Fórum de Participação Social de SC articula conferências regionais sobre Desenvolvimento Sustentável e Solidário

Fórum de Participação Social de SC articula conferências regionais sobre Desenvolvimento Sustentável e Solidário

Fórum de Participação Social de SC articula conferências regionais sobre Desenvolvimento Sustentável e Solidário

Liderado pela Secretaria Nacional de Participação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República, o Fórum de Participação Social Santa Catarina realizou sua terceira reunião ordinária no último sábado (04/10), buscando avaliar e aprimorar as políticas públicas federais no estado.

O encontro em Florianópolis pautou o estado da arte das atividades e ações realizadas pelas iniciativas em Economia Solidária, Cultura e Programa Cultura Viva, Educação Popular em Saúde, Assistência Técnica e Desenvolvimento Rural, Política de Habitação, entre outras políticas públicas implementadas. Miriam Prochnow, coordenadora de políticas públicas da Apremavi, integra o colegiado representando o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS), ao lado de João de Deus Medeiros, presidente do Conselho Regional de Biologia de Santa Catarina (CRBio-09) e conselheiro da Apremavi. 

Segundo Miriam, a iniciativa dos fóruns regionais é  importante para o fortalecimento da participação popular no planejamento das políticas federais, para a cidadania e democracia: “os fóruns são oportunidades únicas que devem ser valorizadas, pois representam um canal direto para não só influenciar programas do governo, mas também ajudar a implementá-los” destacou. 

Os fóruns de participação social nos estados e no Distrito Federal foram instituídos em outubro de 2024 para mobilizar e organizar a participação social nas políticas públicas do governo federal, articulando a sociedade civil para a participação social e promovendo processos participativos federais, com interlocução da população com os gestores de órgãos e entidades da administração pública federal. Uma das ações para alcançar a participação social com educação popular no território catarinense é a realização de conferências territoriais precedendo a 3ª Conferência Estadual de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário, que devem ser realizadas em treze cidades, contemplando todas as regiões de Santa Catarina. 

 

Conferência no Alto Vale do Itajaí deverá ocorrer em outubro 

Promovida pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), a 𝗖𝗼𝗻𝗳𝗲𝗿𝗲̂𝗻𝗰𝗶𝗮 𝗧𝗲𝗿𝗿𝗶𝘁𝗼𝗿𝗶𝗮𝗹 𝗱𝗲 𝗗𝗲𝘀𝗲𝗻𝘃𝗼𝗹𝘃𝗶𝗺𝗲𝗻𝘁𝗼 𝗦𝘂𝘀𝘁𝗲𝗻𝘁𝗮́𝘃𝗲𝗹 𝗲 𝗦𝗼𝗹𝗶𝗱𝗮́𝗿𝗶𝗼 no Alto Vale buscará construir uma agenda que para guiar a transformação agroecológica do nosso campo em Santa Catarina e no Brasil. 

Essa e outras conferências regionais integram uma estratégia para escutar a população e unificar demandas dispersas em torno de diretrizes estruturantes; orientar ações públicas com base em princípios compartilhados; fortalecer a incidência política dos sujeitos do campo, das águas e das florestas; e expressar uma visão coletiva de futuro que articule a justiça social, a sustentabilidade ambiental e a soberania e segurança alimentar.

Conferência Territorial de Desenvolvimento Sustentável e Solidário – Alto Vale do Itajaí
Local: IFC Unidade Tecnológica – Rio do Sul – SC
Endereço: Rua Mafalda L. Porto, 93 – Bairro Progresso
> Faça sua Inscrição e participe



Miriam Prochnow e João de Deus Medeiros participam da 3ª Reunião Ordinária do Fórum de Participação Social Santa Catarina. Foto: Miriam Prochnow.

Autor: Vitor L. Zanelatto
Revisão: Miriam Prochnow
Foto de capa: Miriam Prochnow

Atuação da Apremavi é reconhecida na 31ª edição do Prêmio Expressão de Ecologia

Atuação da Apremavi é reconhecida na 31ª edição do Prêmio Expressão de Ecologia

Atuação da Apremavi é reconhecida na 31ª edição do Prêmio Expressão de Ecologia

O trabalho da Apremavi pela restauração ecológica e conservação da Mata Atlântica foi reconhecido mais uma vez pelo Prêmio Expressão de Ecologia. Além do projeto +Floresta e do Programa Matas Legais, o ambientalista Wigold Schäffer, co-fundador da Apremavi, foi homenageado na 31ª edição do prêmio.  

Realizada no último sábado (27/09) em Florianópolis, a cerimônia de premiação reuniu lideranças, especialistas, empresários e representantes do setor público ambiental para prestigiar projetos de impacto socioambiental e instituições que desenvolvem projetos socioambientais exemplares em seus setores de atuação. 

Nesta edição foram recebidas 151 inscrições de projetos de empresas, órgãos públicos, instituições de ensino e ONGs dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A Apremavi foi reconhecida em duas categorias:  ‘Educação Ambiental’ e ‘Manejo Florestal Sustentável’.

 

Geração +Floresta é destaque da categoria Educação ambiental

Além da restauração ecológica de 260 hectares no município de Abelardo Luz (SC), o Projeto +Floresta está promovendo outras iniciativas junto das comunidades do território. O Programa de Educação Ambiental Geração +Floresta é uma dessas iniciativas, atuando em seis instituições de ensino públicas, com o objetivo de aproximar a comunidade escolar das ações do projeto, utilizando a educação ambiental como ferramenta de conscientização e transformação. 

As atividades nas escolas iniciaram em 2023, beneficiando centenas de estudantes. Com atividades na escola e vivências para além da sala de aula, o Programa promove aprendizados e trocas de saberes sobre temas como restauração ecológica e conservação de espécies ameaçadas, tendo como problematização para os diálogos os territórios onde os estudantes vivem, que também são a área de atuação do Projeto +Floresta. 

Em destaque: projeto +Floresta na cerimônia do 31º Prêmio Expressão. Foto: Vitor L. Zanelatto | Galeria: registros das atividades do programa Geração +Floresta. Fotos: Edilaine Dick, Marluci Pozzan e Thamara S. de Almeida. 

Programa Matas Legais é reconhecido na categoria Manejo Florestal Sustentável

O Programa Matas Legais, realizado em parceria com a Klabin, completou 20 anos em 2025 e segue realizando o planejamento de propriedades e paisagens para alcançar seu objetivo: tornar as propriedades participantes ‘’Legais”. Essa palavra expressa dois sentidos e princípios de atuação: garantir o cumprimento da legislação ambiental e promover lugares agradáveis, bonitos e bons de se viver. 

A iniciativa desenvolve ações de conservação, educação ambiental e fomento florestal em municípios de Santa Catarina e do Paraná, planejando ações de conservação e restauração florestal em propriedades que participam do programa de fomento florestal da Klabin. Até o final de 2023, o programa tinha atendido 1.426 propriedades, com cerca de 2.200 hectares de áreas em restauração. Foram plantadas e distribuídas em campanhas quase 2 milhões de mudas nativas.

Em destaque: equipe do Programa Matas Legais recebe o Troféu Onda Verde. Foto: Fatima Damaceno – Revista Expressão. | Galeria: registros de Antes e Depois do  Matas Legais. Fotos: Arquivo Apremavi.

Wigold Schäffer é reconhecido como Líder de Expressão  

Há mais de 40 anos atuando na defesa do meio ambiente e da vida, o co-fundador da Apremavi teve sua trajetória reconhecida na premiação, especialmente pelo trabalho em prol da profissionalização das organizações da sociedade civil, garantia da continuidade e aperfeiçoamento das iniciativas ambientais e gestão dos projetos de restauração e conservação realizados pela Apremavi. 

Em seu discurso, Wigold destacou a importância do ativismo para a conquista de direitos essenciais e avanços na proteção da Natureza, como a redemocratização do Brasil após a Ditadura de 1964,  pelo capítulo de meio ambiente na Constituição de 1988 e a legislação de proteção da Mata Atlântica aprovada em 2006. Wigold também lembrou a proteção de milhões de hectares de áreas naturais através da criação de Unidades de Conservação, onde contribuiu ativamente durante sua atuação no Ministério do Meio Ambiente. 

Ao final do seu discurso, Wigold inspirou os presentes na cerimônia para a realização de ações concretas e efetivas ao meio ambiente e sustentabilidade, nos diferentes setores da sociedade: 

Os desafios são imensos: as mudanças climáticas, a perda da biodiversidade e a escassez de água que afeta muitas regiões. São problemas que não reconhecem fronteiras ou ideologias políticas. 

As soluções não cabem apenas a um governo, uma empresa ou um país isolado. Esses desafios precisam ser enfrentados com ciência, união e cooperação global. A COP 30 em Belém em novembro é talvez a última oportunidade para a humanidade definir rumos e ações efetivamente sustentáveis, que evitem um aquecimento global acima de 1,5 graus.

Boca no trombone e mão na massa. Este é o lema  que nos acompanha na Apremavi desde a fundação. Atuamos em muitas frentes: Educação ambiental, políticas públicas, produção de mudas e restauração de ecossistemas, produção e difusão de conhecimento, sempre com ativismo e em defesa da Democracia e do meio ambiente.

O Prêmio Expressão de Ecologia nos lembra que é possível transformar, resistir e construir. Ele não celebra apenas o passado, mas também a esperança no futuro.

Wigold recebe o troféu Líderes de Expressão de Rodrigo Coutinho. Foto: Fatima Damaceno – Revista Expressão.

Sobre o Prêmio Expressão de Ecologia

É realizado anualmente pela Editora Expressão e teve início em 1993, na esteira das discussões promovidas na Rio 92, a conferência da ONU que inaugurou uma nova era ambiental. Em 31 anos de existência, registra mais de 3.500 projetos inscritos.

O Prêmio Expressão de Ecologia é o mais longevo do país na área ambiental, divulgando e disseminando os esforços de empresas e organizações que criam iniciativas para diminuir os impactos da poluição no meio ambiente e contribuir para a conservação dos recursos naturais e o desenvolvimento da consciência ambiental. Segundo Antonio Odilon Macedo, um dos idealizadores do prêmio, a iniciativa é um “observatório ambiental do Brasil”, divulgando e reconhecendo boas práticas em diferentes setores da sociedade. 

Durante a cerimônia de premiação da 31ª edição do Prêmio Expressão de Ecologia também foi lançada a edição 2025 da Revista Líderes de Expressão, que apresenta entrevistas exclusivas com nomes como Fábio Feldmann, ex-deputado federal e pioneiro da agenda ambiental, e o deputado Marquito, presidente da Comissão de Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina. A publicação apresenta ainda o detalhamento dos 31 projetos vencedores do Prêmio Expressão de Ecologia.

