Como protegemos nossas mudas nativas durante o inverno

Como protegemos nossas mudas nativas durante o inverno

Como protegemos nossas mudas nativas durante o inverno

A cerca de 500 metros de altitude, a área no coração de Santa Catarina, onde está instalado o Viveiro Jardim das Florestas, registra temperaturas negativas durante as intensas frentes frias do inverno, além de geadas e ventanias. 

Com a chegada do inverno a germinação e crescimento das plantas perde velocidade. São meses de verdadeira resistência às baixas temperaturas, aos menores índices de incidência solar, à geada nas folhas e congelamento do solo e aos ventos intensos que são frequentes durante a estação, sobretudo no Sul e Sudeste do Brasil.

Desde o início do Viveiro Jardim das Florestas a Apremavi infelizmente já registrou perdas no estoque e nas estruturas, principalmente por eventos extremos de geada e ventanias, e mais recentemente por um ciclone-bomba. Dezenas de milhares de mudas foram perdidas em anos de inverno intenso, e muitas outras tiveram o crescimento prejudicado.

Registro das consequências da geada em 2000, uma das mais intensas já registradas no viveiro.
Foto: Miriam Prochnow.

Esses episódios incentivaram nossos viveiristas a pesquisar e testar novas formas de mitigar os prejuízos. Paralisar ou reduzir a produção não é uma opção, já que essa medida representaria a diminuição da quantidade de espécies no viveiro, além de comprometer a oferta de mudas grandes e rustificadas para os plantios durante as outras estações.

Foram aplicados e testados recursos, soluções naturais e principalmente criatividade para mitigar os efeitos do frio. Os esforços renderam resultados positivos: nos últimos anos o número de perdas no viveiro reduziu consideravelmente.

Confira algumas estratégias que podem representar a sobrevivência das mudinhas durante o inverno:

Acondicionamento das mudinhas recém repicadas no interior de estufas

Considerando a fragilidade das pequenas mudas recém transplantadas nas embalagens é imprescindível que em épocas frias susceptíveis a geadas e a ventos fortes elas estejam protegidas das intempéries para que possam se desenvolver. As mudas nas estufas significam melhor crescimento e desenvolvimento devido a esse ambiente a temperatura ser mais elevada que o ambiente externo.

Manejo das mudas no interior da estufa. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Identificar as espécies mais sensíveis

Cada espécie reage de modo diferente ao frio, devido a morfologia vegetal e também das características adquiridas por conta da evolução e do habitat. Algumas apresentam muita resistência, como é o caso da araucária (Araucaria angustifolia), já outras demandam cuidados específicos para a sobrevivência, como é o caso do palmito-juçara (Euterpe edulis), que na floresta é protegido do frio e do vento pela copa de árvores maiores. É preciso observar quais espécies precisam de cuidados adicionais e armazenar as mudas nos espaços com maior proteção.

Identificação de espécies sensíveis ao frio. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Mudanças na rotina de irrigação 

A geada nas folhas se dá através da formação de cristais de gelo por conta do frio intenso. Em dias de baixa umidade, a irrigação nas horas mais frias pode significar a adição do elemento que formará a geada. Já em dias onde a água foi depositada sob as folhas naturalmente, a irrigação contínua até o nascer do sol poderá impedir a formação de gelo, já que a temperatura da água é maior que a do próprio ambiente.

Essa prática pode significar o aumento do consumo de água e é considerada uma medida extrema, justificada apenas nos dias mais frios do ano ou de alerta de geada intensa.

A mudança na rotina da irrigação pode colaborar com a redução de danos no viveiro. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Proteção das folhas com coberturas

Para impedir a deposição de água nas folhas e reduzir a velocidade dos ventos, as bancadas de armazenamento recebem cobertura com sombrite, uma malha sintética com a capacidade de regular a incidência solar e de materiais.

Durante os meses de frio, coberturas adicionais são instaladas no viveiro. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Atenção aos fungos e bactérias perniciosas

O frio faz com que o manejo das mudas seja diferente durante o inverno. O estoque fica mais concentrado, com menor espaçamento entre os indivíduos e circulação de ar reduzida, no caso das estufas ou caso haja limitadores de correntes de ar no viveiro. Esses e outros fatores podem favorecer o crescimento e a disseminação de microorganismos nocivos às plantas.

As análises da saúde das plantas, que já ocorrem no viveiro, devem ter frequência ampliada. Caso alguma contaminação seja identificada a fração do estoque afetada deve ser isolada e tratada, de preferência com misturas de compostos orgânicos ou de baixa toxicidade.

Uma das soluções utilizadas na Apremavi é a calda bordalesa, um fungicida permitido na agricultura orgânica formulado com sulfato de cobre e cal. A aplicação nas folhas controla várias doenças causadas por fungos (míldio, ferrugem, cercosporiose, antracnose, entre outras). Tem também efeito repelente contra alguns insetos.

A observação das folhas, caule e do substrato é essencial para identificar injúrias causadas por bactérias e fungos. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Aumento da temperatura com fogueiras

No viveiro, uma área de poucos metros pode armazenar milhares de mudas nativas. Essa concentração dá sentido ao aumento da temperatura do ambiente de modo antrópico, possível através de diferentes estratégias; na Apremavi, fogueiras foram acesas ao lado das bancadas no último ano. A serragem utilizada como combustível limita a formação de chamas, aumentando a segurança do processo e a temperatura do ambiente de modo distenso.

Fogueiras utilizadas para a proteção das mudas em 2021. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Avaliação da viabilidade do plantio

Por vezes, o plantio e consequente exposição das mudas aos eventos climáticos típicos do inverno significa a morte de parte das mudas. As características do tempo e do clima devem ser observadas e, sempre que viável, o plantio postergado para períodos que propiciem o crescimento rápido das plantas.

Adiar o plantio em algumas semanas ou meses pode significar melhores condições para o desenvolvimento das mudas após o plantio. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Referências Bibliográficas

EMBRAPA Agropecuária Oeste. Calda Bordalesa: utilidades e preparo. 2008. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/38833/1/FOL200837.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022.
PROCHNOW, Miriam (Org.). No Jardim das Florestas. Rio do Sul: APREMAVI, 2007.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer e Edilaine Dick

Apremavi apresenta caminhos para a restauração em Salete

Apremavi apresenta caminhos para a restauração em Salete

Apremavi apresenta caminhos para a restauração em Salete

O principal objetivo do encontro foi apresentar caminhos para a recuperação de áreas degradadas e para a adequação das propriedades rurais à legislação ambiental.

No dia 3 de junho a Apremavi esteve na Câmara de Vereadores de Salete (SC) para um importante diálogo com a comunidade, que teve como pauta central a regularização das propriedades rurais através da adesão a projetos que poderão viabilizar a implantação do Programa de Regularização Ambiental (PRA).

As colaboradoras da Apremavi Carolina Schäffer e Maíra Ratuchinski ministraram uma palestra sobre o Novo Código Florestal (Lei 12.651/2012), esclarecendo os objetivos e propósito por trás de termos como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e Programa de Regularização Ambiental (PRA), bem como a importância do cumprimento da legislação.

Registro dos diálogos sobre a adequação das propriedades rurais de Salete. Foto: Arquivo Apremavi. 

Cerca de 30 pessoas acompanharam as discussões, dentre elas membros do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (CMDR), representantes da CooperSalete, da Klabin, da Secretaria da Agricultura, o vice-prefeito do município, José Tadeu Tenfen, vereadores e agricultores da região. Durante a palestra, os participantes informaram que 898 propriedades possuem o CAR no município, correspondendo a 82% do território.

Foram abordados temas como uso “legal”, “ilegal” e insustentável da terra, além de terem sido apresentadas situações que mostram a realidade do cumprimento da legislação na prática. Os agricultores assistiram o vídeo do depoimento de um proprietário rural de Salete que, com apoio do Restaura Alto Vale, executado pela Apremavi entre 2018 e 2022, realizou a adequação ambiental da sua propriedade.

#AnteseDepois da área em restauração na propriedade de Henrique e Lidia Smitka, em Santa Terezinha. Fotos: Arquivo Apremavi.

Maíra destacou que esse talvez seja o melhor momento para a ação: “mesmo que o PRA ainda não tenha sido regulamentado, nada impede a restauração e adequação das áreas degradadas. Esse é o momento de sair na frente, aproveitar a oportunidade e regularizar a propriedade rural”.

A oportunidade citada por Maíra é uma parceria entre a Apremavi, Prefeitura Municipal de Salete, a Epagri e a Klabin, visando apoiar os agricultores na adequação ambiental da propriedade, orientação e verificação do CAR e do PRA, além de elaborar uma proposta de restauração para áreas de passivos ambientais, bem como plano de restauração das áreas degradadas, preservando os recursos hídricos, a biodiversidade e auxiliando as propriedades na adequação perante a legislação ambiental vigente.

A Prefeitura Municipal e a Epagri farão orientações sobre o funcionamento do projeto e o cadastro dos interessados. A Apremavi prestará orientação técnica e auxiliará na elaboração do mapa de adequação ambiental da propriedade, verificação do CAR e PRA. Doará parte do arame, quando necessário isolar a área (para os primeiros cadastrados) e também será responsável pelo monitoramento e disponibilizará o projeto técnico. A doação das mudas de árvores nativas contará com o apoio da Klabin. A contrapartida do proprietário será realizar a construção da cerca quando necessário, o plantio e a manutenção da área restaurada.

Como Participar

Para participar o proprietário precisa apresentar a documentação da propriedade que comprove a titularidade (escritura, certidão de inteiro teor, contrato de compra e venda etc.); o Cadastro Ambiental Rural – CAR. A área a ser restaurada não deve ser objeto de licenciamento ambiental ou estar associada a multa ambiental e o plantio deve ocorrer de forma voluntária.

