Publicação científica lança dados do Restaura Alto Vale

Publicação científica lança dados do Restaura Alto Vale

Publicação científica lança dados do Restaura Alto Vale

Restaura Alto Vale inspira publicação de periódico científico com apresentação dos principais resultados do projeto; Revista da Biodiversidade é lançada em parceria com a Unidavi, a Associação Ambientalista Pimentão e o Ministério Público de Santa Catarina.

Impressa em abril de 2022, segunda edição da Revista Biodiversidade, uma publicação periódica da Editora Unidavi para apresentação dos trabalhos científicos do Alto Vale do Itajaí, divulga dados do Projeto Restaura Alto Vale.

Organizada pela Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi), pela Associação Ambientalista Pimentão, pelo Ministério Público de Santa Catarina e pela Unidavi, o volume especial apresenta em três capítulos o detalhamento, principais resultados obtidos nas atividades desenvolvidas e no monitoramento das áreas em restauração apoiadas pelo projeto. Além da restauração e monitoramento das áreas, o projeto realizou o estudo da composição florística e fitossociologia da vegetação ciliar na bacia do Alto Vale do Itajaí.

Para Robson Carlos Avi, Botânico e parceiro pesquisador do projeto, os resultados do Restaura Alto Vale apresentados na revista permitem à comunidade ter acesso às informações primordiais da vegetação da região, dando suporte a outros projetos de restauração que venham a ser realizados. “A revista é uma forma de tornar acessível esses dados e serve como apoio à educação ambiental visto que será amplamente divulgada nas escolas da região do AVI, universidades e diferentes meios de comunicação”, complementa Robson.

Conquistas do Restaura Alto Vale

Executado entre 2018 e 2022, com patrocínio do BNDES, o projeto restaurou 320 hectares de áreas degradadas, doou mais de 450 mil mudas de árvores nativas e orientou 725 propriedades, envolvendo cerca de 1000 proprietários rurais de 34 municípios de Santa Catarina para a adequação ambiental.

Maíra Ratuchinski, que atuou diretamente em campo realizando mobilização e contato com os agricultores durante todo projeto, comenta que o “Restaura Alto Vale foi uma grande oportunidade para pequenas propriedades rurais se adequarem à legislação ambiental e contribuírem de forma significativa não somente para a conservação e preservação dos recursos hídricos nas propriedades, mas também da região”.

Ela destaca ainda que aprendeu muito com o projeto, fez inúmeras amizades e sempre foi muito bem recebida pelos proprietários: “foi gratificante retornar às propriedades para realizar a monitoria e perceber o sucesso da restauração assim como a satisfação dos agricultores em terem participado do projeto”.

Estes resultados ilustram o potencial de mudanças sistêmicas que a escala da restauração pode promover, abrem portas para que novos projetos sejam desenvolvidos nessas regiões e criam novos paradigmas para a discussão e promoção de ações em rede para a restauração florestal e adequação ambiental da propriedade rural.

A importância do Monitoramento da Restauração

A elaboração de um protocolo adaptado à especificidade do projeto e a clareza dos indicadores a serem utilizados no monitoramento das áreas restauradas foi essencial para a avaliação dos resultados obtidos nas fases iniciais de implantação do projeto, permitindo avaliar resultados e indicar as necessidades de intervenção nas áreas a fim de promover as correções necessárias para o sucesso da restauração.

Monitoramento de área em restauração. Foto: Arquivo Apremavi.
Levantamento Florístico-Fitossociológico

A análise do componente arbustivo-arbóreo da vegetação ciliar em diferentes municípios do Alto Vale do Itajaí indica que as famílias com maior riqueza de espécies são Myrtaceae (122 espécies), Fabaceae (44 espécies), seguida de Lauraceae (32 espécies) e Rubiaceae (19 espécies).

Outros dois indicadores relevantes foram que as áreas com menor intervenção apresentaram maior diversidade de espécies; e, que a falta de registros de espécies madeiráveis, citada com frequência em estudos anteriores, apresenta dados alarmantes sobre a extinção e ausência de regeneração natural dessas espécies. Tais resultados corroboram ainda mais para a importância da conservação, da restauração e do enriquecimento de florestas secundárias, principal trabalho desenvolvido pela Apremavi.