> Conheça todos os homenageados na 31ª edição do Prêmio Expressão de Ecologia

A capa da Revista Líderes Revista Líderes de Expressão  de 2025 foi ilustrada por uma pintura de Wigold Schäffer, co-fundador da Apremavi.

Autor: Vitor L. Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer e Thamara S. de Almeida
Foto de capa: Vitor L. Zanelatto

Seminários regionais trazem as discussões sobre a COP 30 para Santa Catarina

Seminários regionais trazem as discussões sobre a COP 30 para Santa Catarina

Seminários regionais trazem as discussões sobre a COP 30 para Santa Catarina

A parceria entre a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa (ALESC) e a Escola do Legislativo Deputado Lício Mauro da Silveira já promoveu quatro seminários regionais sobre a Conferência das Partes da ONU sobre o Clima (COP 30), que neste ano será realizada em Belém. 

O quarto seminário regional aconteceu na última quinta-feira (25/09), na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis. O encontro foi precedido por seminários em Lages, Joinville e Criciúma, que levantaram contribuições autodeterminadas da sociedade catarinense e promoveram a escuta das demandas, exemplos e sugestões da sociedade catarinense para a COP 30, considerando o desejo de que essa edição Conferência internacional seja a “COP da Implementação”, colocando em prática iniciativas para cumprir as metas de mitigação e controle da emergência climática.  

O deputado Marquito, presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa, explicou que o principal objetivo dos seminários regionais é trazer as discussões da COP para Santa Catarina, envolvendo a sociedade na temática que, por vezes parece distante da realidade da população: “Queremos mobilizar diferentes setores da sociedade, como as instituições de ensino, organizações da sociedade civil, setores público e privado, para apresentarmos propostas concretas de enfrentamento à crise climática”, explicou.

Registros do seminário regional sobre a COP 30 – etapa Grande Florianópolis. Fotos: Gabriela Goebel e Vitor Lauro Zanelatto.

O encontro em Florianópolis contou com a participação de Luciana Abade Silveira, coordenadora de mobilização na Presidência da COP, que declarou o compromisso de que a síntese das contribuições catarinenses chegue até a presidência da COP 30, que será realizada em Belém, entre os dias 10 e 21 de novembro. Já a convidada Beatriz Pagy, especialista em políticas públicas e diretora do Clima de Política, reconheceu que os espaços de discussão das Conferências das Partes são excludentes, limitando a participação social e representação diversa; por isso, espaços para discutir a temática como os seminários regionais promovidos em Santa Catarina são essenciais. 

João de Deus Medeiros, presidente do Conselho Regional de Biologia de Santa Catarina (CRBio-09) e conselheiro da Apremavi, defendeu a implementação do Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) para a mitigação das mudanças climáticas, destacando que a restauração ecológica das Áreas de Preservação Permanentes e de Reserva Legal é um dos melhores caminhos para atingir as contribuições autodeterminadas do Brasil para combater as mudanças climáticas. 

Vitor Lauro Zanelatto, da equipe da Apremavi, destacou os exemplos de Santa Catarina para que, de fato, a COP 30 possa ser reconhecida como a COP da implementação: Essa COP não deve ser idealista, mas sim pragmática, encarando os eventos climáticos extremos e a mudança no clima como a realidade em que vivemos e garantir investimentos em adaptação e mitigação a partir das soluções baseadas na natureza, tendo a resiliência e justiça climática como objetivo final; há muitas iniciativas em Santa Catarina que mostram ser possível como as atividades de restauração ecológica e conservação da biodiversidade realizadas pela Apremavi.”

O último seminário regional sobre a COP 30 deverá ocorrer nesta sexta-feira (03/10) em Chapecó. O documento final das contribuições catarinenses para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima deve ser lançado ainda em outubro. Antes disso, a ALESC deverá promover um simpósio estadual para sistematizar as demandas e sugestões recebidas. 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Miriam Prochnow e Thamara Santos de Almeida
Foto de capa: Gabriela Goebel

Tem árvores nos Campos de Altitude?

Tem árvores nos Campos de Altitude?

Tem árvores nos Campos de Altitude?

A vegetação dos Campos de Altitude apresenta menor porte, se comparada com as florestas da Mata Atlântica, mas com uma grande variedade de espécies, principalmente de herbáceas. Os arbustos são escassos e as árvores raras e isoladas.

A aparente monotonia dos campos revela uma grande diversidade de espécies, cores e texturas para quem observa com atenção. O que alguns chamam de “mar de grama” é, na verdade, ecossistema de significativa biodiversidade vegetal, com quase 300 espécies endêmicas (exclusivas daquele ambiente), muitas delas pouco estudadas.

Segundo o pesquisador João Ignaci, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), trabalhos recentes em Unidades de Conservação no ecossistema demonstram a riqueza do ecossistema: ​​“A taxa de endemismo é de 25%, muito maior do que a encontrada na Floresta Atlântica da região”. Embora muitas plantas dali também existam em outras regiões de altitude, tanto tropicais quanto temperadas, outras existem apenas nos campos e estão ameaçadas com a conversão para atividades antrópicas que modificam significativamente a paisagem: “O número total de espécies também é alto e comparável a outros centros de biodiversidade, considerando que a área é pequena”, acrescenta Ignaci.

Espécies com ocorrência nos Campos de Altitude. Fotos: João de Deus Medeiros. 

Os campos também prestam serviços ecossistêmicos (contribuições da natureza para as pessoas). As turfeiras, áreas de águas rasas com presença de espécies de musgos e gramíneas, atuam como esponjas na retenção de água para o lençol freático. Esses ecossistemas também absorvem grandes quantidades de dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera, contribuindo diretamente para o equilíbrio climático global.

Outra característica dos Campos de Altitude é a sua interseção com ecossistemas arbóreos da Mata Atlântica, como a Floresta Ombrófila Mista (Floresta com Araucárias) e as Matas Nebulares. Essa confluência acontece em áreas de ecótonos dinâmicos e amplamente diversas, que formam um mosaico campo-floresta na paisagem. Conservar esse encontro implica também na manutenção da heterogeneidade estrutural e funcional do mosaico, que protege, além da fauna, flora e funga, nascentes e turfeiras de altitude.

A vegetação campestre deve ser uma prioridade para estudos de conservação e também demonstra a necessidade de proteger o ecossistema, ameaçado por mudanças na legislação, especialmente em Santa Catarina. Dentro das áreas protegidas da região, encontram-se parques nacionais e estaduais, reservas biológicas, florestas nacionais, estações ecológicas e áreas de interesse ecológico.

Encontro do campo com a floresta. Foto: Wigold B. Schäffer.

Proteja os Campos de Altitude 

A campanha é uma das iniciativas do projeto “Cuidando da Mata Atlântica: Articulação Região Sul da RMA”, executado numa articulação entre a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais, Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e Instituto Mira Serra, com o apoio financeiro da Fundação dinamarquesa Hempel por meio da Fundação SOS Mata Atlântica.

> Conheça a campanha

 

Autores: Carolina Schäffer e Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: João de Deus Medeiros
Foto de capa: Wigold B. Schäffer

Confira os desenhos que foram destaques da proposta pedagógica ‘Desenhando o Futuro de Atalanta’

Confira os desenhos que foram destaques da proposta pedagógica ‘Desenhando o Futuro de Atalanta’

Confira os desenhos que foram destaques da proposta pedagógica ‘Desenhando o Futuro de Atalanta’

A proposta pedagógica integra a iniciativa ‘Futuro Centro Turístico de Atalanta – Planejamento Participativo’, e busca envolver as escolas de Atalanta no planejamento do centro de turismo, cultura, arte, meio ambiente e convivência comunitária.

A atividade foi proposta aos estudantes da E.M.E.F. Vila Gropp e E.E.B Dr. Frederico Rolla nas últimas semanas, para os estudantes dos ​​5º e 6º ano do Ensino Fundamental. O desafio proposto foi de imaginar e representar através de desenhos originais como seria a paisagem ideal do centro de turismo, desde a reforma da edificação histórica, atividades que podem ser desenvolvidas, como seriam os jardins, e ideias para o uso do espaço que promova turismo, cultura, arte, meio ambiente e convivência comunitária.

Dentre os objetivos da atividade proposta aos estudantes estavam: 

  • Valorizar o patrimônio histórico de Atalanta, reconhecendo a importância da Cultura e dos espaços públicos para o bem-viver;
  • Desenvolver o sentimento de pertencimento e participação cidadã;
  • Reconhecer os atrativos turísticos, ambientais e ações culturais desenvolvidas na cidade.

A seleção dos trabalhos foi realizada no dia 17 de setembro, por representantes da Apremavi, da Prefeitura Municipal de Atalanta e de integrantes das escolas participantes da proposta pedagógica. A originalidade, fidelidade ao tema, criatividade, qualidade, comunicabilidade e aplicabilidade foram considerados como critérios para avaliação. Além do “destaque” de cada escola, o grupo avaliador reconheceu a criatividade de outros desenhos como “menção honrosa”. 

Confira os destaques:

E.M.E.F. Vila Gropp

Desenho destaque (acima): Barbara Floresti Kuhnen.
Menções honrosas (abaixo): Davi Henrique Waterkemper, Esther K. Schaffer, Paola Schiestel Krieger e Thaila Vitória Miranda.

 

E.E.B Dr. Frederico Rolla

Desenho destaque (acima): Melissa de Sousa.
Menções honrosas (abaixo): Marilia Izabel Bechtold, Joana B. May e Lara Gabrieli Luciano.

Segundo Miriam Prochnow, coordenadora de políticas públicas da Apremavi, os resultados da proposta pedagógica foram incríveis: “se conseguirmos concretizar as ideias colocadas nos desenhos, Atalanta terá um centro turístico de muita beleza e qualidade. Em conjunto temos que nos esforçar para fazer esses sonhos acontecerem. Muito obrigada a todas as pessoas que estão se envolvendo nesta iniciativa”, agradece Miriam.

Para Vilma Krause, Secretária de Turismo e Meio Ambiente de Atalanta, a atividade estimulou o sentimento de pertencimento e carinho das crianças para com o município: através dos desenho, elas expressaram os seus sonhos e desejos para aquele local, valorizando o espaço como algo da comunidade”, comenta Vilma.

Iana Caroline Becker, Diretora de departamento da Secretaria da Agricultura da prefeitura, expressou sua alegria com a atividade realizada, que foi além da participação das escolas, mas uma ação de inclusão das crianças: imagino que no futuro, as crianças que participaram da proposta pedagógica, terão a oportunidade de ver as suas ideias sendo materializadas, o que é muito gratificante pelas memórias afetivas criadas”, enfatiza Iana.

Já para Taís Fontanive, coordenadora administrativa da Apremavi é “importante valorizar as ideias vindas das crianças faz com que elas se sintam parte de algo maior. No caso do terreno da antiga olaria, localizado no centro da cidade, a possibilidade de contribuírem com sugestões para que esse espaço seja transformado de forma nobre é extremamente significativa.”

