Capacitação é ferramenta de Educação Ambiental

Para que as pessoas sejam capazes de se desenvolver elas precisam serem capazes de controlar suas próprias atividades dentro da estrutura das suas comunidades. Precisam participar, não apenas do trabalhobraçal, mas também do seu planejamento e da determinação de prioridades.

Nesse sentido a capacitação de setores da sociedade, na questão do planejamento de propriedades e paisagens, é indispensável. Pois para que essa ação aconteça de maneira efetiva é importante toda a família estar envolvida no processo, assim comooutros atores sociais, entre eles: técnicos e professores, que são os principais disseminadores de informações.

Considerando esses fatores a APREMAVI, através do projeto Planejando Propriedades e Paisagens, realizou uma jornada de cursos de capacitação que envolveu estudantes, agricultores, merendeiras, professores e técnicos. Os cursos foram realizados no município de Atalanta (SC).O primeiro curso aconteceu no dia 19/03, e foi realizado nas dependências do Viveiro Jardim das Florestas. Estiveram presentes técnicos de diversas instituições, entre elas ONGs, instituições governamentais e empresas privadas da região. O tema do curso foi Legislação Ambiental e teve como objetivo principalrepassar informações sobre as principais leis e regulamentos em vigorpara que os técnicos possam orientar proprietáriose também terem subsidios para atuarem frente aos crimes ambientais que vem acontecendo na região.

No dia 26, aconteceu na propriedade do Sr. Raimundo Hobus e do Sr. Argemiro Kubiack um dia de campo sobre Permacultura.Num primeiro momento foi discutido qual era o objetivo coletivo do grupo não somente para esse dia, mas também para os próximos anos. A parte prática aconteceu na propriedade do Sr. Argemiro Kubiack. Durante esse momento foram levantados os principais problemas encontrados na propriedade, mas também quais eram as espectativas da familia em curto, médio e longo prazo. Adiscussão possibilitou ao grupo encontrar algumas soluções simples e economicamente viáveis de ações que podem ser realizadas.

Segundo o palestrante Jorge Thimmerman um passo importante no planejamento não é apenas identificar os problemas, mas sim o agricultor identificar o que ele quer para ele e para sua familia.

Um dos objetivos da permacultura é planejar a propriedade de maneira que se tenha qualidade de vida, e segundo o palestrante Hernades Werner a alimentação é a base da nossa saúde, pois o alimento saudável proporciona qualidade de vida. Por isso no dia 27/03 foi feito uma discussão entre agricultores, merendeiras e professoras sobre ocultivo agroecologico de hortaliças, através de um curso no Parque Natural Municipal Mata Atlântica. O objetivo do curso é estimular que as escolas do município possam oferecer uma alimentação saudável para os alunos e que os agricultores passem a utilizar a técnica em suas propriedades.A parte prática do curso foi realizada na propriedade Serra do Pitoco.

Já é fato comprovado, que a prática do paisagismo eleva a alto estima das pessoas, da mesma maneira que os jardins proporcionam um clima harmônico entre as mesmas. Para atingir esse objetivo, foi realizado nos dias 28 e 29 de março um curso de jardinagem em duas comunidades do município: Rio Caçador e Dona Luiza respectivamente. O curso foi marcado por aulas praticas e teóricas, sendo as mesmas realizadas nas escolas das comunidades e em propriedades particulares. Durante os dois dias estiveram participando do evento professoras, agricultores e os grupos de mulheres organizados dentro do Projeto Microbacias 2.

Um dos principais problemas hoje enfrentados na agricultura, é o êxodo rural, principalmente por parte dos jovens, o que nos leva a crer que é necessária uma ação urgente para auxiliar no processo de reversão desse quadro. Como passo inicial foi então realizada também no dia 29 de março, uma palestra no Parque Natural Municipal Mata Atlântica, voltada a jovens agricultores e estudante do ensino médio. O tema abordado durante a palestra foi A importância do agricultor para a sociedade.

A jornada de capacitação foi desenvolvida durante todo o mês de março, com o envolvimento de 150 pessoas. Entre os palestrantes estiveram presentes representantes da Epagri, do Ministério do Meio Ambiente e profissionais autônomos.

