Setembro. O mês das árvores e da primavera

22 de setembro marca a chegada da primavera nos países do hemisfério sul. É quando se inicia a transição dos dias mais frios do inverno para o período mais ensolarado e quente. No Jardim das Florestas já se pode observar as  bromélias, orquídeas, ipês, azaléias e muitas outras flores vibrantes embelezando essa estação.

No dia 21 de setembro se comemorou o dia da árvore, e esse dia foi eleito em razão dos povos indígenas que sempre cultuaram as árvores durante a época das chuvas, ou quando a terra era preparada para semeadura, geralmente no início da primavera.

As árvores não têm apenas a função paisagística. Elas protegem as lavouras contra os ventos, fornecem sombra e amenizam a emissão de gases de efeito estufa. Para o meio ambiente, as árvores são fundamentais, pois servem de abrigo e fornecem alimentos para diversas espécies de animais, inclusive o homem, que se alimenta de seus frutos.

As árvores ajudam a equilibrar o clima de uma região. Observe, por exemplo, um parque ou floresta e sinta o clima mais fresco. Para a economia, as árvores fornecem a matéria-prima para móveis, utensílios domésticos e a celulose, que serve para a produção de papel. Mas é importante que, no momento da compra, a pessoa saiba escolher produtos oferecidos por empresas que possam comprovar a origem da madeira, ou seja, as que utilizam madeira com certificação.

As árvores nativas do Brasil estão intimamente ligadas à história e ao desenvolvimento econômico e social do nosso país. A mais antiga e importante relação é com o próprio nome da nação “Brasil” que foi emprestado da árvore conhecida popularmente como “pau-brasil”.

Dezenas das cidades do país também emprestaram seus nomes de árvores nativas que eram freqüentes em suas regiões geográficas, como exemplos podem ser citados: Imbuia- SC, Guarantã-SP, Louveira – SP, Angicos – PE, Cedro – SP, Juazeiro – BA, etc.

Algumas espécies representaram tamanha importância para as populações locais, que emprestam seus nomes a várias cidades; por exemplo, a espécie Araucaria angustifolia (Bert.) Kuntze (pinheiro), e o buriti (Mauritia flexuosa L.f.).

Algumas espécies representam grande importância na vida econômica do país, que historicamente caracterizaram uma época ou um ciclo como, por exemplo: o pau-brasil, a seringueira, a carnaúba, o pinheiro, o cacau, o baguaçu, e mais recentemente o mogno.

Nomes de árvores nativas são também utilizados de norte a sul do país para designar ruas, praças, palácios, bairros, etc.

A Apremavi possui atualmente no viveiro Jardim das Florestas dezenas quase uma centena de espécies nativas para comercialização e para os projetos de restauração que desenvolve.

Nas últimas semanas (antecedendo o dia da árvore) foram muitas visitas recebidas pelos técnicos e funcionários da Apremavi. Cerca de 85.000 mudas saíram do viveiro para serem doadas para a comunidade e plantadas em projetos de restauração por pessoas e empresas de Santa Catarina.

A cada ano que passa o número de pessoas que procuram árvores nativas para plantar aumenta. Um exemplo muito importante e bonito é do Supermercado Archer, que pelo décimo primeiro consecutivo tem feito uma grande campanha em prol do plantio de árvores. Este ano ele adquiriu e distribuiu 30.000 mudas de espécies nativas aos seus clientes, das cidades de Brusque, Gaspar, Guabiruba e Nova Trento. A distribuição foi feita no dia 18 de setembro, para que todos pudessem plantar a sua árvore no dia 21.

Felizmente a lista é grande. Parabéns e obrigado a todos.

APP Escola Educação Básica Victor Meirelles – 30
Carlos Alberto Muller – 310
Carlos Alberto Posser Silveira – 300
Carlos Pschridt – 167
Edemar Schäffer – 50
Epagri Pomerode – 1634
Frechal Construção e Incorporações LTDA – 1000
Ibisa – Instituto Brasileiro de Incentivo Social Ambiental – 500
Metalurgica Riosulense– 155
Multicolor Têxtil – 60
Nelson Barg – 125
Netzsch do Brasil– 1000
Noazir Ferrraro – 75
Osni Schiestl – 30
Paroquia Evangélica Velha Central de Blumenau – 70
Pedro J. Nazário – 25
Pedro Longem – 200
Prefeitura Municipal de Agronômica – 1206
Prefeitura Municipal de Braço do Trombudo – 500
Prefeitura Municipal de Chapadão do Lageado – 4000
Prefeitura Municipal de Doutor Pedrinho – 1350
Prefeitura Municipal de Otacílio Costa – 8.000
Prefeitura Municipal de Presidente Getulio – 2750
Prefeitura Municipal de São Cristovão do Sul – 1500
Prefeitura Municipal de São Joaquim – 1667
Prefeitura Municipal de Vitor Meireles – 6029
Programa Caiubi de Educação Ambiental – Klabin – 80
Programa Matas Legais – Klabin – Eduardo Cordeiro – 362
SDR de Taió – 600
Trevo Plantas – 20.000

Referências:

BIBLIOTECA VIRTUAL DO GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO. Disponível em: http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/especial/200709-diadaarvore.php Data de acesso: 12 set. 2009.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual de Identificação e Cultivo de Plantas Arbóreas do Brasil – vol. 1 / 3. ed. – Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2000.

De olho na convenção do clima

A Secretaria executiva do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (FBOMS) e do Instituto Vitae Civilis para Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz, realizaram nos dias 14 e 15 de setembro em Brasília, o seminário “As negociações internacionais de mudanças de clima e o Brasil”, para manter diálogo entre representantes governamentais de países chave nas negociações internacionais.

A Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), representada pela técnica Tatiana Arruda Correia e outras organizações não governamentais e movimentos sociais de todo o país também participaram do evento. Foram aproximadamente 100 pessoas que se encontraram para discutir e apresentar contribuições à construção, pelo Governo Federal, da posição brasileira a ser levada à 15ª Conferência das Partes da Convenção – Quadro das Nações Unidas sobre mudanças do Clima, a ser realizada em Copenhague (Dinamarca) no início de dezembro deste ano.

O seminário teve, na sua sessão de abertura, o lançamento do relatório “Fortalecer o Acesso à Informação Ambiental e à participação da sociedade civil em tomada de decisões”. O documento é resultado de uma ampla pesquisa realizada entre 2007 e 2009 sobre a participação pública em tomada de decisão e melhoria dos canais de acesso à justiça ambiental e teve o apoio da Embaixada Britânica, do Ministério do Meio Ambiente e do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (Pnuma). O relatório estará disponível em breve aqui neste site.

Foi feito também um breve panorama de medidas adotadas no Brasil para mudança de clima e houve uma apresentação das principais posições em negociações indicadas pelo Brasil, União Européia, e debates com as ONGs. Os representantes desses países eram: Annika Markovic (Embaixadora da Suécia) Svend Roed Nielsen (Embaixador da Dinamarca), Richard Driscoll (Conselheiro para Meio Ambiente, Ciência, Tecnologia e Saúde, Embaixada dos Estados Unidos) e André Odenbreit Carvalho (Conselheiro da Divisão de Política Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, Ministério das Relações Exteriores).

Após as apresentações dos interlocutores governamentais, foi aberto um período de comentários e perguntas dos representantes de ONGs e movimentos sociais.  Manoel Paiva, liderança social no Pará, lembrou que muitos empreendimentos de alto impacto ambiental, como usinas hidrelétricas e atividades de transformação de minérios em produtos manufaturados para exportação são apoiados pelos países desenvolvidos, mas o ônus de diminuir as emissões de gases de efeito estufa e de lidar com os impactos sociais ficam para o Brasil.

Paulo Moutinho, do IPAM, destacou que a Conferência de Copenhague não pode deixar de inscrever no regime internacional de mudança de clima, esquemas de incentivo para a redução de emissões de gases de efeito estufa associados à diminuição do desmatamento e à conservação florestal. Rubens Born, coordenador do Instituto Vitae Civilis e um dos coordenadores da Campanha TicTacTicTac, lembrou que restam poucos dias efetivos de negociação entre os diplomatas, mas os sinais oriundos dos EUA, da União Européia e do Brasil ainda estão longe das expectativas da sociedade para um acordo global ambicioso no enfrentamento do aquecimento global e dos impactos decorrentes.

O seminário também foi dedicado à discussão da posição brasileira sobre os 5 blocos temáticos em negociação na COP-15: Visão compartilhada, mitigação, adaptação, transferência de tecnologias, recursos financeiros. As entidades pedem que o Governo brasileiro adote compromissos de redução de gases de efeito estufa mensuráveis, verificáveis e reportáveis, de acordo com a sua responsabilidade histórica e capacidade, demonstrando uma diminuição significativa em relação à trajetória das suas emissões habituais.

O Brasil também deverá exigir incentivos fiscais e financeiros para tecnologias de adaptação, priorizando aquelas que sejam simples, de fácil acesso e aplicação, compatíveis com as realidades locais e dos povos e comunidades tradicionais. As entidades defendem, ainda, que a propriedade intelectual e as patentes não devem ser obstáculos para desenvolver e disseminar tecnologias que possam mitigar as mudanças climáticas ou promover a adaptação. Também pedem que o sistema de governança sobre qualquer fundo seja vinculado ao sistema das Nações Unidas e obedeça a princípios de participação, transparência e acesso à informação.

No dia 15 de setembro aconteceu a reunião do GT água com a palestra da professora Eldis Camargo “Avaliação da Conjuntura Sócio Ambiental: interface da Política Nacional de Recursos Hídricos com a Política Nacional de Mudanças Climáticas; Gestão Integrada de Recursos Hídricos com ferramenta para Adaptação ás Mudanças Climáticas.

