19/02/2008 | Notícias
No dia 18 de fevereiro de 2008, a Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale do Itajaí (Apremavi) formalizou com a empresa Adami S/A de Caçador (SC), uma parceria para a recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs).
Participaram do ato, a secretária executiva da Apremavi Maria Luiza Schmitt Francisco, o presidente da instituição Edegold Schäffer e representando a Adami, o Engenheiro Florestal Olindo Piacentini.
O projeto que prevê a recuperação de 300 hectares de APPs na Fazenda Jangada, município de Matos Costa (SC), e que será executado pela Adami, foi elaborado pelos técnicos da Apremavi, sob a coordenação do engenheiro florestal Leandro Casanova e da bióloga Edilaine Dick. Foram realizadas 5 vistorias e encontros para a elaboração e finalização do projeto.
Para a recuperação das APPs serão utilizadas diferentes metodologias, de acordo com a situação e estágio de regeneração em que se encontra cada área, desde o plantio de árvores em maior densidade nas áreas desprovidas de vegetação, até o enriquecimento ecológico de florestas secundárias.
No projeto serão utilizadas mudas de árvores nativas do viveiro Jardim das Florestas da Apremavi, situado no município de Atalanta (SC). Dentre as mudas que serão produzidas se destacam as espécies pioneiras e secundárias de crescimento rápido como o ingá, a aroeira, o pessegueiro-bravo, o cedro, entre outras. Além das pioneiras que serão utilizadas em maior proporção, se destacam também, algumas espécies nobres, que estão na lista das ameaçadas de extinção, como a imbuia, o sassafrás, a canela-preta e a araucária. O plantio das primeiras mudas deverá acontecer no mês de março.
Área a ser recuperada
11/02/2008 | Notícias
O ano de 2008 começou bem para o viveiro Jardim das Florestas da Associação de Preservação do Meio Ambiente do Alto Vale do Itajaí (Apremavi). Em janeiro foram produzidas 62.190 mudas de 29 espécies nativas da Mata Atlântica, entre elas a canafístula, o ipê-amarelo, o guamirim-branco, o camboatá-vermelho, a guabiroba-crespa, o ingá-macaco, a uvaia, a canjarana e a bracatinga. Este é o maior viveiro de mudas de árvores nativas de Santa Catarina e localiza-se em Atalanta, no Alto Vale do Itajaí.
Em 2007, foram produzidas mais de 500 mil mudas de 120 espécies da Mata Atlântica. Entre as produzidas, estão algumas em extinção na Mata Atlântica, como araucária, canela-preta, canela-sassafrás e imbuia. Já as mais procuradas são os ipês e as frutíferas como pitangueira, cerejeira, jabuticabeira e araçazeiro. Na produção de mudas, não são utilizados fertilizantes químicos nem venenos para o combate de pragas e doenças.
A meta de produção de mudas para 2008 é ultrapassar 600 mil mudas e para isso deverá ser implantada no viveiro uma área para produção de mudas em tubetes. Todos os passos da produção de mudas no viveiro são registrados em um banco de dados, desde a coleta das sementes, a semeadura, a repicagem e a ida para os canteiros. Este controle é feito pela equipe do viveiro e registrada pelo técnico florestal Edinho Schäffer, que considera esse registro fundamental para a atividade. Através deste controle é possível monitorar em detalhes a quantidade e a qualidade das mudas produzidas e também programar a demanda de saída de mudas do viveiro, fala Edinho.
Cerca de 30% das mudas produzidas são adquiridas por prefeituras, empresas e pessoas físicas. Os outros 70% são utilizadas em programas da Apremavi como o Matas Legais, executado em parceria com a Klabin, o Planejando Propriedades e Paisagens e o Clima Legal. A maioria das mudas é plantada em Santa Catarina, estado que infelizmente tem batido recorde de desmatamento no Bioma Mata Atlântica, nos últimos anos e onde ações de reflorestamento, aliadas ao controle do desmatamento, são fundamentais.
Maiores informações sobre o viveiro podem ser obtidas através do fone: (47) 35350119 ou email: viveiro@apremavi.org.br
Fotos de Miriam Prochnow
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14/01/2008 | Notícias
Janeiro, o mês do verão, das férias escolares, da vida boa e da curtição. Para muitos com certeza é assim que o verão começa e termina, mas, por incrível que pareça, nesse mês de férias na APREMAVI se trabalha muito. Além de ser uma boa época para a coleta de muitas sementes que se abrem e caem das árvores, de ser o mês para se aproveitar o calor e fazer muitas mudinhas germinarem, janeiro é também o mês que a APREMAVI recebe em suas dependências muitos estagiários que vem em busca dos mais variados objetivos.