Os agricultores interessados em participar do projeto podem procurar a Epagri, Secretaria da Agricultura do município ou a Apremavi e preencher a ficha de cadastro para facilitar a visita dos técnicos na propriedade.

+ Entre em contato com a Apremavi e saiba mais

Autores: Maíra Ratuchinski e Vitor L. Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer e Thamara Santos de Almeida

Luto por Bruno, Dom e todos os ativistas interrompidos por defender a Natureza

Luto por Bruno, Dom e todos os ativistas interrompidos por defender a Natureza

Luto por Bruno, Dom e todos os ativistas interrompidos por defender a Natureza

A manutenção dos privilégios, das atividades ilícitas e da exploração podem ser apontadas como algumas das preocupações que motivaram o assassinato de Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira, imersos na Amazônia e dedicados na proteção dos povos tradicionais que encontram lar na floresta. Aqui, a linearidade deve ser desprezada, não trata-se de um caso isolado, mas do mais recente crime associado a uma política recorrente no país, com sede de sangue ativista.

Bruno foi um dos indigenistas mais experientes do Brasil. Fez carreira na Funai e atuou como coordenador regional da entidade em Atalaia do Norte, justamente a área onde foi assassinado. Apesar do trabalho diuturno, Bruno foi exonerado do cargo em outubro de 2019, após pressão de setores ruralistas ligados ao governo Bolsonaro. Atualmente coordenava atividades na União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava).
Dom atuava no Brasil desde 2007. Escrevia majoritariamente sobre pautas ambientais. Nos últimos anos, dedicou-se a relatar a crise no meio ambiente brasileiro, bem como o assassinato de líderes indígenas. Colaborou com o The Guardian, Financial Times, New York Times e outros dentre os principais jornais do mundo.

O entendimento mútuo da importância da floresta de pé somou-se ao respeito pelos povos originários, e gerou a união potente entre o brasileiro e o britânico. Desde 2018 denunciaram e combateram juntos o garimpo e a pesca ilegais, ação de madeireiras, invasão de terras indígenas e tráfico de drogas na região.

A barbárie contra a dupla em meio à floresta e o descaso das autoridades ante o caso deixam ainda mais claro ao mundo a política ambiental nefasta do governo Bolsonaro, que sem qualquer pudor endossa a violência e atividades ilegais na Amazônia em suas falas, e promove conflitos e agressões através de ações e omissões, o que for mais conveniente para a promoção do garimpo, desmatamento e grilagem de terras.

O que se sabe sobre o caso até agora não pode ser encarado como ponto final de mais uma história escrita com sangue ativista. É preciso pressionar por uma investigação extensiva, independente e profunda; e registrar todas as condições que possibilitaram esse e tantos outros crimes contra a vida devastarem a crença de todo um país na própria humanidade.

Bruno e Dom seguirão protegendo a floresta, estão ao lado de Chico Mendes, Irmã Dorothy, Paulo Guajajara e os muitos que se tornaram alvos por defender a vida.

Charge em homenagem a Bruno, Dom e todos os ativistas que foram interrompidos por defender a Natureza. Crédito: Latuff.

Posicionamento do Observatório do Clima

Na quarta-feira (15), após a confirmação do crime pelas autoridades policiais, o Observatório do Clima publicou uma manifestação indicando algumas das condições que permitiram a escalada das agressões contra ativistas, jornalistas, populações tradicionais e outros defensores das florestas brasileiras.

Construído por dezenas de organizações ambientalistas do país, inclusive a Apremavi, o texto apresenta a indignação, estarrecimento e luto coletivo instalado há muito, e cada dia mais acentuado pelos retrocessos e políticas que servem à morte. Confira a íntegra:

É com tristeza e revolta que o Observatório do Clima recebe a notícia de que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados no Vale do Javari. Nossos pensamentos se voltam às famílias de ambos, numa dor que também é nossa, por termos tido o privilégio de conviver com a gentileza, a bondade e o profissionalismo de Dom.


O Brasil, um dos países que mais matam ativistas ambientais no mundo, vê se repetir no Javari a tragédia de Chico Mendes, Dorothy Stang, João Cláudio e Maria e tantos outros que confrontaram e confrontam os criminosos que atormentam os povos e saqueiam a floresta na Amazônia.


No governo Bolsonaro, porém, a barbárie tem cúmplices no Palácio do Planalto e nas Forças Armadas. Além de ter deliberadamente entregue a Amazônia ao crime, o regime de Jair Bolsonaro reagiu ao desaparecimento com a mesma crueldade com que tratou as centenas de milhares de brasileiros mortos na pandemia: o Exército adiou o quanto pôde o início das buscas; o presidente da Funai, que havia exonerado Pereira porque este cumprira seu dever de proteger os indígenas em Roraima, lavou as mãos; e o Presidente da República culpou as vítimas, que segundo ele haviam embarcado numa “aventura não recomendável”. A necropolítica, marca do atual governo, também está presente nas mortes de Dom e Bruno.


“Na Amazônia, a bala que mata jornalistas, ativistas e indígenas é comprada com o dinheiro da grilagem, do garimpo ilegal e da madeira roubada. Sob Bolsonaro, esses crimes aumentaram seus negócios, seu poder e sua atuação e hoje estão mais preparados do que nunca para eliminar quem atravessa seu caminho”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Pela omissão nas buscas ou pelo estímulo aos criminosos, o governo Bolsonaro tem todas as digitais impressas nesta tragédia que entristece a todos nós.” #justicaparabrunoedom

+ Confira também a nota da Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA).

Ativistas em constante ataque

O crime contra Dom e Bruno deixa ainda mais evidente que o Brasil, o 4º país que mais registra assassinatos de ativistas socioambientais, jamais colocou a proteção dos defensores da vida como prioridade. Segundo o levantamento anual da ONG Global Witness, o território brasileiro é o 4º mais perigoso para ativistas. Foram 20 assassinatos em 2018, 24 em 2019 e 20 outros em 2020.

Na região da Amazônia, mais de 70% dos assassinatos estão relacionados à defesa do meio ambiente e da terra ou ligados à exploração de recursos naturais como extração madeireira, mineração e agronegócio em grande escala, garimpo ilegal, barragens hidrelétricas e outras infraestruturas. Cidadãos abnegados e militantes que decidiram dedicar suas vidas à luta contra a degradação do clima, uso indevido da terra e defesa dos direitos humanos têm suas vidas ameaçadas por atuarem onde nem mesmo o Estado não cumpre seu papel.

Em setembro de 2021, durante o Congresso Mundial da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), a Apremavi apoiou a Moção 39, um apelo para a proteção de denunciantes e defensores de direitos humanos e povos em relação ao meio ambiente. Pelo menos até 2024 o texto irá compor a agenda da rede.

Outra demanda apoiada pela Apremavi é a implementação do Acordo de Escazú, que visa promover o acesso à Informação, Participação Pública e Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais na América Latina e no Caribe. Embora o compromisso tenha sido aprovado pelo Brasil em 2018, o processo de ratificação está estagnado no Congresso Nacional e sem perspectiva de avanço.

A Apremavi também apoia todos os ativistas que diuturnamente trabalham por um futuro melhor. Confira o vídeo “Aos Ativistas da Mata Atlântica”, editado em 2018:

Autores: Vitor L. Zanelatto e Miriam Prochnow.

Apremavi promove diversas ações na Semana do Meio Ambiente

Apremavi promove diversas ações na Semana do Meio Ambiente

Apremavi promove diversas ações na Semana do Meio Ambiente

Equipe da Rádio Sintonia, líder em audiência na microrregião de Ituporanga (SC), esteve no Viveiro Jardim das Florestas para produzir conteúdos especiais para do Dia do Meio Ambiente. Além disso, promovemos ações de doação de mudas e palestras em alusão à data.

O jornalista Josué Eger foi recepcionado pela equipe do Viveiro, e conferiu de perto os movimentos rápidos para a entrega de mudas às escolas que realizaram ações na Semana do Meio Ambiente. Foi apresentada a tecnologia Ellepot, que permite a produção de mudas em uma embalagem biodegradável e produzida por fontes certificadas. Do tratamento das sementes até a saída para o plantio, as etapas para a produção de mudas foram explicadas com detalhes para os ouvintes da rádio.

Miriam Prochnow, co-fundadora e conselheira da Apremavi, sintetizou o trabalho realizado pela organização: “Essa não é apenas a rotina da Apremavi, mas de muitas pessoas dedicadas à proteção e defesa da Mata Atlântica. Temos o lema ‘Boca no trombone e mão na massa’. Boca no trombone porque atuamos em voz alta, sinalizando os retrocessos e crimes ambientais; já o mão na massa se refere às soluções que nós apresentamos para a sociedade, como o Viveiro Jardim das Florestas e as metodologias de restauração”.

Assista a entrevista e conheça algumas das pessoas responsáveis pela produção de mudas na Apremavi:

Durante a conversa também foi destacada a atuação junto às Unidades de Conservação, desde a proposição de novas áreas até a elaboração dos planos de manejo e participação em conselhos consultivos. Entre outros, a Apremavi ajudou a propor e/ou estabelecer o Parque Natural Municipal da Mata Atlântica (Atalanta), a Estação Ecológica da Mata Preta (Abelardo Luz) e o Parque Estadual das Araucárias (São Domingos e Galvão). Em 2010 criou sua própria Unidade de Conservação: a RPPN Serra do Lucindo, em (Bela Vista do Toldo), que protege mais de 316 hectares da floresta ombrófila mista.