Os resultados da proposta pedagógica serão expostos no evento ‘Viva Atalanta’, que acontecerá no dia 27/09 no Parque Natural Municipal da Mata Atlântica. Os autores dos desenhos selecionados receberão um kit de produtos e certificado, e todos os participantes da proposta pedagógica receberão um brinde. A entrega dos itens será realizada no período vespertino.

 

Reunião para avaliação da proposta pedagógica nas escolas (17/09/2025). Fotos: Miriam Prochnow e Arquivo Apremavi. 

Autores: Miriam Prochnow e Vitor L. Zanelatto
Figura de capa: montagem com os desenhos selecionados

Dia da árvore é convite para restaurar e cumprir o Código Florestal

Dia da árvore é convite para restaurar e cumprir o Código Florestal

Dia da árvore é convite para restaurar e cumprir o Código Florestal

O Código Florestal é o marco central para a restauração de áreas alteradas no Brasil, promovendo benefícios para a propriedade, para a paisagem e para todas as formas de vida.

O Código Florestal (Lei nº 12.651/2012) é uma lei que se aplica em todo o território nacional e estabelece normas gerais de proteção da vegetação nativa, além de definir os conceitos e parâmetros das Áreas de Preservação Permanente (APPs) e das áreas de Reserva Legal que devem ser observados em todos os imóveis rurais. A aprovação do “novo Código Florestal” em 2012  estabeleceu o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e instituiu o Programa de Regularização Ambiental (PRA), instrumentos para a conservação, restauração e regularização ambiental das propriedades.

No caso dos imóveis rurais, a restauração de Áreas de Preservação Permanente e da Reserva Legal (RL), além de ser obrigatória por lei, é necessária e urgente. Assegurar que pelo menos 20% da propriedade seja destinada à conservação de áreas naturais (Reserva Legal na Mata Atlântica) promove benefícios intrínsecos às atividades, mas também beneficia a paisagem e, em maior escala, a conservação do ecossistema. As APPs, por exemplo, promovem a proteção de margens dos rios e nascentes e desempenham um papel fundamental na garantia da manutenção da quantidade e das características da água, influenciando diretamente a qualidade de vida das pessoas no campo e nas cidades.

Independentemente da metodologia aplicada para promover a restauração, é necessário o comprometimento e entendimento do produtor rural ou detentor de imóvel rural de que as APPs e a RL são importantes e sua recuperação é necessária para a melhoria da qualidade de vida da sua família e da comunidade. O comprometimento e a participação efetiva do detentor do imóvel são fatores decisivos para o sucesso da restauração de áreas degradadas.

Outro benefício de aderir ao PRA e recompor APPs e Reservas Legais de forma planejada é a suspensão de autuações por desmatamentos ocorridos até 22 de julho de 2008, desde que haja regularização. Figura: Desenho adaptado de “Plantar, criar e conservar – unindo produtividade e meio ambiente. ISA/Embrapa, 2013 – página 21”. Ilustração: Dedê Paiva.

> Saiba mais na cartilha ‘Planejando Propriedades e Paisagens’ 

Na prática 

A adequação da propriedade rural à legislação pode ser realizada através de diferentes metodologias, como a condução da regeneração natural (abandono e isolamento de áreas), promoção do enriquecimento ecológico de florestas secundárias e plantio de mudas e sementes de espécies nativas. 

No projeto Conservador das Araucárias, uma parceria da Apremavi com a Tetra Pak, a restauração ecológica e a conservação dos remanescentes florestais são planejadas através de uma análise minuciosa da propriedade, identificando as melhores metodologias para a recomposição de cada área e buscando ampliar as áreas conservadas, para além do que prevê o Código Florestal. Através de um contrato de parceria rural entre a Apremavi e o proprietário da terra, são previstos benefícios aos parceiros, entre eles o pagamento antecipado do carbono acumulado nas áreas em restauração e conservação que forem incluídas no projeto.

O Conservador das Araucárias também tem estratégias de permanência, conectividade e diversidade,  pois incentiva a criação de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), busca conectar fragmentos florestais e ampliar a diversidade de espécies nas áreas florestais remanescentes através do enriquecimento, contribuindo para a conservação da biodiversidade.   

Registros das atividades do Projeto Conservador das Araucárias. Fotos: Arquivo Apremavi.

Implantando o Código Florestal

O projeto Políticas, Práticas, Transparência e Governança para Implementação do Código Florestal tem como objetivo reverter e reduzir a perda de florestas no Brasil. É executado por um consórcio de organizações que integram o Observatório do Código Florestal, sob a coordenação da Amigos da Terra – Amazônia Brasileira (AdT). A Apremavi é uma das organizações que compõem o consórcio. O Observatório do Código Florestal (OCF) é uma rede de 48 organizações da sociedade civil que atua com o propósito de monitorar a implementação efetiva do Código Florestal, para gerar um impacto socioambiental positivo. A iniciativa é apoiada pelo Governo da Noruega e pela Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento (NORAD) via Iniciativa Internacional de Clima e Floresta da Noruega – NICFI. 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer, Miriam Prochnow, Thamara S. de Almeida e Willian Oliveira
Foto de capa: Miriam Prochnow

Semana no Rio de Janeiro coloca a ação climática no centro do diálogo

Semana no Rio de Janeiro coloca a ação climática no centro do diálogo

Semana no Rio de Janeiro coloca a ação climática no centro do diálogo

A Rio Climate Action Week aconteceu entre os dias 23 e 29 de agosto, com uma programação diversa para discutir as múltiplas iniciativas em ação sobre as mudanças climáticas no contexto brasileiro. 

A Semana de Ação Climática do Rio (RCAW) é uma iniciativa independente e preparatória para a COP30 do Clima, e foi realizada em parceria com a Prefeitura do Rio de Janeiro e a Semana de Ação Climática de Londres. A edição brasileira da iniciativa foi a mais recente de uma série de semanas de ação climática em cidades, inspirada no modelo pioneiro da Semana de Ação Climática de Londres a partir de 2019. 

A Apremavi esteve presente em vários eventos da semana, incluindo a sessão de abertura que ocorreu no dia 25 de agosto, no Museu do Amanhã. Foi um momento especial em que puderam ser relembrados agendas e acordos estabelecidos na Conferência de 1992, que ocorreu no RJ. A Apremavi já havia participado de outra Semana do Clima, em Nova York, em 2019.

Miriam Prochnow, Coordenadora de Políticas Públicas da Apremavi, participou ativamente dos eventos organizados pela BVRio, em parceria com o Observatório do Código Florestal. Foram eventos voltados a temas como restauração florestal, transição agrícola e climática e investimentos para a transição climática, em parceria com atores-chave desses segmentos. As iniciativas reuniram especialistas, governos, setor privado e sociedade civil para debater soluções concretas e escaláveis, reforçando o protagonismo brasileiro na agenda climática rumo à COP30, do Clima, que será realizada em Belém, em novembro deste ano.

No dia 26 de agosto aconteceram dois eventos: Oportunidades e Desafios para Escalar a Restauração, visando à integração de políticas, recursos e inovação para ampliar a restauração no Brasil, e Diálogos sobre Clima e Código Florestal visando um debate sobre o papel do Código Florestal na agenda climática e avanços na regularização ambiental.

No dia 27 de agosto foi a vez do evento: Financiando a Transição Agrícola e Climática, quando foram apresentados casos e instrumentos financeiros para agricultura sustentável e instrumentos e políticas públicas para adaptação climática.

Registros da Rio Climate Action Week. Fotos: Miriam Prochnow. 

Para Miriam Prochnow ficou claro que a implementação efetiva do Código Florestal é peça central para que o Brasil consiga atingir as metas da Convenção do Clima, dando escala necessária e almejada à restauração: “segundo o Observatório do Código Florestal, temos 21 milhões de hectares de APPs e RLs que precisam ser restaurados e a meta brasileira dentro da NDC é restaurar 12 milhões de hectares, ou seja, nosso “dever de casa” é muito maior do que a meta estabelecida. Para que esses hectares que precisam ser restaurados entrem no sistema de restauração, precisamos de um lado de uma atuação firme de comando e controle e de outro, apoio para fazer acontecer. A restauração também precisa entrar e se consolidar dentro do sistema de financiamento, crédito e incentivo financeiro nacional. Somente dessa forma alcançaremos nossas metas, lembrando mais uma vez que a aplicação do Código Florestal é vital tanto nas ações de mitigação quanto nas de adaptação aos efeitos das mudanças climáticas”, ressalta Miriam. Ela enfatiza ainda que o Brasil é uma verdadeira potência em se tratando de soluções baseadas na natureza, projetos bem sucedidos e boas práticas  que podem e devem ser replicadas em larga escala.

A Semana de Ação Climática do Rio é uma resposta, em nível municipal, ao apelo da presidência brasileira da COP30 por um “mutirão”, esforço coletivo, demonstrando ações de baixo para cima e de cima para baixo para mitigar e se adaptar aos impactos das mudanças climáticas e construir resiliência em sociedades e comunidades.
 

Autora: Miriam Prochnow
Revisão: Carolina Schäffer e Vitor Lauro Zanelatto
Foto de capa: Miriam Prochnow

Escolas de Atalanta participam da mobilização sobre o futuro centro turístico da cidade

Escolas de Atalanta participam da mobilização sobre o futuro centro turístico da cidade

Escolas de Atalanta participam da mobilização sobre o futuro centro turístico da cidade

Uma proposta pedagógica está sendo desenvolvida com estudantes do 5º e 6º ano das escolas para o engajamento e participação no planejamento do espaço público. 

Um convite para imaginar o novo espaço público de Atalanta. Na última semana, os estudantes foram apresentados ao desafio de representar, através de desenhos, quais estruturas, atividades e como será a paisagem do centro turístico que deverá ser construído, e que busca fortalecer a cultura, preservar a memória e incentivar o turismo na cidade. 

As atividades ocorreram nas escolas EMEF. Vila Gropp e  E.E.B. Dr. Frederico Rolla, e contaram com a participação de aproximadamente 60 pessoas, entre estudantes e equipe pedagógica. Taís Fontanive, da Apremavi, e Vilma Krause, da Prefeitura de Atalanta, apresentaram a proposta pedagógica e os objetivos do envolvimento dos centros de ensino para o planejamento do futuro centro turístico. 

Segundo Vilma, a iniciativa teve ótima receptividade na comunidade escolar. “Durante a apresentação, conduzida por Taís, alunos e professores demonstraram entusiasmo e interesse em participar, reforçando a importância do projeto”, destacou. Na oportunidade, também foi incentivada a participação da comunidade na consulta popular sobre o tema, que busca ouvir os interesses e prioridades da população para o espaço.

Registros das atividades nas escolas. Fotos: Arquivo Apremavi.