O evento fez parte das atividades da Campanha TicTacTicTac e teve participação de integrantes da iniciativa, na Audiência Pública da Comissão Mista Permanente de Mudança do Clima do Congresso Nacional do dia 15. Na ocasião, Rubens Born apresentou o manifesto da Campanha e as expectativas da sociedade brasileira para a construção de um acordo justo e abrangente na COP-15.

A questão das mudanças climáticas é o assunto prioritário na pauta da sobrevivência do Planeta e o importante é que cada um pode fazer a sua parte, consumindo menos energia e menos produtos industrializados, escolhendo melhor o que come e especialmente plantando muitas árvores. A Apremavi está à disposição para ajudar nisso. Entre no programa CLIMA LEGAL e faça sua parte.

Matas legais participa do Programa Caiubi de Educação Ambiental

Nos dias 15 e 16 de setembro aconteceu em Otacílio Costa a nona edição do Programa Caiubi. O Caiubi é um programa de educação ambiental realizado pela Klabin nos estados do Paraná e Santa Catarina, que tem como objetivo principal a capacitação de professores dos ensinos fundamental e médio. Desta edição participaram 50 professores e alunos do município de Ponte Alta do Norte.

A Apremavi participou do evento com uma palestra sobre o programa Matas Legais, que é desenvolvido em parceria com a Klabin e está em execução em Santa Catarina desde 2005 e há um ano no Paraná.

O enfoque da palestra proferida pelo técnico da Apremavi, Leandro Casanova, foi sobre as potencialidades que empresas do setor florestal tem a contribuir para a sustentabilidade sócio-econômica e ambiental nas suas regiões de atuação. Neste sentido o programa Matas Legais, vem de forma pioneira e inovadora contribuindo para uma melhor conservação dos recursos florestais nativos e um bom planejamento do plantio de florestas exóticas.

A mensagem deixada aos professores durante o curso é que é perfeitamente possível conciliar atividades econômicas no meio rural com os cuidados necessários ao meio ambiente. Também foram abordados aspectos ligados à legislação ambiental, no intuito de desmistificar certas informações sobre a aplicação do código florestal, em especial o caso das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e da Reserva Legal (RL).

Durante o evento houve distribuição de brindes aos participantes, compostos por materiais didáticos do programa Matas Legais, livros, cartilhas e as sempre apreciadas e disputadas mudas de árvores nativas do viveiro Jardim das Florestas. 

Ao final da participação da Apremavi, foi desenvolvido junto aos participantes o Jogão Fique Legal, uma brincadeira lúdica cujo objetivo é mostrar que de forma divertida é possível aprender a importância de conviver em harmonia com a natureza. A versão gigante do Fique Legal, apelidada de “jogão”, é um lona com 40m2, onde está demarcada uma trilha a ser seguida pelos jogadores. O Fique Legal também tem uma versão para ser jogada “on line”.

A estagiária da Apremavi Mila Bryant acompanhou o evento. Mila é espanhola, da cidade de Madri, psicóloga especialista em educação, com mestrado em Educação para Desenvolvimento e Ajuda Humanitária e estará na Apremavi até o final do mês de outubro.

Para Mila, esta iniciativa é muito significativa e importante e deve ser replicada. Confira o depoimento de próprio punho: "El curso del Programa Caubi en Klabin, para capacitación de profesores en educación ambiental, me parece una experiencia clave, ya que los profesores participan como testigos directos de una iniciativa en la que una ONG como Apremavi y una empresa papelera son capaces de entablar un diálogo partiendo de la base de que preservar el medio ambiente es cosa de todos, y que se ponen a trabajar de forma coordinada, colaborando en el día a día para que la madera que Klavin precisa de los propiedades de los pequeños productores  puedan extraerse de forma legal y sustentable, a través del asesoramiento en  los programas de reforestamiento.  Estos profesores, que tienen un papel clave en la formación de las actitudes y hábitos de las futuras generaciones, podrán transmitir a sus alumnos que hay caminos para ese entendimiento, y que lo normal y lo lógico es trabajar en ese sentido.  El curso estuvo muy bien planeado y organizando, participando en el los distintos agentes de la comunidad implicados en temas de educación ambiental.  Creo que para los profesores resultó una experiencia muy interesante, que no dejará de tener su efecto en las aulas".

MMA estabelece regras para a recuperação de APPs e RL

O Ministério do Meio Ambiente editou no dia 08 de setembro de 2009, a Instrução Normativa número 5, que regulamenta a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e a Reserva Legal (RL). A medida foi publicada no Diário Oficial da União no dia 09 de setembro de 2009.

Outras duas INs foram publicadas no mesmo dia, a de número 3 que se refere ao plantio de árvores nativas e exóticas e a de número 4 que regulamenta o manejo da Reserva legal.

As medidas visam facilitar a efetiva recuperação de APPs e RL. Já no primeiro artigo fica clara a preocupação com processos não burocráticos, quando se fala que: "Art. 1o A recuperação de Área de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal (RL) independe de autorização do poder público".

A IN é bem detalhada, mas de forma geral, estabelece o seguinte:

"Art. 5o A recuperação de APP e RL poderá ser feita pelos
seguintes métodos:

I – condução da regeneração natural de espécies nativas;

II – plantio de espécies nativas (mudas, sementes, estacas); e

III – plantio de espécies nativas conjugado com a condução
da regeneração natural de espécies nativas.".

Já IN 03, do plantio de árvores nativas ou exóticas com fins econômicos estabelece:

"Art. 1o O plantio e condução de espécies florestais, nativas
ou exóticas, com a finalidade de produção e corte em áreas de cultivo agrícola e pecuária alteradas, subutilizadas ou abandonadas, localizadas fora das Áreas de Preservação Permanente e de Reserva Legal, são isentos de apresentação de projeto e de vistoria técnica.

Art. 2o O corte ou a exploração de espécies nativas comprovadamente plantadas serão permitidos quando o plantio ou o reflorestamento tiver sido previamente cadastrado junto ao órgão ambiental competente no prazo máximo de sessenta dias após a realização do plantio ou do reflorestamento."

Com relação ao IN 04, sobre manejo de Reserva Legal, é importante ressaltar que ela é mais dirigida para o Bioma Amazônico e que na Mata Atlântica devem ser seguidas o que estabelece a Lei 11.428 de 2006 e o Decreto 6.660 de 2008.

A íntegra das INs pode ser acessada nos anexos.

PARNA das Araucárias elabora Plano de Manejo

Nos meses de julho e agosto de 2009 foram realizados duas importantes oficinas para a implantação do Parque Nacional (PARNA) das Araucárias. As oficinas integram as atividades do projeto "Elaboração dos Planos de Manejo e Conselhos Consultivos do PARNA das Araucárias e da ESEC da Mata Preta" em execução pela Apremavi, com apoio do PDA e várias instituições parceiras e anuência do Instituto para a Conservação da Biodiversidade (ICMBio). 

As oficinas também fazem parte do roteiro metodológico utilizado pelo ICMBio na elaboração de planos de manejo de Unidades de Conservação (UCs) federais. As reuniões envolveram públicos distintos e procuraram levantaram subsídios para o manejo do PARNA das Araucárias e seu entorno.

Nos dias 17 e 18 de julho foi realizada no Parque Natural Municipal da Mata Atlântica, em Atalanta (SC) uma reunião com os pesquisadores que trabalharam na área do PARNA, responsáveis pelos levantamentos biótico (flora, invertebrados aquáticos, anfíbios, aves e mamíferos), abiótico (Turismo e uso público, trilhas, acessos, geologia) e socioeconômico. A equipe da Apremavi coordenou os trabalhos, que também contou com a presença de representantes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Cada pesquisador apresentou os principais resultados obtidos a partir dos trabalhos em campo, enfatizando as espécies de interesse conservacionista, as ameaças e as estratégias para sua conservação. Posteriormente, trabalhando em grupos, discutiu-se o zoneamento da UC, ou seja, quais áreas possuem características inerentes e necessárias à pesquisa científica, educação ambiental, ecoturismo, recuperação, sendo este levantamento preliminar construído com base nas pesquisas realizadas.

Em outro momento, foram discutidas e apontadas ações estratégicas para o Plano de Manejo do PARNA das Araucárias, pensando nos trabalhos com as comunidades, nas atividades de gestão, em sua estrutura, fiscalização, integração com os municípios onde a UC se insere, dentre outros temas que auxiliarão o PARNA no alcance de seus objetivos de criação.

Envolvendo outro público, a APREMAVI e o ICMBio realizaram nos dias 25, 26 e 27 de agosto, na sede da Associação Comercial, Industrial e Agropecuária (ACIX), em Xanxerê (SC) uma Oficina de Planejamento Participativo (OPP).

Esta oficina teve como objetivo o levantamento de informações junto aos diversos representantes de entidades governamentais, sociedade civil, comunidades, assentamentos e proprietários de áreas localizadas na área de abrangência da UC, para subsidiar e acrescentar informações relevantes para o Plano de Manejo da Unidade de Conservação e para sua zona de amortecimento (ZA).

Conduzida por Marcelo Limont e Neluce Soares, a oficina envolveu os diferentes atores e interesses para uma construção conjunta. No primeiro dia de trabalho foram apresentados os objetivos da oficina, metodologia e contexto de inserção no projeto em execução pela Apremavi, tendo em seguida a formação de grupos de trabalho para a identificação dos pontos fortes (aspectos internos da UC), e oportunidades (aspectos externos) que auxiliam o PARNA no alcance de seus objetivos de criação.

