Celebramos as educadoras e defensoras da agrobiodiversidade

15 out, 2022 | Notícias

Nas salas de aula, em atividades no campo no interior das cidades, em aldeias ou mesmo nos viveiros de produção de mudas nativas para a restauração. Não há limites para que trocas de saberes ocorram e, através delas, possamos ensinar e aprender.

Este sábado (15/10) é momento oportuno para destacar a atuação dos professores e de todas as educadoras para a promoção de uma consciência ambiental genuína, o primeiro ato para as mudanças individuais e coletivas em prol do Planeta. Instituído em 1963 pelo então Presidente da República, celebra-se hoje o Dia do Professor, no intuito de valorizar o papel dos profissionais da educação no desenvolvimento de cidadãos e da Nação, tornando-a mais igualitária, justa, sustentável e democrática.

Também é o Dia Internacional das Mulheres Rurais, data instituída pela ONU em 1995, com a proposta de elevar a consciência mundial sobre o papel da mulher do campo. Embora pouco conhecida no Brasil, essa celebração tem profunda relevância, já que as mulheres constituem 40% da mão de obra agrícola nos países em desenvolvimento [Organização Internacional do Trabalho – OIT]. A promoção da equidade de gênero no campo e em outros ambientes de trabalho ainda é um grande desafio em nosso país, e por isso o tema deve ser uma prioridade.

Embora seja coincidência, as duas efemérides se encontram nas iniciativas da Apremavi. O apoio de professores e produtoras rurais é essencial para as atividades de educação ambiental, como a realização de palestras e debates, plantios em áreas de restauração e visitas em propriedades que são exemplos de planejamento de uso do solo. Essas classes também ajudam a construir as publicações da instituição e integram as redes e coletivos que a Apremavi co-lidera para a promoção de consensos e soluções sustentáveis.

Camponesa e filhos plantando uma muda nativa em um assentamento de SC, 2021.
Foto: Gabriela Schäffer.

Educadoras e camponesas se destacam pela promoção de conhecimentos, dialogando, entendendo realidades do território e cativando outras pessoas. A Apremavi acredita que todas as pessoas podem ser transformadoras da realidade, florescendo seus conhecimentos e compartilhando sementes de esperança ao longo da floresta, tornando-a ainda mais diversa; assim, como um Ipê-amarelo faz.

Já na década de 1960 Paulo Freire, patrono da educação brasileira e o terceiro pensador mais citado do mundo em universidades da área de humanas [London School of Economics] indicava o caminho para a construção de uma educação libertadora e (bio)diversa. É com um trecho de sua obra que homenageamos as educadoras e mulheres do campo do Brasil:

“O conhecimento exige uma presença curiosa do sujeito em face do mundo. Requer sua ação transformadora sobre a realidade. Demanda uma busca constante. Implica invenção e reinvenção. Reclama a reflexão crítica de cada um sobre o ato mesmo de conhecer, pelo qual se reconhece reconhecendo e, ao reconhecer-se assim, percebe o ‘como’ de seu conhecer e os condicionamentos a que está submetido seu ato.
A educação é comunicação, é diálogo, na medida em que não é a transferência de saber, mas um encontro de sujeitos interlocutores que buscam a significação dos significados”
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Adaptado de ‘Extensão ou Comunicação?’ – Paulo Freire.

Para Inspirar

A Apremavi selecionou histórias que evidenciam os resultados de genuínas trocas de conhecimento, que reconheçam e valorizem os saberes plurais, as particularidades e diferentes formações socioculturais. Na escola ou no campo, essas características que representam o povo brasileiro e precisam ser consideradas nas ações que se propõem serem educativas:


Mão na terra, bosque na escola

Conheça a atuação de educadores de Atalanta (SC) na implantação de um Bosque de Heidelberg na Escola Municipal de Ensino Fundamental do Ribeirão Matilde, em Atalanta (SC). O bosque foi plantado há mais de 20 anos e é um dos locais favoritos dos alunos, onde eles realizam atividades de lazer e também atividades curriculares. A unidade escolar do interior de Atalanta desenvolve vários projetos de educação ambiental e se destaca por valorizar os conhecimentos e a realidade do território para as atividades educativas. Conheça a escola.

Diálogo do Uso do Solo na Universidade

A partir do contato com o Diálogo do Uso do Solo (LUD) no Fórum Florestal Paraná e Santa Catarina a professora Luciane Consta, do IFSC Lages, teve a ideia de inserir em suas aulas o compartilhamento da experiência brasileira e catarinense no uso do LUD para o planejamento do território. Cerca de trinta alunos de pós-graduação do IFSC, de vários estados brasileiros (MA, MG, PA, PR, RJ, RS, SC e SP), tiveram acesso a uma formação sobre a metodologia, que valoriza as particularidades e aspectos socioambientais do território para o planejamento territorial. Saiba mais sobre essa iniciativa.

Agricultoras e a construção da Agroecologia

Agricultoras familiares, indígenas, quilombolas que promovem a defesa da agrobiodiversidade ao longo do Brasil e inspiram a resistência são algumas das vencedoras do prêmio “A história que eu cultivo” da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA). Conheça a história.

#MulheresRurais, Mulheres com Direitos

O compilado “#MulheresRurais, Mulheres com Direitos”, publicado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e à Agricultura (FAO) no Brasil, traz a história de mulheres rurais diversas que atuam em áreas distintas como a agricultura, o extrativismo, a pesca e a pecuária de todos os cantos do país. Elas participaram da campanha “15 dias de ação para iniciativas transformadoras na vida de mulheres rurais” desenvolvida em outubro de 2020. Veja aqui.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto.

Foto de capa: Joscimar Santin, protagonista do sexto episódio da Série ‘Mulheres que Restauram’ e uma colega plantando sementes de araucária no assentamento Filhos do Contestado. Foto: Arquivo Apremavi.

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