Futuro Centro Turístico de Atalanta

No centro da cidade há uma das mais antigas edificações industriais de Atalanta, que por décadas funcionou como uma olaria, isto é, fábrica de artefatos de cerâmica para a construção civil. Atualmente, a área onde se encontram as ruínas da antiga olaria pertence à Prefeitura Municipal de Atalanta e um conjunto de chaminés compõe um valioso patrimônio histórico. No alto de uma das chaminés cresceu uma figueira, constituindo um lindo e único conjunto natural.

A área foi adquirida pela Prefeitura Municipal de Atalanta em 2024. Para avançar na proposta do centro turístico, uma série de ações para o planejamento participativo com a comunidade, estão sendo realizadas, buscando compreender quais aparelhos culturais, estruturas e elementos devem ser incluídos no espaço. As atividades estão sendo realizadas pela Apremavi e Prefeitura Municipal de Atalanta, por meio da Secretaria de Turismo e Meio Ambiente.

> Saiba mais 



Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Colaboração: Taís Fontanive e Vilma Krause
Foto de capa: 

Queimar floresta e campo: é proibido?

Queimar floresta e campo: é proibido?

Queimar floresta e campo: é proibido?

Com o início da temporada do uso do fogo para o manejo de áreas com vegetação, a Apremavi compartilha uma síntese da legislação federal sobre o tema. Entenda o que prevê a lei e evite transtornos. 

Fazer uso do fogo em áreas agropastoris ou promover incêndios em florestas, campos de altitude ou outras formas de vegetação nativa sem autorização é proibido em todo o território nacional. A queima controlada só é permitida em casos excepcionais, com autorização expressa dos órgãos ambientais. 

O uso do fogo por povos indígenas, comunidades tradicionais e agricultores familiares somente pode ser feito mediante comunicação aos órgãos ambientais competentes desde que observados a época, dia e horário apropriados, de maneira a evitar condições inadequadas do tempo, como temperatura e vento elevados e baixa umidade relativa. Sem autorização, qualquer uso do fogo em vegetação nativa configura crime ambiental.

Fazer queimadas em áreas com vegetação nativa (campos e florestas) sem antes consultar os órgãos ambientais responsáveis e obter autorização para a atividade infringe a legislação ambiental. Abaixo está um compilado das leis e decretos federais que tratam do uso do fogo nas propriedades rurais.

Fogo na Serra Catarinense. Foto: Wigold B. Schäffer.

O que diz a legislação?

 

O Código Florestal estabelece:

Art. 38. É proibido o uso de fogo na vegetação, exceto nas seguintes situações:

I – em locais ou regiões cujas peculiaridades justifiquem o emprego do fogo em práticas agropastoris ou florestais, mediante prévia aprovação do órgão estadual ambiental competente do Sisnama, para cada imóvel rural ou de forma regionalizada, que estabelecerá os critérios de monitoramento e controle; […].

Código Florestal na íntegra

 

 
O Decreto 2.661/98 proíbe o uso do fogo:

Nas florestas e demais formas de vegetação nativa e em unidades de conservação; 

  1. Para queima pura e simples de aparas de madeira e resíduos florestais produzidos por serrarias e madeireiras, como forma de descarte desses materiais;
    2. Para queima de material lenhoso, quando seu aproveitamento for economicamente viável;
    3. Também é proibido queimar em áreas próximas a:
  • Até 15 metros de linhas de transmissão de energia;
  • Até 100 metros de subestações elétricas;
  • Até 25 metros de estações de telecomunicações;
  • Até 50 metros de Unidades de Conservação;
  • Até 15 metros das margens de rodovias e ferrovias.

Decreto 2.661/98 na íntegra

 

A Lei de Crimes Ambientais determina que:

Art. 41. Provocar incêndio em floresta ou em demais formas de vegetação:      

Pena – reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Parágrafo único. Se o crime é culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.

Lei de Crimes Ambientais na íntegra

 

A Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo define que:

Art. 30. O uso do fogo na vegetação será permitido nas seguintes hipóteses:

I – nos locais ou nas regiões cujas peculiaridades justifiquem o uso do fogo em práticas agrossilvipastoris, mediante prévia autorização de queima controlada do órgão ambiental competente para cada imóvel rural ou de forma regionalizada;

V – nas práticas culturais e de agricultura de subsistência exercidas por povos indígenas, comunidades quilombolas, outras comunidades tradicionais e agricultores familiares, conforme seus usos e costumes;

ATENÇÃO: Mesmo nos casos em que o uso do fogo é permitido deverão ser feitos aceiros e a queima deverá ser feita em  época, dia e horário apropriados, de maneira a evitar condições inadequadas do tempo, como temperatura e vento elevados e baixa umidade relativa.

Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo na íntegra

 

O Decreto nº 12.189/2024 diz que:

Art. 58.  Fazer uso de fogo em áreas agropastoris sem autorização do órgão competente ou em desacordo com a obtida:

Multa de R$ 3.000,00 (três mil reais) por hectare ou fração.  

Art. 58-A.  Provocar incêndio em floresta ou qualquer forma de vegetação nativa:

Multa de R$10.000,00 (dez mil reais) por hectare ou fração.  

Art. 58-B.  Provocar incêndio em floresta cultivada:  

Multa de R$5.000,00 (cinco mil reais) por hectare ou fração. 

Art. 58-C.  Deixar de implementar, o responsável pelo imóvel rural, as ações de prevenção e de combate aos incêndios florestais em sua propriedade de acordo com as normas estabelecidas pelo Comitê Nacional de Manejo Integrado do Fogo e pelos órgãos competentes do Sisnama:    

Multa de R$5.000,00 (cinco mil reais) a R$10.000.000,00 (dez milhões de reais).  

Decreto nº 12.189/2024 na íntegra

 

Além da legislação federal e órgão federais que tratam do uso do fogo – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e  Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – cada estado possui regras específicas e um órgão ambiental responsável por autorizar e fiscalizar em caso de queima controlada. Saiba mais diretamente com o órgão ambiental do seu estado.

Em Santa Catarina: confira a Instrução Normativa N°30 e  o Sistema de Informações Ambientais do Instituto do Meio Ambiente (IMA) para cadastro.

Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) | www.ima.sc.gov.br
Polícia Militar Ambiental de Santa Carina (CPMA) | www.pm.sc.gov.br/ambiental

Autoria: Thamara S. de Almeida
Revisão: Carolina Schäffer, Wigold B. Schäffer e Vitor Lauro Zanelatto
Foto de capa: Wigold B. Schäffer

RPPN Irmãs Grimm é criada pela Apremavi

RPPN Irmãs Grimm é criada pela Apremavi

RPPN Irmãs Grimm é criada pela Apremavi

A mais nova Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Santa Catarina acaba de ser oficializada. A Portaria nº 2.728, publicada em 17 de julho de 2025 pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), reconhece a criação da RPPN Irmãs Grimm, localizada no município de Papanduva (SC). 

A reserva possui uma área de 187,73 hectares e passa a integrar o grupo de Unidades de Conservação de interesse público e caráter perpétuo, contribuindo diretamente para a conservação da biodiversidade da Mata Atlântica.

A origem da RPPN Irmãs Grimm remonta à década de 1990, quando Irmgard Grimm, uma senhora alemã sem herdeiros, decidiu doar à Apremavi a propriedade com cerca de 187 hectares no interior catarinense. O único pedido feito por ela foi claro: que a área fosse transformada em uma reserva permanente. A Apremavi assumiu esse compromisso.

O vínculo com as doadoras nasceu de uma história de amizade e acolhimento. Quando ainda adolescente, Miriam Prochnow, cofundadora da Apremavi, morou em Rio do Sul na casa de Emmi Anny Grimm Kirchgatter, irmã de Irmgard, enquanto cursava o ensino médio. Foi nesse período que Miriam teve seu primeiro contato com a antroposofia, filosofia que influenciou sua trajetória. Décadas mais tarde, a amizade se converteu em parceria pela conservação. No mesmo ano de criação da Apremavi (1987), Emmi tornou-se associada. 

Legenda: Imagem aérea da área antes do início do projeto de restauração, implementado no âmbito do Conservador das Araucárias. Foto: Maíra Ratuschinski.

Da exploração a restauração

Historicamente, a área foi adquirida pela família Grimm para a exploração da canela-sassafrás (Ocotea odorifera), uma árvore nativa cuja madeira e óleo essencial, o safrol, tinham grande valor comercial. No entanto, o ciclo do sassafrás chegou ao fim após intensa exploração, levando a espécie à beira da extinção.

Com a doação formalizada e posse definitiva da Apremavi, teve início o processo de criação da RPPN. Entretanto, divergências nas medições da área original atrasaram a homologação da Unidade de Conservação. Em 2022, após acordo com vizinhos e atualização do registro de imóveis, a área de 187,73 hectares foi reconhecida legalmente, permitindo a conclusão do processo junto ao ICMBio.

Nesta mesma época a Apremavi iniciou as ações de restauração na área, com plantios de mudas nativas nas áreas abertas e com plantio de mudas e sementes nas áreas de florestas secundárias, para enriquecimento dos remanescentes florestais. O processo de restauração se dá no âmbito do Conservador das Araucárias, um projeto da parceria entre a Apremavi e a Tetra Pak, que tem em sua estratégia de conservação o incentivo a criação de reservas particulares nas áreas atendidas, garantindo a permanência dessas áreas no projeto ao longo dos anos.

 

Transição ecológica e riqueza de biodiversidade

A área da RPPN está situada em uma zona de transição entre a Floresta Ombrófila Mista e a Floresta Ombrófila Densa, o que confere à reserva uma notável diversidade florística. Espécies ameaçadas como a própria canela-sassafrás (Ocotea odorifera) e o xaxim-bugio (Dicksonia sellowiana) são encontradas nos remanescentes florestais da área, ao lado de outras como cedro (Cedrela fissilis), peroba (Aspidosperma parvifolium), camboatá-vermelho (Cupania vernalis), araçá-vermelho (Psidium cattleianum) e guamirim (Eugenia spp.).

O avistamento de um exemplar do gavião-de-penacho (Spizaetus ornatus), espécie considerada como “Criticamente em Perigo” na lista estadual de espécies ameaçadas, e de vestígios de outros mamíferos de médio porte, torna a área ainda mais importante para a conservação da biodiversidade.

Além do valor ecológico, a criação da RPPN Irmãs Grimm simboliza a memória de duas mulheres que, mesmo à distância, contribuíram com a Mata Atlântica. As escolhas de Irmgard e Emmi  demonstraram um profundo respeito pela natureza. Ambas foram entusiastas da Apremavi e, agora, dão nome à reserva que incentivaram a criar.

 

Registros da RPPN Irmãs Grimm e espécies observadas. Fotos: Carolina Schäffer e ICMBio.