Destaque: espécies mais presentes e frequentes na vegetação ciliar monitorada.  Galeria: Registros de flores e frutos identificados durante as atividades de monitoramento.
Fotos: Robson Carlos Avi
Entrega às escolas

No último dia 25 de maio, colaboradores da Apremavi, Unidavi e BNDES estiveram na Escola de Educação Básica “Tereza Cristina”, em Laurentino, para a entrega de exemplares da Revista Biodiversidade. O momento representou a distribuição do periódico para todas as escolas do Alto Vale do Itajaí que tenham turmas de séries finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio. 

“A biodiversidade do Alto Vale precisa ser estudada,  e esse será um recurso importante para nós. Vamos disponibilizar para os professores de ciências e biologia, para que o material seja utilizado na rotina de sala de aula”, destacou Zuleide Andreia Frena da Costa, diretora da E. E. B. “Tereza Cristina”.

Confira mais sobre a entrega na cobertura realizada pela Unidavi:

A Revista Biodiversidade

A Revista Biodiversidade é uma publicação periódica dos trabalhos científicos desenvolvidos no Alto Vale do Itajaí. A Associação Ambientalista Pimentão e a Unidavi, através do Horto Florestal, se uniram para divulgar os resultados das pesquisas da fauna e da flora da região. O projeto biodiversidade conta com o apoio do Ministério Público do Alto Vale do Itajaí, e tem como objetivo promover a divulgação do conhecimento nos vinte e oito municípios.

+ Confira a íntegra do Volume 2 da Revista da Biodiversidade.

Autora: Carolina Schäffer
Revisão: Vitor L. Zanelatto.

Viveiro Jardim das Florestas no Podcast Voz do Matas

Viveiro Jardim das Florestas no Podcast Voz do Matas

Viveiro Jardim das Florestas no Podcast Voz do Matas

Produzido pela Klabin, o podcast é utilizado como plataforma para apresentar conceitos, ações e dados estratégicos para os participantes das atividades de planejamento de propriedades rurais.

O Episódio 84 do ‘Voz do Matas’ apresentou algumas atividades realizadas no viveiro da Apremavi para garantir a entrega de mudas fortes, sadias e com diversidade e espécies nos plantios viabilizados através do Programa Matas Sociais e em outras iniciativas onde a produção é destinada.

Leandro Casanova, que é assessor florestal da Apremavi, compartilhou orientações sobre o plantio correto e cuidados após colocar a muda no berço, para garantir o sucesso da restauração. Uma das principais diferenças das mudas produzidas pela Apremavi é a aplicação da tecnologia Ellepot no processo produtivo, aplicando uma embalagem biodegradável nas mudas, que reduz o impacto ambiental e protege as raízes de impactos significativos na etapa de plantio.

Confira o Podcast:

O Programa Matas Sociais

O Programa Matas Sociais – Planejando Propriedades Sustentáveis, é resultado de uma parceria entre a Klabin, a Apremavi, o SEBRAE, e as prefeituras dos municípios da região de atuação do projeto, entre eles Sapopema (PR). Além da recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APP) e Reserva Legal e da conservação de remanescentes florestais, a iniciativa busca conciliar beleza e qualidade de vida com produtividade e rentabilidade, através da agricultura familiar, desenvolvimento da cadeia de produção e fortalecimento do empreendedorismo local.

+ Saiba mais sobre o programa

 

Autor: Vitor L. Zanelatto.

Partidos movem ação contra o PL danoso às APPs urbanas

Partidos movem ação contra o PL danoso às APPs urbanas

Partidos movem ação contra o PL danoso às APPs urbanas

Ação tramita no STF e objetiva a suspensão imediata da Lei 14.285/2021, enquanto se julga a ação de Inconstitucionalidade.

Partidos políticos ingressaram junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 18 de abril com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, visando o reconhecimento dos vícios presentes na nova lei federal que dispõe sobre Áreas de Preservação Permanente (APPs) em áreas urbanas.

Com texto firmado sem o devido debate com a sociedade civil e mesmo após a divulgação de análises técnicas apresentando as inconformidades com outros diplomas legais vigentes na esfera federal, a Lei 14.285/2021 foi sancionada em 29 de dezembro do ano passado, após aprovação no Congresso liderada pela Bancada Ruralista.

