Esta semana, Lauro Eduardo Bacca escreve sobre a Apremavi, em sua coluna no Jornal de Santa Catarina. O artigo "Gente que Faz" é uma verdadeira homenagem ao trabalho da associação, exatamente no mês em que ela comemora 28 anos de fundação. 

Lauro Bacca é também sócio fundador da Apremavi.

Gente que Faz – publicado no JSC no dia 01 de julho de 2015

Tudo começou com 18 mudinhas produzidas em casa, em Ibirama, na década de 1980. O motivo? Acima de tudo, a vontade férrea de que algo tinha que ser feito. Quem tinha que fazer, o governo, não fazia, pelo contrário, fechava os olhos, para não dizer algo mais grave, para um dos maiores escândalos ecológicos já ocorridos no Estado, a criminosa devassa madeireira acontecida na Reserva Indígena de Ibirama, hoje inserida em José Boiteux.

Atônitos, Wigold Schäffer e alguns amigos viam um batalhão equipado com tratores e motosserras dilacerando uma floresta que deixava a reserva na forma de troncos de milhares de árvores centenárias, carregados por centenas de caminhões, todos os dias, em direção à suspeitas serrarias.

A farra que enriqueceu temporariamente alguns índios enriqueceu muitíssimo mais alguns empresários madeireiros para, em poucos anos, não sobrar mais quase nada, nem madeira de lei na floresta, muito menos dinheiro no bolso dos índios.

Da teoria à prática, a produção caseira aumentou de 18 para centenas, quase milhares de mudas por mês. Duas mãos motivadas trabalhando apenas no tempo que restava depois do expediente no emprego, fazendo mais do que alguns hortos municipais da região, impressionante!

Mais do que produzir mudas, Wigold, junto com Miriam Prochnow, criaram uma pequena associação ambientalista, a Apremavi, em 1987, que não parou de crescer. Os enfrentamentos com devastadores e governos e brigas na justiça foram cedendo cada vez mais espaço para parcerias as mais diversas. Vários projetos ajudam municípios e agricultores a se adequarem à legislação, incentivando e estimulando a legalização e a valorização ecológica junto com a melhoria do rendimento econômico das propriedades.

Muitos são os projetos em execução com as mais diversas parcerias, inclusive do exterior. Sediada atualmente em Rio do Sul e presidida por Edegold Schäffer a outrora pequena Apremavi hoje é quase um gigante que já plantou mais de 5 milhões de mudas de 120 espécies nativas diferentes que recuperam matas ciliares e reservas legais de centenas de propriedades de dezenas de municípios em três Estados, só para falar das mudas, pois, tem muito mais.

Da constatação de um batalhão do mal a devastar a floresta atlântica lá nos anos 80, formou-se um verdadeiro batalhão do bem, mão na massa, lutando para preservar o que restou e reconstruir boa parte do que foi devastado. Por isso, parodiando uma antiga propaganda, Wigold Schäffer, Miriam Prochnow e tantos outros abnegados da Apremavi no Alto Vale, é gente que faz!

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