Legado para o futuro

A RPPN Irmãs Grimm passa a integrar as Unidades de Conservação nacionais e contribuir para a restauração e conservação da Mata Atlântica. Sua criação também reforça o papel das RPPNs como instrumento de conservação voluntária, onde proprietários assumem compromissos legais de proteger seus territórios em caráter perpétuo.

“É uma vitória da persistência, da amizade e da confiança em um projeto coletivo de cuidado com a vida. As Irmãs Grimm deixaram um legado que agora está protegido para sempre”, destaca Miriam Prochnow, emocionada com a homologação.

A RPPN será utilizada para fins de pesquisa, restauração ecológica, educação ambiental e conservação, ampliando a rede de áreas protegidas privadas mantidas pela Apremavi.

Portaria ICMBio nº 2.728, de 17 de julho de 2025

Reconhece oficialmente a criação da RPPN Irmãs Grimm, de interesse público e caráter de perpetuidade, no município de Papanduva (SC), sob matrícula nº 12.671 do registro de imóveis da comarca de Papanduva. Área total reconhecida: 187,73 hectares.

Autora: Thamara Santos de Almeida
Revisão: Carolina Schaffer e Miriam Prochnow
Foto de capa: Wigold Schäffer

Apremavi recebe homenagem na ALESC pelo trabalho para a criação de UCs

Apremavi recebe homenagem na ALESC pelo trabalho para a criação de UCs

Apremavi recebe homenagem na ALESC pelo trabalho para a criação de UCs

O reconhecimento foi direcionado a atuação da organização para a criação e implementação da Estação Ecológica da Mata Preta e do Parque Nacional das Araucárias.

No evento de encerramento do Mês do Meio Ambiente da Comissão do Meio Ambiente da Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC), foram homenageadas mais de 50 instituições e cidadãos catarinenses, protagonistas de iniciativas para a conservação da biodiversidade e recursos naturais, restauração ecológica, educação ambiental, manejo sustentável e conscientização; além de órgãos públicos com atuação socioambiental, artistas e pesquisadores. O evento ocorreu no auditório da Alesc, na última quinta-feira (10/07). 

Nesse sentido, a Apremavi foi reconhecida por sua atuação histórica no estado para a criação de Unidades de Conservação, especialmente a Estação Ecológica (ESEC) da Mata Preta e do Parque Nacional (PARNA) das Araucárias. Juntas, elas protegem cerca de 19.404 hectares, em grande parte remanescentes de Floresta Ombrófila Mista, a Floresta com Araucárias. 

As áreas protegidas são extremamente importantes para a conservação de espécies da fauna e da flora ameaçadas de extinção, como o bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans), o pica-pau-de-cara-canela (Dryocopus galeatus), a araucária (Araucaria angustifolia) o xaxim-bugio (Dicksonia sellowiana) e a imbuia (Ocotea porosa).

As duas UCs foram oficializadas em 2005, a partir de um grande trabalho envolvendo instituições federais (MMA/IBAMA), órgãos públicos estaduais e municipais, universidades e organizações da sociedade civil. Além dos esforços para a criação da ESEC e do PARNA, a Apremavi elaborou os planos de manejo e também organizou a instituição dos conselhos consultivos das UCs no oeste de Santa Catarina.

> Saiba mais sobre a importância dos planos de manejo

O evento no parlamento catarinense marcou a conclusão de uma extensa agenda em alusão ao meio ambiente, que contemplou 16  municípios em diferentes regiões de Santa Catarina. Embora a temática adotada para as atividades foi o combate a poluição plástica e valorização da cultura oceânica, cidades para além do litoral também registraram atividades para a celebração e proteger o mar, a vida e a consciência ambiental.

O Deputado Marquito, que preside a Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da ALESC e foi o proponente das homenagens, ressaltou a importância de valorizar as iniciativas socioambientais que contribuem para a proteção do meio ambiente em Santa Catarina: “Vamos lutar para adiar o ‘fim do mundo’. A gente sabe que a restauração, a recuperação e ressignificar esse modelo de produção e consumo que está colocado é possível. Por isso, o trabalho de cada um e cada uma aqui [homenageados] é tão importante.” Por fim, Marquito reafirmou a busca pelo diálogo e parcerias na sua atuação como parlamentar: “É possível legislar, fiscalizar, cooperar e trabalhar em rede, como a gente trabalha com cada um de vocês”, finalizou. 

Gabriela Goebel e Vitor L. Zanelatto receberam a homenagem, representando a equipe da Apremavi. Foto: @OdaraCris / @marquito.sc

 
RMA também foi homenageada
 

A atuação na defesa da Mata Atlântica realizada pela Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA) também foi homenageada. João de Deus Medeiros, recebeu a honraria em nome da Rede. A Rede de ONGs da Mata Atlântica reúne mais de 300 organizações da sociedade civil, atuando em defesa do bioma, da justiça socioambiental e dos direitos das populações que vivem e resistem nos territórios. Sua atuação é pautada pela incidência política, mobilização social, produção de conhecimento e fortalecimento de políticas públicas voltadas à conservação e ao uso sustentável da biodiversidade.

Ao longo dos anos, a  RMA atuou em diversas iniciativas em Santa Catarina, como a denúncia de descumprimentos da legislação ambiental, incidência para a fiscalização e redução do desmatamento e acompanhamento de projetos de restauração ecológica. Mais recentemente, a RMA viabilizou um projeto para o engajamento de atores em prol da retomada da criação de Unidades de Conservação nos estados da região Sul, e a iniciativa para Santa Catarina foi liderada pela Apremavi.

João de Deus recebeu a homenagem em nome da RMA. Foto: @OdaraCris / @marquito.sc

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Miriam Prochnow e Thamara S. de Almeida
Foto de capa: @OdaraCris / @marquito.sc

Coalizão Brasil celebra 10 anos e planeja colocar a “mão na massa”

Coalizão Brasil celebra 10 anos e planeja colocar a “mão na massa”

Coalizão Brasil celebra 10 anos e planeja colocar a “mão na massa”

Fundada em junho de 2015, a Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura celebrou uma década de existência durante uma reunião plenária especial em 03 de julho, reunindo seus membros para dialogar sobre os desafios da iniciativa para a próxima década. 

A rede intersetorial foi protagonista na construção de políticas públicas fundamentais para uma agropecuária mais sustentável e para a conservação dos biomas brasileiros. Reúne mais de 400 membros, representantes do setor privado, academia e organizações da sociedade civil. 

Além de celebrar as conquistas da década, um novo desafio foi apresentado aos membros da Coalizão: a  implementação das agendas que já estão pautadas e foram tema de diálogos e propostas nos últimos dez anos. Para além do necessário posicionamento, a rede buscará promover ações concretas em áreas estratégicas para o desenvolvimento sustentável, como a erradicação do desmatamento, a conservação de áreas naturais, a promoção de uma economia de base renovável e o engajamento de membros à agenda agroambiental. 

Esse objetivo, que deverá ser alcançado pelo trabalho de construção coletiva e de convergência entre os membros, marca uma nova fase para a Coalizão. A ameaça dos efeitos da mudança no clima, a produção agropecuária, as metas de restauração ecológica e conservação e a valorização de iniciativas para a sustentabilidade dos negócios no mercado internacional formam, com outros elementos, um cenário propício para o trabalho conjunto. 

João Adrien, membro do Grupo Executivo da Coalizão, observa com otimismo a proposta de trabalho: “Precisamos ser vistos, cada vez mais, como uma plataforma de implementação, que cria condições para que as agendas aconteçam. O futuro é muito promissor, porque o que estamos propondo é uma economia de base renovável, que tem condições de atender a necessidade de fonte de energia e matérias-primas renováveis.” destacou Adrien. 

Miriam Prochnow, co-fundadora e diretora da Apremavi, participa da Coalizão desde o início da iniciativa e apresentou a experiência das ações que a Apremavi promove durante a plenária: “Tivemos a estratégia de ‘boca no trombone e mão na massa’ desde o início, com ações de ativismo e também iniciativas concretas de implementação. Vejo a Coalizão fazendo isso, com um nome diferente. Emitir 150 posicionamentos em 10 anos, que são muito importantes e também muito difíceis de serem aprovados em uma iniciativa multissetorial. Ainda, Prochnow destacou o potencial de parcerias intersetoriais e avaliou a Coalizão como espaço ideal para a construção das iniciativas práticas de implementação. “Agora precisamos pensar em uma ação em conjunto, o ‘mão na massa’ da coalizão, para promover união e resultados para todos e, principalmente, para os desafios econômicos e socioambientais.”, finalizou. 

Confira como foi a plenária especial e dez anos da Coalizão Brasil:

 

Sobre a Coalizão Brasil, Clima, Florestas e Agricultura

Os primeiros passos da Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura foram dados em dezembro de 2014 e sua fundação oficial aconteceu em 24 de junho de 2015, com o lançamento do Documento-base do movimento, às vésperas da COP 21, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, quando foi firmado o Acordo de Paris.

Desde então, o movimento tem se posicionado como importante ator na formulação de propostas e soluções que ajudem o Brasil a implementar os compromissos assumidos nesse acordo climático global. A iniciativa contribui nos debates nacionais para a formulação das principais políticas públicas, instrumentos econômicos e experiências nos setores relacionados ao uso da terra no país. Até maio de 2025 a iniciativa criou 12 força-tarefas, ativas no presente;  emitiu 152 posicionamentos e lançou mais de 50 publicações sobre as temáticas em pauta. 

Os temas prioritários para a atuação da iniciativa são:
– Código Florestal: busca de consensos e força da articulação multissetorial
– Combate ao desmatamento: desafios para construção de agenda de comando e controle
– Restauração ecológica: conexão entre economia, conservação e impacto social
– Crédito rural: busca de incentivos e atenção especial à agricultura familiar

Autores: Vitor L. Zanelatto e Miriam Prochnow
Foto de capa: © Maria Isabel Oliveira / Coalizão

Apremavi participa de encontro anual do FSC® Brasil

Apremavi participa de encontro anual do FSC® Brasil

Apremavi participa de encontro anual do FSC® Brasil

Biomas Brasileiros foi o tema do encontro anual de membros do FSC® Brasil, realizado entre os dias 01 e 04 de julho de 2025 em São Paulo.

Além de trocas de experiências entre os participantes, na programação do evento houve um debate dedicado ao aprofundamento técnico e estratégico sobre os Princípios e Critérios do FSC, que estão em processo de revisão. Também foi conduzido um trabalho de diálogo para compartilhamento de experiências e oportunidades futuras, resultando na apresentação de ideias e sugestões para a ampliação da estratégia de certificação do FSC no Brasil, considerando as diferenças regionais e entre os biomas.

Olhando também para o futuro da certificação florestal, o encontro proporcionou discussões cruciais sobre inovações e estratégias que moldarão as próximas ações do FSC em cada bioma brasileiro”, relatou Carolina Schäffer, vice-presidente da Apremavi, que participou do evento.