Parceria inédita para Parque Natural em SC

Inicia agora uma nova etapa: graças à parceria firmada entre a Metalúrgica Riosulense e a Apremavi, o Parque Municipal Mata Atlântica 2000 terá suas atividades asseguradas para os próximos 3 anos.

É em Atalanta, interior de Santa Catarina: a Unidade de Conservação (municipal, o que por si só já uma coisa rara de se encontrar), foi inaugurado em abril de 2004, e conta com uma área de 54 ha. Nasceu de uma parceria com a Prefeitura Municipal de Atalanta, com financiamento do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA).

Desde novembro de 2004, a gestão administrativa do Parque é por conta da Apremavi.

A prefeitura dessa cidade tem demonstrado visão, dando já há três gestões políticas continuidade ao projeto. O tema meio ambiente como marca da cidade, um objetivo que tem destacado Atalanta entre os pequenos municípios da região do Alto Vale do Itajaí.

Em visita em julho de 2005, o governador do estado Luiz Henrique da Silveira ficou tão impressionado com tanta coisa bonita, que resolveu decretar o município como "Capital Ecológica" catarinense. Não é à toa, e o propósito é grande: é para além do Alto Vale que se pensa. O Parque alia educação ambiental, opção de lazer e controlado ecoturismo à preservação de peculiar remanescente florestal.

A infra-estrutura não é pouca coisa: centro de eventos, museu, trilhas que passam pelo Perau do Gropp, uma cachoeira de mais de 40 metros de altura.

Previsto na parceria está a manutenção do parque, do museu, das trilhas, a participação de alunos de escolas do município no projeto, confecção e impressão de folhetos e outros materiais.

"A Metalúrgica Riosulense tem-se destacado na região e no estado, demonstrando forte consciência social e ambiental. Ficamos muito felizes em poder assinar mais esta parceria, e esperamos que isto sirva de exemplo para demais municípios", diz Edegold Schäffer, presidente da Apremavi, durante a solenidade de assinatura.

"Enche-nos de orgulho, podermos contar com este apoio da Metalúrgica para o Parque e para o município", acrescenta o prefeito de Atalanta Braz Bilck aos convidados e à imprensa presente.

"Acreditamos, na Metalúrgica Riosulense, que temos grande responsabilidade pelo meio ambiente no qual vivemos. É dele como um todo, e não apenas da água que precisamos. Do meio ambiente dependemos, como indústria e como pessoas. Esta parceria com a Apremavi irá trazer muitos benefícios para todos nós. Principalmente à Natureza. É o que esperamos", comenta o João Stramosk, diretor-presidente da indústria que não se cansa em plantar árvores. O que nem a falta de sol daquele dia conseguiu impedir: mais do que apenas simbolicamente, plantaram-se na entrada do Parque, para recepcionar futuros visitantes, uma sibipiruna, um ipê-amarelo, um pau-brasil e um pau-ferro, algumas das espécies produzidas no Viveiro Jardim das Florestas da Apremavi.

Um passeio pela trilha, visitando a cachoeira, serviu para abrir o apetite. Por fim, um almoço com produtos da região e trutas do Paraíso das Trutas recepcionou a todos. Como sobremesa especial e aproveitando o embalo das pernas, encerrou-se o evento com uma visita a duas senhoras especiais: as Maria-Moles, duas majestosas árvores aos pés da Serra do Pitoco.

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Lançamento do livro “Floresta com Araucárias”

“Floresta com Araucárias – um símbolo da Mata Atlântica a ser salvo da extinção”, é a mais nova publicação da Apremavi. Com 82 páginas e autoria de João de Deus Medeiros, Marco Antônio Gonçalves, Miriam Prochnow e Wigold Berltodo Schäffer o livro conta a história destas florestas que já chegaram a cobrir mais de 40% do território catarinense e que atualmente estão reduzidas a menos de 3%.

