Revista científica publica levantamento da flora do Parque Mata Atlântica

21 ago, 2025

A terceira edição da Revista Biodiversidade apresenta novos estudos científicos sobre a fauna e flora no Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Dois artigos da publicação são os levantamentos realizados pela Apremavi no Parque Natural Municipal da Mata Atlântica (PNMMA), em Atalanta (SC), que revelam a expressiva diversidade de plantas existentes na Unidade de Conservação com apenas 54,2 hectares.

Co-organizada pela Associação Ambientalista Pimentão, Ministério Público de Santa Catarina e editora do Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (Unidavi), a publicação reúne pesquisas realizadas nas cidades de Atalanta, Rio do Oeste e Rio do Sul. O Volume 3 da revista traz artigos sobre a avifauna do Alto Vale, o primeiro registro documentado da espécie Bubo virgianus, e levantamentos florísticos, fitossociológicos, epífitos e rupícolas do PNMMA.

Levantamento de flora do Parque Mata Atlântica

Considerado um importante fragmento para a conservação da biodiversidade, o estudo realizado no Parque Mata Atlântica revelou que 144 espécies arbóreo-arbustivas ocorrem na área, distribuídas em 49 famílias botânicas. O estudo registrou oito espécies ameaçadas de extinção segundo a Lista Oficial das Espécies Brasileiras Ameaçadas de Extinção:

“Os levantamentos reforçam a relevância do PNMMA como abrigo de espécies tanto da Floresta Ombrófila Mista quanto da Floresta Ombrófila Densa, e mostram que mesmo Unidades de Conservação relativamente pequenas exercem papel crucial na conservação da biodiversidade”, explica Marluci Pozzan, Coordenadora de Projetos da Apremavi e pesquisadora envolvida no estudo.

Ela ainda comenta que as organizações da sociedade civil têm papel relevante na geração da ciência, ao integrar conhecimento científico, inovação tecnológica e práticas de campo. “Através de parcerias com instituições de pesquisa, esses dados são transformados em publicações científicas. Essa prática tem contribuído para a geração de conhecimento científico sobre o ecossistema, especialmente no âmbito regional.”

 

Levantamento de Epífitas e Rupícolas

Outro destaque é o primeiro levantamento de epífitas e rupícolas, plantas que vivem sobre outras e sobre paredes, muros, rochedos ou afloramentos rochosos, respectivamente. Foram registradas 37 espécies, pertencentes a 18 famílias botânicas. Sete dessas espécies são endêmicas da Mata Atlântica, ou seja, só ocorrem nesse bioma.

Entre elas, a emblemática rainha-do-abismo (Sinningia macropoda), que possui poucos registros em Santa Catarina. No Parque, a espécie ocorre em abundância nos paredões rochosos, transformando a paisagem durante a floração com suas flores vermelhas.

“Encontramos uma diversidade significativa em uma área relativamente pequena. Isso indica que o Parque abriga muito mais espécies do que o levantamento inicial conseguiu registrar”, ressalta Gabriela Goebel, Técnica Ambiental da Apremavi e pesquisadora.

“Levantamentos de flora são importantes para identificarmos as espécies presentes na região e ampliar nosso conhecimento sobre a distribuição dessas espécies. Esses dados são importantes para identificação de espécies raras e ameaçadas de extinção, e auxiliam na elaboração de ações de conservação”, relata Gabriela sobre a importância da publicação.

rainha-do-abismo (Sinningia macropoda) uma das espécies registradas no Parque Mata Atlântica

Algumas das espécies registradas no Parque durante o levantamento. Fotos: Wigold Schäffer e Arquivo Apremavi.

Cuidando da Mata Atlântica

Os estudos são resultado da revisão do Plano de Manejo do Parque por meio do projeto “Cuidando da Mata Atlântica”, executado entre 2023 e 2024 pela Apremavi em parceria com a The Vita Coco Company. As ações contemplaram o monitoramento da biodiversidade, com ênfase nos mamíferos; o desenvolvimento de atividades de Educação Ambiental junto às escolas da região; e a elaboração de um mapa com proposta para a criação de um corredor ecológico em Atalanta, conectando o Parque Mata Atlântica a outros fragmentos florestais do município.

 

A Revista Biodiversidade

É uma publicação periódica dos trabalhos científicos desenvolvidos no Alto Vale do Itajaí. A Associação Ambientalista Pimentão e a Unidavi se uniram para divulgar os resultados das pesquisas da fauna e da flora da região. O projeto conta com o apoio do Ministério Público do Alto Vale do Itajaí, e tem como objetivo promover a divulgação do conhecimento nos vinte e oito municípios.

> Confira a íntegra do Volume 3 da Revista da Biodiversidade.

 

Volume 3 da Revista da Biodiversidade

Autora: Thamara Santos de Almeida.
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto.
Foto de capa: © Wigold Schäffer.

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