A diversidade da flora da Mata Atlântica é resultado direto da variedade de paisagens vegetais do bioma, as chamadas fitofisionomias, como florestas ombrófilas, manguezais, restingas e campos de altitude. Essa diversidade criou condições únicas para a evolução de uma vida vegetal extremamente rica, tornando o bioma um dos mais biodiversos do planeta.
A Mata Atlântica abriga mais de 20 mil espécies de plantas, cerca de 8 mil são endêmicas, ou seja, não existem em nenhum outro lugar do mundo. No entanto, 2.172 dessas espécies estão ameaçadas de extinção.
Algumas espécies vegetais da Mata Atlântica são verdadeiros símbolos da história e da identidade brasileira. Entre elas estão o pau-brasil (Paubrasilia echinata), a araucária (Araucaria angustifolia), o palmito-juçara (Euterpe edulis), a cabriúva (Myrocarpus frondosus), a canela-sassafrás (Ocotea odorifera), a imbuia (Ocotea porosa) e o cedro (Cedrela fissilis).
Árvores nativas e saberes populares
Muitas dessas espécies são amplamente conhecidas pela população. A jabuticaba (yrciaria trunciflora), por exemplo, cresce colada ao tronco da árvore e tem seu nome derivado do tupi iapoti-kaba, que significa “fruta em botão”. Outras frutas nativas são o araçá (Psidium cattleianum), a pitanga (Eugenia uniflora), a guabiroba (Campomanesia xanthocarpa) e a uvaia (Eugenia pyriformis), muitas delas cultivadas em quintais, feiras e roçados. A erva-mate (Ilex paraguariensis), outra planta nativa, é a base do chimarrão, bebida típica do Sul do Brasil e símbolo de identidade e convivência para milhões de pessoas.
Ameaças à flora
Apesar de toda essa riqueza, muitas espécies da Mata Atlântica enfrentam sérias ameaças. O pau-brasil foi explorado até quase desaparecer. O palmito-juçara segue sendo extraído ilegalmente, mesmo com proteção por lei. A araucária, que já cobria amplas regiões do Sul, ocupa hoje menos de 3% de sua área original.
Outras espécies, como orquídeas, bromélias e plantas medicinais, são coletadas sem critérios de manejo, alimentando o comércio clandestino de plantas ornamentais e produtos fitoterápicos.
Tudo está conectado
No intrincado equilíbrio ecológico da Mata Atlântica, a extinção de uma planta pode desencadear um efeito em cadeia. O jatobá (Hymenaea courbaril), por exemplo, depende de roedores para a dispersão de suas sementes. Com a redução desses animais, os frutos apodrecem no solo, e poucos jovens jatobás conseguem se desenvolver. Sem a planta, morcegos polinizadores também perdem uma fonte importante de alimento, afetando ainda mais a biodiversidade. Assim como é a relação das cutias com as castanheira-do-pará na Amazônia.
Listas Vermelhas de Espécies Ameaçadas:
As Listas Vermelhas de Espécies Ameaçadas são instrumentos que indicam o grau de risco de extinção de diferentes espécies. A lista global é elaborada pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e avalia o status de conservação de espécies no mundo todo. Já as listas locais, como as nacionais e estaduais no Brasil, avaliam as espécies em contextos regionais. Essas listas são fundamentais para orientar ações de conservação, políticas públicas e pesquisas científicas voltadas à proteção da biodiversidade.
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