No segundo dia houve o debate sobre as fragilidades (aspectos internos) e ameaças (aspectos externos) à gestão da UC. As informações levantadas até o momento foram espacializadas através de tarjetas no mapa do PARNA. Com o diagnóstico da unidade realizado, o último dia foi destinado à definição de ações estratégicas e parcerias institucionais.

Com aproximadamente 28 participantes, foi possível estabelecer nos três dias do evento um retrato da realidade do PARNA das Araucárias, em seu contexto ambiental, social e econômico, e pensar sua base de planejamento sob o olhar de diferentes atores locais, com suas diferentes experiências e sentimentos de pertencimento à região. Segundo Marcos Alexandre Danieli, técnico ambiental da Apremavi, “a oportunidade de termos diferentes representações sociais pensando e trabalhando em conjunto no planejamento do PARNA das Araucárias contribui sobremaneira para que esta UC alcance seus objetivos, sendo esta relação de diálogo fundamental para as ações de implementação da unidade.”

Para o chefe do PARNA das Araucárias, Juliano Rodrigues Oliveira, “estes eventos trouxeram muitas informações importantes e de qualidade para o planejamento, gestão e manejo da unidade. Além disso, demonstraram que é possível, com seriedade, trabalho e boa vontade, superar os problemas relacionados ao processo de criação deste parque nacional.”

Um importante ponto a destacar foi a presença das equipes da Estação Ecológica da Mata Preta e do Refúgio de Vida Silvestre dos Campos de Palmas, pois pretende-se ter uma gestão integrada das três unidades.
Destaca-se também como resultado final da oficina o processo de construção participativa estabelecido, que propiciou a manifestação de diferentes idéias, sugestões e críticas. A oficina serviu também para o fortalecimento nas relações com as diversas instituições com atuação na região, e para o intercambio e nivelamento de informações relacionadas ao PARNA das Araucárias. 

Fotos: Marcos Danieli e Miriam Prochnow

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Os bons frutos do Matas Legais

O Programa Matas Legais desenvolve ações de conservação, educação ambiental e fomento florestal para ajudar a recuperar os remanescentes florestais nativos, melhorar a qualidade de vida da população e minimizar os impactos da produção florestal, levando em consideração o planejamento de propriedades e paisagens.

Dentro do Programa, a palavra “Legal” procura traduzir dois sentidos: o Legal do cumprimento da Legislação Ambiental e o Legal da expressão de lugar agradável, bonito e bom de se viver.

O Programa teve início no Alto Vale do Itajaí em 2005 e foi expandido para o Planalto Serrano e para o Paraná. Foram doadas mais de 400.000 mudas nativas para agricultores recuperarem as APPs (Áreas de Preservação Permanente) e para paisagismo.

Com bons frutos aparecendo a Apremavi vai retratar periodicamente as atividades desenvolvidas dentro do Programa, iniciando com um fomentado que é exemplo de dedicação, agricultor familiar, onde praticamente todas as atividades da propriedade são desenvolvidas por ele e sua esposa.

Valmor Catafesta trocou o ofício de caminhoneiro para seguir a profissão de agricultor como o pai, planta milho, tem horta, e a quatro anos o agricultor tem uma granja de porcos, em Rio do Oeste. Para diversificar a propriedade, ele também apostou no plantio de eucalipto há três anos, são 5 ha com 9.000 mudas,  espera fazer o primeiro desbaste com quatro anos.

Decisões simples fazem a diferença, foi assim que aconteceu em sua propriedade, ao plantar 3.000 mudas de espécies nativas, como a canela sassafrás, aroeira, araçá, guabiroba ao longo do rio que passa na propriedade e perto da casa para embelezamento.

A nova alternativa de renda do agricultor veio do Programa que alia o plantio de árvores para fim comercial e a recuperação de APPs, onde os técnicos visitam as propriedades e orientam sobre o manejo do solo e fazem educação ambiental.

O eucalipto está tendo uma ascensão na região do Alto Vale do Itajaí, mas de fato o diferencial desse plantio na propriedade foi o destaque que o fomentado teve no quesito ambiental. A serenidade, a consciência, e a atenção dispensada pelo Valmor, junto às equipes da Apremavi e Klabin compartilhando de ideias que objetivam o desenvolvimento de uma silvicultura sustentável para a região do Alto Vale do Itajaí, isso lhe valeu o título de fomentado destaque no ano de 2008 e em agosto do mesmo ano o programa Globo Rural da Rede Globo exibiu uma matéria sobre a parceria e o caso de sucesso do seu Valmor.

Na tarde do dia 25 de agosto, os técnicos da Apremavi, Tatiana e Leandro,  receberam Catafesta, esposa e filhos no viveiro Jardim das Florestas. A família conheceu o Parque Municipal Natural Mata Atlântica, fazendo a trilha até a cachoeira do Gropp e também uma visita ao Museu. Depois retornaram ao viveiro onde conheceram a produção das mudas, as espécies disponíveis e o ambiente de trabalho.

Fotos: Leandro Casanova e Tatiana Arruda Correia

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Quem quer Cereja da Mata Atlântica?

Quem quer Cereja da Mata Atlântica?

Quem quer Cereja da Mata Atlântica?

Popularmente conhecida também como cerejeira, cerejeira-do-mato e cerejeira-da-terra, a cereja, Eugenia involucrata, ocorre naturalmente do Rio Grande do Sul à Minas Gerais, principalmente nas floresta Semideciduais e na floresta com araucárias.

É uma planta de mata densa. Quando cultivada a pleno sol não se desenvolve em altura. Com uma copa arredondada, chega a ter de 5 a 8 metros de altura quando isolada e de 10 a 15 metros, quando na mata. Seu tronco é ereto e mais ou menos cilíndrico, de 30 a 40cm de diâmetro, com casca lisa e descamante. Floresce durante os meses de setembro a novembro e os frutos amadurecem em novembro e dezembro.

A cereja da Mata Atlântica é amplamente cultivada em pomares domésticos da região sul do país. Seus frutos são também avidamente consumidos pela avifauna, tornando a espécie bastante interessante para o plantio em áreas degradadas.

As cerejas são frutos pequenos e arredondados que podem apresentar várias cores, sendo que a mais comum dentre as variedades comestíveis é a de cor vermelha. É rica em vitamina A, cálcio e fósforo. Com um aroma muito delicado, é utilizada para decorar doces, sorvetes, coquetéis e licores. Quando consumida in natura, a cereja tem propriedades refrescantes, diuréticas e laxativas. Porém, o consumo excessivo pode provocar problemas estomacais.

Sua madeira é moderadamente pesada, compacta, elástica, muito resistente e de boa durabilidade. É empregada para confecção de cabos de machado e outras ferramentas. A árvore é extremamente ornamental e pode ser utilizada no paisagismo, principalmente na arborização de ruas estreitas e sob redes elétricas.

Muda, frutos e flor de Cereja. Foto: Acervo Apremavi.

Cereja

Nome científico: Eugenia involucrata DC.
Família: Myrtaceae.
Utilização: madeira utilizada para lenha e cabo de ferramentas agrícolas. Possuem frutos comestíveis que podem ser transformados em geléias, doces e licores. Aves de diversas espécies se alimentam de seus frutos.
Coleta de sementes: diretamente da árvore ou no chão após a queda.
Época de coleta de sementes: agosto a novembro.
Fruto: vermelho-roxo.
Flor: branca.
Crescimento da muda: lento.
Germinação: normal.
Plantio: mata ciliar, área aberta, solo degradado.
Observação: espécie frequentemente atacada por fungo causador da ferrugem, muito comum em plantas da família das Myrtaceaes.

Fontes consultadas

DICK, Edilaine. Avaliação do crescimento das espécies arbóreas nativas em plantio de restauração localizada nas margens do reservatório Irai –- Pinhais, PR. Videira, 2005.

PROCHNOW, M (org). No Jardim das Florestas. Rio do Sul: APREMAVI, 2007. 188p.

Autora: Miriam Prochnow

Mauri. O conhecedor de sementes e árvores

A Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), desde sua criação, sempre teve como missão demonstrar que a recuperação da Mata Atlântica é possível. Uma das primeiras idéias foi a criação de um viveiro de mudas nativas que viesse a atender essa demanda. Isso começou com a produção simbólica de 18 mudinhas em fundo de quintal no município de Ibirama (SC) no ano de 1987.

Por questões de logística o viveiro de mudas nativas da Apremavi foi transferido para Atalanta e, para estruturar todo esse trabalho, houve a necessidade de contratar mão-de-obra. Era necessário encontrar alguém que conhecesse as árvores nativas, épocas de floração e frutificação, que soubesse sobre beneficiamento de sementes nativas, como fazer sementeiras, enfim, tudo o que é necessário para produzir mudas nativas. Até aí tudo certo, mas a questão era encontrar uma pessoa. Quem teria sensibilidade e algum conhecimento prático para começar tal trabalho? Haveria alguém com essas aptidões? É aí que entra em cena o nosso personagem desse mês: Mauri da Luz.

Mauri foi contratado em 1991 pelo casal Wigold Schaffer e Miriam Prochnow, para cuidar da sua propriedade, em Atalanta. Antes disso, ele já havia trabalhado na agricultura e também como auxiliar de mateiro. Ele conta que sempre que tinha tempo vago, aproveitava para andar pela floresta. Começou aí um laço de amor e respeito com a natureza. Em suas caminhadas pelos remanescentes de mata nativa da região sempre trazia sacolas cheias de sementes de cedro, peroba, sassafrás, pitanga, ipê, canela, enfim, sementes das mais diversas espécies. Estas sementes, a partir de 1992, ele próprio ajudava a semear no Viveiro Jardim das Florestas que a Apremavi acabara de implantar em Atalanta.