Também chamada de Floresta Ombrófila Mista ou Mata de Pinhais, a Floresta com Araucárias, que faz parte do domínio da Mata Atlântica, recobria originalmente 40.807 km2 de Santa Catarina, constituindo, assim, sua principal tipologia florestal. É caracterizada pelo predomínio da Araucaria angustifolia, popularmente conhecida como pinheiro-brasileiro ou pinheiro-do-paraná, que chega a responder por mais de 40% dos indivíduos arbóreos existentes nesse ecossistema.

Pouco mais de um século de exploração econômica sem planejamento levaram essa rica e singular floresta a uma situação de visível decadência biológica. No território catarinense, assim como no Paraná e Rio Grande do Sul, os outros estados que acolhiam grandes extensões desse ecossistema, são evidentes os reflexos da excessiva e irracional exploração madeireira de suas principais espécies arbóreas. A fisionomia primitiva da Floresta com Araucária no Estado foi substituída, em sua maior parte, por pastagens e reflorestamentos homogêneos feito com espécies exóticas. Os raros remanescentes florestais nativos, que hoje perfazem entre 1 e 2% da área original em Santa Catarina, são de reduzidas dimensões, encontram-se isolados e com evidentes alterações estruturais.

Ações de proteção e recuperação da Floresta com Araucárias são extremante importantes e necessárias, sendo que o livro aponta para uma série delas.

O lançamento do livro aconteceu no dia 18 de fevereiro em Atalanta, no auditório do Parque Mata Atlântica, com a participação de mais de 100 pessoas, que tiveram o prazer de também acompanhar o lançamento do DVD "Barra Grande – a hidrelétrcia que não viu a floresta" e ouvir as palestras do Professor Dr. João de Deus Medeiros da UFSC e da Dra. Vânia Mara dos Santos, do Instituto Guardiões da Natureza do Paraná.

O livro pode ser adquirido junto ao escritório da Apremavi. Pedidos: info@apremavi.org.br

Parceria da Apremavi com a Prefeitura Municipal de Atalanta

Apremavi e prefeitura Municipal de Atalanta (SC) assinaram nesta segunda-feira dia 29.12 termo de parceria, objetivando a execução das atividades de administração e gestão do Parque Natural Muncipal da Mata Atlântica, que inicialmente terá validade até o dia 30 de novembro de 2005.

Está é uma parceria muito importante, que pode servir de exemplo para outras iniciativas no país.

Ficaram estabelecidas as seguintes metas:

  • administrar e gerir o Parque, obedecendo-se o estabelecido no Plano de Manejo
  • promover a recuperação das áreas degradas e o enriquecimento das áreas de florestas secundárias existentes no Parque.
  • promover atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de preservação e valorização de aspectos paisagísticos e históricos.
  • promover e estimular o desenvolvimento do turismo ecológico junto à comunidade de Atalanta,
  • transformar o Parque em centro de referência ambiental a nível regional e estadual.
  • promover a divulgação do Município de Atalanta
  • implementar ações de captação de recursos junto a órgão públicos e privados, visando melhorar e ampliar a infraestrutura do Parque.

De bom a melhor

De bom a melhor

De bom a melhor

Se todo mundo pudesse escolher a vista de sua casa de campo, provavelmente as janelas dariam para um lugar como Atalanta, em Santa Catarina. A sede do município tem pouco mais de 2.500 moradores. E a poucos minutos do centro, as portas dormem abertas, os vizinhos se reconhecem pelo ronco dos carros, os bugios descem da serra do Pitoco para ver o trabalho no campo e, no sítio de Anita Schäffer, um dos cinco que se adaptaram no município a hospedar forasteiros, a truta que vem à mesa saiu pouco antes de uma nascente de água azulada nos fundos do terreno.

À primeira vista, não há o que consertar num lugar desses. Atalanta, que a prefeitura deu para chamar de “cidade jardim da mata atlântica“, ganhou há pouco um parque municipal, aninhado nos 54 hectares da mata onde funcionava a fábrica de farinha de mandioca de Erich Gropp. Abriu-se ao público uma Reserva Particular do Patrimônio Natural de três hectares numa antiga serraria, com trilha e banho de cachoeira. E, de quebra, há um futuro melhor do que o presente brotando na Apremavi, uma ONG ambientalista que produz por ano 500 mil mudas de árvores nativas e está pronta para provar aos pequenos agricultores da região que paisagem também se planta.