As APPs são associadas ao conceito de risco, porque protegem os cursos d’água de assoreamento, atenuam os efeitos das enchentes e evitam erosão e deslizamentos em encostas, além de promover um regramento basilar sobre a ocupação do solo em áreas urbanas. Com as mudanças climáticas, eventos cada vez mais frequentes e intensos causam prejuízos e mortes, como aconteceu recentemente em Petrópolis, no Rio de Janeiro.

Em entrevista para a Agência Pública, o co-fundador da Apremavi Wigold Schäffer, afirmou acreditar que a Lei 14.285/21 abrirá “novos espaços para a especulação imobiliária, o que vai gerar muito desmatamento”. Ele teme que tragédias como as da região serrana do Rio de Janeiro voltem a se repetir. “Entre os muitos efeitos colaterais, vejo mais enchentes, inclusive em lugares onde antes não ocorriam, pelo estrangulamento que as novas ocupações vão provocar nos leitos dos rios”, explica.

Em debate promovido pelo Senado Federal, especialistas em políticas públicas socioambientais e do Direito destacaram as incoerências do então Projeto de Lei 14.285/2021.

Na prática, a lei permite aos municípios reduzirem as Áreas de Preservação Permanente hídricas em áreas urbanas. As faixas ao longo dos cursos d’água, definidas no Código Florestal, podem agora ter limites alterados na esfera municipal, promovendo insegurança sobre a manutenção das APPs protegidas existentes, além de uma série de conflitos jurídicos com outros regramentos, como a ‘Lei da Mata Atlântica’ (Lei 11.428/2006).

Subscrevem a ADI a Rede Sustentabilidade (REDE), o Partido dos Trabalhadores (PT), o Partido Socialista Brasileiro (PSB) e o Partido Socialismo e Liberdades (PSOL).

+ Confira o texto da Ação Direta de Inconstitucionalidade.

 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão:  Carolina Schäffer

Dia da Terra e a urgência por ações concretas

Dia da Terra e a urgência por ações concretas

Dia da Terra e a urgência por ações concretas

A data ganhou peso internacional na década de 1990, e desde então é utilizada para destacar os desafios socioambientais que o Planeta enfrenta e as demandas por ações concretas em todos os dias do ano.

Há muito, datas como este 22 de abril devem ser encaradas como momentos para além da conscientização sobre ações para a preservação do meio ambiente. São tempos de ativismo, de reivindicar posicionamento e, principalmente, mudanças concretas para a mitigação das crises que se aprofundam em nosso tempo.

Neste ano, o debate deve considerar as novas conclusões do novo relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), publicado em março deste ano. O documento apresenta as contribuições do Grupo de Trabalho 3 do painel do clima, que trata da mitigação da crise climática. Mais de 8.000 publicações científicas foram revisadas nesta etapa.

Entre as conclusões, fica clara a insuficiência das medidas adaptativas promovidas até o presente. As políticas públicas de clima adotadas no mundo até 2020 levarão a Terra a um aquecimento de 3,2ºC, mais do que o dobro do limite do Acordo de Paris. Outro destaque é o potencial de mudança do uso da terra (restauração ecológica) para neutralizar os impactos dos gases de efeito estufa: até 14 bilhões de toneladas por ano até 2050 a custos de US$ 100 ou menos por tonelada.

Em rede, e com ajuda dos inúmeros parceiros, estamos promovendo ações para observar e cuidar da Terra e das formas de vida que deveriam coexistir em harmonia. Confira:

Projeto da Apremavi é destaque em publicação sobre restauração

Lançado na última semana, o mais novo volume dos Cadernos do Diálogo, publicação do Diálogo Florestal, trouxe à luz o tema da restauração no contexto da Década das Nações Unidas para Restauração de Ecossistemas 2021–2030. A publicação “Desafios para Ganhar Escala na Restauração e o Papel da Sociedade Civil”, que analisa a importância do viés social da restauração, é considerada uma ferramenta de trabalho alinhada aos compromissos assumidos pelos Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2019, quando criada a Década da Restauração.

De acordo com a secretária executiva do Diálogo Florestal, Fernanda Rodrigues, o objetivo com o lançamento do caderno é mobilizar esforços de cooperação e ampliar as ações para recuperar serviços ecossistêmicos nos diversos biomas do país. O caderno apresenta a importância da construção de um novo pacto social para além de plantar árvores, considerando gênero, respeito à diversidade e proteção dos recursos naturais no contexto da emergência climática e das perdas de ecossistemas. Somado a isso, a necessidade de olhar para a soluções baseadas na natureza, a escuta ativa, a dignidade humana e os direitos dos povos tradicionais e indígenas.

