem para isso e elas vão desde a transição da atual matriz energética para energias limpas, à acabar com o desmatamento e a promoção da regeneração de áreas degradadas.

Para Miriam Prochnow, Conselheira da Apremavi, é preciso tomar medidas urgentes para a reversão desse cenário. “O futuro do qual falávamos a 30 anos atrás, chegou. Precisamos de união e ação imediatas. Não há espaço para negacionismos. A boa notícia é que o Brasil é um celeiro de bons exemplos que podem e devem ser seguidos e ampliados. Dar escala às ações que já existem de combate à crise climática é imprescindível”, afirma Miriam.

Miriam chama a atenção para a pauta da restauração: “é uma pauta da qual todos podem participar e onde cada muda plantada e cuidada, faz a diferença. As pessoas podem se envolver na coleta de sementes, na produção de mudas e no plantio dessas mudas“, complementa a ativista. Há tambem a opção de apoiar financeiramente os projetos ambientais de ONGs locais como a Apremavi.

Nós acreditamos que todo apoio conta e é importante e as mobilizações realizadas pelo movimento Sextas pelo Futuro são exemplo disso. Reúna os amigos e familiares e converse sobre o tema, uma boa dica é sintonizar no programa de rádio Tribunal da Terra, do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental (FMCJS). Para inpirarar o seu ativismo ambiental, compartilhamos um vídeo que chama para a conscientização:

“Para onde vamos?” é resultado de um processo colaborativo que reuniu voluntariamente artistas, profissionais e doadores. Fonte: Famílias Pelo Clima.

30 anos de Relatório do IPCC

O Fakebook.eco fez uma comparação entre os sumários dos seis grandes relatórios de avaliação publicados pelo IPCC desde 1990. Procurou-se entender como mudou o entendimento do painel sobre oito temas: se o aquecimento global é real ou não, se a humanidade influencia ou não esse processo, quanto de aquecimento teríamos caso o nível de gás carbônico na atmosfera duplicasse (a chamada “sensibilidade climática”, o parâmetro básico para os modelos de previsão de clima), as projeções de temperatura, de nível do mar, de degelo, de furacões e de eventos potencialmente cataclísmicos, os chamados “tipping points” planetários.

Acesse o gráfico aqui.

Autoras: Carolina Schäffer e Miriam Prochnow com dados e textos fornecidos pelo Observatório do Clima.

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