A visita foi encerrada com um convite: “A Apremavi é uma organização que está sempre de portas abertas para a comunidade. Todos podem vir até Atalanta conhecer o viveiro, nossas áreas demonstrativas de restauração, se engajar com as causas ambientais e conhecer nossas atividades de perto”, Miriam completou.

+ Agende sua visita ou entre em contato conosco

Doação de mudas e palestras 

Ações de educação ambiental foram realizadas pela Apremavi no Paraná, através dos Projetos Matas Legais e Mata Sociais, que viabilizaram a doação de mudas e acompanharam plantios em diversas escolas. Edilaine Dick, coordenadora de projetos da Apremavi, ministrou palestras e dinâmicas para estudantes de Monte Carlo (SC); já a equipe do Projeto Matas Legais e Sociais SC esteve em várias escolas da região de Lages.

No sábado, véspera do Dia do Meio Ambiente, a Apremavi também esteve em Rio do Sul (SC), na tradicional doação de mudas organizada pela Rádio Mirador no centro da cidade. Cerca de dez caixas de mudas nativas foram distribuídas.

Registro das ações realizadas em centros de ensino. Fotos: Arquivo Apremavi.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Thamara Santo de Almeida

Conservador das Araucárias inicia restauração em Área Piloto

Conservador das Araucárias inicia restauração em Área Piloto

Conservador das Araucárias inicia restauração em Área Piloto

Restauração de mais de 80 hectares em Urubici, na Serra Catarinense, dá o pontapé inicial da implantação do projeto Conservador das Araucárias.

Uma das metas para o primeiro ano do Conservador das Araucárias, fruto da parceria entre a Tetra Pak e a Apremavi, é a implantação de um projeto piloto de restauração numa propriedade em Urubici (SC).

Localizada na divisa com o Parque Nacional de São Joaquim, no coração da Serra Catarinense e na área de abrangência da Floresta com Araucárias, a Fazenda Santa Bárbara, propriedade escolhida para implantação do piloto, tem ao todo 155 hectares, dos quais 52% eram cobertos por pastagens e usadas pelo gado até recentemente, segundo o proprietário.

A proposta é que sejam restaurados 87,16 hectares usando diferentes metodologias como o plantio de mudas em área total, em 28,49 hectares, o enriquecimento ecológico, em 9,23 hectares, e a condução da regeneração natural, em 49,44 hectares.

As primeiras 4 mil mudas foram plantadas pela equipe da Apremavi, num mutirão realizado de 21 a 23 de fevereiro de 2022. De lá para cá, outras 21 mil mudas de espécies nativas como a araucária, a goiaba-da-serra, a erva-mate, a bracatinga, a imbuia, a aroeira-vermelha etc. já foram plantadas, totalizando 15 hectares restaurados. Nos próximos dois meses devem ser plantadas mais 20 mil mudas, para completar as atividades de restauração planejadas.

Giem Guimarães, proprietário da área, não mede esforços para garantir o sucesso da restauração da propriedade e espera que sua atitude sirva como exemplo. “Entendo que é preciso mostrar à sociedade que os negócios e a conservação podem andar juntos”, complementa.

Muda plantada

Cerca de 4 mil mudas foram plantadas na Fazenda Santa Bárbara apenas nos dois primeiros dias de ação. Fotos: Miriam Prochnow e Vitor L. Zanelatto. 

O Conservador das Araucárias

Lançado em abril, o Conservador das Araucárias é um projeto de restauração ambiental que traz um modelo inovador focado na recuperação de áreas rurais degradadas por meio do plantio de espécies nativas, com benefícios para as comunidades locais, fauna e flora da Mata Atlântica e sequestro de carbono.

Desenvolvido em parceria com a Tetra Pak, líder mundial em soluções para processamento e envase de alimentos, o projeto tem a ambição de restaurar pelo menos 7 mil hectares da Mata Atlântica em um período de dez anos – o equivalente a 9.800 campos de futebol.

O Conservador das Araucárias conta com o acompanhamento da Conservation International (CI), da The Nature Conservancy Brasil (TNC) e da Klabin, fornecedora de matéria prima da Tetra Pak e parceira de longa data da Apremavi nos Programas Matas Legais e Matas Sociais.

+ Saiba mais sobre o projeto

Autora: Carolina Schäffer
Revisão: Miriam Prochnow

Observatório do Código Florestal reúne membros em evento do Código +10

Observatório do Código Florestal reúne membros em evento do Código +10

Observatório do Código Florestal reúne membros em evento do Código +10

No dia 26 de maio o Observatório do Código Florestal realizou sua Reunião Anual de Membros. O encontro aconteceu no Rio de Janeiro na ocasião do Código Florestal +10 e contou com a participação virtual e presencial da maioria das 39 organizações da sociedade civil que compõem a rede.

Entre os temas debatidos, os desafios e gargalos para implementação do Código enfrentados até o momento serviram de base para a proposição de uma agenda positiva com estratégias para o efetivo cumprimento da lei. As organizações integrantes do coletivo puderam compartilhar suas experiências e os desafios específicos de cada território para a implementação dos processos previstos na Lei. 

Carolina Schäffer, vice-presidente da Apremavi, que participou do evento, enfatizou que está mais do que na hora do Código Florestal ser implementado e que é totalmente possível isso ser feito. “A atuação em rede é fundamental para que todas as ações se concretizem”, complementa. 

Registro da Reunião Anual de Membros do OCF, realizada em maio. Foto: Arquivo OCF. 

O Código +10

O Código Florestal +10 marcou os dez anos da edição da nova Lei de proteção da vegetação nativa do Brasil, através da construção de uma agenda positiva para o efetivo cumprimento da legislação. Após o Brasil atingir números recordes de desmatamento em 2021, fica evidente a necessidade e a urgência de envolver diversos segmentos da sociedade nessa força tarefa.

Foi realizado no formato híbrido entre os dias 23 de maio até 02 de junho, com oficinas e mesas de debate online, reuniões presenciais e lançamento de materiais, entre eles a nova publicação da Apremavi – a Cartilha Planejando Propriedades e Paisagens Sustentáveis.

As sessões foram apresentadas por diferentes organizações, consideradas referências nos temas abordados. O evento também fez parte da plataforma Rio 2030, que tem como objetivo elaborar e implementar soluções referentes aos desafios da Agenda 2030.

Para rever os debates, acesse: 

Autora: Carolina Schäffer
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto

Vencedores do Prêmio Expressão de Ecologia recebem troféu Onda Verde

Vencedores do Prêmio Expressão de Ecologia recebem troféu Onda Verde

Vencedores do Prêmio Expressão de Ecologia recebem troféu Onda Verde

As ondas verdes, como são chamados os troféus do Prêmio Expressão de Ecologia, foram entregues aos vencedores da 28ª edição do prêmio, durante o Fórum de Gestão Sustentável 2022, no Costão do Santinho Resort, em Florianópolis (SC).

O evento, que aconteceu no dia 27 de maio, Dia da Mata Atlântica, teve transmissão online e contou com a participação presencial e virtual dos 20 premiados de 2022. Na oportunidade foi lançada a revista Emergência Climática e o livro Consórcio Quiriri, ambos produzidos pela Editora Expressão.

A Apremavi foi premiada com o projeto Bosques de Heidelberg, na categoria Parceria Global Pela Segurança Climática. O projeto é fruto da parceria teuto-brasileira entre a Apremavi e a ONG Bund für Umwelt und Naturschutz Deutschland – BUND, que começou em 1998, tendo as primeiras mudas plantadas em 1999.

Em mais de 20 anos de existência, o Bosques de Heidelberg já promoveu o plantio de 161.448 árvores plantadas e doadas em campanhas de educação ambiental nos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, beneficiando 123 propriedades públicas e privadas e mais de 1.800 pessoas. Além disso, desde 2008 foram sete ações “Der Regenwald kommt in die Klassenzimmer” (A Mata Atlântica vai às salas de aula), com a realização de palestras em 09 escolas da cidade de Heidelberg capacitando 3.610 alunos desde 2008.

Registros da cerimônia de entrega do 28ª Prêmio Expressão de Ecologia. Fotos: Miriam Prochnow, Editora Expressão. 

Miriam Prochnow, co-fundadora e conselheira da Apremavi, foi quem recebeu o troféu das mãos de Antônio Odilon Macedo, um dos idealizadores do prêmio e presidente do júri. Para Miriam, participar de mais essa edição do Prêmio Expressão é motivo de orgulho, especialmente por se tratar da premiação ambiental de maior longevidade ininterrupta no Brasil e também por conta da categoria no qual o projeto recebeu a premiação: “o momento em que vivemos é histórico e a construção de parcerias globais no combate às mudanças climáticas é urgente e imprescindível”, comenta Miriam.

Mario Mantovani, ambientalista reconhecido nacionalmente e também parceiro da Apremavi, foi escolhido Personalidade Ambiental do ano. Ele não pode estar presente. O catarinense Lauro Eduardo Bacca, também ambientalista histórico, foi o encarregado de receber a onda verde do Mario. Um importante reconhecimento para o trabalho de todas as organizações da sociedade civil. Miriam Prochnow foi a Personalidade Ambiental no ano de 2017, ano em que a Apremavi completou 30 anos.

Confira a cerimônia de entrega do 28º Prêmio Expressão de Ecologia:

 

Sobre o Prêmio

Reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente, o Prêmio Expressão de Ecologia é realizado anualmente pela Editora Expressão desde 1993, um ano após a Rio 92, a conferência da ONU que inaugurou uma nova era ambiental. Em sua trajetória, o Prêmio contabiliza 3.118 projetos ambientais inscritos.

