Hoje é dia do meio ambiente. Os meios de comunicação estão exibindo reportagens belíssimas de iniciativas que estão acontecendo pelo país. É a semana em que todos lembram que devemos dar atenção aos recursos naturais. Árvores são plantadas, ações são divulgadas e o governo divulga seu pacote ambiental.

Passado esse dia, a maior parte da sociedade talvez nem sequer se lembre do que seja meio ambiente, e fica a questão: até onde a sociedade está de fato preocupada com a conservação dos recursos naturais? O que realmente estamos fazendo para alcançar o tão sonhado desenvolvimento sustentável?

O dia 05 de junho de 2012 talvez seja um dos piores dias do meio ambiente das últimas décadas. Temos assistido o maior retrocesso da agenda socioambiental desde o final da ditadura militar, invertendo uma tendência de aprimoramento da agenda de desenvolvimento sustentável que vinha sendo implementada ao longo de todos os governos desde 1988.

Os avanços acumulados nas duas últimas décadas permitiram que o Brasil fosse o primeiro país em desenvolvimento a apresentar metas de redução do crescimento das emissões de carbono e contribuíram decisivamente para nos colocar numa situação de liderança internacional no plano socioambiental.

Entretanto as alterações no Código Florestal, a redução de Unidades de Conservação, a redução do poder de fiscalização do Ibama, os atropelos no licenciamento ambiental (especialmente na construção a todo vapor de usinas hidrelétricas que não levam em consideração o meio ambiente e nem as populações tradicionais), a paralisação da agenda climática, a lentidão no saneamento, na mobilidade urbana, na regularização fundiária, o aumento da violência no campo e um Ministério do Meio Ambiente inerte indicam que tempos difíceis estão por vir e não deixam dúvidas que a conservação dos recursos naturais não faz parte da agenda principal nesse país, e pelo que parece não é com a Rio +20 que irão fazer.

O pacote ambiental anunciado hoje pelo Governo Federal é um verdadeiro exemplo de maquiagem verde, diante de todo esse quadro de retrocesso. Entre o lançamento de slogans e músicas, alguns anúncios que poderiam ser recebidos com alegria, como a criação de novas Unidades de Conservação. Mas que decepção: foram criadas 02 UCs e ampliadas outras 03, enquanto que só na Amazônia uma Medida Provisória diminuiu 07 Unidades de Conservação, para viabilizar a construção de hidrelétricas, ou seja, o saldo de UCs da atual gestão continua negativo. Vale lembrar que só na Mata Atlântica, existem 37 processos de criação de novas UCs em andamento. 10 delas estão prontas para a criação, 08 delas faltando as consultas públicas e outras 19 com estudos sendo realizados. Elas aguardam um ato de bondade da ministra do Meio Ambiente e da Presidente da República.

O mais hilário nisso tudo é que enquanto o Planalto anunciava esse “embrulhozinho ambiental” o Congresso instalava a Comissão Mista que vai avaliar a nova Medida Provisória do Código Florestal. Com uma composição largamente ruralista, essa comissão terá que analisar nada mais nada menos que 650 emendas. Já se pode imaginar o que vem por aí…

Por outro lado, é por ação dos ambientalistas (de todos os setores), muitas vezes conhecidos e chamados de “ecochatos”, que várias ações estão acontecendo e temos sim o que comemorar. São Unidades de Conservação saindo efetivamente do papel por terem elaborados seus planos de manejo, por terem seus conselhos consultivos implantados e atuantes e pelo reconhecimento que a sociedade tem dado a essas áreas.

Milhares de hectares de Mata Atlântica sendo recuperados ou mantidos por iniciativa de pequenos proprietários rurais, projetos efetivos de desenvolvimento sustentável sendo realizados por ONGs e parcerias, diferentes faixas etárias da sociedade sendo envolvidas em trabalhos consistentes de educação ambiental, entre outros exemplos práticos que podemos citar.

O evento Rio +20 está chegando. É a grande promessa de que o mundo vai parar para pensar no e agir pelo futuro. Se isso realmente vai acontecer não se sabe.

Nesse dia do meio ambiente, a Associação de Preservação do Meio Ambiente (Apremavi) saúda a todos os colaboradores e parceiros, que procuram das mais diferentes formas contribuir na construção de um futuro comum sustentável, e reafirma seu compromisso de continuar nessa luta, pois é da natureza da Apremavi, defender a natureza!

Pin It on Pinterest