Durante a assembleia, que ocorreu no último dia do evento, foi apresentado o parecer do conselho fiscal e da auditoria independente relacionado às contas de 2024, eleitos os novos membros para as vagas nos órgãos de governança. Além disso, foram debatidas moções que serão apreciadas e votadas na Assembleia Geral do FSC Internacional, que será realizada em setembro deste ano na Cidade do Panamá.

 

Registros do Encontro Anual do FSC Brasil em 2025. Carolina Schäffer e Gabriela Martinez, Arquivo FSC Brasil.

O FSC

O FSC – Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal, em português) é uma organização não governamental, sem fins lucrativos, criada em 1994 para promover o manejo florestal responsável ao redor do mundo, por meio de um sistema de certificação, pioneiro e único, que incorpora, de forma igualitária, as perspectivas de grupos sociais, ambientais e econômicos. Com sede na Alemanha e no México, está presente em mais de oitenta países.

No Brasil, o FSC foi oficialmente estabelecido em 2002, época em que a Apremavi se tornou parte da organização, mas as primeiras florestas certificadas brasileiras são dos anos 1990. As áreas certificadas de manejo comunitário, concessões públicas e empresariais da Amazônia, bem como de plantações florestais no país inteiro, fornecem matéria-prima para diversos setores da economia, como construção civil, papel e celulose, embalagens, alimentos e cosméticos.

O FSC tem uma estrutura de governança única, baseada nos princípios da democracia, participação e igualdade. É uma associação civil, conduzida por seus membros, que podem ser individuais (pessoa física) ou organizacionais (pessoa jurídica), e representam as câmaras social, ambiental e econômica. A principal vantagem deste modelo de governança é a possibilidade de encontrar o equilíbrio entre as diferentes visões e necessidades.

 

 

Autora: Carolina Schäffer
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto
Foto de capa: Gabriela Martinez, Arquivo FSC Brasil

Apremavi lança Relatório de Atividades de 2024 no Dia do Meio Ambiente

Apremavi lança Relatório de Atividades de 2024 no Dia do Meio Ambiente

Apremavi lança Relatório de Atividades de 2024 no Dia do Meio Ambiente

Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida – Apremavi compartilha os resultados de suas ações e projetos no Relatório de Atividades 2024. 

A publicação detalha o compromisso e a dedicação da organização em suas diversas frentes de atuação, demonstrando como as ações de 2024 impulsionaram a restauração e conservação da Mata Atlântica, fortaleceram a educação e conscientização ambiental e aprimoraram a articulação de políticas públicas.

No coração da instituição, o Viveiro Jardim das Florestas encerrou o ano com a produção de 567.884 mudas de 104 espécies nativas. Dentre elas, a araucária (Araucaria angustifolia) foi a campeã, com 51.429 mudas produzidas, reafirmando o compromisso da Apremavi com a restauração da Floresta com Araucárias, ecossistema que a instituição considera o hotspot da Mata Atlântica. Essas mudas foram a semente para a restauração de centenas de hectares, impulsionando projetos executados com inúmeros parceiros como +Floresta, Bosques de Heidelberg, Cuidando da Mata Atlântica, Matas Legais, Matas Sociais e, em destaque, o Conservador das Araucárias, que viabilizou o plantio de 257 mil árvores em 1.292 hectares.

Esses números não são apenas estatísticas; representam o avanço contínuo de um legado de restauração que a Apremavi constrói desde sua fundação. Ao longo de sua trajetória, a organização já contribuiu para a produção e o plantio de mais de 10,5 milhões de mudas de espécies nativas, resultado do seu compromisso em reverter a degradação ambiental e conservar a biodiversidade da Mata Atlântica.

Paralelamente aos esforços de restauração, a Apremavi manteve e aprimorou suas ações de educação ambiental. O Centro Ambiental da Apremavi, que é uma base para o engajamento e a troca de conhecimentos, recebeu 813 pessoas em 30 visitas guiadas. Essas interações diretas com a comunidade são cruciais para sensibilizar o público, promover a conscientização sobre a importância da Mata Atlântica e inspirar novas gerações a se tornarem guardiãs do meio ambiente.

O trabalho da Apremavi não apenas contribui para a conservação da Mata Atlântica, mas também serve de exemplo para a consolidação de uma cultura de responsabilidade e respeito à natureza, elementos essenciais para a construção de um futuro mais equilibrado e justo para as próximas gerações“, comenta Odair Andreani, advogado e membro do Conselho Fiscal da Apremavi.

Mais do que um balanço de conquistas, o Relatório de Atividades 2024 é um convite à reflexão sobre o papel individual e coletivo na construção de um futuro mais sustentável. O documento apresenta os destaques dos projetos desenvolvidos, as campanhas institucionais criadas e apoiadas, a participação e articulação em redes e coletivos, a atuação estratégica em políticas públicas e o crescente engajamento nas mídias sociais ao longo do ano.

Acesse o relatório completo no site e inspire-se a fazer parte dessa transformação.

Autora: Carolina Schäffer
Foto de capa: Carolina Schäffer

Apremavi realiza plantio de mudas de araucárias gigantes em parceria com a UFSC

Apremavi realiza plantio de mudas de araucárias gigantes em parceria com a UFSC

Apremavi realiza plantio de mudas de araucárias gigantes em parceria com a UFSC

Mais de 800 mudas de Araucaria angustifolia, o pinheiro-brasileiro, foram plantadas na Fazenda dos Arroios, em Urubici (SC). O plantio faz parte de um experimento que está sendo realizado no âmbito  de um projeto de pesquisa pioneiro da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), voltado a preservar a genética de árvores gigantes multisseculares e conduzido pelo pesquisador Marcelo Callegari Scipioni,  doutor em Engenharia Florestal e professor de Dendrologia do curso de Engenharia Florestal no campus de Curitibanos da universidade.

As mudas foram produzidas no Campus da universidade a partir de matrizes da região de Fraiburgo (SC). As matrizes (árvores que produziram as sementes utilizadas) foram consideradas árvores gigantes, com mais de 1,5 m de diâmetro à altura do peito. O local escolhido para o plantio, Fazenda dos Arroios,  que pertence à Apremavi e é uma das áreas do projeto Conservador das Araucárias, está a quase 2 mil metros de altitude, sendo um local ideal para a dispersão da araucária

O projeto visa realizar a migração assistida da espécie para garantir sua a permanência em meio às mudanças climáticas por meio de banco de germoplasma in situ, técnica utilizada para a conservação de espécies ameaçadas diante das rápidas transformações climáticas. Ao criar bancos de germoplasma in situ, assegura-se não apenas a preservação do material genético de indivíduos adaptados a uma determinada condição, mas também a possibilidade de regeneração natural e evolução contínua da espécie em ambientes estratégicos. Essa abordagem integra conservação genética, restauração ecológica e adaptação climática em uma única ação, reforçando o papel das florestas nativas na conservação da biodiversidade e na resiliência dos ecossistemas.

“Para um estudante de Engenharia Florestal apaixonado por floresta nativa participar do plantio de uma espécie ameaçada de extinção em seu local de ocorrência natural, a quase 2 mil metros de altitude, defronte ao chocante dos cânions catarinenses, é uma experiência carregada de enlevo, que preenche o peito de sentido e as áreas alteradas, outrora vazias, de mudas esperançosas”, comenta Marcelo Irmão, estudante de Engenharia Florestal na UFSC e estagiário da Apremavi, que participa do projeto. “Espero poder retornar ao local daqui décadas para vê-las em pleno vigor e para renovar as esperanças de um futuro florestal”, concluiu Marcelo. A expectativa é que o material genético que garantiu a sobrevivência desses indivíduos gigantes seja preservado e gere novos indivíduos no futuro.”

Registro do plantio de mudas de araucária gigante na Fazenda dos Arroios - 04/2025

Registro do plantio de mudas de araucária gigante na Fazenda dos Arroios. Foto: Marcelo Callegari Scipioni.

O projeto Conservador das Araucárias

O projeto Conservador das Araucárias é uma parceria entre a Apremavi e a Tetra Pak que tem como meta a restauração de 7 mil hectares de Mata Atlântica, com foco na Floresta com Araucárias. Visa a restauração florestal com espécies nativas, atrelada à captura de carbono para mitigação das mudanças climáticas. Além disso, promove a adequação de propriedades rurais à legislação ambiental, a conservação de mananciais hídricos, do solo e da biodiversidade, bem como a melhoria da qualidade de vida da população. 

> Conheça o projeto

Autor: Marcelo da Silva Irmão
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto, Miriam Prochnow e Thamara S. de Almeida
Foto de capa: Marcelo Callegari Scipioni

Apremavi é premiada em duas categorias do 31° Prêmio Expressão de Ecologia

Apremavi é premiada em duas categorias do 31° Prêmio Expressão de Ecologia

Apremavi é premiada em duas categorias do 31° Prêmio Expressão de Ecologia

A Apremavi acaba de conquistar mais um importante reconhecimento: o 31° Prêmio Expressão de Ecologia, a mais longeva e respeitada premiação ambiental do Brasil. Essa é a 13ª vez que a Apremavi recebe o Troféu Onda Verde,  retrato da sua atuação protagonista e compromisso com a conservação e restauração da Mata Atlântica.

Nesta edição, que contou com 151 iniciativas inscritas nos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, foram selecionados 33 projetos de 27 organizações, com base nos critérios de relevância, inovação, impacto ambiental e potencial de replicabilidade. A Apremavi foi premiada em duas categorias: Educação Ambiental e Manejo Florestal Sustentável.

 

Geração +Floresta

Na categoria Educação Ambiental, o destaque foi o programa Geração +Floresta, vinculado ao Projeto +Floresta e desenvolvido no município de Abelardo Luz (SC). A iniciativa atua em seis instituições de ensino públicas, com o objetivo de aproximar a comunidade escolar das ações do projeto, utilizando a educação ambiental como ferramenta de conscientização e transformação. 

Desde 2023, o programa já capacitou 245 alunos e professores, promovendo vivências e aprendizados sobre temas como restauração ecológica e conservação de espécies ameaçadas, como a araucária, a imbuia e o xaxim-bugio. Em 2024, os estudantes participaram do plantio de 500 mudas nativas nas escolas e em áreas do entorno.

Registros das atividades do programa Geração +Floresta. Fotos: Edilaine Dick, Marluci Pozzan e Thamara S. de Almeida. 

Programa Matas Legais: uma parceria de sucesso

Na categoria Manejo Florestal Sustentável, o prêmio foi concedido ao  programa Matas Legais, resultado da parceria entre a Apremavi e a Klabin. A iniciativa desenvolve ações de conservação, educação ambiental e fomento florestal, promovendo a conservação e restauração florestal em propriedades que participam do programa de fomento florestal da empresa.  A palavra legal procura traduzir dois sentidos: o de cumprimento da legislação ambiental e o de expressão de um lugar agradável, bonito e bom de se viver. É referência na articulação entre setor privado e organizações da sociedade civil, comemorando 20 anos de existência em 2025. Em 2005, quando foi firmada, a parceria era considerada inédita.