Maicon Diego Duffecky e seu colega, Lauro William Ptrentchuk, ambos estudantes de Engenharia Florestal da Universidade do Contestado (UNC), são dois quase formandos que vieram à APREMAVI em busca de algum material para seus projetos para os Trabalhos de Conclusão de Curso (TCCs). Maicon, diz que também pretende colaborar com a instituição avaliando a eficácia do processo de produção de mudas nativas do viveiro, visando a eficiência da coleta e da germinação de algumas espécies e, também, fazer uma comparação do processo de germinação de duas sementes de mesma espécie que estão sujeitas a influência da Floresta Ombrófila Mista e da Floresta Ombrófila Densa. Já Lauro, diz que quer contribuir com a APREMAVI construindo um banco de dados com informações estatísticas relevantes relacionadas ao processo de produção das mudas do viveiro.
Marcos Ricardo Hummel, também estudante de Engenharia Florestal, da FURB, diz que veio à APREMAVI pois queria entender um pouco mais sobre o trabalho que é feito em um viveiro de mudas nativas, para futuramente trabalhar com projetos de recuperação de áreas degradadas. Já os estudantes de biologia de Brasília, André Luis Rodrigues e Carolina Schäffer, procuraram a APREMAVI pelo interesse de conhecer as diferentes oportunidades que a área ambiental oferece.
Além desses planos e idéias, a APREMAVI ainda vai receber, nesse mês de janeiro, um outro estagiário, Uilson Moacir Schena Junior, estudante de engenharia florestal da Universidade Federal do Paraná. Mas, enquanto ele não chega, os cinco que estão na lida já participaram de inúmeras atividades que um viveiro de mudas pode oferecer.Desde a coleta de sementes como Espinheira Santa, Aroeira, e Camboatá Branco, à limpeza de espécies como Canjarana, Baga de Macaco, Uvaia, Aroeira e o semeio dessas mesmas sementes, até a preparação do barro, a repicagem de outras tantas espécies, a preparação de algumas mudas de Imbuia, Sassafrás e Canela Garuva no sacão e a participação em um plantio, onde foram plantadas em torno de 10 espécies diferentes de algumas mudas nativas da região, como o Tarumã e a Tucaneira, são algumas das atividades que tem sido realizadas pelos estagiários de plantão. Eles também já tiveram oportunidade de discutir temas ambientais com o ambientalista Wigold Schäffer, coordenador dos Núcleos da Mata Atlântica e Pampa no Ministério do Meio Ambiente, que estava visitando o viveiro.
Como em todos os lugares, na APREMAVI, os funcionários também não perdoam os estagiários…e a primeira brincadeira, já logo no segundo dia cedinho de trabalho, foi um tal de Sidnei Prochnow quem preparou. Ele pegou umas folhas de Pau Amargo e disse que se todos mastigassem um pedacinho eles iriam sentir um delicioso sabor, muito parecido com o da Framboesa. Não deu outra, estagiário que é estagiário obedece bem, e lá estavam todos os curiosos com um gosto amargo na boca poporcionado pela Quina e é claro, já programando um jeito de sacanear com o tal funcionário bem humorado do viveiro, começando por apelidá-lo de Cidquina.
Enfim, entre amargos e doces, fica a certeza de que todos estão aproveitando bem as boas horas de serviço, aprendizado, relação e diversão que a instituição está proporcionando.
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13/11/2007 | Notícias
A Apremavi recebeu no último sábado a visita de 90 acadêmicos da Universidade para o Desenvolvimento do Alto Vale do Itajai UNIDAVI.Os alunos fazem parte do Curso de Formação de Agentes para o Desenvolvimento Regional, que integra acadêmicos dos mais diversos cursos oferecidos pela Universidade. A visita à Apremavi teve por objetivo a verificação "in loco" de práticas integradas de desenvolvimento regional.
A viagem foi organizada pela professora Marilei Kroetz, e devido ao grande número de alunos o grupo foi dividido em duas turmas. Enquanto uma turma visitava o Parque Mata Atlântica, onde foram recepcionados pelos acadêmicos e funcionários da Apremavi, Edinho e Jaqueline, a outra turma foi recepcionada no viveiro da Apremavi, pelo presidente da entidade Edegold Schäffer. No período da tarde houve o revesamento das turmas.