Se depender de Miriam Prochnow, presidente da Apremavi, Atalanta ainda vai melhorar muito. Ela transformou as terras da família numa propriedade modelo, com reserva legal, matas ciliares, horta orgânica, manejo florestal, esgoto filtrado, estrada florida em curva de nível, apicultura, chiqueiro e pasto. Tudo simples e barato, mas cumprindo exemplarmente as leis ambientais. E agora tem pela frente um patrocínio da fundação O Boticário para multiplicar a seu redor a experiência. E, por trás, os 16 anos de teimosia da Apremavi.

A ONG nasceu em 1987, depois que Miriam passou a contar os caminhões de madeireiras que saíam sem parar de uma reserva indígena em Ibirama, ao pé da serra catarinense. Ela era então uma pedagoga. Seu marido, Wigold Bertoldo Schäffer, trabalhava no Banco do Brasil. Os dois recrutaram por ali mesmo 17 simpatizantes para fundar a ONG. Um deles, Philipp Stumpe, ex-colega de Wigold no banco, é hoje engenheiro florestal. A Apremavi já passou da casa dos 300 sócios. E tantas fez o casal de militantes, que há cinco anos Miriam e Wigold tiveram que se mudar para Brasília, onde ela é coordenadora da Rede de ONGs da Mata Atlântica e ele dirige o Núcleo de Mata Atlântica do Ministério do Meio Ambiente. Por essas e outras, toda vez que põe os pés em Atalanta, Miriam suspira fundo. Está em casa. Num ramo onde tudo parece que está sempre começando, a Apremavi é uma ONG histórica.

Mas estreou com uma derrota, na briga contra o desmatamento nas terras dos Xokleng. O processo contra as madeireiras virou uma papelada sem fim, que por ironia foi parar anos mais tarde no gabinete de Miriam, quando ela assumiu o comando da rede. Enquanto o caso rolava na Justiça, a maioria dos índios comprou carros e o comércio da região chegou a vender geladeira elétrica para aldeias onde não havia luz.

Se ficasse só nisso, a história teria um final feliz, embora tipicamente brasileiro. A reserva indígena, que tinha na época 14 mil hectares, depois de encolher por desmatamento, cresceu por decreto. Passou a cobrir 50 mil hectares, derramando-se sobre duas unidades de conservação, uma floresta com oito mil araucárias e 600 propriedades agrícolas. Virou, oficialmente, uma “área de relevante interesse ecológico”, nas mãos de sete aldeias onde vivem cerca de 1.500 Xokleng, caingangues e guaranis.

Mas a Apremavi foi em frente. Miriam e Wigold, além de tudo, são maratonistas. E estão nisso não é de hoje. Menina, ela fazia greve de fome em casa, sempre que o pai, um coletor municipal de impostos, chegava trazendo de caçadas trazendo carne fresca. Wigold, aos cinco anos, rebelou-se contra o corte de árvores na propriedade dos Schäffer. “Quando eu crescer, não vai sobrar nada para mim”, dizia. Ganhou do pai cinco mudas de araucária. Plantou-as num canto do terreno. Hoje, quarentonas, as araucárias estão no meio de um bosque de pinheiros, onde a família cultiva palmito.

Miriam se curou, logo na primeira candidatura, de um desvio que quase a levou à política, quando concorreu à prefeitura de Ibirama pelo Partido Verde, apresentando-se ao eleitorado com uma chapa exclsivamente feminina. Sua vice era a fotógrafa Edith Geisler. Elas visitaram, uma a uma, todas as quatro mil famílias do município. Em vez de comício, faziam mutirões para tirar lixo do rio. “E, claro, tivemos muito pouco voto”, ela resume.

Nos primeiros anos, a ONG teve que disputar espaço num Vale do Itajaí ainda infestado por 450 serrarias. O ex-funcionário do Banco do Brasil Philipp Stumpe, depois de aderir incondicionalmente à causa, circulava com um cartão de visitas que o apresentava como “desempregado e criador de caso”. Mas, com o tempo, a turma foi aprendendo que nem só de luta inglória vive o meio ambiente. “Era preciso também propor alternativas”, diz Miriam.