Mauri fala que no início não tinha conhecimento sobre a atividade de coletar sementes e produzir mudas nativas, “o meu trabalho era cuidar da propriedade, mas quando sobrava um tempinho eu saía pelos matos atrás de sementes”.

Mais forte que o conhecimento, ainda então pouco, considerando a falta de experiência nessa atividade, foi a dedicação e persistência demonstrados por ele no singelo trabalho de reproduzir as árvores nativas da Mata Atlântica.

Desde logo, entusiasta com o trabalho, envolvia também a sua família nas tarefas de coleta de sementes, enchimento de saquinhos, construção de sementeiras, canteiros e nos cuidados com as mudinhas plantadas.

Leandro, técnico da Apremavi, lembra que certa vez quando foi acompanhar o Mauri em uma de suas coletas de sementes ficou impressionado com o olho clínico dele para enxergar as sementes de canela-preta, “eu olhava, olhava e não conseguia achar as sementes”, em pouco tempo no semblante do Mauri um sorriso largo, mostrando que já estava com seu baldinho cheio de sementes.

Sem sombra de dúvida o Mauri é um pioneiro na produção de mudas nativas. A sua dedicação e obstinação por esse trabalho fez dele um profundo conhecedor e profissional experiente na arte de promover o ressurgimento das florestas.

Perdeu-se as conta de quantas vezes o Mauri pediu para sair da Apremavi, sem exagero umas seis vezes. Seis vezes saiu, mas seis vezes retornou. Não adianta, está no sangue das veias o amor por essa arte singela: coletar sementes e produzir mudas nativas, o que intuitivamente significa “promover a vida” e perpetuar a biodiversidade da Mata Atlântica.

Profissionalismo a parte, o Mauri é uma “figura” dessas televisivas. Tristeza é uma palavra que não existe em seu vocabulário, que o digam seus colegas de trabalho. Trabalhar com Mauri garante uma rotina sem estresse. É claro que é difícil algum colega escapar de suas piadas.

Para a Apremavi é importante contar com uma pessoa que há tantos anos tem colaborado para preservação e recuperação da natureza. A Mata Atlântica e as futuras gerações agradecem….

Por isso tudo, Mauri da Luz é um Amigo da Natureza.

Fotos: Miriam Prochnow e arquivo da Apremavi.

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Canjerana, a árvore da madeira vermelha

Canjerana, a árvore da madeira vermelha

Canjerana, a árvore da madeira vermelha

A canjerana, também conhecida como canjarana, ocorre desde Minas Gerais e Mato Grosso do Sul até o Rio Grande do Sul. Apresenta ampla dispersão em Santa Catarina, sendo bastante comum em todas as formações florestais do estado.

Seu nome científico (Cabralea canjerana) faz referência à Pedro Álvares Cabral, por sua expedição nas terras hoje pertencentes ao Brasil, enquanto a segunda parte vem da língua tupi-guarani e significa “cajá falso”. Ocorre naturalmente em vários tipos de solos, de férteis aos de baixa fertilidade, principalmente os situados no alto dos morros, porém prefere solos úmidos e profundos, em terrenos planos ou suavemente ondulados, onde a drenagem é lenta.

Sua árvore é de grande porte, podendo atingir até 35 metros na idade adulta e 100 centímetros de diâmetro, embora o comum seja algo próximo de 40 centímetros.. Sua casca é de cor cinzenta escura, resinosa, com até 2 cm de espessura; levemente fendilhada e um pouco fibrosa. Seu tronco é cilíndrico e pode ser reto ou tortuoso, sendo que, quando atinge grandes idades a árvore apresenta raízes tabulares proeminentes, auxiliando em sua sustentação.

A madeira da canjarana, que tem uma cor bem avermelhada, sempre foi considerada muito valiosa para a construção civil, por sua resistência ao ataque de pragas. Além disso, também é muito empregada na marcenaria, especialmente para a estrutura de móveis. Pode também ser utilizada para fins ornamentais, melíferos e medicinais. O suco dos frutos pode ser empregado como inseticida.

Mudas de Canjerana. Foto: Acervo Apremavi.

Seus frutos, de grande valor ecológico pelo alto teor nutricional, são muito apreciados por aves e pequenos mamíferos, fazem com que seja uma espécie facilmente disseminada. Este também é um dos motivos para que a canjerana seja utilizada em reflorestamentos e plantios de restauração ambiental.

A floração costuma ocorrer nos meses de outubro até dezembro e é seguida pela frutificação, que ocorre por volta de maio até agosto. O processo gera um fruto globuloso avermelhado, composto de uma até dez sementes no seu interior, que não é carnoso, e apresenta um látex branco pegajoso. É uma planta dióica, ou seja, hermafrodita, e apresenta uma relação muito importante com diversas aves e artrópodes na sua região de ocorrência, como por exemplo aves, abelhas e e marimbondos que, ao se alimentarem consomem o pólen produzido.

A espécie é indicada para recuperação de matas ciliares por suportar bem áreas sujeitas à inundação temporária.

Diferentes estruturas e aspectos da Canjerana. Fotos: Gabriela Schaffer, Wilsonpni, Reserva Aponapo e Ruth Ripley; através do Biodiversity4All.

Canjerana

Nome científicoCabralea canjerana (Vell.) Mart.
Família: Meliaceae
Utilização: madeira utilizada em rodapés, construção civil, molduras e artesanato. Possuem frutos atrativos a avifauna.
Coleta de sementes: diretamente da árvore quando começar a abertura espontânea dos frutos.
Fruto: carnoso deiscente.
Flor: branca.
Crescimento da muda: médio.
Germinação: normal.
Plantio: mata ciliar, área aberta, sub-bosque, solo degradado.
Status na Lista Vermelha da IUCN: pouco preocupante (least concern).

 

Fontes consultadas

BARSTOW, M. 2018. Cabralea canjerana. A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN 2018: e.T62967A68080470. https://dx.doi.org/10.2305/IUCN.UK.2018-1.RLTS.T62967A68080470.en . Baixado em 11 de outubro de 2021 .

DICK, Edilaine. Avaliação do crescimento das espécies arbóreas nativas em plantio de restauração localizada nas margens do reservatório Irai –- Pinhais, PR. Videira, 2005.


Autores:
Geraldine Marques Maiochi e João Casimiro

Revisão: Vitor Lauro Zanelatto

Foto de capa: Gabriela Schaffer

 

Movimento socioambientalista se manifesta sobre Código Florestal

Uma carta assinada por redes representantes de ONGs e movimentos sociais, protocolada na última sexta-feira na Casa Civil da Presidência da República e em vários ministérios, sugere contribuições para aprimorar a legislação florestal brasileira e avalia propostas que vem sendo apresentadas pelo governo federal. O documento indica que a modificação do Código Florestal – principal instrumento normativo para proteger a vegetação nativa brasileira – pode afetar não somente o patrimônio natural do País, mas também populações, clima e nossa imagem internacional, e sugere aperfeiçoamento de regras, mantendo, porém, a essência da lei.

Os autores da carta apresentam, entre as propostas, pontos que necessitam de modernização, como a necessidade de cadastramento georreferenciado dos imóveis rurais em todo o País e a limitação do desmatamento de novas áreas. Eles defendem que já há áreas suficientes para produção agrícola e expansão urbana, e várias regiões cujos ecossistemas já foram excessivamente alterados, de forma que seria indicado aprimorar as áreas em uso em vez de contribuir para aumentar as emissões de gases de efeito estufa. O texto cita o Pacto pela Valorização da Floresta e pelo Fim do Desmatamento na Amazônia, criado em 2007 por organizações da sociedade civil, em conjunto com autoridades públicas e do meio científico, para impedir o avanço desnecessário do desmatamento na Amazônia e em todo o Brasil.

O processo de modificação da lei, de acordo com o documento, “deve necessariamente buscar o fim de novos desmatamentos, o que leva à necessidade de se criar, por outros instrumentos, formas de valorização da floresta e de incentivo à sua recuperação nas áreas onde isso se faz necessário”. Outra mudança sugerida é quanto à escala de aplicação da lei, para que toda bacia hidrográfica, em todos os biomas, tenha um mínimo de vegetação nativa em seu interior.

O documento também faz uma análise dos pontos apresentados pelo Ministério do Meio Ambiente em conjunto com algumas organizações ligadas à agricultura familiar, que envolvem, por exemplo, a regulamentação do uso da reserva legal e modificações no regime de uso de algumas Áreas de Preservação Permanente (APP) nas pequenas propriedades. Para os signatários, boa parte do exposto, embora não implique necessariamente em modificação na lei, deve ser acatado, pois “a lei não pode tratar (como já não trata) da mesma forma todos os imóveis rurais, independentemente do tamanho e renda de seu proprietário, pois isso implicaria em injustiças e, inclusive, em ineficiência no cumprimento das regras”.

Além disso, são apresentadas opções às propostas do Ministério da Agricultura e de líderes ruralistas, como o reconhecimento de “usos consolidados” e “direito adquirido” para desonerar a recuperação das APPs e a compensação da RL fora da microbacia em outro Estado e bioma, para reduzir custos. Segundo o documento, compensar a RL em outro estado e bioma desvirtuaria completamente sua função ambiental “que é proteger a biodiversidade (naturalmente distinta em cada região) e o ciclo hidrológico (também dependente da vegetação existente na própria bacia)”. A sugestão socioambientalista é criar incentivos eficientes para que os proprietários recuperem a Reserva Legal (RL) e manter a exigência de compensação na mesma microbacia.