Os alunos ouviram do presidente da Apremavi um breve histórico da entidade, em seguida uma explanação sobre o Programa de Planejamento de Propriedades e Paisagens e o conceito de Propriedade Legal desenvolvidos pela Apremavi.
Após a explanação os alunos foram convidados a conhecer a propriedade piloto onde está localizada a Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN Serra do Pitoco- onde puderam ver na prática que, se bem planejada, uma pequena propriedade pode respeitar a legislação e ser produtiva ao mesmo tempo.
Em seguida os estudantes dirigiram-se à propriedade conhecida como Paraíso das Trutas, onde tiveram a oportunidade de conhecer umas das mais importantes nascentes dágua do município de Atalanta, como também viram na prática que quando os recursos naturais são preservados, podem fornecer além de qualidade de vida, renda para o produtor rural.
Ao meio dia um grupo almoçou na Propriedade Paraíso das Trutas e o outro grupo na Propriedade Kuchen Haus Conservas Agroecológicas.
Nas propriedades visitadas, o principal aspecto observado pelos estudantes foi a harmonia e integração entre homem e natureza e uma grande preocupação com o meio ambiente e os aspectos paisagísticos.
Na visita ao Parque Mata Atlântica, os acadêmicos receberam informações sobre o histórico da área, o processo de implantação do projeto no município, as atividades que vem sendo desenvolvidas no Parque e foram alertados sobre a importância da criação de Unidades de Conservação e da preservação/conservação da biodiversidade no planeta Terra.
Os grupos percorreram a trilha principal do Parque, denominada Trilha da Lontra, podendo observar ao longo do percurso a mata preservada e algumas árvores com identificação, sendo a maioria delas já ameaçadas de extinção como o Pinheiro Araucária e a Canela Sassáfras.
O Parque é um grande exemplo, de que muitas vezes nossos municípios dispõem de belos e riquíssimos recursos naturais, que não estão sendo explorados de uma forma correta, e que poderiam estar sendo utilizados como forma de alavancar o turismo municipal e regional como também servir de centro de referência em Educação Ambiental.
Um dos objetivos do Parque é fazer com que os visitantes retornem para seus municípios de origem e desenvolvam ações em prol da conservação dos recursos naturais lá existentes. Vários alunos demonstraram um profundo encantamento com o que viram e ouviram no municipio de Atalanta, fazendo elogios e comentários muito positivos a respeito do modelo de desenvolvimento sustentavel pregado pela Apremavi e que vem sendo praticado nas propriedades visitadas por eles.
Ao final da visita o presidente da Apremavi fez a doação de dois exemplares do livro No Jardim da Florestas para ser sorteado entre os estudantes.
Acadêmicos no Parque Mata Atlântica
Foto: Janilde Maria Lenzi
02/12/2004 | Notícias
Desta vez não foi apenas em meio a uma núvem de pó que partiram 10.000 mudas de cerca de 30 espécies de árvores nativas. "E se foram numa nuvem de buzinada", observa Vilson enquanto o caminhão faz a curva, passando junto às estufas, buzinando como que dando com isso início à viagem. Na verdade é apenas a lona por cima da carga que está faltando, já que é para longe que vão essas plantinhas todas.
O Viveiro Jardim das Florestas da Apremavi produz no interior de Santa Catarina, na cidade de Atalanta, mudas de 100 espécies de árvores nativas. E isso há mais de 10 anos, mas é agora que se está tornando um hábito enviar tantas mudas seguidas, e para tão longe. Semana passada, foram 15.000 ao Rio de Janeiro, as de hoje seguem a Maringá (PR).
Estado que precisa com urgência dessas árvores, uma vez que a cobertura vegetal do Paraná foi tão reduzida que parece ser quase inexistente, olhando-se para o mapa de 2002 da SEMA (Secretari de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná).
| Mapa da cobertura florestal do Paraná |
| | "Não há mais nem 1% de nossa floresta de araucária em pé. Em outras palavras, aniquilamos 99% daquelas a quem, hipocritamente, chamamos árvore-símbolo", diz o Secretário de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado Paraná Luiz Eduardo Cheida, citando o exemplo do Pinheiro-do-Paraná, a Araucaria angustifolia. E é por isso mesmo, que araucárias não poderiam deixar de serem enviadas junto com as demais espécies, nessa manhã de 4a feira, dia 01 de dezembro. Uma viagem longa, são lá seus 1.000 km até o oeste do Paraná. |
Na manhã do dia seguinte, chegaram provavelmente um pouco sonolentas ainda, essas mais de 10.000 plantas que se encontram agora sob um sombrite de 15%. Mais do que bem-vindas e bem acolhidas, hospedadas estão as plantas lá, até que sejam plantadas na região, dando mais uma contribuição à reposição de uma das florestas de maior biodiversidade do planeta: a Mata Atlântica.
