O Centro Vianei de Educação Popular (com sede em Lages) e a Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale de Itajaí – Apremavi (com sede em Atalanta) desenvolvem desde fevereiro deste ano o projeto denominado “Agrofloresta Familiar”. Com apoio do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) e duração de quatro anos, o projeto busca organizar os agricultores familiares das duas micro-regiões do Estado para que desenvolvam sistemas agroflorestais em suas propriedades, ou seja, uma interação de atividades produtivas em conjunto com as florestas. Isso como forma de obter alguma renda com as florestas, como estímulo à segurança alimentar das famílias e também buscando a conservação e um maior equilíbrio ambiental.

Reunidos na última sexta-feira (15 de outubro), em Lages, técnicos das duas entidades participaram de uma oficina de detalhamento técnico de algumas atividades do projeto, bem como capacitação para o início das atividades junto aos agricultores. Natal João Magnanti, diretor executivo do Centro Vianei, explicou que o projeto pretende desenvolver e assessorar, até setembro de 2008, pelo menos 450 projetos de agroflorestas familiares em 30 diferentes municípios. “As famílias que ainda dispõem de algumas áreas de florestas acreditam que isso é prejuízo. Através do projeto, vamos mostrar a eles que é possível se incluir novas espécies nessas áreas ou mesmo desenvolver sistemas de consórcio de espécies onde uma beneficiará a outra. O resultado final é a colheita ou exploração racional de vários produtos, em épocas diferentes, garantindo mais uma fonte de renda ao agricultor”, explicou.

Uma fonte a mais de receita aos agricultores

Só para citar algumas possibilidades de cultivo de espécies com valor comercial em conjunto com as florestas, Natal cita o caso da goiaba serrana (que se desenvolve junto à vegetação nativa), da erva-mate, do palmito (na região do Alto Vale do Itajaí), de diversas ervas e plantas medicinais, sem contar com as espécies madeiráveis como a araucária e o cedro, bracatinga, eucalipto e outras. “É possível também inserir alguns tipos de frutas no consórcio, sem falar no desenvolvimento da apicultura, que pode dar retorno quase que imediato”, lembrou Rainer Prochnow, agrônomo da Apremavi.

O projeto prevê ainda treinamento, capacitação e assistência técnica aos produtores ou grupos de agricultores que se dispuserem a levar adiante esses projetos. Prevê ainda a elaboração de material como cartilhas, vídeo e outros materiais para subsidio, além da capacitação de 30 monitores (pelo menos 1 agricultor em cada um dos 30 municípios), que depois serão remunerados para o acompanhamento técnicos a esses projetos. Através de recursos do Pronaf Florestal, uma linha de crédito específica do Governo Federal, algumas atividades agroflorestais poderão ser financiadas pelo Banco do Brasil com até 12 anos para pagamento, com taxas de juros fixas em 4% ao ano. Cada família poderá tomar até dois financiamentos diferentes para essa linha de crédito, com diferença mínima de um ano entre um e outro.

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