As ocorrências de crimes como a caça aumentaram nos últimos três anos na região do Alto Vale do Itajaí. O maior número de prisões e flagrantes se deve, principalmente, porque a população está denunciando mais os caçadores. A avaliação é do policial militar Wigand Staroscky, que tem participado de ações de repressão contra atentados à fauna.  Ele é um dos apoiadores da campanha “Eu respeito os animais da natureza, digo não à caça”, lançada no final de agosto deste ano e que já obteve a assinatura de mais de mil pessoas e instituições de todo o Brasil. A campanha também já alcançou centenas de compartilhamentos e curtidas no Facebook.

Segundo ele, há dois perfis distintos de pessoas que capturam animais na Mata Atlântica. Há quem cace apenas por esporte ou diversão e há também aqueles que pegam aves para comercialização ou “para mantê-las presas como um simples troféu”. A maioria dos criminosos está na faixa etária de 35 a 65 anos.

Os mamíferos visados são tatus, quatis, veados, capivaras, cutias e pacas, já a lista de aves é mais extensa, vai desde trinca-ferro, gaturamo-verdadeiro, bico de pimenta ou pimentão, coleirinhas, sabiá preto até jacus. Os animais retirados da natureza e aprisionados morrem em poucos dias ou semanas pois não suportam as condições nas gaiolas. Muitos pássaros são vendidos em grandes centros, informou o policial, acrescentando que o período de maior frequência de capturas é no inverno, chegando a cinco casos por mês, porém nem sempre se consegue lavrar o flagrante. Só é possível pegar os criminosos quando a denúncia apresenta dados precisos da localização.

O policial informa que mesmo com o aumento da conscientização, ainda há gente que permite a caça em suas propriedades. “Existem famílias que permitem isso em suas propriedades em troca de benefícios”, conta Staroscky, que nos últimos dois anos participou da prisão de 26 caçadores só no município de Petrolândia, a 40 quilômetros de Rio do Sul e a 200 de Florianópolis. Ele diz que os donos dessas áreas recebem presentes e se divertem em “festinhas regadas a bebidas de álcool” oferecidas pelos caçadores.

Staroscky lembra que há pouco tempo, foi presa uma quadrilha que realizava tráfico de animais em Agrolândia. Os criminosos são enquadrados por crimes contra a fauna e  porte de arma e respondem a processo na justiça.

Por esses e outros motivos, a Apremavi encabeça a campanha de conscientização sobre os impactos da caça e aprisionamento de animais na Mata Atlântica. A entidade vai aproveitar a inauguração do Centro Ambiental Jardim das Florestas para chamar a atenção de todos sobre essas ações criminosas. A iniciativa foi desencadeada depois que dois membros da entidade foram agredidos e ameaçados por um caçador dentro de sua propriedade em Atalanta no início de agosto deste ano.

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