Autora: Miriam Prochnow
Revisão: Carolina Schäffer 

Pata-de-vaca, pioneira da restauração

Pata-de-vaca, pioneira da restauração

Pata-de-vaca, pioneira da restauração

A Pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link) é uma árvore única em suas características, entre elas suas folhas, com formato similar aos cascos dos bovinos, justificando o nome popular da espécie. Outra particularidade está nas flores, as pétalas não são totalmente unidas, formação pouco comum dentre as angiospermas.

Entre as árvores do gênero existem por volta de 300 espécies, muitas delas semelhantes e leves variações em tamanho e cores das flores. É uma planta espinescente, seu tamanho varia entre 5 e 9 metros de altura com um tronco tortuoso. Os frutos em não são comestíveis para os humanos, embora análises bioquímicas revelaram grandes quantidades de proteínas e lipídios nas suas sementes, evidenciando potencial de auxílio na substituição da alimentação humana de proteínas animais, ou ainda ampliando nosso repertório alimentar, integrando a lista de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs).

A árvore floresce a partir do final do mês de outubro até janeiro, enquanto a maturação dos frutos ocorre nos meses de julho até agosto e suas sementes podem ser colhidas diretamente da árvore ou no chão, quando iniciarem sua abertura espontânea. Em relação à produção de mudas, é necessário colocar as sementes em substrato organo-argiloso assim que colhidas, se maduras. Necessita de meia-sombra para melhor desenvolvimento, com duas irrigações por dia e com média de 20 dias até a emergência, possuindo taxa de 30% de germinação.

A Pata-de-vaca possui distribuição desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul. Apaixona todos que possam admirá-la, por conta das suas flores vistosas, que conferem alto potencial paisagístico. É considerada pioneira e cresce rápido, então também possui um grande valor para áreas degradadas e ocorre quase sempre em formações secundárias, sendo rara a sua presença no interior de mata primária densa.

Aspectos morfológicos da Bauhinia forficata. Fotos: Rubens Teixeira de Queiroz/UFP
Pata-de-vaca

Nome científico: Bauhinia forficata Link
Família: Fabaceae
Utilização: Recomendada para o paisagismo urbano.
Flor: Branca
Fruto: Vagem deiscente, contendo cerca de 10 sementes por vagem.
Coleta de sementes: Diretamente da árvore quando começar a abertura espontânea dos frutos.
Época de coleta de sementes: Abril a julho.
Crescimento de mudas: Relativamente rápido após emergência, que demora por volta de 20 dias.
Plantio: Mata ciliar, área aberta, solo degradado.

Referências:

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1998. 6ª Edição.
PROCHNOW, Miriam (Org.). No Jardim das Florestas. Rio do Sul: APREMAVI, 2007.
NOGUEIRA, Albina CO; SABINO, Cláudia VS. Revisão do Gênero Bauhinia Abordando Aspectos científicos das espécies Bauhinia forficata Link e Bauhinia variegata L. de interesse para a indústria farmacêutica. Revista fitos, v. 7, n. 02, 2012.

Autor: João Casimiro
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto
Foto de capa: Rubens Teixeira de Queiroz/UFP

Apremavi presente em evento sobre plantas, algas e fungos na UFSC

Apremavi presente em evento sobre plantas, algas e fungos na UFSC

Apremavi presente em evento sobre plantas, algas e fungos na UFSC

Sediado no Centro de Ciências Biológicas da UFSC, o ciclo de palestras e debates reuniu docentes, pós-graduandos, alunos da graduação e comunidade durante os três dias de programação.

No dia 25 de maio de 2022, a Apremavi participou do VII Encontro de Fungos Algas e Plantas, com o tema específico de “Inovações e Impacto Social das pesquisas em Biologia de Fungos Algas e Plantas”. O evento foi realizado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com a organização dos estudantes do Programa de Pós-graduação em Fungos, Algas e Plantas e contou com diversos palestrantes dos mais diferentes setores da sociedade.

O evento concentrou palestras e mesas-redondas norteadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), mais especificamente os objetivos 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável), 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima), 14 (Vida na Água) e 15 (Vida Terrestre).

Os ODS foram criados em conformidade com a Agenda 2030 e estipulam 17 objetivos comprometidos com acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que todas as pessoas do planeta possam ter paz e prosperidade. A Apremavi está comprometida com a Agenda 2030 e os ODS e, desde 2020, analisa internamente como incluir as metas globais em seu planejamento estratégico, além de desenvolver ações, projetos e campanhas para alcançá-las.

+ Saiba mais sobre a implementação dos ODS na Apremavi

A participação no evento se deu na mesa-redonda intitulada “Vida na água e na terra”, na qual participantes dos setores governamental, da sociedade civil e da iniciativa privada apresentaram um pouco do trabalho desenvolvido em cada instituição e discutiram possibilidades de parcerias com a universidade e sobre como aproximar os diferentes setores da sociedade das pesquisas realizadas na instituição.

Gabriela Goebel apresentou o trabalho desenvolvido pela Apremavi no primeiro dia do evento. Foto: Vitor Lauro Zanelatto.

Para Gabriela Goebel, colaboradora da Apremavi que representou a instituição no evento e mestranda no Programa Pós-graduação em Fungos, Algas e Plantas (PPGFAP) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é muito importante o diálogo entre os diferentes setores da sociedade, como as universidades e o terceiro setor. “Existem projetos e iniciativas muito importantes acontecendo na Apremavi, assim como muitas pesquisas com biodiversidade e conservação na universidade. Sendo assim, para potencializar o impacto dessas iniciativas na sociedade é cada vez mais importante a parceria e cooperação entre as instituições, e a Apremavi está aberta ao diálogo e a propostas de futuras parcerias, a fim de desenvolver ações que visem solucionar os problemas ambientais atuais”, destacou a bióloga e técnica ambiental da Apremavi.

O Programa de Pós-graduação desenvolve pesquisas na área de biodiversidade, com foco em fungos, algas e plantas. Vale ressaltar que o Brasil é o país mais biodiverso do mundo, com cerca de 46.975 espécies nativas de fungos, algas e plantas, de acordo com a base de dados Flora e Funga do Brasil. Ainda em relação a esses dados, 55% das espécies de plantas terrestres são endêmicas do Brasil, ou seja, não existem em nenhum outro lugar do mundo.

A partir disso e cada vez mais, diante da emergência das mudanças climáticas, da perda de biodiversidade e destruição dos ecossistemas, torna-se urgente a união e a cooperação de diferentes setores da sociedade para construir projetos, campanhas e ações efetivas para combater os problemas citados.

+ Saiba mais sobre o Programa de Pós-graduação em Fungos, Algas e Plantas (PPGFAP) da UFSC

Importância dos fungos, algas e plantas

Muitas vezes invisíveis aos olhos humanos, os fungos possuem um importantíssimo papel ecológico nos ecossistemas. Muitas espécies atuam como decompositores da matéria orgânica, importantes por realizarem a ciclagem de nutrientes no ambiente, enquanto também há espécies que fazem associação com raízes de plantas. Essa associação é chamada de micorriza e traz benefícios para as plantas ao permitirem o aumento da absorção de água e nutrientes, assim como uma maior capacidade de sobrevivência.

Por sua vez, as algas e as plantas desempenham outro papel fundamental para a existência humana ao absorverem gás carbônico da atmosfera e liberam o oxigênio por meio da fotossíntese, essencial para a vida no planeta. Inclusive, os oceanos, por conta das algas, absorvem a maioria do carbono existente na atmosfera e abrigam uma cadeia alimentar muito complexa e interdependente.

Sendo assim, a diversidade de fungos, algas e plantas é essencial para vida no planeta e para existência humana. São inúmeras as funções que esses organismos desempenham nos ecossistemas e há muito ainda para ser descoberto. As pesquisas relacionadas à biodiversidade, realizadas majoritariamente em universidades, no caso do Brasil, possuem grande potencial para serem utilizadas no dia a dia humano, já que muitos medicamentos, alimentos e materiais são derivados desses organismos vivos.

Para os resultados de uma pesquisa serem aplicados diretamente muita pesquisa básica precisa ocorrer. Além disso, sendo o Brasil o país com a maior biodiversidade do planeta e dado o estado atual de devastação do meio ambiente, é cada vez mais urgente conhecer e conservar as mais diferentes formas de vida existentes.

Amostras de fungos coletados na Mata Atlântica pelo Laboratório de Micologia da UFSC (MICOLAB). Foto: Vitor Lauro Zanelatto.

Autora: Gabriela Goebel.
Revisão: Vitor L. Zanelatto.

Apremavi integra iniciativa do OC com plano de reconstrução ambiental do país

Apremavi integra iniciativa do OC com plano de reconstrução ambiental do país

Apremavi integra iniciativa do OC com plano de reconstrução ambiental do país

O Observatório do Clima lançou no dia 19 de maio de 2022, em Brasília, um documento com 74 medidas que o próximo presidente da República pode adotar nos primeiros dois anos do novo governo para começar a reverter o legado tóxico de Jair Bolsonaro e reconstruir a política ambiental do país.

O primeiro volume da Estratégia Brasil 2045 – Construindo uma potência ambiental, apresenta um plano de longo prazo das 73 organizações integrantes do OC, para o país sair da atual condição de pária ambiental global e usar seu capital natural para gerar emprego e renda — e, no caminho, fazer o que lhe compete para combater a emergência climática.

+ Confira o volume I da Estratégia Brasil 2045 – Construindo uma potência ambiental

O documento lista ações em oito áreas:
1. Política climática e acordos internacionais;
2. Prevenção e controle do desmatamento;
3. Bioeconomia e atividades agrossilvopastoris;
4. Justiça climática;
5. Energia;
6. Biodiversidade e áreas costeiras;
7. Indústria e gestão urbana;
8. Governança e financiamento da política ambiental nacional. Para cada uma delas há ações consideradas prioritárias para o primeiro ciclo do novo governo (2023–2024) e, entre estas, um subconjunto de propostas urgentes a serem adotadas já nos primeiros cem dias de gestão.