O Restaura Alto Vale foi selecionado para a publicação na categoria ‘Pequenas Áreas, Grandes Impactos’. Desenvolvido em duas regiões do Estado de Santa Catarina, o projeto teve como objetivo principal a restauração de 320 ha de APPs degradadas, atuando maioritariamente em pequenas propriedades rurais. Confira algumas conquistas do Projeto:

・733 propriedades da agricultura familiar beneficiadas;
・Aproximadamente 1040 proprietárias(os) envolvidas(os) nas atividades;
・320,87 hectares restaurados através do projeto;
・Mais de 450.000 mudas produzidas e entregues para a restauração;
・Reconhecimento através dos Prêmios Expressão de Ecologia e Fritz Müller (2020).

Edilaine Dick, que atuou como coordenadora do Restaura Alto Vale, destaca a importância de atuar junto aos territórios da agricultura familiar: “É uma honra para a Apremavi ser reconhecida como um Caso de Sucesso e dividir essa premiação com outras iniciativas inovadoras Brasil afora. O projeto é um exemplo de que pequenas áreas e iniciativas podem se somar e dar escala para a restauração, bem como unir pessoas e parceiros em busca de um objetivo comum”. 

O Restaura Alto Vale foi concluído em março deste ano. Edilaine salienta que isso não significa o fim das parcerias ou interrupção dos trabalhos na agenda da restauração: “As atividades não vão parar e a Apremavi continuará promovendo, cada vez mais intensamente, a restauração através de outros projetos”.

Registro de atividades realizadas no âmbito do projeto Restaura Alto Vale. Fotos: Arquivo Apremavi.

Conservador das Araucárias lança vídeo institucional

A ambiciosa parceria entre a Tetra Pak, líder mundial de produção de embalagens longa vida, e a Apremavi, apresentou nesta semana um filmete com alguns dos resultados previstos para os próximos dez anos e detalhes sobre as metodologias e atividades previstas para restaurar sete mil hectares nos estados de Santa Catarina e no Paraná.

Em entrevista recente para o jornal Valor Econômico Marco Dorna, presidente da Tetra Pak no Brasil, comenta que o projeto promoverá benefícios para todos os envolvidos, e vai muito além de uma estratégia para a neutralização de emissões da companhia: “A intenção é desenvolver um modelo que junte a restauração ambiental ao pagamento de serviços ambientais por créditos de carbono e biodiversidade a proprietários rurais”. 

Já Miriam Prochnow, co-fundadora da Apremavi, destaca a valorização da biodiversidade da área onde o trabalho irá acontecer: “O território que estamos chamando de ‘Conservador das Araucárias’ é o espaço onde faremos o estudo completo de uso do solo, remanescentes de florestas, populações que vivem ali”.

Matas Legais e Sociais SC amplia área de atuação

O projeto da Apremavi em parceria com a Klabin para o planejamento ambiental e recuperação de áreas degradadas em Santa Catarina vai incluir em seu território de atuação dois municípios do Planalto Catarinense. A partir de agora, propriedades rurais de Palmeira e de Ponte Alta poderão contar com a Apremavi para, entre outras atividades, realizar:

・A diversificação das atividades produtivas a partir de orientações da equipe;
・O desenvolvimento de estratégias para a conservação da biodiversidade;
・A proteção de nascentes que existem na propriedade através de plantios;
・O intercâmbio de conhecimentos sobre a produção orgânica de alimentos;
・A adequação da propriedade à legislação ambiental.

Registros de atividades desenvolvidas pelo projeto Matas Legais. Fotos: Arquivo Apremavi.

+ Confira mais detalhes sobre o Matas Legais

Autor: Vitor L. Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer

Com paisagismo realizado pela Apremavi, quartel dos bombeiros de Trombudo Central é inaugurado

Com paisagismo realizado pela Apremavi, quartel dos bombeiros de Trombudo Central é inaugurado

Com paisagismo realizado pela Apremavi, quartel dos bombeiros de Trombudo Central é inaugurado

A Apremavi esteve presente na inauguração do novo Quartel do Corpo de Bombeiros Militar de Trombudo Central, realizada no último dia 07 de abril.