Veja um resumo das propostas no documento anexo.  Leia também a carta anexada.

Espinheira-santa, um espinho que cura

Espinheira-santa, um espinho que cura

Espinheira-santa, um espinho que cura

A Espinheira Santa é conhecida também como cancerosa, cancorosa, cancorosa-de-sete-espinhos, cancrosa, cangorça, coromilho-do-campo, erva-cancerosa, espinho-de-deus, espinheira-divina, limãozinho, maiteno, marteno, pau-josé, salva-vidas, sombra-de-touro. É uma espécie amplamente utilizada na medicina popular, conhecida pelos índios há muitos anos, ganhou esses nomes justamente pela aparência de suas folhas, que apresentam espinhos nas bordas e por ser um “santo remédio” para tratar vários problemas.

Na medicina popular o chá das folhas, das cascas ou das raízes da espinheira-santa é famoso no combate à úlcera e outros problemas estomacais. Além de indicado contra vários males do aparelho digestivo, era muito usado no passado pelos índios brasileiros com outra finalidade: eles usavam suas folhas no combate a tumores (esse uso pode ter gerado um dos seus nomes populares: erva-cancerosa). Estudos mostram a indicação popular também como depurativo do sangue e no tratamento de diabetes, problemas no sistema urinário e problemas intestinais.

Em uma ampla revisão sobre o uso tradicional da espinheira-santa, Scheffer (2004) cita ainda, como indicação popular, o uso desta espécie como anticonceptivo, abortivo, anti-séptico, anti-espasmódico, diurético, anti-asmático, anti-tumoral, laxativo, cura do vício da bebida e enfermidades do fígado, para tratar a hidropisia devido ao abuso do álcool e para reduzir a produção de leite em quem amamenta.

Atualmente a espinheira santa já é manipulada pela indústria farmacêutica na produção de vários medicamentos e é sempre bom lembrar que sua utilização deve ser feita por indicação médica e não pela auto-medicação.

A espinheira santa e uma árvore pequena, ramificada desde a base, medindo até cerca de cinco metros de altura, com distribuição nos estados do sul do país, nos sub-bosques das florestas de Araucária nas margens dos rios. Ocorre também nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul, porém em baixa freqüência. Também no Paraguai, Bolívia e Leste da Argentina.

O número de sementes por fruto varia de um a quatro, tendo sido observada uma variabilidade altamente significativa para este caráter dentro da espécie, é uma planta que produz frutos pequenos e vermelhos.

A espécie prefere solos úmidos em ambientes ciliares e, também, desenvolve-se bem sob luz difusa, no interior de sub-bosques, onde a floresta não é muito densa, bem como a pleno sol.

É uma excelente espécie para o plantio com fins econômicos, visando a extração de suas folhas e pode muito bem ser utilizada em Sistemas Agroflorestais.

Para a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi) essa é uma espécie prioritária para ações de conservação e uso sustentável.

Observação importante: A Apremavi reitera que o uso da espinheira santa deve ser feito com indicação médica e não se responsabiliza por orientações deixadas nos comentários.

Aspectos das folhas da espinheira santa. Foto: Acervo Apremavi.
Espinheira Santa 

Nome cientifico: Maytenus ilicifolia (Schrad.)
Família: Celastraceae
Utilização: altamente medicinal e também muito utilizada como paisagismo.
Coleta de sementes: diretamente da árvore quando começar a queda espontânea das árvores.
Época de coleta de sementes: dezembro a fevereiro
Fruto: carnoso (pouca polpa) deiscente
Flor: branca
Crescimento da muda: médio
Germinação: normal
Plantio: mata ciliar, sub bosque, área aberta.

Autora: Tatiana Arruda Correia.
Fontes Consultadas:

BLANCO, R. A. Espinheira-santa. Disponível em: http://www.jardimdeflores.com.br/ERVAS/A06espinheira.htm   Data de acesso: 10 jun.2009.

CARVALHO-OKANO, R. M. Estudos taxonômicos do gênero Maytenus Mol emend. Mol.(CELASTRACEAE) do Brasil extra-amazônico. Campinas: UNICAMP, 1992. 253p. Tese (Doutorado).

KLEIN, R. M. Árvores nativas da Mata Pluvial da costa atlântica de Santa Catarina. Congresso Florestal Brasileiro – contribuições e trabalhos apresentados e pareceres das comissões. p. 65-103, 1968.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras: Manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil – Vol 02 – 2. edição. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum. 2002. 384 p.

MARIOT, M.P. et al. Dissimilaridade entre genótipos de Maytenus ilicifolia (espinheira-santa) de uma população do Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO DE PLANTAS, 2., 2003, Porto Seguro, BA. Anais… Porto Seguro :  Sociedade Brasileira de Melhoramento de Plantas, 2003. 1 CD-ROM.

PROCHNOW. M. No Jardim das Florestas. Rio do Sul: Apremavi, 2007, 188p.

SCHEFFER, M.C. Uso Tradicional e atual de espécies de Maytenus. In: REIS, M.S.; SILVA, S.R. (org.). Conservação e uso sustentável de plantas medicinais e aromáticas: Maytenus spp., espinheira-santa. Brasília: IBAMA, 2004. p. 53-66.

Averbação de Reserva Legal é discutida em Rio do Sul

No dia 20 de julho de 2009, a Associação dos Municípios do Alto Vale do Itajaí (AMAVI) e Ministério do Meio Ambiente (MMA), realizaram seminário sobre Legislação Ambiental objetivando a regularização ambiental das propriedades rurais no que diz respeito à Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente, conforme o Acordo de Cooperação Técnica assinado entre a AMAVI e o MMA. O evento aconteceu no auditório da Secretaria de Educação de Rio do Sul (SC).

Participaram do evento, representantes das prefeituras do Alto Vale do Itajaí, secretários de agricultura e meio ambiente, representantes de sindicatos de trabalhadores rurais, organizações ambientalistas, associações de produtores rurais e representantes da FATMA, EPAGRI, MMA e Ministério Público Estadual (MPE).

Wigold Schäffer, Coordenador dos Núcleos Mata Atlântica e Pampa do MMA, falou sobre o Código Florestal e a Lei da Mata Atlântica, no contexto da adequação de propriedades rurais. Emerson Oliveira também do MMA explicou aos presentes a importância das Unidades de Conservação. Agostinho Senem, Secretário Executivo da AMAVI apresentou o programa de averbação de Reserva Legal que será implementado pela AMAVI com apoio das Prefeituras e também da Fundação de Meio Ambiente (FATMA). O programa prevê o mapeamento dos remanescentes florestais existentes no Alto Vale do Itajaí e a partir disso a proposição de Corredores Ecológicos através da conexão da Reserva Legal de cada propriedade.

Também palestraram, o representante do Ministério Público Estadual, Ernani Dutra, os representantes da FATMA Arno Alex Zimmermann e Edson Luckmann, Paulo Roberto Lisboa Arruda da EPAGRI e Humberto Luiz do CONSAGRI – AMAVI.

Para a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi) coube a palestra sobre Recuperação de Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal, proferida por Miriam Prochnow. Miriam fez uma apresentação das várias metodologias existentes para recuperação e restauração de áreas, de acordo com o objetivo que se quer atingir e mostrou um pouco dos resultados já alcançados em algumas áreas com as quais a Apremavi vem trabalhando.

A região do Alto Vale do Itajaí possui 25 mil pequenos agricultores e uma área de 140 mil ha para serem averbadas, pois poucos imóveis possuem averbação. O acordo firmado entre AMAVI e MMA, prevê num prazo de dois anos a averbação de, no mínimo, 70% dos imóveis. Agostinho Senem diz que “esse trabalho é de mobilização e sensibilização com os agricultores. Nenhum vai ser obrigado a fazer através da AMAVI, mas os que participarem do programa terão apoio para isso”.

De acordo com estudos feitos pelo Ministério do Meio Ambiente, 70% das propriedades possuem remanescentes disponíveis para a composição da Reserva Legal, faltando apenas a averbação em cartório. “Esse dado nos mostra que é possível e viável o cumprimento da legislação”, comenta Wigold.

Arcanjo Odorizi, agricultor de Mirim Doce (SC), acabou se tornando a “personalidade ambiental” do evento, pelo fato de ser o único agricultor presente a já ter averbado a sua Reserva Legal e se dizer muito orgulhoso de estar em dia com a legislação. Em seu depoimento ele frisou que os 8 hectares de Reserva Legal de sua propriedade são um bem extremamente precioso.

Para a Apremavi, a iniciativa da AMAVI e do MMA é de extrema importância para a conservação da biodiversidade, uma vez que a ideia é formar mosaicos de corredores ecológicos entre as propriedades, unindo os remanescentes florestais e permitindo o fluxo gênico entre as espécies da fauna e flora. Outro fator importante é a garantia da conservação dos recursos hídricos e do solo, além de contribuir para o equilíbrio do clima.

A iniciativa também vai mostrar na prática que o cumprimento da legislação ambiental, não só é possível e viável, como necessária para se agregar valor às propriedades rurais e efetivamente manter os agricultores no campo, com qualidade de vida.

Uvaia, super dose de vitamina C

Uvaia, super dose de vitamina C

Uvaia, super dose de vitamina C

O nome uvaia deriva do tupi ubaia ou ybá-ia e quer dizer fruto azedo, ela é típica da Mata Atlântica, e ocorre de São Paulo ao Rio Grande do Sul.

A árvore tem de seis a 13 metros de altura e geralmente tem um tronco único ou bifurcado, com no máximo de 50 centímetros de diâmetro.