Registro do evento de lançamento da Estratégia Brasil 2045. Fotos: Miriam Prochnow.

A Apremavi participou do processo de construção do documento e também do evento de lançamento, tendo a oportunidade de falar sobre o tema Biodiversidade e Áreas Costeiras. Miriam Prochnow, fundadora e conselheira da Apremavi, falou sobre a importância da iniciativa, salientando que todas as propostas não só são perfeitamente implantáveis, como na verdade urgentes.

Ressaltou que: “falando em biodiversidade precisamos lembrar com ênfase, que a nossa resiliência, o nosso poder de ultrapassar as crises, reside na conservação e restauração da natureza. São as Soluções Baseadas na Natureza (SBN) que irão permitir a nossa resistência. Tudo isso também exige uma boa dose de ativismo e de comprometimento de todos os setores da sociedade”. Miriam chegou a propor a necessidade de uma moratória para o desmatamento e conversão de áreas naturais, um basta à destruição, para que haja tempo hábil para agir.

assista a íntegra do evento: 

 

Autora: Miriam Prochnow
Revisão: Carolina Schäffer

Apremavi lança cartilha sobre planejamento de propriedades em evento do Código+10

Apremavi lança cartilha sobre planejamento de propriedades em evento do Código+10

Apremavi lança cartilha sobre planejamento de propriedades em evento do Código+10

Evento integra o Código +10, que aborda a primeira década do novo Código Florestal no Brasil, desafios para a implementação da legislação e soluções possíveis. 

A garantia de um futuro sustentável depende do enfrentamento urgente de alguns desafios ambientais: a perda da biodiversidade, a escassez e diminuição da qualidade da água e as consequências das mudanças climáticas. Olhar esses desafios no âmbito da paisagem é fundamental.

O manual Planejando Propriedades e Paisagens Sustentáveis, lançado hoje, dia 24 de maio, é uma ferramenta de conscientização e formação, para construção desse futuro. Traz informações sobre a Mata Atlântica e sua importância, trata da adequação ambiental de propriedades rurais, especialmente no âmbito do Novo Código Florestal e da Lei da Mata Atlântica e apresenta diversas soluções baseadas na natureza, para serem implementadas nos diversos territórios.

A publicação é uma realização da Apremavi, com apoio da Iniciativa Internacional Clima e Floresta da Noruega (NICFI), num consórcio de organizações não governamentais liderado pelo Observatório do Código Florestal (OCF).

O lançamento

Hoje, dia 24 de maio, das 14h às 15h30, Miriam Prochnow, fundadora e conselheira da Apremavi, participa de um evento virtual para lançamento de instrumentos que promovem a implementação do Código Florestal.

Ao lado de Roberta del Giudice, Secretária Executiva do OCF, de Lícia Azevedo, Especialista em Políticas Florestais da TNC, e de Flávia Ribeiro, Gerente de Comunicação da BVRio, Miriam apresenta as informações sobre a nova publicação da Apremavi. Na ocasião também serão publicizados a Nota Técnica Código Florestal com uma visão geral dos caminhos necessários para avançarmos com o Código Florestal, e uma coleção web que traz exemplos de boas práticas do cumprimento do Código Florestal, que vêm abrindo caminho para a efetivação da lei.

Miriam acredita que é necessário buscar a integração de todas as iniciativas sustentáveis existentes. “Precisamos integrar as soluções baseadas na natureza, que tem a ver com o redesenho e o planejamento das paisagens. Pensar o território com olhar de drone e visão de libélula: do alto, com a complexidade exigida e onde cabem todos os atores e setores existentes naquele território, mas cabe também a natureza”, complementa.

O Código +10

O Código Florestal +10 é um evento que busca marcar os dez anos da edição da nova Lei de proteção da vegetação nativa do Brasil, através da construção de uma agenda positiva para o efetivo cumprimento da legislação. Após o Brasil atingir números recordes de desmatamento em 2021, fica evidente a necessidade e a urgência de envolver diversos segmentos da sociedade nessa força tarefa.

Será realizado no formato híbrido entre os dias 23 de maio até 02 de junho, com oficinas e mesas de debate online e reuniões presenciais. As sessões serão apresentadas por diferentes organizações, consideradas referências nos temas abordados. O evento também faz parte da plataforma Rio2030, que tem como objetivo elaborar e implementar soluções referentes aos desafios da Agenda 2030.

A iniciativa é uma realização do Observatório do Código Florestal (OCF), rede de 39 organizações da sociedade civil, entre elas a Apremavi, que atuam com o propósito de articular pessoas, na implementação do Código Florestal, para gerar um impacto socioambiental positivo. Além disso, diversos parceiros, cruciais na implementação da Lei, também estão ativamente envolvidos nesta ação.

 

O Código Florestal como solução para crise

No dia 31 de maio, das 16h às 17h30, Wigold B. Schaffer, fundador e conselheiro da Apremavi se junta à Rafael Loyola, diretor executivo do Instituto Internacional para Sustentabilidade, Aliny Pires, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, e Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília, numa mesa de debate sobre o papel do Código Florestal como solução efetiva para a crise climática, para conter a perda e promover a recuperação da biodiversidade e para prevenir desastres naturais em zonas urbanas.

A proposta também será discutir a proeminência de soluções baseadas na natureza para adaptação climática, segurança hídrica e urbana.

Autora: Carolina Schäffer
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto

Projeto +Floresta é apresentado aos parceiros

Projeto +Floresta é apresentado aos parceiros

Projeto +Floresta é apresentado aos parceiros

Em destaque nos projetos da Apremavi, a Floresta com Araucárias é o foco de mais uma iniciativa liderada pela Instituição.

O Projeto +Floresta foi lançado para contribuir com a restauração da vegetação nativa na Floresta Ombrófila Mista, no Oeste do Estado de Santa Catarina, com o incremento das populações de Araucária, Imbuia, Canela-preta e Xaxim – espécies vegetais ameaçadas de extinção com histórico de intensa exploração no Estado.

Com o financiamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e aprovado por meio do chamamento público IBAMA nº 02/2018 (Restauração de populações da flora ameaçadas de extinção do bioma Mata Atlântica no Estado de Santa Catarina), o projeto será implantado no período de 2022 a 2030 e prevê a restauração de cerca de 260 hectares de áreas degradadas localizadas em reservas legais de sete projetos de assentamentos da reforma agrária e uma terra indígena em Abelardo Luz.

As ações previstas no Projeto +Floresta buscam o enriquecimento, expansão e conexão de fragmentos existentes ou a formação de novas florestas, contribuindo para melhorar a conectividade na paisagem, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, favorecer a manutenção da biodiversidade, proteger o solo e os recursos hídricos e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Como pontapé inicial das atividades do projeto +Floresta, a equipe da Apremavi mobilizou reuniões com lideranças locais em abril para apresentar o projeto e consolidar parcerias para a execução dos trabalhos, além de reafirmar a sinergia com as instituições já parceiras no projeto na região Oeste de Santa Catarina.

Reunião de apresentação do +Floresta realizada em Abelardo Luz. Foto: Edilaine Dick.

Articulação das Parcerias

No último dia 19 de abril a coordenadora do projeto Edilaine Dick, o co-fundador da Apremavi Wigold Schäffer e a técnica ambiental Marluci Pozzan se reuniram na Câmara de Vereadores de Abelardo Luz com a diretoria do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e posteriormente com outras lideranças atuantes nos assentamentos para articular os primeiros passos do projeto.

Para Álvaro Santin, morador do assentamento Dom José Gomes e participante da direção do MST, o projeto é parte da solução para os grandes desafios da atualidade: “Se nós de fato queremos viver com ambiente mais propício, nós vamos ter que tomar grandes medidas enquanto humanidade. Já lançamos há algum tempo o plano nacional ‘Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis’ que tem a ver com a conservação do ambiente, mas também com a produção de alimentos”.

Álvaro encara o +Floresta como uma oportunidade: “Então nesse conjunto, projetos como esse que vai se desenvolver com a Apremavi aqui nos assentamentos da região de Abelardo Luz, nesse projeto do IBAMA, ele tem um significado importante para a gente ir além de conservar. Também é a expectativa que a gente fortaleça a cultura de plantio de árvores, de cuidado, e também da geração de renda e da produção de alimentos saudáveis”.

O plano nacional do MST tem objetivo de realizar a recuperação de áreas degradadas por meio da implementação de agroflorestas e quintais produtivos. Em nível nacional, a meta do movimento é o plantio de 10 milhões de árvores e em Santa Catarina 4 milhões nos próximos 10 anos.

Além do encontro com o MST, outras reuniões com parceiros também foram realizadas. No dia 18 de abril a equipe se reuniu em Chapecó com o IBAMA, com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Já no dia 20 de abril, foi realizada uma visita em São Domingos ao Grimpeiro, parceiro do projeto e gestor do Viveiro de Mudas Nativas Ricardo Cunha Canci.

O Projeto +Floresta é financiado pelo IBAMA através do através do Acordo de Cooperação Técnica Nº 34/2021 e supervisionada pelo Ministério Público Federal de Santa Catarina, Instituto Socioambiental (ISA) e Justiça Federal de Santa Catarina, na forma da ação n° 5001458- 53.2017.4.04.7200/SC.

Autores: Marluci Pozzan e Edilaine Dick
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto

Publicação científica lança dados do Restaura Alto Vale

Publicação científica lança dados do Restaura Alto Vale

Publicação científica lança dados do Restaura Alto Vale

Restaura Alto Vale inspira publicação de periódico científico com apresentação dos principais resultados do projeto; Revista da Biodiversidade é lançada em parceria com a Unidavi, a Associação Ambientalista Pimentão e o Ministério Público de Santa Catarina.