Com uma área construída de 791 metros quadrados, a edificação servirá de base para atendimentos de urgência para além do município sede, incluindo Atalanta, onde foram produzidas mudas de árvores a arbustos plantadas no terreno do quartel.

Essas mudas, que germinaram e cresceram no Viveiro Jardim das Florestas, materializaram o projeto de paisagismo elaborado e executado pela Apremavi. Os trabalhos foram liderados por Taís Fontanive e Edegold Schäffer em setembro de 2021. Cerca de 200 mudas doadas pela Apremavi foram plantadas durante a Semana da Árvore de 2021. Agora, apenas alguns meses após a ação, flores e folhas exuberantes de espécies da Mata Atlântica se destacaram no evento de inauguração.

O evento contou com a presença de várias autoridades militares e políticas do estado de Santa Catarina. Edegold, colaborador da Apremavi, recebeu do governador Carlos Moisés uma placa registrando o agradecimento ao apoio  aos trabalhos de preparação e paisagismo da nova sede dos bombeiros.

Registros da cerimônia de Inauguração do novo quartel dos bombeiros.
Fotos: Julio Cavalheiro – Secom  SC e Arquivo Apremavi.

Autores: Taís Fontanive e Vitor L. Zanelatto
Foto de capa: Julio Cavalheiro/Secom SC

Apremavi reativa programa de visitas para centros de ensino

Apremavi reativa programa de visitas para centros de ensino

Apremavi reativa programa de visitas para centros de ensino

Após interrupção por causa da pandemia, as visitas na sede da Apremavi voltaram a ocorrer. Escolas, universidades e outros grupos que buscam conhecer as atividades da instituição e os processos para a produção de mudas nativas serão recebidos de forma gradual, a partir de agendamento.

Expressões de curiosidade e animação ao descer do ônibus, que havia partido pouco mais de uma hora atrás de Taió, cidade próxima no Alto Vale do Itajaí, e o desejo por aproveitar cada momento da visita e explorar o local também estava evidente… Assim começou a visita do primeiro grupo escolar na Apremavi após a pandemia.

O principal objetivo dos professores e estudantes ao partirem da Escola de Educação Fundamental Prefeita Erna Heidrich era compreender com maior profundidade, e através de experiências práticas, a importância das florestas, além de conhecer os processos para a produção de mudas no Viveiro Jardim das Florestas.

Palestra sobre os projetos e atuação da Apremavi. Foto: Arquivo Apremavi.

Logo após a chegada, ocorreu a recepção no Centro Ambiental. Nesse momento os guias compartilharam o histórico de atuação da Apremavi e puderam entender melhor as expectativas do grupo para o dia escolar atípico. Também foram apresentados os livros, vídeos e outras publicações que estão disponíveis nesta página para quem deseja aprender mais sobre a Mata Atlântica e a agenda da restauração.

O grupo aproveitou para solucionar dúvidas sobre o cuidado com as mudinhas junto aos viveiristas. Em parte a curiosidade foi motivada por um projeto que a escola está desenvolvendo: algumas das mudinhas que os estudantes viram durante o passeio entre a estufa de mudas e os canteiros serão plantadas na escola pela comunidade nos próximos meses.

Além de conhecer de perto o Centro Ambiental e o Viveiro Jardim das Florestas, o grupo visitou duas Unidades de Conservação de Atalanta: o Parque Natural Municipal Mata Atlântica e a RPPN Serra do Pitoco. Ficaram impressionados com as cachoeiras que avistaram durante o trajeto e também com o histórico de recuperação da área do Parque Mata Atlântica, que teve várias áreas degradadas recuperadas pela Apremavi desde o ano 2000.

Os estudantes conheceram as paisagens do Parque Mata Atlântica, UC pública de Atalanta. Foto: Arquivo Apremavi.

Para participar do Programa de Visitas ofertado pela Apremavi para o Centro Ambiental e Viveiro Jardim das Florestas, RPPN Serra do Pitoco e Parque Natural Municipal da Mata Atlântica, uma solicitação de agendamento deve ser realizada. Famílias (até 5 pessoas) e indivíduos não precisam agendar visitas.