A uvaia tem alto teor de vitamina C (cerca de quatro vezes mais do que a laranja). Tem a polpa muito delicada, com a casca bem fina, de um amarelo-ouro ligeiramente aveludado. O aroma é suave e muito agradável. Um dos grandes problemas desse fruto é que amassa, oxida e resseca com facilidade, por isso não é muito encontrada em supermercados.

A uvaia é utilizada em projetos de reflorestamento (áreas degradadas, preservação permanente e plantios mistos) e paisagismo (ornamental e pomar doméstico). Sua madeira é empregada apenas localmente para moirões, estacas, postes e lenha.

Seus frutos são comestíveis e muito apreciados para o consumo na forma de sucos, razão pela qual é largamente cultivada em pomares domésticos. São também avidamente consumidos por várias espécies de pássaros, o que a torna bastante recomendável para reflorestamentos heterogêneos destinados à recomposição de áreas degradadas de preservação permanente.

Muda, folhas e frutos de Uvaia. Foto: Arquivo Apremavi, Jeison Da Costa Cardoso e João Paulo Maçeneiro.

Uvaia

Nome científico:Eugenia pyriformis Cabess.
Família: Myrtaceae.
Utilização: madeira utilizada para moirões, cercas e lenha. Seus frutos são comestíveis e servem de alimento para diversas espécies de aves.
Coleta de sementes: diretamente da árvore quando começar a queda espontânea dos frutos ou recolhê-los do chão.
Época de coleta de sementes: dezembro a janeiro.
Fruto: amarelo, arredondado, contendo duas sementes em seu interior, possuindo aproximadamente quatro centímetros de diâmetro.
Flor: branca.
Crescimento da muda: médio.
Germinação: normal.
Plantio: mata ciliar, área aberta.

Fontes consultadas

Uvaia. http://faunaeflora.terradagente.g1.globo.com/flora/arvores-palmeiras/NOT,0,0,1223640,Uvaia.aspx. Acessado em 10 de julho de 2009.

Uvaia. http://pt.wikipedia.org/wiki/Uvaia. Acessado em 10 de julho de 2009.

Autora: Geraldine Marques Maiochi.

Apremavi tem nova Diretoria e faz plantio do Clima Legal na chuva

No dia 11 de julho de 2009, aconteceu no auditório do Parque Natural Municipal da Mata Atlântica em Atalanta (SC), a Assembleia da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi). Apesar do dia frio e nublado, 28 associados se fizeram presentes, inclusive alguns de lugares distantes, como Antonio Padilha de São Paulo, Felipe Bonfanti e esposa de Bento Gonçalves, Nara Guichon de Florianópolis, Sergio Blanco de Jaraguá do Sul e Odair e Zeli Andreani de Blumenau, além claro dos sempres presentes sócios de Rio do Sul e Atalanta.

Na pauta, estavam os seguintes assuntos: prestação e aprovação das contas do ano de 2008; avaliação dos projetos em andamento e relato das atividades da gestão 2007/2009; mudança da sede da Apremavi para Atalanta e criação de filial em Rio do Sul; outorga do diploma “Associado Honorário”; e eleição da nova diretoria.

Em sua avaliação, Edegold Schaffer, presidente da Apremavi, comentou que durante a gestão 2007/2009, a Associação teve um grande crescimento em termos de diversidade de projetos, além da ampliação da equipe de trabalho e também das fronteiras, que ultrapassaram os limites de Santa Catarina, com projetos sendo executados por exemplo no Paraná: “isso representa também um grande desafio, que é o de executar com eficiência e incrementar os trabalhos iniciados, em plena crise econômica, e o de conseguir manter a instituição,sempre pensando na sua sustentabilidade”, destaca Edegold.

A Assembleia outorgou o título de Associado Honorário às seguintes pessoas: Paulo Nogueira Neto, Leonardo Boff, Marina Silva e Augusto Carneiro, em reconhecimento às relevantes ações em defesa, preservação e recuperação do meio ambiente e dos recursos naturais da Terra.

A nova diretoria executiva e respectivos conselhos ficaram com a seguinte composição:
Diretoria Executiva:
Presidente: Edegold Schaffer
Vice-Presidente: Urbano Schmitt Junior
1a Tesoureira: Valburga Schneider
2º Tesoureiro: Milton Pukall
1a Secretária: Maria Luiza Schmitt Francisco
2º Secretário: Davide Moser

Conselho Fiscal:
Titulares: Eugênio César Stramosk, Pedro Adenir Floriani e Rainer Prochnow
Suplentes: Maria Rosélia G. da Costa e Rubens Scheller

Conselho Consultivo: Alexandre Tkotz, Almir da Luz, Cleusa M. K. Boing, Fábio Roussenq, Gabriel Schmitt, João de Deus Medeiros, Lauro Eduardo Bacca, Lucia Sevegnani, Miriam Prochnow, Neide Maria de S. M. Areco, Noemia Bohn, Odair Luiz Andreani, Silene Rebelo, Solange Steinheuser, Valmor Chiquetti.

Após a eleição, agora já num dia com chuva, os presentes puderam saborear um delicioso almoço no Paraíso das Trutas, em comemoração aos 22 anos da Apremavi e em seguida participar do plantio de algumas mudas de árvores para o Programa Clima Legal. Esse bosque tem uma característica especial, uma vez que foram plantadas mudas de árvores frutíferas nativas, com o objetivo de formar um bosque para futuras coletas de sementes.

Para o plantio, um grupo de abnegados associados enfrentaram a chuva e o frio, comprovando que uma das características da Apremavi é a garra e a coragem de quem faz parte dela, Este plantio faz parte do Bosque comemorativo do Clima Legal, das Bodas de Prata da Miriam e do Wigold. As mudas que não puderam ser plantadas no sábado por causa da chuva, foram plantadas na segunda feira pela equipe da Apremavi.

Fotos: Miriam Prochnow e Gabriel Schmitt

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Apremavi comemora aniversário de 22 anos

A Apremavi completa 22 anos de dedicação à conservação da natureza e à busca da melhoria da qualidade de vida da população. Nestes anos muitos foram os projetos, as ações, os temas, as lutas. Apesar de vários percalços e causas perdidas, muitos foram os avanços conquistados e compartilhados com inúmeras instituições parceiras, que trazem a certeza de se estar trilhando o caminho certo, afinal ainda existe muita coisa para ser realizada.

Quando em 09 julho de 1987, 19 pessoas levantaram uma bandeira contra a destruição da Mata Atlântica e a favor desse bioma que é um dos mais ameaçados do planeta e decidiram fazer isso usando duas estratégias distintas e complementares: a “boca no trombone” e a “mão na massa”, não se podia imaginar que esse trabalho fosse alcançar as fronteiras que tem alcançado. Atualmente a Apremavi conta com mais de 300 associados e uma eficiente equipe de colaboradores, entre voluntários, técnicos e funcionários que trabalham e contribuem de várias formas nos programas desenvolvidos.

Dentre as atividades cabe destaque ao viveiro de mudas “Jardim das Florestas”. Iniciado com 18 mudinhas num fundo de quintal, ele é hoje um dos maiores viveiros de mudas nativas do sul do Brasil, tanto em quantidade como em diversidade. Tem capacidade para produzir um milhão de mudas por ano de 120 diferentes espécies nativas da Mata Atlântica. Coletar sementes, semear e cuidar das mudinhas é apenas uma parte do trabalho. É necessário também convencer e ensinar as pessoas a plantar e cuidar das árvores. Nestes 22 anos foram plantadas pela Apremavi, dentro dos projetos da instituição, mais de 5 milhões de árvores nativas em centenas de propriedades em mais de 60 municípios.

O plantio de árvores nativas visando a restauração de ecossistemas vai continuar na pauta de forma prioritária, especialmente em tempos de mudanças climáticas, onde a cada dia que passa são necessárias, mais e mais ações visando a mitigação dos efeitos dessas mudanças. Uma das formas mais eficientes de combater o aquecimento global é o plantio de árvores. E a Apremavi não perde nenhuma oportunidade para fazê-lo. Tanto que no dia 11 de julho de 2009, em Atalanta, quando da realização de sua Assembleia Ordinária, será realizado mais um mutirão de plantio de árvores nativas do programa Clima Legal. Maiores informações no email: info@apremavi.org.br.

Mas a Apremavi tem também dado uma contribuição importante no que se refere ao planejamento de propriedades e paisagens, oferecendo aos proprietários rurais, informações sobre a recuperação de áreas de preservação permanente, em especial as matas ciliares e as nascentes, e o desenvolvimento de atividades sustentáveis, que tragam renda e benefícios aos proprietários e contribuam com a preservação ambiental. Com esses projetos vem demonstrando na prática que o cumprimento da legislação ambiental nas propriedades rurais, não só é possível e viável, mas fundamental para a sustentabilidade das mesmas.

Paralelamente ao desenvolvimento de projetos a Apremavi não tem esquecido de fazer o seu papel de ONG ativista, lutando para a criação de novas Unidades de Conservação e denunciando e combatendo os crimes ambientais, como os desmatamentos, que infelizmente continuam acontecendo em Santa Catarina.

A Apremavi apóia a criação de unidades de conservação públicas e particulares, como principal estratégia para a conservação da biodiversidade. Em Santa Catarina colaborou com a criação da Área de Relevante Interessante Ecológico da Serra da Abelha, do Parque Nacional da Serra do Itajaí, do Parque Nacional das Araucárias e da Estação Ecológica da Mata Preta. Estimula e ajuda na criação de unidades de conservação municipais, para proteger parte dos ecossistemas locais, dos mananciais  hídricos, e para garantir espaços para pesquisa da biodiversidade, implantação e promoção do ecoturismo.  Em Atalanta ajudou a criar e implantar o Parque Natural Municipal da Mata Atlântica e, em Parceria com a Prefeitura e apoio de empresas, é responsável pela administração do Parque, que também é utilizado para educação ambiental, reuniões e cursos de capacitação.