25/11/2004 | Notícias
Partiram numa nuvem de pó 15.000 mudas de árvores de espécies nativas, com rumo ao estado do Rio de Janeiro.
"Mas oooolha! Nunca mandamos mudas para tão longe!", comenta Vilson com seu sotaque de Atalantense, de dentro de uma de suas incontáveis camisetas de listras. Aliás, cursa um comentário entre seus colegas, de que ele não usa outras que não essas de linhas horizontais, a sua marca registrada.
A Apremavi produz mudas de mais de 100 espécies de árvores no seu viveiro de mudas Jardim das Florestas. É em Atalanta, coração do estado de Santa Catarina, a região é conhecida como "Alto Vale do Itajaí".
Bacia do Rio Itajaí. Fora do estado de SC, é no Rio Itajaí-açú que se pensa ao ouvir a palavra "Itajaí". O rio das enchentes, não por último também ocasionadas pelo desmatamento das últimas décadas. Os rios estão assoreados… a erosão faz com que milhares de toneladas de sedimentos, terra boa, fértil, e areia, pedras, acabem parando no leito dos rios a cada chuva. As florestas protegiam o solo, outrora, impedindo a erosão. O solo da floresta absorvia a água, que aflorava em outros lugares em nascentes e vertentes de córregos, ribeirões, juntando-se uns aos outros davam por fim num rio… dos mirins, pequenos, passavam aos grandes, açús.
Muitas dessas nascentes se foram, secaram. E a Floresta, a Mata Atlântica também se foi, desapareceu em quase todo o estado. A menos de 7% da sua área original reduzido, este bioma de enorme biodiversidade continua sob pressão. Das suas fitofisionomias, é a Floresta Ombrófila Mista, a Floresta de Araucárias, a mais ameaçada. E as poucas áreas remanescentes desta floresta tão característica para o sul do Brasil são cortadas por madeireiros inescrupulosos, ou então colocadas em terceiro plano pelos poderes executivos e judiciários do Brasil, a exemplo da fraude de Barra Grande.
Portanto, repor o que se foi: "cada árvore plantada conta!", uma frase que se ouve com frequência no Jardim das Florestas. Hoje foram contadas um bocado delas, Edegold Schäffer que o diga. Controlando a ficha, assegura-se de que todas as plantinhas encomendadas estejam alinhadas à espera do caminhão, uma carreta que entusiasma alguns pelo tamanho, outros pelo conteúdo… guabirobas, araçás, ingás, perobas, angicos, sibipirunas, ipês, uvaias, são algumas das mais de 30 espécies de árvores, ainda plantinhas, que foram alinhadas nesta 5a feira de pouco sol dentro da carreta.
Quase duas horas para empilhar tudo, todo cuidado é pouco, o motorista puxa e amarra a lona, Sidnei aproveita para dar uma olhada minuciosa na cabine dessa máquina toda, "o volante gira pra esquerda e direita! Não é diferente do que num carro, não!" chisteia, comenta com cara de malandro ao voltar aos demais do grupo (Geraldo, Leandro e Ivo), e juntos se despedem do caminhoneiro, caminhão e carga, que partem por fim pela estrada de chão, levantando uma nuvem de pó, com rumo ao Rio de Janeiro…
29/09/2004 | Notícias
Se todo mundo pudesse escolher a vista de sua casa de campo, provavelmente as janelas dariam para um lugar como Atalanta, em Santa Catarina. A sede do município tem pouco mais de 2.500 moradores. E a poucos minutos do centro, as portas dormem abertas, os vizinhos se reconhecem pelo ronco dos carros, os bugios descem da serra do Pitoco para ver o trabalho no campo e, no sítio de Anita Schäffer, um dos cinco que se adaptaram no município a hospedar forasteiros, a truta que vem à mesa saiu pouco antes de uma nascente de água azulada nos fundos do terreno.