Impressa em abril de 2022, segunda edição da Revista Biodiversidade, uma publicação periódica da Editora Unidavi para apresentação dos trabalhos científicos do Alto Vale do Itajaí, divulga dados do Projeto Restaura Alto Vale.

Organizada pela Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), pela Associação Ambientalista Pimentão, pelo Ministério Público de Santa Catarina e pela Unidavi, o volume especial apresenta em três capítulos o detalhamento, principais resultados obtidos nas atividades desenvolvidas e no monitoramento das áreas em restauração apoiadas pelo projeto. Além da restauração e monitoramento das áreas, o projeto realizou o estudo da composição florística e fitossociologia da vegetação ciliar na bacia do Alto Vale do Itajaí.

Para Robson Carlos Avi, Botânico e parceiro pesquisador do projeto, os resultados do Restaura Alto Vale apresentados na revista permitem à comunidade ter acesso às informações primordiais da vegetação da região, dando suporte a outros projetos de restauração que venham a ser realizados. “A revista é uma forma de tornar acessível esses dados e serve como apoio à educação ambiental visto que será amplamente divulgada nas escolas da região do AVI, universidades e diferentes meios de comunicação”, complementa Robson.

Conquistas do Restaura Alto Vale

Executado entre 2018 e 2022, com patrocínio do BNDES, o projeto restaurou 320 hectares de áreas degradadas, doou mais de 450 mil mudas de árvores nativas e orientou 725 propriedades, envolvendo cerca de 1000 proprietários rurais de 34 municípios de Santa Catarina para a adequação ambiental.

Maíra Ratuchinski, que atuou diretamente em campo realizando mobilização e contato com os agricultores durante todo projeto, comenta que o “Restaura Alto Vale foi uma grande oportunidade para pequenas propriedades rurais se adequarem à legislação ambiental e contribuírem de forma significativa não somente para a conservação e preservação dos recursos hídricos nas propriedades, mas também da região”.

Ela destaca ainda que aprendeu muito com o projeto, fez inúmeras amizades e sempre foi muito bem recebida pelos proprietários: “foi gratificante retornar às propriedades para realizar a monitoria e perceber o sucesso da restauração assim como a satisfação dos agricultores em terem participado do projeto”.

Estes resultados ilustram o potencial de mudanças sistêmicas que a escala da restauração pode promover, abrem portas para que novos projetos sejam desenvolvidos nessas regiões e criam novos paradigmas para a discussão e promoção de ações em rede para a restauração florestal e adequação ambiental da propriedade rural.

A importância do Monitoramento da Restauração

A elaboração de um protocolo adaptado à especificidade do projeto e a clareza dos indicadores a serem utilizados no monitoramento das áreas restauradas foi essencial para a avaliação dos resultados obtidos nas fases iniciais de implantação do projeto, permitindo avaliar resultados e indicar as necessidades de intervenção nas áreas a fim de promover as correções necessárias para o sucesso da restauração.

Monitoramento de área em restauração. Foto: Arquivo Apremavi.
Levantamento Florístico-Fitossociológico

A análise do componente arbustivo-arbóreo da vegetação ciliar em diferentes municípios do Alto Vale do Itajaí indica que as famílias com maior riqueza de espécies são Myrtaceae (122 espécies), Fabaceae (44 espécies), seguida de Lauraceae (32 espécies) e Rubiaceae (19 espécies).

Outros dois indicadores relevantes foram que as áreas com menor intervenção apresentaram maior diversidade de espécies; e, que a falta de registros de espécies madeiráveis, citada com frequência em estudos anteriores, apresenta dados alarmantes sobre a extinção e ausência de regeneração natural dessas espécies. Tais resultados corroboram ainda mais para a importância da conservação, da restauração e do enriquecimento de florestas secundárias, principal trabalho desenvolvido pela Apremavi.

Destaque: espécies mais presentes e frequentes na vegetação ciliar monitorada.  Galeria: Registros de flores e frutos identificados durante as atividades de monitoramento.
Fotos: Robson Carlos Avi
Entrega às escolas

No último dia 25 de maio, colaboradores da Apremavi, Unidavi e BNDES estiveram na Escola de Educação Básica “Tereza Cristina”, em Laurentino, para a entrega de exemplares da Revista Biodiversidade. O momento representou a distribuição do periódico para todas as escolas do Alto Vale do Itajaí que tenham turmas de séries finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. 

“A biodiversidade do Alto Vale precisa ser estudada,  e esse será um recurso importante para nós. Vamos disponibilizar para os professores de ciências e biologia, para que o material seja utilizado na rotina de sala de aula”, destacou Zuleide Andreia Frena da Costa, diretora da E. E. B. “Tereza Cristina”.

Confira mais sobre a entrega na cobertura realizada pela Unidavi:

A Revista Biodiversidade

A Revista Biodiversidade é uma publicação periódica dos trabalhos científicos desenvolvidos no Alto Vale do Itajaí. A Associação Ambientalista Pimentão e a Unidavi, através do Horto Florestal, se uniram para divulgar os resultados das pesquisas da fauna e da flora da região. O projeto biodiversidade conta com o apoio do Ministério Público do Alto Vale do Itajaí, e tem como objetivo promover a divulgação do conhecimento nos vinte e oito municípios.

+ Confira a íntegra do Volume 2 da Revista da Biodiversidade.

Autora: Carolina Schäffer
Revisão: Vitor L. Zanelatto.

Viveiro Jardim das Florestas no Podcast Voz do Matas

Viveiro Jardim das Florestas no Podcast Voz do Matas

Viveiro Jardim das Florestas no Podcast Voz do Matas

Produzido pela Klabin, o podcast é utilizado como plataforma para apresentar conceitos, ações e dados estratégicos para os participantes das atividades de planejamento de propriedades rurais.

O Episódio 84 do ‘Voz do Matas’ apresentou algumas atividades realizadas no viveiro da Apremavi para garantir a entrega de mudas fortes, sadias e com diversidade e espécies nos plantios viabilizados através do Programa Matas Sociais e em outras iniciativas onde a produção é destinada.

Leandro Casanova, que é assessor florestal da Apremavi, compartilhou orientações sobre o plantio correto e cuidados após colocar a muda no berço, para garantir o sucesso da restauração. Uma das principais diferenças das mudas produzidas pela Apremavi é a aplicação da tecnologia Ellepot no processo produtivo, aplicando uma embalagem biodegradável nas mudas, que reduz o impacto ambiental e protege as raízes de impactos significativos na etapa de plantio.

Confira o Podcast:

O Programa Matas Sociais

O Programa Matas Sociais – Planejando Propriedades Sustentáveis, é resultado de uma parceria entre a Klabin, a Apremavi, o SEBRAE, e as prefeituras dos municípios da região de atuação do projeto, entre eles Sapopema (PR). Além da recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal e da conservação de remanescentes florestais, a iniciativa busca conciliar beleza e qualidade de vida com produtividade e rentabilidade, através da agricultura familiar, desenvolvimento da cadeia de produção e fortalecimento do empreendedorismo local.

+ Saiba mais sobre o programa

 

Autor: Vitor L. Zanelatto.

Partidos movem ação contra o PL danoso às APPs urbanas

Partidos movem ação contra o PL danoso às APPs urbanas

Partidos movem ação contra o PL danoso às APPs urbanas

Ação tramita no STF e objetiva a suspensão imediata da Lei 14.285/2021, enquanto se julga a ação de Inconstitucionalidade.

Partidos políticos ingressaram junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 18 de abril com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, visando o reconhecimento dos vícios presentes na nova lei federal que dispõe sobre Áreas de Preservação Permanente (APPs) em áreas urbanas.

Com texto firmado sem o devido debate com a sociedade civil e mesmo após a divulgação de análises técnicas apresentando as inconformidades com outros diplomas legais vigentes na esfera federal, a Lei 14.285/2021 foi sancionada em 29 de dezembro do ano passado, após aprovação no Congresso liderada pela Bancada Ruralista.

As APPs são associadas ao conceito de risco, porque protegem os cursos d’água de assoreamento, atenuam os efeitos das enchentes e evitam erosão e deslizamentos em encostas, além de promover um regramento basilar sobre a ocupação do solo em áreas urbanas. Com as mudanças climáticas, eventos cada vez mais frequentes e intensos causam prejuízos e mortes, como aconteceu recentemente em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Em entrevista para a Agência Pública, o co-fundador da Apremavi Wigold Schäffer, afirmou acreditar que a Lei 14.285/21 abrirá “novos espaços para a especulação imobiliária, o que vai gerar muito desmatamento”. Ele teme que tragédias como as da região serrana do Rio de Janeiro voltem a se repetir. “Entre os muitos efeitos colaterais, vejo mais enchentes, inclusive em lugares onde antes não ocorriam, pelo estrangulamento que as novas ocupações vão provocar nos leitos dos rios”, explica.

Em debate promovido pelo Senado Federal, especialistas em políticas públicas socioambientais e do Direito destacaram as incoerências do então Projeto de Lei 14.285/2021.

Na prática, a lei permite aos municípios reduzirem as Áreas de Preservação Permanente hídricas em áreas urbanas. As faixas ao longo dos cursos d’água, definidas no Código Florestal, podem agora ter limites alterados na esfera municipal, promovendo insegurança sobre a manutenção das APPs protegidas existentes, além de uma série de conflitos jurídicos com outros regramentos, como a ‘Lei da Mata Atlântica’ (Lei 11.428/2006).

Subscrevem a ADI a Rede Sustentabilidade (REDE), o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Socialismo e Liberdades (PSOL).