Atuando nos estados de Santa Catarina e Paraná, o Matas Legais busca sanar os principais desafios que o proprietário rural enfrenta para cumprir a legislação ambiental na propriedade: as dificuldades em compreender quais ações são necessárias na prática para implementar o que prevê a legislação ambiental, planejar as atividades e obter assessoria técnica, viabilizar o investimento para as ações de restauração ecológica necessária e monitorar o progresso da restauração florestal. Até o final de 2023, o programa tinha atendido 1.426 propriedades, com cerca de 2.200 hectares de áreas em restauração. Foram plantadas e distribuídas em campanhas quase 2 milhões de mudas nativas.

 

Registros de Antes e Depois do Programa Matas Legais. Fotos: Arquivo Apremavi.

A cerimônia de premiação deve acontecer no dia 30 de agosto de 2025 em Florianópolis (SC), reunindo os vencedores e celebrando as boas práticas ambientais. Criado pela Editora Expressão em 1993, logo após a ECO-92, o Prêmio Expressão de Ecologia tem reconhecimento do Ministério do Meio Ambiente e já reuniu mais de três mil e quinhentos projetos inscritos ao longo de sua história. 

> Confira todos os vencedores do prêmio em 2025

Autora: Thamara Santos de Almeida
Revisão: Miriam Prochnow e Vitor Lauro Zanelatto
Foto de capa: Carolina Schäffer

Laranjinha-do-mato, a mirtácea pouco conhecida da Mata Atlântica

Laranjinha-do-mato, a mirtácea pouco conhecida da Mata Atlântica

Laranjinha-do-mato, a mirtácea pouco conhecida da Mata Atlântica

Nativa da Mata Atlântica e com ocorrência registrada entre os estados de Minas Gerais e Rio Grande do Sul, a Eugenia speciosa Cambess. é uma espécie da família Myrtaceae, mesmo grupo da pitanga (Eugenia uniflora L.) e da goiabeira-serrana (Acca sellowiana (O. Berg) Burret). 

Apresenta diferentes tamanhos, dependendo do ecossistema onde ocorre,  desde arbustos de 1 a 3 metros de altura na restinga, podendo atingir até 20 metros de altura em florestas. O tronco mede 10 a 30 centímetros de diâmetro e a casca tem coloração pardo-acinzentada que se desprende em escamas, característica comum entre as mirtáceas. 

Muitas espécies da fauna alimentam-se com o fruto da espécie, que apresenta coloração amarelada e alaranjada, 1,5 a 2,5 cm de diâmetro e polpa suculenta. Uma única semente é gerada em cada drupa, e a dispersão das sementes é realizada principalmente por zoocoria, ou seja, através dos animais. Os frutos também podem ser consumidos pelas pessoas,  in natura ou na forma de geléia.

As mudas apresentam um crescimento rápido, especialmente em solos vermelhos e arenosos com rápida drenagem da água das chuvas. Além disso, a espécie é muito resistente a condições adversas:  é resistente a geadas leves, frutifica tanto em pleno sol como na sombra pode ser cultivada em áreas inundáveis. Além de aplicações em atividades para a restauração ecológica da Mata Atlântica, a espécie pode ser utilizada para fins paisagísticos.

Aspectos da Eugenia speciosa. Fotos: Vitor Lauro Zanelatto.

Laranjinha-do-mato

Nome científico: Eugenia speciosa Cambess.
Família: Myrtaceae
Coleta de sementes: coletar os frutos diretamente da árvore quando iniciarem a queda espontânea, ou recolhê-los do chão após a queda.
Floração: flores brancas, com floração entre os meses de agosto e novembro.
Fruto: carnoso, com uma casca espessa de cor amarela. Mede cerca de 2,5 cm de diâmetro. Os frutos amadurecem entre dezembro e fevereiro, dependendo da região.
Crescimento da muda: rápido.
Germinação: alta, ocorre entre 60 e 90 dias.
Plantio: pode ser plantada em pleno sol, solos úmidos e regiões acima de 700 metros de altitude.
Status de conservação: MMA: Não listada – Portaria MMA 148/2022 | IUCN: Menos preocupante (Least Concern  – LN) (IUCN).

Referências consultadas:

BRASIL. Portaria nº 148, de 07 de junho de 2022. Portaria MMA Nº 148. Disponível em: https://www.icmbio.gov.br/cepsul/images/stories/legislacao/Portaria/2020/P_mma_148_2022_altera_anexos_P_mma_443_444_445_2014_atualiza_especies_ameacadas_extincao.pdf. Acesso em: 01 abr. 2025.

GIEHL, E.L.H. (coordenador) 2025. Flora digital do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Disponível em:  http://floradigital.ufsc.br. Acesso em: 01 abr. 2025.

IUCN. IUCN Red List. 2022. Disponível em: https://www.iucnredlist.org/. Acesso em: 01 abr. 2025.

JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO. Reflora. Disponível em: https://reflora.jbrj.gov.br/reflora/herbarioVirtual/. Acesso em: 01 abr. 2025.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992.

MUNIZ, H. J. T. Colecionando Frutas: Eugenia speciosa. Disponível em: https://www.colecionandofrutas.com.br/eugeniaspeciosa.htm/. Acesso em: 01 abr. 2025.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Thamara Santos de Almeida
Foto de capa: Vitor Lauro Zanelatto

O ecoturismo nos Campos de Altitude

O ecoturismo nos Campos de Altitude

O ecoturismo nos Campos de Altitude

Entenda como o desenvolvimento do turismo ecológico nos Campos de Altitude pode contribuir para a proteção do ecossistema.

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e a Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) definem o ecoturismo ou turismo ecológico como o “segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações“. 

Essa definição é importante: ao mesmo passo que esse segmento do turismo promove o contato das pessoas com ambientes naturais com belas paisagens e a biodiversidade dos biomas brasileiros as atividades demandam uma série de responsabilidades, buscando assegurar conservação e o menor impacto possível aos elementos da paisagem, sejam eles biológicos, como as plantas e a fauna; minerais, como as formações rochosas do local, ou culturais, como produções de valor histórico relevante de comunidades humanas que habitaram o local no passado, por exemplo. 

Pedra Furada. Foto: Arquivo Apremavi. 

Nos Campos de Altitude e em todas as áreas onde o turismo ecológico pode ser realizado, o fortalecimento dos serviços de apoio e visitação, bem como a conscientização sobre as atividades turísticas permitidas nas áreas naturais são o ponto de partida para garantir a proteção da natureza. 

Antes de ofertar atividades de turismo ecológico é preciso considerar:
∙ Potenciais impactos que as atividades podem gerar para a conservação da área; 
∙ Os riscos que a área oferta para as pessoas (como animais peçonhentos, terreno com relevo acentuado, dificuldades para a comunicação, etc.);
∙ Medidas para garantir a sustentabilidade do ambiente, como a definição de uma capacidade de suporte diária para a visitação; 
∙ Se for uma Unidade de Conservação, o que prevê o Plano de Manejo e quais são as regras da instituição administradora em relação ao turismo.

Muitas atividades de ecoturismo nos Campos de Altitude ocorrem no Parque Nacional de São Joaquim (PNSJ), um dos primeiros criados no Brasil e o primeiro em Santa Catarina, em 1961. Seu objetivo principal foi a proteção das araucárias, mas ao longo do tempo foi reconhecida a relevância da área para toda a fauna e flora além dessas árvores, e despertando o interesse de muitos visitantes. 

A EcoTrilhas Serra Catarinense é uma das empresas que atuam no PNSJ e em outras áreas de Campos de Altitude, como o Campo dos Padres. Os roteiros oferecidos demonstram que muitas pessoas estão interessadas pelo turismo ecológico na região, e também a valorização dos diversos elementos que fazem esse ecossistema ser tão importante. Entre as atividades oferecidas estão:

∙ Expedições e travessia no Campo dos Padres: proporciona uma imersão na natureza local; 
∙ Percurso de observação de Aves (birdwatching): realizada nos Campos de Altitude e na Floresta com Araucárias permitindo aos participantes apreciar a rica avifauna da Serra Catarinense;
∙ Trilhas em Cânions: passeios por formações geológicas impressionantes, como o Cânion das Laranjeiras, Cânion do Funil e Pedra Furada, onde os Campos de Altitude proporcionam paisagens deslumbrantes;
Circuito Santa Bárbara: trilha que inicia em um vale de araucárias, passando por cascatas e subindo até os Campos de Altitude da Santa Bárbara. 

Segundo Dário Lins, sócio da EcoTrilhas Serra Catarinense, o ecoturismo é extremamente importante tanto para a conservação da natureza quanto para o desenvolvimento econômico sustentável: “Ele ajuda a proteger áreas naturais, gera renda para comunidades locais e incentiva práticas mais sustentáveis. Além disso, cria empregos, movimenta a economia da região e conscientiza as pessoas sobre a importância de preservar o meio ambiente.” 

Lins também destaca a importância do planejamento e mensuração dos impactos que as visitas geram ao ambiente: “Claro, há  desafios, como o risco de turismo descontrolado, que pode acabar prejudicando a própria natureza. Por isso, é essencial ter boas políticas de gestão, controle de visitantes e educação ambiental. Quando feito de maneira correta, o ecoturismo consegue equilibrar preservação e desenvolvimento, beneficiando todo mundo – tanto a natureza quanto as pessoas que dependem dela.”

A capacitação de guias e outros trabalhadores para esse segmento do turismo é essencial para promover também o conhecimento da natureza e da história dos territórios através das visitas, incentivando os turistas a contribuir com a proteção das áreas e a reconhecer a importância das Unidades de Conservação, por exemplo. Além disso, o incremento no número de visitantes pode contribuir com a conservação, desenvolvimento social, cultural e econômico dos destinos turísticos e das comunidades locais. 

Paisagens do PN Sao Joaquim

Fotos das paisagens e da realização de trilhas nos Campos de Altitude de Santa Catarina. Fotos: Wigold B. Schäffer e Arquivo Apremavi. 

Ecoturismo consciente: o que eu preciso saber

Se você planeja conhecer uma área dos Campos de Altitude, ou outra paisagem natural do Brasil, essas são algumas atividades para uma visita tranquila e responsável:

∙ Saber quem é o proprietário da área e obter autorização para a visita (se for uma área privada) ou realizar contato para o agendamento e autorização da visita com a instituição que administra o local (se for uma área pública);
∙ Mapear a área, manter informações de localização atualizadas e, sempre que possível, contar com um um guia para a visita; 
∙ Manter junto de si todos os objetos, não coletar materiais da natureza e descartar o lixo gerado corretamente; 
∙ Verificar os riscos possíveis que o local oferece e tomar todas as medidas de proteção.

