Bosques de Heidelberg: 25 anos plantando o futuro no presente

18 set, 2023 | Bosques de Heidelberg, Notícias

A parceria teuto-brasileira entre o Bund Für Umwelt und Naturschutz Deutschland (BUND) e a Apremavi atinge a marca de 25 anos de atividades, e celebra as mais de 169 mil mudas plantadas. 

O Atlântico divide as duas ONGs ambientalistas que tornaram-se parceiras em 1998. A alemã organiza campanhas e atividades de educação ambiental, ao mesmo passo que capta recursos para a restauração. A brasileira, planta novos bosques em áreas estratégicas.

A cooperação entre as organizações começou com uma visita de Miriam Prochnow à cidade de Heidelberg, um desdobramento de um seminário de intercâmbio entre ONGs brasileiras e alemãs, em Berlim. Após o seminário, Miriam e outros brasileiros foram até Heidelberg para uma série de reuniões com representantes da prefeitura local e do BUND. A visita foi coordenada por Klemens Laschefski do BUND, que havia acabado de realizar um estágio na Apremavi e havia retornado à Alemanha inspirado para contribuir com a restauração da Mata Atlântica. 

Grande parte dos recursos arrecadados para possibilitar o plantio desses bosques no Brasil vem de esforços de alunos das escolas municipais de Heidelberg, através da venda de cucas e panquecas, produtos de Natal, entre outros. A concentração da captação acontece no período de Natal, quando os alunos são estimulados a “comprar” mudas de árvores para restaurar a Mata Atlântica e dar de presente o certificado desse plantio, ao invés dos presentes tradicionais.

O escopo do projeto Bosques de Heidelberg no Brasil foi estabelecido ao longo dos anos. A principal atividade é a restauração da Mata Atlântica com o plantio de árvores, aliada a realização de palestras, visitação a trilhas em áreas de florestas e apoio a campanhas educativas, buscando sensibilizar e envolver alunos e a sociedade em geral na proteção e recuperação do ambiente natural. Sempre que possível, os bosques são plantados em centros de ensino, áreas estratégicas para que o espaço também seja explorado como recurso em atividades de educação ambiental, contemplação e interpretação da natureza. 

 

Registro da reunião na Alemanha que deu origem ao projeto. Foto: Arquivo Apremavi.

O primeiro Bosque de Heidelberg foi implantado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ribeirão Matilde, em Atalanta (SC), em 1999, logo após a parceira ter sido acordada. Ao longo dos anos, o bosque foi crescendo e tornou-se parte significativa do espaço escolar. Em 2019, quando completou-se vinte anos do plantio, os alunos também elaboraram cartões postais, ilustrados com elementos do Bosque da Escola através de desenhos e colagens. No mesmo ano, foram lançadas as cartilhas ecológicas “Desenhando o Bosque da Escola: 20 anos de amor pela Natureza”. A cartilha é uma iniciativa da Escola, tem o apoio da Apremavi e do BUND, e contém desenhos e poemas elaborados pelos alunos que fizeram do bosque sua fonte de inspiração artística.

Conheça o bosque da escola de Ribeirão Matilde no vídeo:

 

Atividades realizadas em comemoração aos 20 anos do bosque da escola. Fotos: Arquivo Apremavi.

Plantando novos bosques

No projeto, as atividades de restauração ecológica estão amalgamadas com a educação ambiental ao ar livre junto às crianças, jovens, professores e voluntários. Para iniciar a atividade é feita a descrição e identificação das espécies florestais que estão sendo plantadas. Algumas peculiaridades sobre as árvores são abordadas nesse momento, tais como:
・A necessidade de escolher árvores frutíferas, ornamentais e nobres da Mata Atlântica;
・Importância para a natureza em diversificar as várias espécies florestais, buscando promover os estágios sucessionais necessários para o êxito da restauração ecológica;
・Aspectos históricos de espécies florestais que tiveram importante ciclo econômico na região;
・A importância do aspecto paisagístico da propriedade, com o objetivo de deixá-la mais integrada com a natureza e com uma melhor qualidade de vida.

O plantio é monitorado pela equipe da Apremavi, mas a responsabilidade pela manutenção e cuidados com a área é do proprietário ou administrador do terreno. Além disso, a Apremavi tem empregado esforços para cadastrar todos os novos plantios do Projeto Bosques de Heidelberg no Portal Ambiental, ferramenta de gestão dos projetos de restauração ecológica da Apremavi.

Até dezembro de 2022 foram plantadas 169.495 árvores de espécies nativas da Mata Atlântica, formando 87 bosques, em 39 cidades nos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, beneficiando 123 propriedades públicas e privadas e mais de 1.800 pessoas.