À primeira vista, não há o que consertar num lugar desses. Atalanta, que a prefeitura deu para chamar de “cidade jardim da mata atlântica“, ganhou há pouco um parque municipal, aninhado nos 54 hectares da mata onde funcionava a fábrica de farinha de mandioca de Erich Gropp. Abriu-se ao público uma Reserva Particular do Patrimônio Natural de três hectares numa antiga serraria, com trilha e banho de cachoeira. E, de quebra, há um futuro melhor do que o presente brotando na Apremavi, uma ONG ambientalista que produz por ano 500 mil mudas de árvores nativas e está pronta para provar aos pequenos agricultores da região que paisagem também se planta.
Se depender de Miriam Prochnow, presidente da Apremavi, Atalanta ainda vai melhorar muito. Ela transformou as terras da família numa propriedade modelo, com reserva legal, matas ciliares, horta orgânica, manejo florestal, esgoto filtrado, estrada florida em curva de nível, apicultura, chiqueiro e pasto. Tudo simples e barato, mas cumprindo exemplarmente as leis ambientais. E agora tem pela frente um patrocínio da fundação O Boticário para multiplicar a seu redor a experiência. E, por trás, os 16 anos de teimosia da Apremavi.
A ONG nasceu em 1987, depois que Miriam passou a contar os caminhões de madeireiras que saíam sem parar de uma reserva indígena em Ibirama, ao pé da serra catarinense. Ela era então uma pedagoga. Seu marido, Wigold Bertoldo Schäffer, trabalhava no Banco do Brasil. Os dois recrutaram por ali mesmo 17 simpatizantes para fundar a ONG. Um deles, Philipp Stumpe, ex-colega de Wigold no banco, é hoje engenheiro florestal. A Apremavi já passou da casa dos 300 sócios. E tantas fez o casal de militantes, que há cinco anos Miriam e Wigold tiveram que se mudar para Brasília, onde ela é coordenadora da Rede de ONGs da Mata Atlântica e ele dirige o Núcleo de Mata Atlântica do Ministério do Meio Ambiente. Por essas e outras, toda vez que põe os pés em Atalanta, Miriam suspira fundo. Está em casa. Num ramo onde tudo parece que está sempre começando, a Apremavi é uma ONG histórica.
Mas estreou com uma derrota, na briga contra o desmatamento nas terras dos Xokleng. O processo contra as madeireiras virou uma papelada sem fim, que por ironia foi parar anos mais tarde no gabinete de Miriam, quando ela assumiu o comando da rede. Enquanto o caso rolava na Justiça, a maioria dos índios comprou carros e o comércio da região chegou a vender geladeira elétrica para aldeias onde não havia luz.
Se ficasse só nisso, a história teria um final feliz, embora tipicamente brasileiro. A reserva indígena, que tinha na época 14 mil hectares, depois de encolher por desmatamento, cresceu por decreto. Passou a cobrir 50 mil hectares, derramando-se sobre duas unidades de conservação, uma floresta com oito mil araucárias e 600 propriedades agrícolas. Virou, oficialmente, uma “área de relevante interesse ecológico”, nas mãos de sete aldeias onde vivem cerca de 1.500 Xokleng, caingangues e guaranis.
Mas a Apremavi foi em frente. Miriam e Wigold, além de tudo, são maratonistas. E estão nisso não é de hoje. Menina, ela fazia greve de fome em casa, sempre que o pai, um coletor municipal de impostos, chegava trazendo de caçadas trazendo carne fresca. Wigold, aos cinco anos, rebelou-se contra o corte de árvores na propriedade dos Schäffer. “Quando eu crescer, não vai sobrar nada para mim”, dizia. Ganhou do pai cinco mudas de araucária. Plantou-as num canto do terreno. Hoje, quarentonas, as araucárias estão no meio de um bosque de pinheiros, onde a família cultiva palmito.
Miriam se curou, logo na primeira candidatura, de um desvio que quase a levou à política, quando concorreu à prefeitura de Ibirama pelo Partido Verde, apresentando-se ao eleitorado com uma chapa exclsivamente feminina. Sua vice era a fotógrafa Edith Geisler. Elas visitaram, uma a uma, todas as quatro mil famílias do município. Em vez de comício, faziam mutirões para tirar lixo do rio. “E, claro, tivemos muito pouco voto”, ela resume.