> Acesse o Guia de Conduta Consciente em Ambientes Naturais, do ICMBio
> Leia o Guia de turismo na Mata Atlântica, da SOS Mata Atlântica
> Acesse o Guia do Visitante do Parque Nacional de São Joaquim 



Campanha em prol dos Campos de Altitude

Essa matéria é fruto da campanha “Proteja os Campos de Altitude”, uma das iniciativas do projeto “Cuidando da Mata Atlântica: Articulação Região Sul da RMA”, executado numa articulação entre a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais, Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e Instituto Mira Serra, com o apoio financeiro da Fundação dinamarquesa Hempel por meio da Fundação SOS Mata Atlântica.

> Conheça a campanha 

Paisagens do PN Sao Joaquim

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer e Thamara S. de Almeida
Foto de capa: Wigold Schäffer

Os Campos de Altitude e seus serviços ecossistêmicos

Os Campos de Altitude e seus serviços ecossistêmicos

Os Campos de Altitude e seus serviços ecossistêmicos

Além da indiscutível importância para a conservação da biodiversidade, beleza cênica e importância para atividades econômicas sustentáveis, como o turismo ecológico, os Campos de Altitude se destacam pelos serviços ecossistêmicos providos de forma gratuita e silenciosa.

Os serviços ecossistêmicos promovem benefícios essenciais para a sociedade. São gerados pela natureza, que promove a manutenção, recuperação ou melhoria das condições ambientais, refletindo diretamente na qualidade de vida das pessoas.

Esse aspecto é difícil de ser identificado ao olhar para a paisagem, mas de extrema importância para todas as formas de vida, conectando a manutenção do ecossistema local com o equilíbrio de outras regiões.  Nesse sentido, os Campos de Altitude promovem uma série de “benefícios” para as pessoas, que asseguram a disponibilidade de componentes fundamentais para a qualidade de vida. Entre eles, destacam-se:

∙ Regulação Climática: a vegetação dos campos de altitude ajuda a regular o clima local, influenciando a umidade e a temperatura;

∙ Recursos Hídricos:
promove a recarga de aquíferos, abriga mantém e nascentes, proporcionando maior regularidade no regime hídrico e assim garantindo a disponibilidade de água para as comunidades locais;

∙ Proteção dos Solos:
a cobertura vegetal exerce papel essencial na formação e manutenção da integridade do solo, e na redução de processos erosivos, especialmente em áreas com maior declive;

∙ Biodiversidade:
os campos abrigam uma riqueza singular de Flora, fauna e funga, se constituindo em espaço insubstituível para grande número de espécies endêmicas e raras.

 

Campos de Altitude

Paisagens dos Campos de Altitude. Fotos: Wigold B. Schäffer.

A mudança do uso do solo nos Campos de Altitude é uma das principais ameaças do ecossistema, com efeitos nocivos para os serviços ecossistêmicos. O avanço das áreas de agricultura, com uso intenso de agrotóxicos e retirada da cobertura vegetal nativa – entre muitos outros exemplos negativos – compromete a estabilidade da paisagem e promove a contaminação da água que é armazenada no solo. 

Por isso, além da criação de novas Unidades de Conservação para a conservação da biodiversidade, é preciso combater grandes impactos em todas as áreas do ecossistema e restaurar os ambientes que já estão alterados. Isso demanda uma série de investimentos e participação dos atores de cada região, assim como o desenvolvimento de uma cadeia de restauração dedicada aos campos, que apresentam dinâmicas ecológicas muito diferentes das paisagens florestais. Outra medida que pode contribuir na proteção dos ambientes naturais e dos serviços ecossistêmicos associados é o desenvolvimento de iniciativas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que quantificam, valoram e remuneram os proprietários de terras que fornecem tais serviços. 

Ao mesmo passo, o desenvolvimento de atividades de baixo impacto ambiental, ou até mesmo positivas para o meio ambiente, são oportunidades para o engajamento das pessoas, fortalecimento de uma visão sobre a importância das paisagens naturais e desenvolvimento de renda para as pessoas e desenvolvimento das cidades e comunidades.

 

 

Campanha em prol dos Campos de Altitude

Essa matéria é fruto da campanha “Proteja os Campos de Altitude”, uma das iniciativas do projeto “Cuidando da Mata Atlântica: Articulação Região Sul da RMA”, executado numa articulação entre a Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais, Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS) e Instituto Mira Serra, com o apoio financeiro da Fundação dinamarquesa Hempel por meio da Fundação SOS Mata Atlântica.

> Conheça a campanha 

Referências:

BRASIL. Lei Nº 14.119: Política Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais. Disponível em: https://legis.senado.leg.br/norma/33089316/publicacao/33104500. Acesso em: 17 mar. 2025.

BRASIL. MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE E MUDANÇA DO CLIMA. Serviços Ecossistêmicos. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/mma/pt-br/assuntos/biodiversidade-e-biomas/biomas-e-ecossistemas/conservacao-1/servicos-ecossistemicos. Acesso em: 17 mar. 2025.

SOUSA, Letícia Penno de et al. As Funcionalidades Ambientais dos Campos de Altitude do Paraná. In: IX CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 9., 2009, São Lourenço. Anais […] . São Lourenço: Seb, 2009. p. 1-4.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: João de Deus Medeiros e Thamara S. de Almeida
Foto de capa: Wigold Schäffer

Ministra Marina Silva recebe ambientalistas para falar sobre a Mata Atlântica

Ministra Marina Silva recebe ambientalistas para falar sobre a Mata Atlântica

Ministra Marina Silva recebe ambientalistas para falar sobre a Mata Atlântica

No último dia vinte, a Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima Marina Silva, recebeu uma equipe da Rede de Ongs da Mata Atlântica (RMA), que lhe entregou a “Carta de Atalanta”, documento elaborado por ONGs que trabalham pela proteção da Mata Atlântica nos estados do Sul do Brasil. A carta é resultado do Seminário sobre Unidades de Conservação da Região Sul, ocorrido em setembro de 2024, realizado no âmbito do projeto colaborativo executado com o apoio da Fundação SOS Mata Atlântica e da Fundação Hempel.

Além da ministra participaram da reunião o Secretário Executivo do Ministério, João Paulo Capobianco, André Lima, Secretário Extraordinário de Controle de Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial, Rita Mesquita, Secretária de Biodiversidade e Floresta, Bráulio Dias, Diretor de Conservação e Uso Sustentável e Guilherme Checco, Diretor de Programas.

Após a reunião com a Ministra, os ambientalistas se reuniram também com o Presidente do ICMBio, Mauro Pires. Além da Carta de Atalanta, também foram entregues outros dois documentos, um ofício relatando a situação da Mata Atlântica no litoral norte do Paraná e outro apontando questões relacionadas ao Parque Nacional de São Joaquim.

Representando a RMA estavam presentes Diego Igawa, João de Deus Medeiros, Miriam Prochnow, Reginaldo Ferreira e Tânia Martins.

Registros das audiências realizadas em 20/02/2025. Fotos: Arquivo Apremavi e Rogerio Cassimiro/MMA. 

Carta de Atalanta

A Carta de Atalanta tem como foco as Unidades de Conservação, assim o diálogo começou com os ambientalistas apontando uma ameaça à Lei do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, o SNUC, por conta da proposta do Projeto de Lei PL 3354/24, do Deputado Lúcio Mosquini, MDB-RO, que pretende abrir as Unidades de Conservação para fixar moradia a indígenas desvinculados de seus territórios tradicionais, em UC de proteção integral e de uso sustentável. Isso representa um enorme perigo à integridade das UCs e do próprio SNUC.

Os ambientalistas explicaram para a ministra que reconhecem a luta e a necessidade da demarcação e homologação de Terras Indígenas, entretanto, ela não pode ocorrer nas já tão fragilizadas e vulneráveis unidades de conservação da Mata Atlântica. Foram apontadas para a ministra ocupações indígenas que já ocorrem no Sul, como são os casos da Reserva Biológica de Bom Jesus (PR), do Parque Nacional da Serra do Itajaí (SC), do Parque Nacional Guaricanas (PR), do Parque Nacional do Iguaçu (PR) e das Florestas Nacionais (Flonas) de Passo Fundo (RS), Três Barras (SC), Canela e São Francisco de Paula (RS). Esses casos representam uma ameaça à biodiversidade nessas regiões e claramente afrontam a Lei do SNUC.

Outros pontos em pauta

Os ambientalistas também estão preocupados com a paralisação da agenda de criação de Unidades de Conservação na Mata Atlântica, e cobraram do MMA e do ICMBio a retomada dos trabalhos para debater a criação de UCs em áreas prioritárias para a conservação na região Sul. Foi também citado o caso da Serra Vermelha, localizada no Sul do Piauí, que a RMA vem lutando para proteger desde 2008, sem êxito por enquanto. Segundo Marina Silva, tudo o que foi possível foi feito pelo MMA para anexar a Serra Vermelha ao Parque Nacional Serra das Confusões, no entanto, um entrave político, protagonizado pelo Senador Marcelo Castro-MDB, se estabeleceu e, por essa razão a minuta do decreto sempre emperra na Casa Civil a espera de um ofício de anuência do Governador do Piauí. Lembraram que a retomada da agenda de criação de unidades de conservação é compromisso de campanha do Presidente Lula e que o ano de 2025 é o ano para avançar nessa agenda, inclusive como legado da realização da COP 30 em Belém (PA) no final deste ano.

A ameaça aos Campos de Atitude, decorrentes da atual legislação estadual de Santa Catarina e do PL 364/2019, ora em tramitação na Câmara dos Deputados, também entraram na pauta. Os ambientalistas lembraram que a Nota Técnica do MMA/24 ressalta que “Os campos de altitude são parte inerente, insubstituível e irrecuperável do bioma Mata Atlântica, contendo alto nível de endemismos, além de prover diversos serviços ambientais essenciais para a região”.

E, mais uma vez, os ambientalistas reivindicaram a regulamentação do Fundo da Mata Atlântica, previsto na Lei 11.428/2006, se utilizando do argumento de que nesse momento em que se faz necessário enfrentar as mudanças climáticas, a implementação do fundo se torna fundamental.

A Ministra e equipe se propuseram a trabalhar para atender as reivindicações, sinalizando a retomada do grupo de trabalho da agenda de criação de UCs e a realização de um evento para tratar de conflito de competências relacionado às autorizações de desmatamento na Mata Atlântica, quando do lançamento do Plano de Prevenção e Controle do Desmatamento (PPCD) da Mata Atlântica. Em relação ao Fundo da Mata Atlântica ficou o compromisso de retomar e verificar internamente como está no momento o processo de regulamentação do mesmo.

Autoras: Tânia Martins (RMA) e Miriam Prochnow.
Foto de capa: Rogerio Cassimiro/MMA

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