Um outro bosque pioneiro do projeto e exemplar no desenvolvimento de atividades de educação ambiental em Trombudo Central (SC), na propriedade Krüger Haus. Os proprietários do empreendimento de turismo rural desenvolvem atividades relativas à história da imigração alemã na região e também ações de educação ambiental com os visitantes. 

> Conheça o bosque da família Krüger

 

Antes e Depois da propriedade Krüger Haus. Fotos: Arquivo Apremavi. 

A Apremavi em Heidelberg

A cada dois anos uma equipe da Apremavi é convidada pelo BUND a visitar a cidade de Heidelberg e protagonizar a “Der Regenwald kommt in die Klassenzimmer” (A Mata Atlântica vai às salas de aula), uma semana de palestras em todas as escolas que fazem parte do programa, buscando promover a conexão entre as culturas e trocar saberes sobre a natureza. As palestras são ministradas em alemão, para estudantes de 09 a 17 anos (Ensino Fundamental e Médio), envolvendo a cada ano cerca de 600 alunos.

Com duração de 1 hora e 30 minutos, a palestra aborda principalmente temas como a Mata Atlântica no Brasil, a biodiversidade brasileira e também os problemas e ameaças que afetam o país. Um dos pontos altos dos encontros, é a apresentação de um filme sobre os Biomas Brasileiros, elaborado pela Apremavi especialmente para este intercâmbio, além da distribuição de materiais de Educação Ambiental. 

As palestras aproximam os estudantes da Alemanha com a busca pela conservação e restauração das florestas: “Ao longo dos anos percebemos que a ação que fazemos nas escolas aqui em Heidelberg é de extrema importância, porque é uma oportunidade para mostrar para as crianças e jovens como nossa vida cotidiana aqui na Alemanha pode estar diretamente conectada com o estado de conservação da Mata Atlântica”, comenta Brigitte Heinz, representante do BUND.

Mais de 4.300 alunos alemães participaram das palestras ao longo do anos. 

Mata Atlântica é tema de palestras da Apremavi na Alemanha. Foto: Miriam Prochnow e Carolina Schaffer

Palestras realizadas em Heidelberg ao longo dos anos. Fotos: Arquivo Apremavi. 

Ações de Comunicação

Nas atividades de educação ambiental com escolas da região são abordados principalmente assuntos que se referem à importância da preservação e recuperação das florestas nativas e seus efeitos com relação à água e a biodiversidade, utilizando os materiais educativos elaborados pela Apremavi. Além disso, foram produzidos vídeos, artigos e publicações utilizando conteúdos do projeto. 

Carolina Schäffer, coordenadora de Comunicação da Apremavi, acredita que o envolvimento das crianças e jovens nos plantios é uma ferramenta poderosa de educação ambiental: “colocar a mão na massa ajudando no plantio de árvores traz um senso de responsabilidade enorme para as crianças e jovens; e essa ação prática se complementa com o uso de materiais didáticos ilustrativos e torna a educação ambiental um processo prazeroso e de sucesso”. 

> Confira os 28 artigos que foram publicados ao longo do tempo

Prêmio Expressão 

Na 28ª Edição do Prêmio Expressão de Ecologia, o prêmio da categoria especial ‘Parceria Global Pela Segurança Climática’ foi conferido ao Bosques de Heidelberg. O Troféu Onda Verde materializa o reconhecimento aos resultados da iniciativa, mas também na forma em que os plantios e a promoção da conexão de comunidades com a floresta são viabilizadas: através do diálogo, cooperação e transparência constante na longeva parceria entre Apremavi e BUND.

Miriam Prochnow, co-fundadora e conselheira da Apremavi, foi quem recebeu o troféu das mãos de Antônio Odilon Macedo, um dos idealizadores do prêmio e presidente do júri. Para Miriam, que liderou as articulações na criação do projeto, participar de mais essa edição do Prêmio Expressão foi motivo de orgulho, especialmente por se tratar da premiação ambiental de maior longevidade ininterrupta no Brasil e também por conta da categoria no qual o projeto recebeu a premiação: “o momento em que vivemos é histórico e a construção de parcerias globais no combate às mudanças climáticas é urgente e imprescindível”, comentou Miriam logo após a cerimônia.

Mata Atlântica é tema de palestras da Apremavi na Alemanha. Foto: Miriam Prochnow e Carolina Schaffer

Miriam Prochnow recebendo o 28º Prêmio Expressão. Foto: Arquivo Apremavi. 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Miriam Prochnow, Carolina Schäffer e Thamara Santos de Almeida
Foto de capa: Arquivo Apremavi

Pin It on Pinterest