Nos primeiros anos, a ONG teve que disputar espaço num Vale do Itajaí ainda infestado por 450 serrarias. O ex-funcionário do Banco do Brasil Philipp Stumpe, depois de aderir incondicionalmente à causa, circulava com um cartão de visitas que o apresentava como “desempregado e criador de caso”. Mas, com o tempo, a turma foi aprendendo que nem só de luta inglória vive o meio ambiente. “Era preciso também propor alternativas”, diz Miriam.
Daí o viveiro de mudas. E o resto. O que a Apremavi sabe, segundo Miriam, “aprendeu fazendo”. Ela bateu muito mato para fazer laudos, tratando de gravar o que os peritos ensinavam nessas excursões. Hoje a ONG recebe estagiários que vêm de longe, mandados por cursos universitários de engenharia florestal de Viçosa, Blumenau ou Ribeirão Preto, “para ver na prática como se mexe ao mesmo tempo com mudas de 120 espécies diferentes”. O biólogo Carlos Augusto Krieck, por exemplo. Jovem, metido numa camisa onde se lê o slogan “não à extinção”, ele está começando na Apremavi um programa de treinamento que, daqui a um ano, pode levá-lo a uma vaga na equipe. Criado em Rio do Sul, ali perto, ele nunca imaginara usar seu diploma em trabalho de campo, sem sair de sua região.
O viveiro, apelidado de Jardim das Florestas, começou com 18 mudas num fundo de quintal, para fazer a primeira recomposição de matas ciliares. “Tínhamos tão pouca informação”, lembra Miriam, “que fomos perguntar a um madeireiro onde encontraríamos sementes de sassafrás. Ele respondeu que sassafrás não tinha semente. Ou seja, passara a vida cortando madeira no mato e não sabia que o sassafrás, quando dá semente, chega a quebrar o galho de tanto peso”.
Pior foi achar quem se interessasse pelas primeiras mudas do viveiro. Houve época em que Miriam e Wigold promoviam corridas rústicas em cidades da região. Na linha de chegada, distribuíam mudas. “Mas no começo as pessoas vinham aqui, olhavam, e saíam dizendo que árvore nativa não cresce”, diz ela. “Não levavam nem de graça. Saímos plantando árvores até nas praças de Atalanta, Ibirama e Agrolândia. Quando elas começaram a florescer, o pessoal passou a vir aqui, querendo comprar mudas”. Comprar por que? “Porque descobrimos que ninguém valoriza o que é dado”, explica Philipp. “De graça, acabariam levando 100 mudas para plantar 50”.
Se quisesse, a dupla poderia desfiar um rosário de absurdos. Quando a ONG levou a prefeitura a transformar em parque a velha fábrica dos Gropp, enrascada num inventário insolúvel, encontrou-se lá embaixo, ao lado da cachoeira, um depósito clandestino de lixo, que era despejado da borda do cânion, 41 metros acima. No museu do parque, há uma velha foto que mostra como era aquilo no começo do século passado. À frente, no chão limpo, posa o time de lenhadores. Ao fundo, no meio de terrenos pelados, está a cascata. Hoje, o Perau do Gropp fica no fim de uma trilha limpa, entre árvores identificadas. É um passeio como raras cidades do Brasil podem oferecer aos visitantes.
A turma da Apremavi suou muito também para desmoralizar um projeto do governo estadual, que convencera os agricultores a criar peixes em açude, alimentando-os com algo que a população local define tecnicamente como merda de porco. Parecia a invenção do moto-contínuo. Os chiqueiros eram armados em palafitas sobre a água. E os peixes comiam diretamente o maná que caía dom céu. A Apremavi usou um gato doméstico como cobaia e não houve jeito de convencê-lo a provar o tal do “Peixe-Porco”. Depois dessa campanha, o empresário Valdecir Pamplona acabou fechando a fábrica de pescado que tinha montado na beira da BR-470, em Rio do Sul. Atualmente, o galpão industrial processa hambúrguer de carne bovina. “O dono até hoje não gosta da gente”, diz Miriam.
Em compensação, a Apremavi atualmente está cercada por 250 pequenos proprietários que, em 30 municípios ao redor de Atalanta, tomaram gosto por hortas e pomares orgânicos, matas ciliares e apicultura em pé de floresta. Seus vizinhos, que ainda usam em casa, para conversar entre si, um coquetel regional de alemão com português, deixaram de ver os ambientalistas como tipos excêntricos. E podem até não saber disso. Mas estão a um passo do “Planejamento de Paisagens”.
