Conservador das Araucárias avança no monitoramento da área piloto
A primeira propriedade atendida e escolhida como área piloto pelo projeto Conservador das Araucárias é a Fazenda Santa Bárbara, localizada em Urubici na divisa com o Parque Nacional de São Joaquim, área de abrangência da Floresta com Araucárias. Ao todo, a propriedade possui 155 hectares, dos quais 52% eram cobertos por pastagens e usadas pelo gado até recentemente, segundo o proprietário.
As atividades de restauração foram iniciadas em fevereiro de 2022 e finalizadas em agosto de 2022. No total, foram restaurados 87,16 hectares usando diferentes metodologias, como o plantio de mudas em área total (28,49 hectares), o enriquecimento ecológico de florestas secundárias (9,23 hectares) e a condução da regeneração natural (49,44 hectares).
As primeiras vistorias na área piloto foram realizadas entre agosto e dezembro de 2022, ainda durante o período de implantação das atividades. Em 2023, três novas vistorias foram realizadas nos meses de janeiro, agosto e outubro para avaliar o status de crescimento das mudas, a ocorrência de perturbações, como formigas e matocompetição, a necessidade de cuidados específicos, como hidratação, e avaliação sobre manutenção da área do plantio, com roçadas e eventuais replantios de mudas mortas.
Vistoria do estágio de crescimento das árvores plantadas realizada no dia 27 de janeiro de 2023. Fotos: Carolina Schäffer.
Monitoramento da restauração
O monitoramento é uma fase crucial na restauração ecológica pois possibilita a avaliação da eficácia da abordagem empregada e a verificação se a área em processo de restauração está progredindo conforme a trajetória ecológica desejada. Por meio dele, é possível identificar a necessidade de intervenções corretivas, prevenindo a alocação desnecessária de recursos e tempo.
Entre os dias 06 e 08 de novembro foi conduzida a primeira etapa do processo de monitoramento da restauração da área piloto com base no Protocolo de Monitoramento da Apremavi. A área analisada está na fase I da restauração, considerada como de implantação, e o monitoramento foi feito nas áreas restauradas com diferentes metodologias: plantio de mudas, enriquecimento ecológico e condução da regeneração natural.
Nessa fase, o monitoramento compreende a verificação de indicadores como a presença de cerca, ocorrência de perturbações, mortalidade das mudas plantadas, ataque de formigas e outros herbívoros, presença de espécies arbustivas e arbóreas invasoras, matocompetição por gramíneas e herbáceas invasoras e presença de fauna. Esses indicadores, são observados a partir de caminhamento na área e, a depender da metodologia utilizada, da instalação de parcelas para cálculo de mortalidade.
A partir da avaliação dos indicadores, as áreas restauradas podem ser classificadas como “em adequação”, “satisfatória” ou “adequada”. Nesta fase do monitoramento, todas as áreas analisadas apresentaram o conceito “satisfatório” como resultado.
1 e 2: Mudas sobreviventes registradas durante a aplicação do protocolo de monitoramento da restauração na área de 28,49 hectares onde foi realizado o plantio de mudas em 3 e 4: na área de 9,23 hectares de enriquecimento ecológico; 5: Aspecto geral da área em regeneração natural registrada durante a aplicação do protocolo de monitoramento da restauração. Fotos: Weliton Oliveira e Vitor Lauro Zanelatto
Mensuração da linha de base do carbono
No mesmo período do monitoramento, foi conduzida a primeira verificação da linha de base do carbono. A estimativa de linha de base de carbono (do inglês baseline) em um projeto de restauração refere-se à análise inicial do estoque de carbono na área do projeto antes do início das ações de restauração. A importância da linha de base de carbono reside na sua capacidade de fornecer uma referência sólida para avaliar o impacto real das atividades do projeto, contribuindo para avaliação da sua eficácia na redução das emissões de dióxido de carbono da atmosfera.
Através da instalação de 32 parcelas aleatórias de 10×30, foram quantificadas e identificadas as espécies vegetais e mensurados parâmetros de altura e diâmetro à altura do peito (DAP). Os dados estão sendo analisados pela equipe técnica a fim de verificar a suficiência amostral e planejar os próximos passos.
“O objetivo dessa mensuração é ter uma base para poder comparar ao longo dos anos qual é o incremento de carbono nas áreas a partir das atividades do projeto, pois além de restaurar áreas degradadas e conservar a biodiversidade e os recursos hídricos, esperamos que, ao longo do tempo, essas áreas tenham grande potencial para capturar carbono”, comenta Gabriela Goebel, Técnica Ambiental da Apremavi que faz parte da equipe do projeto.
Levantamento da linha de base de carbono realizado pela equipe técnica da Apremavi: definição das parcelas, mensuração da altura e do DAP das árvores, busca pelas áreas e estabelecimento de parcelas. Fotos: Carolina Schäffer, Vitor Lauro Zanelatto, Thamara Santos de Almeida e Gabriela Goebel
O Conservador das Araucárias
O Conservador das Araucárias é um projeto que visa a restauração florestal trazendo um modelo inovador focado na recuperação de áreas degradadas por meio do plantio de espécies nativas, com benefícios para as comunidades locais, fauna e flora da Mata Atlântica e sequestro de carbono.
Desenvolvido em parceria com a Tetra Pak, o projeto tem a ambição de restaurar pelo menos 7 mil hectares da Mata Atlântica em um período de dez anos – o equivalente a 9.800 campos de futebol.
O projeto conta com o acompanhamento da Conservation International (CI), da The Nature Conservancy Brasil (TNC) e da Klabin, fornecedora de matéria prima da Tetra Pak e parceira de longa data da Apremavi nos Programas Matas Legais e Matas Sociais.
Referências:
Autoras: Carolina Schäffer e Thamara Santos de Almeida.
Foto de capa: equipe em busca das parcelas na Fazenda Santa Bárbara em Urubici (SC) para o levantamento da linha de base do carbono. ©️ Thamara Santos de Almeida