+ Confira o texto da Ação Direta de Inconstitucionalidade.

 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão:  Carolina Schäffer

Dia da Terra e a urgência por ações concretas

Dia da Terra e a urgência por ações concretas

Dia da Terra e a urgência por ações concretas

A data ganhou peso internacional na década de 1990, e desde então é utilizada para destacar os desafios socioambientais que o Planeta enfrenta e as demandas por ações concretas em todos os dias do ano.

Há muito, datas como este 22 de abril devem ser encaradas como momentos para além da conscientização sobre ações para a preservação do meio ambiente. São tempos de ativismo, de reivindicar posicionamento e, principalmente, mudanças concretas para a mitigação das crises que se aprofundam em nosso tempo.

Neste ano, o debate deve considerar as novas conclusões do novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em março deste ano. O documento apresenta as contribuições do Grupo de Trabalho 3 do painel do clima, que trata da mitigação da crise climática. Mais de 8.000 publicações científicas foram revisadas nesta etapa.

Entre as conclusões, fica clara a insuficiência das medidas adaptativas promovidas até o presente. As políticas públicas de clima adotadas no mundo até 2020 levarão a Terra a um aquecimento de 3,2ºC, mais do que o dobro do limite do Acordo de Paris. Outro destaque é o potencial de mudança do uso da terra (restauração ecológica) para neutralizar os impactos dos gases de efeito estufa: até 14 bilhões de toneladas por ano até 2050 a custos de US$ 100 ou menos por tonelada.

Em rede, e com ajuda dos inúmeros parceiros, estamos promovendo ações para observar e cuidar da Terra e das formas de vida que deveriam coexistir em harmonia. Confira:

Projeto da Apremavi é destaque em publicação sobre restauração

Lançado na última semana, o mais novo volume dos Cadernos do Diálogo, publicação do Diálogo Florestal, trouxe à luz o tema da restauração no contexto da Década das Nações Unidas para Restauração de Ecossistemas 2021–2030. A publicação “Desafios para Ganhar Escala na Restauração e o Papel da Sociedade Civil”, que analisa a importância do viés social da restauração, é considerada uma ferramenta de trabalho alinhada aos compromissos assumidos pelos Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2019, quando criada a Década da Restauração.

De acordo com a secretária executiva do Diálogo Florestal, Fernanda Rodrigues, o objetivo com o lançamento do caderno é mobilizar esforços de cooperação e ampliar as ações para recuperar serviços ecossistêmicos nos diversos biomas do país. O caderno apresenta a importância da construção de um novo pacto social para além de plantar árvores, considerando gênero, respeito à diversidade e proteção dos recursos naturais no contexto da emergência climática e das perdas de ecossistemas. Somado a isso, a necessidade de olhar para a soluções baseadas na natureza, a escuta ativa, a dignidade humana e os direitos dos povos tradicionais e indígenas.

O Restaura Alto Vale foi selecionado para a publicação na categoria ‘Pequenas Áreas, Grandes Impactos’. Desenvolvido em duas regiões do Estado de Santa Catarina, o projeto teve como objetivo principal a restauração de 320 ha de APPs degradadas, atuando maioritariamente em pequenas propriedades rurais. Confira algumas conquistas do Projeto:

・733 propriedades da agricultura familiar beneficiadas;
・Aproximadamente 1040 proprietárias(os) envolvidas(os) nas atividades;
・320,87 hectares restaurados através do projeto;
・Mais de 450.000 mudas produzidas e entregues para a restauração;
・Reconhecimento através dos Prêmios Expressão de Ecologia e Fritz Müller (2020).

Edilaine Dick, que atuou como coordenadora do Restaura Alto Vale, destaca a importância de atuar junto aos territórios da agricultura familiar: “É uma honra para a Apremavi ser reconhecida como um Caso de Sucesso e dividir essa premiação com outras iniciativas inovadoras Brasil afora. O projeto é um exemplo de que pequenas áreas e iniciativas podem se somar e dar escala para a restauração, bem como unir pessoas e parceiros em busca de um objetivo comum”. 

O Restaura Alto Vale foi concluído em março deste ano. Edilaine salienta que isso não significa o fim das parcerias ou interrupção dos trabalhos na agenda da restauração: “As atividades não vão parar e a Apremavi continuará promovendo, cada vez mais intensamente, a restauração através de outros projetos”.

Registro de atividades realizadas no âmbito do projeto Restaura Alto Vale. Fotos: Arquivo Apremavi.

Conservador das Araucárias lança vídeo institucional

A ambiciosa parceria entre a Tetra Pak, líder mundial de produção de embalagens longa vida, e a Apremavi, apresentou nesta semana um filmete com alguns dos resultados previstos para os próximos dez anos e detalhes sobre as metodologias e atividades previstas para restaurar sete mil hectares nos estados de Santa Catarina e no Paraná.

Em entrevista recente para o jornal Valor Econômico Marco Dorna, presidente da Tetra Pak no Brasil, comenta que o projeto promoverá benefícios para todos os envolvidos, e vai muito além de uma estratégia para a neutralização de emissões da companhia: “A intenção é desenvolver um modelo que junte a restauração ambiental ao pagamento de serviços ambientais por créditos de carbono e biodiversidade a proprietários rurais”. 

Já Miriam Prochnow, co-fundadora da Apremavi, destaca a valorização da biodiversidade da área onde o trabalho irá acontecer: “O território que estamos chamando de ‘Conservador das Araucárias’ é o espaço onde faremos o estudo completo de uso do solo, remanescentes de florestas, populações que vivem ali”.

Matas Legais e Sociais SC amplia área de atuação

O projeto da Apremavi em parceria com a Klabin para o planejamento ambiental e recuperação de áreas degradadas em Santa Catarina vai incluir em seu território de atuação dois municípios do Planalto Catarinense. A partir de agora, propriedades rurais de Palmeira e de Ponte Alta poderão contar com a Apremavi para, entre outras atividades, realizar:

・A diversificação das atividades produtivas a partir de orientações da equipe;
・O desenvolvimento de estratégias para a conservação da biodiversidade;
・A proteção de nascentes que existem na propriedade através de plantios;
・O intercâmbio de conhecimentos sobre a produção orgânica de alimentos;
・A adequação da propriedade à legislação ambiental.

Registros de atividades desenvolvidas pelo projeto Matas Legais. Fotos: Arquivo Apremavi.

+ Confira mais detalhes sobre o Matas Legais

Autor: Vitor L. Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer

Com paisagismo realizado pela Apremavi, quartel dos bombeiros de Trombudo Central é inaugurado

Com paisagismo realizado pela Apremavi, quartel dos bombeiros de Trombudo Central é inaugurado

Com paisagismo realizado pela Apremavi, quartel dos bombeiros de Trombudo Central é inaugurado

A Apremavi esteve presente na inauguração do novo Quartel do Corpo de Bombeiros Militar de Trombudo Central, realizada no último dia 07 de abril.

Com uma área construída de 791 metros quadrados, a edificação servirá de base para atendimentos de urgência para além do município sede, incluindo Atalanta, onde foram produzidas mudas de árvores a arbustos plantadas no terreno do quartel.

Essas mudas, que germinaram e cresceram no Viveiro Jardim das Florestas, materializaram o projeto de paisagismo elaborado e executado pela Apremavi. Os trabalhos foram liderados por Taís Fontanive e Edegold Schäffer em setembro de 2021. Cerca de 200 mudas doadas pela Apremavi foram plantadas durante a Semana da Árvore de 2021. Agora, apenas alguns meses após a ação, flores e folhas exuberantes de espécies da Mata Atlântica se destacaram no evento de inauguração.

O evento contou com a presença de várias autoridades militares e políticas do estado de Santa Catarina. Edegold, colaborador da Apremavi, recebeu do governador Carlos Moisés uma placa registrando o agradecimento ao apoio  aos trabalhos de preparação e paisagismo da nova sede dos bombeiros.

Registros da cerimônia de Inauguração do novo quartel dos bombeiros.
Fotos: Julio Cavalheiro – Secom  SC e Arquivo Apremavi.

Autores: Taís Fontanive e Vitor L. Zanelatto
Foto de capa: Julio Cavalheiro/Secom SC

Apremavi reativa programa de visitas para centros de ensino

Apremavi reativa programa de visitas para centros de ensino

Apremavi reativa programa de visitas para centros de ensino

Após interrupção por causa da pandemia, as visitas na sede da Apremavi voltaram a ocorrer. Escolas, universidades e outros grupos que buscam conhecer as atividades da instituição e os processos para a produção de mudas nativas serão recebidos de forma gradual, a partir de agendamento.

Expressões de curiosidade e animação ao descer do ônibus, que havia partido pouco mais de uma hora atrás de Taió, cidade próxima no Alto Vale do Itajaí, e o desejo por aproveitar cada momento da visita e explorar o local também estava evidente… Assim começou a visita do primeiro grupo escolar na Apremavi após a pandemia.

O principal objetivo dos professores e estudantes ao partirem da Escola de Educação Fundamental Prefeita Erna Heidrich era compreender com maior profundidade, e através de experiências práticas, a importância das florestas, além de conhecer os processos para a produção de mudas no Viveiro Jardim das Florestas.

Palestra sobre os projetos e atuação da Apremavi. Foto: Arquivo Apremavi.

Logo após a chegada, ocorreu a recepção no Centro Ambiental. Nesse momento os guias compartilharam o histórico de atuação da Apremavi e puderam entender melhor as expectativas do grupo para o dia escolar atípico. Também foram apresentados os livros, vídeos e outras publicações que estão disponíveis nesta página para quem deseja aprender mais sobre a Mata Atlântica e a agenda da restauração.