22/09/2004 | Notícias
Nesta 4a feira a Cia. de Supermercados Archer veio buscar sua encomenda de mudas: em comemoração ao Dia da Árvore, serão distribuídas nos dias 24 e 25 de setembro cerca de 28.000 mudas de árvores nativas em todas as lojas da rede, dentre elas várias frutíferas.
Este já é o 7° ano consecutivo que os supermercados Archer adquirem mudas da instituição ambientalista. Neste ano, a campanha conta com o lema "Vamos plantar um futuro melhor".
16/09/2004 | Notícias
O jornalista Marcos Sá Corrêa foi recepcionado nesta 5a feira no viveiro Jardim das Florestas da Apremavi em Atalanta (SC). Trata-se da primeira de uma série de visitas que Corrêa irá fazer com o intuito de conhecer a Apremavi e dar início prático ao intercâmbio entre a instituição ambientalista e o site O Eco, do qual Corrêa é sócio-fundador.
Corrêa e Miriam Prochnow (presidente da Apremavi) são líderes da Avina. A Avina apoia o intercâmbio das instituições a ela afiliadas, visando entre outros a capacitação e a troca de experiências das mesmas. "Ajuda mútua", mais do que uma combinação forte de palavras, no caso da Avina é uma ação prática.
Miriam, o biólogo Carlos Augusto Krieck e o Eng. florestal Philipp Stumpe mostraram as instalações e a área da instituição em Atalanta, iniciando com uma visita ao cemitério.
Cemitério, talvez isto soe um pouco peculiar… mas "este é o primeiro cemitério de Atalanta", explicou Miriam, "…quando esta propriedade foi adquirida, restava pouco que fizesse lembrar desta gente toda que aqui encontrou seu último repouso. Na consciência da maioria de nós, um cemitério é um lugar triste que geralmente procuramos evitar. Mas além de ser um local onde podemos lembrar de parentes e amigos, um cemitério também é um testemunho histórico. E este é um testemunho particularmente importante para a região… aqui encontra-se um bocado de história da qual procuramos lembrar. Ter consciência do nosso passado ajuda-nos no mínimo a aguçar um pouco da nossa percepção para o futuro."
"Pensar no futuro", nada melhor para ilustrar essa frase do que as "árvores-crianças" que se encontram como que à espera do plantio a poucos metros do cemitério restaurado: as milhares de mudas produzidas pela Apremavi.
"NÃO À EXTINÇÃO", a crase salienta a importância dessa frase estampada às costas da camiseta que Carlos está usando neste dia. O verde das plantas que estão brotando nas sementeiras ou das que estão em fileiras encanteiradas, nas estufas ou ao redor delas, mais do que esperança, esta cor deveria aliar-se também à palavra convicção. A certeza de que é das nossas florestas que depende tanto, não apenas ter os recursos hídricos, a qualidade de ar e de vida assegurados das gerações futuras.
Futuro, novamente esta palavra. Uma coincidência? Dificilmente, pois não é por acaso que se investe tanto empenho e dedicação à produção de árvores, algumas delas que além de raras, constam da lista oficial do IBAMA de espécies ameaçadas de extinção: canela-preta (Ocotea catharinensis), araucária (Araucaria angustifolia, o pinheiro-do-Paraná) e imbuia (Ocotea porosa, que é a árvore símbolo de Santa Catarina), são apenas três de cerca de 120 espécies de mudas de essências nativas das quais se produzem perto de 500.000 a cada ano no Jardim das Florestas.
Um número que impressiona, se considerarmos que são apenas árvores nativas, e em tão grande diversidade de espécies. Mas pouco, ante a riqueza de espécies tão característica da Mata Atlântica. Poucos milhares de árvores-crianças, já que a situação não é preocupante: é alarmante em que estado se encontra e o que se passa neste bioma brasileiro que está cada vez mais ameaçado.
Ameaçado, sim, de desaparecer. E ameaçada está toda essa biodiversidade que no passado estava presente em cada palmo quadrado de chão e no que crescia por cima dele, e que hoje encontramos representado em poucos fragmentos florestais, dos quais a maioria estão fortemente alterados. Alterados pelo corte irracional. Alterado, exaltado, irritado fica quem olha por trás dessa cortina verde das matas, onde plantas invasivas se aproveitaram do dano que os madeireiros causaram no passado. Onde árvores eram derrubadas, taquaras e cipós tomaram conta, impedindo que a floresta pudesse se regenerar. Um passado ainda presente, uma vez que o desmatamento, este pesadelo, continua.