+ Agende a visita do seu grupo

Autores: Taís Fontanive e  Vitor L. Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer

Fritz Müller, o Príncipe dos Observadores

Fritz Müller, o Príncipe dos Observadores

Fritz Müller, o Príncipe dos Observadores

2022 será sua oportunidade para conhecer a vida de Fritz Müller, chamado por Darwin de Príncipe dos Observadores e que deixou um legado impressionante para a ciência.

Em 2022 comemoramos o bicentenário do nascimento de Johann Friedrich Theodor Müller, mais conhecido como Fritz Müller. Naturalista teuto-brasileiro, nascido em 31 de março de 1822, que também foi botânico e professor de matemática e ciências naturais. Foi o primeiro cientista a apresentar modelos matemáticos para elucidar a seleção natural e fornecer provas contundentes da mesma.

Sua obra contribuiu para fundamentar e enriquecer a teoria da evolução das espécies por seleção natural de Darwin, tendo sido reconhecido mundialmente pela publicação Für Darwin, no ano de 1864, cinco anos após Darwin publicar a A Origem das Espécies.

Edição da tirinha Armandinho em homenagem ao bicentenário de Fritz Müller. Autor: Alexandre Beck

A intensidade da colaboração pode ser medida pelas 19 citações a pesquisas de Fritz na sexta edição de A Origem das Espécies. Também pela opinião de Francis Darwin, que começou o trabalho de organizar a correspondência do pai. Em 1887, ele escreveu: “Minha impressão é que, entre todos os amigos que nunca viu pessoalmente, Fritz Müller era aquele por quem tinha a maior consideração”. É famoso o tratamento de “Príncipe dos Observadores” que Darwin dispensou a Fritz numa carta a um amigo em comum, em 1880.

Fritz Müller morou e desenvolveu suas pesquisas de botânica e zoologia na Colônia Blumenau (atual Blumenau/SC) desde 1852 e em Desterro (Florianópolis/SC), tendo percorrido muitos caminhos por Santa Catarina. Faleceu em 21 de maio de 1897, aos 75 anos, na casa de sua filha Johanna, em Blumenau.

Fritz em 1891. Foto: Arquivo Histórico de Blumenau

Um dos maiores entusiastas da vida e obra de Fritz Müller é o também naturalista e ambientalista Lauro Eduardo Bacca, que usou os estudos de Fritz como parte dos seus ensinamentos aos seus alunos. Hoje, Bacca encontra-se empenhado em descobrir e percorrer os caminhos que o cientista trilhou durante sua vida. Em breve o professor Bacca estará num evento da Apremavi, contando as histórias dessa aventura.

+ Acompanhe a entrevista do professor Bacca para o OJC

Fritz Müller pode fazer parte da sua vida de várias formas, seja através do estudo da sua obra ou nos lugares por onde passou. Carolina Viviane Nunes, nos traz um relato emocionante e pé no chão de sua experiência:

“Eu tinha onze anos quando conheci Fritz Müller, meu primeiro herói – essa é a frase de abertura do texto que o Viegas Fernandes da Costa me enviou essa semana. Eu costumava dizer que era entusiasta ou admiradora do Fritz, mas o Viegas, poeta, encontrou uma palavra muito mais precisa e significativa. Nas memórias dele, ficaram as poesias que ele teve contato no Arquivo Histórico; nas minhas, ficaram as gavetas cheias de borboletas, que eu abria e fechava sem parar no museu. Fritz andava descalço, e talvez seja por isso que eu sempre me identifiquei com ele. E as trilhas: em 1868, ele fez uma longa excursão botânica a pé, saindo de Blumenau e chegando até o Morro da Boa Vista, onde hoje é Rancho Queimado. Uma viagem de vários dias, por caminhos bem mais cansativos e desconfortáveis do que hoje em dia”.

Carolina também relata como foi receber Lauro e Êdela Bacca em Rancho Queimado, que estão dedicados em compreender e documentar as experiências e produções de de Fritz Müller em Santa Catarina: “Bacca veio munido do relato da excursão, escrito por Fritz naquela época. O objetivo era descobrir as localidades e refazer possíveis trajetos. A descrição do Fritz é bastante precisa, embora sucinta. Ele fala da localidade Morro Chato e da sua passagem pelo Caminho dos Tropeiros, antiga rota que ligava Lages ao litoral. Péra lá! – disse o Walter enquanto líamos o relato atentamente. Então ele passou por aqui! – completou. E assim, descobrimos que Fritz (quase certamente) passou a pé e descalço pelo sítio onde moramos. Feliz aniversário de 200 anos, Fritz!”

