Mudança de categoria do PNSI ameaça pumas e toda a biodiversidade

16 set, 2022 | Notícias

O Parque Nacional da Serra do Itajaí (PNSI) foi criado em 2004 e conserva 57 mil hectares de Mata Atlântica, sendo essa a maior área contínua do Bioma do Estado de Santa Catarina, atuando como corredor ecológico para biodiversidade entre os remanescentes de floresta. O Projeto de Lei 1797/22, que está em tramitação na câmara, pretende alterar a categoria do Parque para Floresta Nacional, abrindo brecha para a sua exploração.

Em julho deste ano, a Apremavi em conjunto com a Acaprena, Rede de ONGs da Mata Atlântica, Rede Pró Unidades de Conservação e Observatório de Justiça e Conservação lançou um documentário denunciando esse ataque e as falsas justificativas para a mudança de categoria.

Puma registrado no Parque Nacional da Serra do Itajaí. Foto: Projeto Carnívoros do Parque Nacional da Serra do Itajaí (CENAP/ICMBio, Instituto Caeté-Açu), Julio Cesar de Souza Junior e Cintia Gizele Gruener
Registros de espécies de carnívoros registradas no PNSI. Fotos: Projeto Carnívoros do Parque Nacional da Serra do Itajaí (CENAP/ICMBio, Instituto Caeté-Açu), Julio Cesar de Souza Junior e Cintia Gizele Gruener

Pesquisas no Parque

A bióloga e doutoranda Cintia Gizele Gruener, desenvolve o projeto de pesquisa “Carnívoros do Parque Nacional da Serra do Itajaí”, com foco nos pumas. Ela utiliza armadilhas fotográficas, que tiram fotos desses animais sempre que eles passam na frente de um sensor, para entender mais sobre a ecologia e conservação da espécie na Unidade de Conservação. Até o momento, os resultados são alarmantes, pois foi constatada uma baixa quantidade desses animais no Parque. A principal ameaça para a população é a caça.

A partir da pesquisa foi possível capturar três animais que foram monitorados por satélite. A foto em destaque é de “Betão”, um dos animais capturados. Foi visto que dois pumas usam quase metade da área do Parque, evidenciando a importância dele para a conservação desses animais e a importância da continuidade desses remanescentes florestais.

 

 

Plano de manejo

Segundo o Plano de Manejo da Unidade de Conservação, instrumento que norteia as atividades a serem desenvolvidas em uma determinada Unidade de Conservação, as principais ameaças dizem respeito a caça de animais silvestres, a extração ilegal de palmito e as atividades realizadas pelas comunidades humanas que ainda vivem no interior do PNSI como pastagens, lavouras e animais domésticos. A mudança de categoria pode ameaçar ainda mais a biodiversidade, uma vez que abre brecha para a exploração da região. Além do do puma, outras espécies ameaçadas de extinção vivem no Parque, como o papagaio-de-peito-roxo, o gato-maracajá e o veado-bororó.

Autora: Thamara Santos de Almeida.
Revisão: Carolina Schäffer e Vitor Lauro Zanelatto.

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