Um sonho bom porém é o projeto "Planejamento de Paisagens", que irá tornar-se realidade ainda no mês de setembro. Corrêa pretende acompanhar detalhadamente este trabalho, que conta com o apoio da Fundação O Boticário de Proteção à Natureza e da Fundação Interamericana, e que será realizado em parceria com a TNC.
Este trabalho visa o planejamento de propriedades rurais, oferecendo uma chance de incremento de renda aliado ao que se poderia chamar de conformidade com as leis ambientais. Ou simplesmente bom-senso, como se pode ver na prática da agricultura orgânica na propriedade modelo, que se encontra junto à R.P.P.N., os dois pontos seguintes na visita de Corrêa, que pôde ver novas fileiras, desta vez linhas alternadas de hortaliças livres de agrotóxicos, além da cachoeira, não por último um ponto estonteantemente bonito de se visitar.
O antepenúltimo local de visita foi o Parque Mata Atlântica, onde os visitantes foram recepcionados pela bióloga Juliana Laufer, também funcionária da Apremavi. Como nos dias anteriores chovera bastante, a cachoeira Perau do Gropp ofereceu um espetáculo de águas. Do parque seguiu-se para a propriedade Paraíso das Trutas, para ver exemplos de modelos agroflorestais.
Marcos Sá Corrêa é jornalista e fotógrafo. Formou-se em História. Escreve no site NoMínimo e no portal AOL. Foi editor de Veja e de Época, diretor do JB, de O Dia e do site NO. É pai de Rafael Corrêa, colunista de O Eco.
10/09/2004 | Notícias
Alunos do 1° ano do curso de Técnico Florestal da EAFRS – Escola Agrotécnica Federal de Rio do Sul (SC) estiveram nesta 6a feira dia 10 visitando o Viveiro Jardim das Florestas da Apremavi em Atalanta (SC).
Os 25 alunos estavam sendo acompanhados e orientados pelo professor Alvaro Caçola, realizando mais uma viagem técnica dentro da disciplina de produção da EAFRS.
A Apremavi tem experiência de vários anos na produção de mudas de árvores nativas e pôde repassar dados importantes aos estudantes, explicando as características de um viveiro permanente que, ao contrário de um viveiro temporário (que produz mudas por um período limitado de tempo, como por exemplo para um projeto específico de reflorestamento), requer uma grande infra-estrutura e logística no planejamento da produção.
O professor Alvaro e os alunos foram recepcionados pelo Engenheiro Florestal Leandro Casanova, que explicou detalhadamente as instalações da Apremavi, mostrando cada passo que deve ser observado para o bom funcionamento de um viveiro.
A EAFRS visita frequentemente a instituição, dando oportunidade à mesma de poder contribuir para ampliar o conhecimento dos alunos dessa escola.
19/08/2004 | Notícias
Alunos do Colégio Sinodal Ruy Barbosa fazem trabalho sobre os projetos da Apremavi.
Os alunos da 5º série 1 do Colégio Sinodal Ruy Barbosa de Rio do Sul, Guilherme Miguel Müller, Guilherme Pedroso Vargas, Matheus Schmidt Rossini, Thiago Elias Zanis Dias de Oliveira e Vitor Santini Müller, realizaram uma visita ao Viveiro Jardim das Florestas em Atalanta, com o objetivo de conhecer a estrutura física do viveiro e os projetos e programas desenvolvidos pela Apremavi.
Os alunos puderam ver os canteiros, a escola, os viveiros, tendo em especial a oportunidade de ver as últimas sementeiras que foram semeadas, bem como sementes de timbaúva (Enterolobium contortisiliquum) que haviam sido colhidas recentemente.
O grupo está realizando um trabalho sobre a Apremavi, com o tema principal "Qualidade de Vida", e que será apresentado na VII Feira Multi e Interdisciplinar do Colégio Sinodal Ruy Barbosa, nos dias 24 e 25 de setembro, no ginásio de esportes do colégio.
O objetivo da Feira é apresentar os projetos desenvolvidos pelos alunos no decorrer do ano letivo de 2004, nas diversas áreas do conhecimento.
Os alunos ficaram conhecendo o trabalho da Apremavi em palestra realizada pelo biólogo Carlos Augusto Krieck naquele colégio.
Fica registrado aqui o convite para todos visitarem o evento no próximo mês, aproveitando para agradecer o esforço e dedicação dos alunos no desenvolvimento de trabalhos e discussões tão relevantes para a sociedade.