Atualmente está trabalhando nas campanhas para a criação do Refúgio de Vida Silvestre do Rio da Prata e do Refúgio de Vida Silvestre do Rio Pelotas. Além disso, está terminando os processos para a criação de duas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) próprias, a RPPN Irmãs Grimm, no município de Papanduva e a RPPN Serra do Lucindo, no município de Bela Vista do Toldo.

A Apremavi também tem chamado a atenção das autoridades públicas para a implementação de ações que possam prevenir e mitigar tragédias como a que aconteceu em novembro de 2008. Tragédias essas que tem uma ligação clara com a falta de cuidado com a preservação do meio ambiente. O dossiê “Santa e Frágil Catarina” compila uma série de informações importantes a esse respeito.

O fato é que esta cada vez mais claro que a sociedade civil, nos seus diversos setores, tem cada vez mais uma responsabilidade maior na implantação de políticas públicas sustentáveis, única forma de se assegurar a vida no planeta Terra.

Programa Matas Legais comemora resultados no Paraná

O Programa Matas Legais, iniciativa da parceria entre a Klabin, maior produtora e exportadora de papéis do Brasil, e a ONG Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), completa o primeiro ano de atividades no Paraná com importantes resultados para o meio ambiente. De seu lançamento, em junho de 2008, até maio deste ano, o Programa já distribuiu mais de 79 mil mudas de espécies nativas, quantidade suficiente para recuperar mais de 30 hectares de matas, e promoveu a demarcação de 188 hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs), uma das prioridades do Programa.

As mudas de espécies nativas distribuídas a partir de setembro do ano passado foram plantadas em 212 propriedades rurais paranaenses após a etapa de estudo e mapeamento das áreas. As propriedades desta fase do Programa são localizadas nos municípios de Curiúva, Sapopema, São Jerônimo da Serra, Congonhinhas, Figueira e Ibaití. Também nos municípios de Reserva e Ventania algumas propriedades receberam projetos-pilotos especiais do Programa.

Por meio do Programa Matas Legais, os pequenos e médios produtores rurais recebem a orientação para planejar suas propriedades em atendimento à legislação ambiental. Eles também aprendem a conciliar a formação de matas ciliares saudáveis e a recuperação de áreas degradadas com a prática de outras atividades agrícolas produtivas. Este modelo sustentável contribui para o equilíbrio do ecossistema local e para o aprimoramento das atividades de florestas plantadas. O objetivo é, nos próximos anos, estender as atividades do Matas Legais para os demais produtores rurais já integrantes do Programa de Fomento Florestal da Klabin no estado.

A assistência técnica é realizada em campo pela equipe de profissionais da Apremavi. “Além dos benefícios ambientais, há aspectos econômicos e sociais de imensa relevância, pois o Matas Legais permite geração de renda aos produtores e a preservação do meio ambiente”, enfatiza Miriam Prochnow, coordenadora de Políticas Públicas da Apremavi. “Os resultados demonstram que é possível colocar em prática a legislação ambiental aliada à sustentabilidade”, finaliza. Miriam explica que muitos integrantes do Programa são de assentamentos, que passam a adotar um modelo sustentável.

Um bom exemplo é a propriedade de Augustinho Fernandes Quevedo, no assentamento Paulo Freire, em São Jerônimo da Serra. “O Matas Legais é muito importante para que o agricultor possa fazer seu trabalho e ter sua renda de uma forma correta. Hoje, trabalho com leite, milho, soja, trigo e tenho 4,5 alqueires de florestas plantadas na minha propriedade”, diz. “E desde que entrei no Programa, plantei mais 400 mudas de espécies nativas. Se todos fizerem a sua parte, o meio ambiente é que sai ganhando”, completa.

De acordo com Carlos Mendes, gerente de Pesquisa e Planejamento Florestal da Klabin, o programa também inclui ações de educação ambiental. “Trabalhar a consciência ecológica das comunidades é uma importante iniciativa para a conservação do patrimônio natural paranaense, principalmente no longo prazo”, completa. O programa incentiva a preservação da Mata Atlântica e a introdução de espécies como araucária, imbuia, canela-preta, sassafrás, cedro, canjerana, ipê-amarelo, ipê-roxo, entre outras, sendo algumas delas ameaçadas de extinção. “A recuperação das matas ciliares permite a formação dos corredores ecológicos de matas nativas, que, por sua vez, favorecem a manutenção e incremento da biodiversidade local”, explica.

A iniciativa está em sintonia com a Política de Sustentabilidade da Klabin, pela qual a empresa se compromete a assegurar o abastecimento de madeira plantada para suas fábricas de forma sustentada, preservando os ecossistemas naturais associados. “A companhia aposta no Programa Matas Legais, em parceria com a Apremavi, e em seus benefícios para o meio ambiente e para as comunidades. Assim, trazemos o meio rural e suas comunidades para participar de nossa cadeia produtiva de forma sustentável”, finaliza Mendes.

Fotos: Miriam Prochnow

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Seminário sobre Gestores de Unidades de Conservação

Durante os dias 29 de junho a 01 de julho de 2009, o técnico ambiental da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), Marcos Alexandre Danieli e a coordenadora de projetos da instituição Edilaine Dick, participaram do III Seminário Sul Brasileiro de Conselhos Gestores de Unidades de Conservação.

O seminário que aconteceu em Curitiba (PR), foi realizado pelo Mater Natura Instituto de Estudos Ambientais e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Natureza (ICMBio), e teve apoio do Departamento de Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente (DEA/MMA). Envolveu aproximadamente 180 pessoas, entre eles, chefes de Unidades de Conservação (UCs), técnicos de ONGs e comunidade em geral, todos envolvidos de alguma forma com a criação ou fortalecimento de conselhos gestores de unidades de conservação dos estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul.

O evento teve como objetivo aprofundar as discussões teóricas e práticas da gestão participativa a partir do espaço dos conselhos gestores das Unidades de Conservação. Constituiu-se em um espaço de diálogo e reflexão sobre o processo de aprendizagem e resultados do projeto “Capacitação em Gestão Participativa de UCs nos estados do PR, SC, RS e MS”, financiado pelo PDA/MMA, e executado conjuntamente pelo Mater Natura e ICMBio/IBAMA, e com as parceiras institucionais do IAP, ReaSul, Rede ProUC e CNRPPN.

Plenária Geral. Foto: Celso Margraf

Durante o seminário houve a apresentação de alguns processos de formação de conselhos consultivos das UCs envolvidas no projeto, da metodologia desenvolvida para o desenvolvimento das ações do mesmo, mesas redondas e muito debate sobre a participação da sociedade civil na gestão de UCs.

Aconteceu também o lançamento do portal Gestão Participativa, o qual reúne os resultados das capacitações em gestão participativa em 44 Unidades de Conservação no Sul do país e Mato Grosso do Sul, onde o Mater Natura capacitou 177 pessoas (de 67 instituições). Esse público continua trocando experiências no site, além de poder acessar banco de dados com documentos sobre cada uma das áreas naturais e links para outros projetos de capacitação em UCs no Nordeste e Sudeste. Outros gestores, educadores e parceiros interessados também passam a enriquecer essa grande rede, podendo inclusive se unir para novas capacitações e projetos de campo.

A Apremavi esteve envolvida em outros momentos do respectivo projeto, através dos cursos realizados e da etapa de enriquecimento prático, que resultou na parceria entre a Apremavi e o Mater Natura, através dos técnicos Neluce Arehart Soares e Marcelo Limont que auxiliaram no processo de formação do conselho consultivo do Parna das Araucárias e da ESEC da Mata Preta. Informações sobre as duas UCs também podem ser acessadas através do Portal Gestão Participativa.

Seminário do Programa Matas Legais no Paraná

No dia 7 de julho de 2009, a Klabin e a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi) realizarão um seminário em Curiúva (PR) com o objetivo de apresentar os resultados do Programa Matas Legais no Paraná, que acaba de completar um ano no Paraná. O Programa tem demonstrado desempenho positivo ao colocar em prática os conceitos de planejamento das propriedades rurais e de cumprimento da legislação, promovendo o desenvolvimento sustentável das atividades produtivas no campo.

Além da presença de representantes da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Sema), do IAP (Instituto Ambiental do Paraná) e do Emater (Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural), o encontro contará com líderes das comunidades dos municípios paranaenses participantes do Programa Matas Legais: Curiúva, Sapopema, São Jerônimo da Serra, Congonhinhas, Figueira e Ibaití, Reserva e Ventania.

A abertura do seminário será realizada pelo gerente de Planejamento e Pesquisa Florestal da Klabin, Carlos Mendes. Na seqüência,  Miriam Prochnow, coordenadora de Políticas Públicas da Apremavi, apresentará os benefícios do planejamento da paisagem rural e o convidado Eric Schaitza, Secretário Executivo do Programa de Gestão Ambiental Integrada em Microbacias no estado do Paraná, falará sobre a importância da agricultura para a conservação da biodiversidade. Na ocasião, o público também conhecerá ainda os novos materiais técnicos do Programa Matas Legais e os resultados detalhados do primeiro ano do Programa.

O Matas Legais envolve o correto planejamento da propriedade rural, de forma a atender a legislação ambiental vigente, além de promover a recuperação da mata nativa, por meio do plantio de mudas, e contribuir para a conservaçao do meio ambiente. A palavra “legal”, assim, remete a dois sentidos – o do cumprimento da legislação ambiental vigente e o ligado a um lugar agradável, bonito e bom de viver para todos.