O grupo aproveitou para solucionar dúvidas sobre o cuidado com as mudinhas junto aos viveiristas. Em parte a curiosidade foi motivada por um projeto que a escola está desenvolvendo: algumas das mudinhas que os estudantes viram durante o passeio entre a estufa de mudas e os canteiros serão plantadas na escola pela comunidade nos próximos meses.

Além de conhecer de perto o Centro Ambiental e o Viveiro Jardim das Florestas, o grupo visitou duas Unidades de Conservação de Atalanta: o Parque Natural Municipal Mata Atlântica e a RPPN Serra do Pitoco. Ficaram impressionados com as cachoeiras que avistaram durante o trajeto e também com o histórico de recuperação da área do Parque Mata Atlântica, que teve várias áreas degradadas recuperadas pela Apremavi desde o ano 2000.

Os estudantes conheceram as paisagens do Parque Mata Atlântica, UC pública de Atalanta. Foto: Arquivo Apremavi.

Para participar do Programa de Visitas ofertado pela Apremavi para o Centro Ambiental e Viveiro Jardim das Florestas, RPPN Serra do Pitoco e Parque Natural Municipal da Mata Atlântica, uma solicitação de agendamento deve ser realizada. Famílias (até 5 pessoas) e indivíduos não precisam agendar visitas.

+ Agende a visita do seu grupo

Autores: Taís Fontanive e  Vitor L. Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer

Fritz Müller, o Príncipe dos Observadores

Fritz Müller, o Príncipe dos Observadores

Fritz Müller, o Príncipe dos Observadores

2022 será sua oportunidade para conhecer a vida de Fritz Müller, chamado por Darwin de Príncipe dos Observadores e que deixou um legado impressionante para a ciência.

Em 2022 comemoramos o bicentenário do nascimento de Johann Friedrich Theodor Müller, mais conhecido como Fritz Müller. Naturalista teuto-brasileiro, nascido em 31 de março de 1822, que também foi botânico e professor de matemática e ciências naturais. Foi o primeiro cientista a apresentar modelos matemáticos para elucidar a seleção natural e fornecer provas contundentes da mesma.

Sua obra contribuiu para fundamentar e enriquecer a teoria da evolução das espécies por seleção natural de Darwin, tendo sido reconhecido mundialmente pela publicação Für Darwin, no ano de 1864, cinco anos após Darwin publicar a A Origem das Espécies.

Edição da tirinha Armandinho em homenagem ao bicentenário de Fritz Müller. Autor: Alexandre Beck

A intensidade da colaboração pode ser medida pelas 19 citações a pesquisas de Fritz na sexta edição de A Origem das Espécies. Também pela opinião de Francis Darwin, que começou o trabalho de organizar a correspondência do pai. Em 1887, ele escreveu: “Minha impressão é que, entre todos os amigos que nunca viu pessoalmente, Fritz Müller era aquele por quem tinha a maior consideração”. É famoso o tratamento de “Príncipe dos Observadores” que Darwin dispensou a Fritz numa carta a um amigo em comum, em 1880.

Fritz Müller morou e desenvolveu suas pesquisas de botânica e zoologia na Colônia Blumenau (atual Blumenau/SC) desde 1852 e em Desterro (Florianópolis/SC), tendo percorrido muitos caminhos por Santa Catarina. Faleceu em 21 de maio de 1897, aos 75 anos, na casa de sua filha Johanna, em Blumenau.

Fritz em 1891. Foto: Arquivo Histórico de Blumenau

Um dos maiores entusiastas da vida e obra de Fritz Müller é o também naturalista e ambientalista Lauro Eduardo Bacca, que usou os estudos de Fritz como parte dos seus ensinamentos aos seus alunos. Hoje, Bacca encontra-se empenhado em descobrir e percorrer os caminhos que o cientista trilhou durante sua vida. Em breve o professor Bacca estará num evento da Apremavi, contando as histórias dessa aventura.

+ Acompanhe a entrevista do professor Bacca para o OJC

Fritz Müller pode fazer parte da sua vida de várias formas, seja através do estudo da sua obra ou nos lugares por onde passou. Carolina Viviane Nunes, nos traz um relato emocionante e pé no chão de sua experiência:

“Eu tinha onze anos quando conheci Fritz Müller, meu primeiro herói – essa é a frase de abertura do texto que o Viegas Fernandes da Costa me enviou essa semana. Eu costumava dizer que era entusiasta ou admiradora do Fritz, mas o Viegas, poeta, encontrou uma palavra muito mais precisa e significativa. Nas memórias dele, ficaram as poesias que ele teve contato no Arquivo Histórico; nas minhas, ficaram as gavetas cheias de borboletas, que eu abria e fechava sem parar no museu. Fritz andava descalço, e talvez seja por isso que eu sempre me identifiquei com ele. E as trilhas: em 1868, ele fez uma longa excursão botânica a pé, saindo de Blumenau e chegando até o Morro da Boa Vista, onde hoje é Rancho Queimado. Uma viagem de vários dias, por caminhos bem mais cansativos e desconfortáveis do que hoje em dia”.

Carolina também relata como foi receber Lauro e Êdela Bacca em Rancho Queimado, que estão dedicados em compreender e documentar as experiências e produções de de Fritz Müller em Santa Catarina: “Bacca veio munido do relato da excursão, escrito por Fritz naquela época. O objetivo era descobrir as localidades e refazer possíveis trajetos. A descrição do Fritz é bastante precisa, embora sucinta. Ele fala da localidade Morro Chato e da sua passagem pelo Caminho dos Tropeiros, antiga rota que ligava Lages ao litoral. Péra lá! – disse o Walter enquanto líamos o relato atentamente. Então ele passou por aqui! – completou. E assim, descobrimos que Fritz (quase certamente) passou a pé e descalço pelo sítio onde moramos. Feliz aniversário de 200 anos, Fritz!”

Destaque: Bacca e Carolina, em Rancho Queimado (SC). Galeria: registros das paisagens em que Fritz esteve e da região onde residiu em Blumenau. Fotos: Lauro Bacca; Luiz C. de Souza/NSC TV

Caminhos do Fritz 

Em 1876, durante uma expedição, Fritz esteve no Alto Vale. Registrou em suas anotações a passagem por Rio do Sul e de lá perseguiu o curso do Rio Taió. Depois de atravessar planícies úmidas, agora ocupadas por lavouras de arroz, descobrimos a entrada da trilha em Mirim Doce que, segundo moradores locais, continuou sendo usada por tropeiros durante décadas.

Dali em diante a floresta tomou conta do caminho. Para prosseguir, só com a habilidade de um Fritz Müller: “Lá em cima é um mundo muito diferente, bem mais fresco e seco. Mas a alegria é grande quando se retorna são e salvo para casa, podendo comer em uma mesa e dormir em uma cama”, comemorou.

Mapa com alguns dos caminhos percorridos pelo naturalista em SC. Elaboração: NSC TV. 

+ Confira a página Caminhos de Fritz Müller 

Celebrações em 2022

Para homenagear o nosso cientista e divulgar sua obra, o Grupo Desterro Fritz Müller – Charles Darwin 200 anos, tem trabalhado desde 2020 com uma intensa programação, que inclui eventos on-line, divulgação de conteúdo em sites e mídias sociais, preparação de publicações e exposições. Foram elaborados dois ebooks sobre os trabalhos desenvolvidos e sobre a vida e obra de Fritz Müller. O coordenador do grupo, Marcondes Marchetti, explica esse trabalho. Confira os detalhes da iniciativa no podcast:

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em parceria com o Grupo Desterro Fritz Müller – Charles Darwin 200 anos, leva ao Congresso Nacional, em Brasília(DF), a exposição “Fritz Müller 200 anos”. A mostra ficará em exibição de 4 de abril a 2 de maio no Espaço Cultural Ivandro Cunha Lima, localizado no corredor do Anexo I do Congresso Nacional.

Mário Steindel, professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), afirma que a mostra é uma ótima oportunidade para conhecer esse grande naturalista teuto-brasileiro. “Ele fez contribuições importantes para comprovar a teoria de Darwin. Foi um dos primeiros apoiadores explícitos da Teoria da Evolução, prestando inúmeras evidências observacionais e experimentais no campo da zoologia e da botânica em favor da nova Teoria””, comenta Steindel, que também é coordenador científico do Grupo Desterro Fritz Müller – Charles Darwin 200 anos.

Corredor do Anexo I do Congresso Nacional. Foto: Divulgação

2022 é o ano para conhecer de perto e valorizar a obra desse naturalista que é um dos nossos maiores patrimônios históricos e culturais, símbolo de amor à natureza e às terras brasileiras.

“Nós falamos muito de Fritz Müller, nominamos ruas, temos escolas, museus, edifícios, mas lembramos dele como monumento. Um centro de pesquisa é o que nós precisamos, valorizá-lo cientificamente”
Sueli Petry, — diretora do Arquivo Histórico de Blumenau.

“O Fritz Müller é a nossa joia, o cidadão mais ilustre e mais importante que já viveu aqui nesse Vale”
Cezar Zillig, médico e escritor.

“O que Fritz fez foi colher indícios contundentes de que a teoria de Darwin estava correta”
Alberto Lindner, biólogo e docente da UFSC.

“Ele gostava muito de caminhar porque assim observava, podia coletar à vontade, virar uma pedra, um tronco, entrar numa mata, num riacho, observar os animais e as plantas”
Luiz Roberto Fontes, pesquisador.

“Divulgar o legado de Fritz Müller vai mostrar para as novas gerações que a Ciência e a Educação tem o poder de quebrar barreiras”
Mario Steindel, Coordenador Científico do Projeto Desterro Fritz Müller

Autores: Miriam Prochnow e Vitor L. Zanelatto.

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