Daí o viveiro de mudas. E o resto. O que a Apremavi sabe, segundo Miriam, “aprendeu fazendo”. Ela bateu muito mato para fazer laudos, tratando de gravar o que os peritos ensinavam nessas excursões. Hoje a ONG recebe estagiários que vêm de longe, mandados por cursos universitários de engenharia florestal de Viçosa, Blumenau ou Ribeirão Preto, “para ver na prática como se mexe ao mesmo tempo com mudas de 120 espécies diferentes”. O biólogo Carlos Augusto Krieck, por exemplo. Jovem, metido numa camisa onde se lê o slogan “não à extinção”, ele está começando na Apremavi um programa de treinamento que, daqui a um ano, pode levá-lo a uma vaga na equipe. Criado em Rio do Sul, ali perto, ele nunca imaginara usar seu diploma em trabalho de campo, sem sair de sua região.

O viveiro, apelidado de Jardim das Florestas, começou com 18 mudas num fundo de quintal, para fazer a primeira recomposição de matas ciliares. “Tínhamos tão pouca informação”, lembra Miriam, “que fomos perguntar a um madeireiro onde encontraríamos sementes de sassafrás. Ele respondeu que sassafrás não tinha semente. Ou seja, passara a vida cortando madeira no mato e não sabia que o sassafrás, quando dá semente, chega a quebrar o galho de tanto peso”.

Pior foi achar quem se interessasse pelas primeiras mudas do viveiro. Houve época em que Miriam e Wigold promoviam corridas rústicas em cidades da região. Na linha de chegada, distribuíam mudas. “Mas no começo as pessoas vinham aqui, olhavam, e saíam dizendo que árvore nativa não cresce”, diz ela. “Não levavam nem de graça. Saímos plantando árvores até nas praças de Atalanta, Ibirama e Agrolândia. Quando elas começaram a florescer, o pessoal passou a vir aqui, querendo comprar mudas”. Comprar por que? “Porque descobrimos que ninguém valoriza o que é dado”, explica Philipp. “De graça, acabariam levando 100 mudas para plantar 50”.

Se quisesse, a dupla poderia desfiar um rosário de absurdos. Quando a ONG levou a prefeitura a transformar em parque a velha fábrica dos Gropp, enrascada num inventário insolúvel, encontrou-se lá embaixo, ao lado da cachoeira, um depósito clandestino de lixo, que era despejado da borda do cânion, 41 metros acima. No museu do parque, há uma velha foto que mostra como era aquilo no começo do século passado. À frente, no chão limpo, posa o time de lenhadores. Ao fundo, no meio de terrenos pelados, está a cascata. Hoje, o Perau do Gropp fica no fim de uma trilha limpa, entre árvores identificadas. É um passeio como raras cidades do Brasil podem oferecer aos visitantes.

A turma da Apremavi suou muito também para desmoralizar um projeto do governo estadual, que convencera os agricultores a criar peixes em açude, alimentando-os com algo que a população local define tecnicamente como merda de porco. Parecia a invenção do moto-contínuo. Os chiqueiros eram armados em palafitas sobre a água. E os peixes comiam diretamente o maná que caía dom céu. A Apremavi usou um gato doméstico como cobaia e não houve jeito de convencê-lo a provar o tal do “Peixe-Porco”. Depois dessa campanha, o empresário Valdecir Pamplona acabou fechando a fábrica de pescado que tinha montado na beira da BR-470, em Rio do Sul. Atualmente, o galpão industrial processa hambúrguer de carne bovina. “O dono até hoje não gosta da gente”, diz Miriam.

Em compensação, a Apremavi atualmente está cercada por 250 pequenos proprietários que, em 30 municípios ao redor de Atalanta, tomaram gosto por hortas e pomares orgânicos, matas ciliares e apicultura em pé de floresta. Seus vizinhos, que ainda usam em casa, para conversar entre si, um coquetel regional de alemão com português, deixaram de ver os ambientalistas como tipos excêntricos. E podem até não saber disso. Mas estão a um passo do “Planejamento de Paisagens”.

Autor: Marcos Sá Correa.

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