A simplicidade dos Havrelhuck combina com a natureza

Osvaldo Havrelhuck nasceu no Craveiro, Santa Terezinha, em 03 de maio 1962, é filho de agricultores. Desde cedo precisou trabalhar para ajudar no sustento da família, auxiliando seu pai nas atividades da agricultura. Tem 12 irmãos, desses, o irmão Alfredo, mais conhecido como "Trigo Limpo", um ano mais novo, também teve papel importante no sustento da família. Depois que casou, há 28 anos, foi morar na localidade de Ouro Verde, no mesmo município.

Bom esposo e sobretudo bom pai, dedica sua vida ao trabalho, a plantar árvores e aos oito filhos. É um homem de vida exemplar, simples, cheio de amigos, possui muitos admiradores, sendo uma dessas pessoas que se pode ficar horas ouvindo suas histórias. Desde cedo teve uma ligação com a natureza. Lembra que quando pequeno na escola, no dia da árvore, trazia um "pé de Ingá Feijão", lá do mato para plantar no quintal da casa dos pais.

Ele conta com entusiasmo que conheceu a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi) através do amigo Mário Latauckzeski em 2006 e a partir daí começou os trabalhos de enriquecimento da sua floresta. “Esse é um homem que serve de exemplo para todos nós, agricultores aqui de Santa Terezinha foi o Mário quem me apresentou a Apremavi, e aí estão as plantas, aí tem a primeira árvore que ganhei do Engenheiro Leandro da Apremavi”, diz Osvaldo,  satisfeito.

O conhecimento que tem vai passando pra frente. É um divulgador das questões do meio ambiente. Passa nas escolas para falar com as crianças, sempre preocupado com a questão ambiental, especialmente com a questão das águas. Um dos sonhos dele é montar uma pequena estufa para o cultivo de plantas: “se pudéssemos montar uma associação de ervas medicinais, o primeiro passo seria fazer um quintal medicinal, já tenho aqui a espinheira santa, o pau andrade, pau pra tudo, angico, erva mate e tenho tudo isso aqui no sub bosque da floresta…”

Sobre as questões atuais diz que está tudo beirando uma tragédia e que é fundamental que os agricultores pensem na preservação do meio ambiente: “Deus criou o homem pra viver da natureza, acho que o homem que não acredita nem em Deus mais, vai devastar tudo que ele criou, vai sobreviver do que? Eu acho que se todo homem colocasse a mão na consciência poderia viver do bom e do melhor…”

O irmão, Alfredo, também é uma pessoa muito simples e interessante, não é índio, mas gosta do mato e dos morros. O seu apelido “trigo limpo” foi lhe dado pelo fato de ser uma pessoa muito íntegra. Também é muito preocupado com a preservação ambiental. Possui um sistema agroflorestal no fundo de um vale e mora sozinho, não tem filhos e nem esposa, sua companhia é o trabalho, em meio à natureza.

Com esse pequeno artigo sobre os Irmãos Havrelhuck, que são Amigos da Natureza, a Apremavi quer prestar uma singela homenagem às pessoas simples que fazem uma grande diferença para a humanidade.

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Manifesto do Observatório do Clima é entregue em Brasília

Manifesto por uma posição consistente do governo brasileiro frente à mudança do clima.

As entidades signatárias do presente documento vêm a público reiterar a necessidade de políticas públicas mais consistentes para lidar com as mudanças climáticas no Brasil.

A magnitude das alterações futuras do clima global já pode ser avaliada pelos recentes eventos extremos que atingiram o Brasil, como a seca em 2005 e a enchente em 2008 na Amazônia, o furacão Catarina e as enchentes no Norte e Nordeste, e indicam a urgência para a busca de soluções de redução das emissões de gases do efeito estufa e adaptação ao problema.

Pedimos, portanto, que o governo adote ações imediatas para que o país possa enfrentar tais alterações climáticas e seus impactos nas áreas econômica, social e ambiental. Entre as ações consideradas emergenciais, destacamos:

  • Apoio à aprovação da lei que cria a Política Nacional de Mudanças Climáticas em trâmite no Congresso Nacional. É fundamental que se estabeleça acordo entre as lideranças do Congresso em torno de um texto único que defina um marco regulatório detalhado para orientar a sociedade e a economia no rumo do desenvolvimento de baixo carbono, que estabeleça metas obrigatórias de redução de emissões de gases estufa para diferentes setores e atividades econômicas no país, orientando as estratégias e ações nacionais de mitigação e adaptação à mudança do clima. A definição de metas proporciona oportunidade de soluções tecnológicas inovadoras, garantindo a médio e longo prazo a competitividade da economia brasileira.
  • Adoção de medidas concretas no âmbito do Plano Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC), incluindo destinação de recursos financeiros, definição de responsabilidades e prazos para cumprimento das metas estabelecidas. Destacamos nesse contexto a necessidade urgente de cumprimento de metas de combate ao desmatamento na Amazônia e o acréscimo de metas de redução específicas de desmatamento no Cerrado, na Caatinga, na Mata Atlântica, no Pantanal e no Pampa. É fundamental que o governo destine recursos financeiros suficientes para que o Plano possa sair do papel e gerar resultados. Apesar do documento aprovado pelo governo ser um primeiro passo para uma estratégia nacional de combate às mudanças climáticas, ainda está longe de constituir um esforço de Estado que coloque o Brasil nos trilhos de um desenvolvimento de baixo carbono. Consideramos ainda de extrema importância a manutenção do Código Florestal e a busca de mecanismos de incentivo à sua implementação, como a regulamentação das cotas florestais e o Pagamento por Serviços Ambientais. São medidas importantes também a maior coordenação com iniciativas estaduais e a adoção de planos estaduais de redução de emissões, o estímulo à restauração da Mata Atlântica, e a divulgação de relatórios de progresso das ações governamentais.
  • Reversão da estratégia de carbonização da matriz energética brasileira, que caminha no sentido oposto ao esforço adotado por outras nações. A tendência explícita de carbonização da matriz energética brasileira e de investimentos em tecnologias insustentáveis se revela na crescente instalação de termelétricas a gás, óleo, carvão mineral e nuclear previstas nos planos para o setor. É fundamental que o governo inverta esse processo e estimule maciçamente a eficiência energética, a otimização do uso de energia gerada e a adoção em larga escala de fontes sustentáveis de energia renovável e de baixa emissão em que o país apresenta enorme potencial produtivo, como a eólica, a solar térmica e a biomassa. É fundamental que qualquer possibilidade de expansão da hidroeletricidade seja amparada num planejamento adequado, cujas premissas devem ser a sustentabilidade dos ecossistemas, a minimização dos impactos socioambientais e a eficiência do modelo de demanda a fim de orientar a expansão sustentável da oferta de energia. Os planejadores não podem ver a Amazônia apenas como mais uma fronteira. Não se pode continuar e perpetuar o modelo exploratório dos recursos renováveis aplicado há séculos onde os impactos sociais e ambientais são apenas uma externalidade dos empreendimentos.
  • Posição firme dos representantes brasileiros nas negociações internacionais para que sejam estabelecidas metas ambiciosas e rígidas de redução de emissões de gases do efeito-estufa pelos países desenvolvidos nas conclusões sobre o novo regime de clima, em Copenhague. Esperamos que os negociadores liderem os esforços para estabelecer:

1) um novo marco internacional que garanta que o aquecimento global ficará bem abaixo dos 2o C em relação à média pré-industrial e

2) que antes do final da próxima década se inicie a trajetória descendente das emissões globais. É necessário que o regime climático internacional garanta redução de pelo menos 40% das emissões no grupo de países desenvolvidos até 2020 em relação aos níveis de 1990, além de prever uma redução substancial na curva de crescimento de emissões dos países em desenvolvimento, como indica o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC). Da mesma forma, esperamos forte engajamento dos negociadores brasileiros para estabelecer legalmente os mecanismos financeiros para viabilizar a redução de emissões e programas da adaptação nos países em desenvolvimento, mais vulneráveis às mudanças climáticas.

  • Apoio e empenho do Brasil na criação de um mecanismo de REDD (Redução das Emissões do Desmatamento e Degradação Florestal) no âmbito da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudança do Clima e de seu acordo pós-2012, capaz de estimular e recompensar os países tropicais pela redução do desmatamento e emissões associadas e pela conservação florestal em seus territórios.
  • Apoio e criação de incentivos para a restauração florestal como uma estratégia para a mitigação dos efeitos das mudanças climáticas pelo sequestro de carbono, em particular nas Áreas de Preservação Permanente e Reservas Legais em biomas com alto índice de desmatamento como a Mata Atlântica, o Cerrado e a Caatinga.

Acreditamos que o Brasil somente poderá se firmar na posição de uma liderança política e econômica no contexto global se adotar medidas consistentes para conciliar o país com a nova realidade econômica e socioambiental das mudanças climáticas provocam.

Assinam esse manifesto

Amigos da Terra – Amazônia Brasileira
Apremavi – Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida
Conservação Internacional do Brasil
ECOAR – Instituto Ecoar para a Cidadania
FBDS – Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável
Fundação O Boticário de Proteção à Natureza
Fundação SOS Mata Atlântica
Greenpeace Brasil
IBio – Instituto Bio Atlântico
IEB – Instituto Internacional de Educação do Brasil
Imazon – Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia
IPAM – Instituto de Pesquisas da Amazônia
IPE – Instituto de Pesquisas Ecológicas
ISA – Instituto Socioambiental
Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais
SPVS – Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental
TNC – The Nature Conservancy
WWF Brasil

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