Destaque: Bacca e Carolina, em Rancho Queimado (SC). Galeria: registros das paisagens em que Fritz esteve e da região onde residiu em Blumenau. Fotos: Lauro Bacca; Luiz C. de Souza/NSC TV

Caminhos do Fritz 

Em 1876, durante uma expedição, Fritz esteve no Alto Vale. Registrou em suas anotações a passagem por Rio do Sul e de lá perseguiu o curso do Rio Taió. Depois de atravessar planícies úmidas, agora ocupadas por lavouras de arroz, descobrimos a entrada da trilha em Mirim Doce que, segundo moradores locais, continuou sendo usada por tropeiros durante décadas.

Dali em diante a floresta tomou conta do caminho. Para prosseguir, só com a habilidade de um Fritz Müller: “Lá em cima é um mundo muito diferente, bem mais fresco e seco. Mas a alegria é grande quando se retorna são e salvo para casa, podendo comer em uma mesa e dormir em uma cama”, comemorou.

Mapa com alguns dos caminhos percorridos pelo naturalista em SC. Elaboração: NSC TV. 

+ Confira a página Caminhos de Fritz Müller 

Celebrações em 2022

Para homenagear o nosso cientista e divulgar sua obra, o Grupo Desterro Fritz Müller – Charles Darwin 200 anos, tem trabalhado desde 2020 com uma intensa programação, que inclui eventos on-line, divulgação de conteúdo em sites e mídias sociais, preparação de publicações e exposições. Foram elaborados dois ebooks sobre os trabalhos desenvolvidos e sobre a vida e obra de Fritz Müller. O coordenador do grupo, Marcondes Marchetti, explica esse trabalho. Confira os detalhes da iniciativa no podcast:

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em parceria com o Grupo Desterro Fritz Müller – Charles Darwin 200 anos, leva ao Congresso Nacional, em Brasília(DF), a exposição “Fritz Müller 200 anos”. A mostra ficará em exibição de 4 de abril a 2 de maio no Espaço Cultural Ivandro Cunha Lima, localizado no corredor do Anexo I do Congresso Nacional.

Mário Steindel, professor do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), afirma que a mostra é uma ótima oportunidade para conhecer esse grande naturalista teuto-brasileiro. “Ele fez contribuições importantes para comprovar a teoria de Darwin. Foi um dos primeiros apoiadores explícitos da Teoria da Evolução, prestando inúmeras evidências observacionais e experimentais no campo da zoologia e da botânica em favor da nova Teoria””, comenta Steindel, que também é coordenador científico do Grupo Desterro Fritz Müller – Charles Darwin 200 anos.

Corredor do Anexo I do Congresso Nacional. Foto: Divulgação

2022 é o ano para conhecer de perto e valorizar a obra desse naturalista que é um dos nossos maiores patrimônios históricos e culturais, símbolo de amor à natureza e às terras brasileiras.

“Nós falamos muito de Fritz Müller, nominamos ruas, temos escolas, museus, edifícios, mas lembramos dele como monumento. Um centro de pesquisa é o que nós precisamos, valorizá-lo cientificamente”
Sueli Petry, — diretora do Arquivo Histórico de Blumenau.

“O Fritz Müller é a nossa joia, o cidadão mais ilustre e mais importante que já viveu aqui nesse Vale”
Cezar Zillig, médico e escritor.

“O que Fritz fez foi colher indícios contundentes de que a teoria de Darwin estava correta”
Alberto Lindner, biólogo e docente da UFSC.

“Ele gostava muito de caminhar porque assim observava, podia coletar à vontade, virar uma pedra, um tronco, entrar numa mata, num riacho, observar os animais e as plantas”
Luiz Roberto Fontes, pesquisador.

“Divulgar o legado de Fritz Müller vai mostrar para as novas gerações que a Ciência e a Educação tem o poder de quebrar barreiras”
Mario Steindel, Coordenador Científico do Projeto Desterro Fritz Müller

Autores: Miriam Prochnow e Vitor L. Zanelatto.

Plantadores de florestas de Ibirama visitam a Apremavi

Plantadores de florestas de Ibirama visitam a Apremavi

Plantadores de florestas de Ibirama visitam a Apremavi

Moradores da comunidade atingida por uma enxurrada em 2020 puderam conhecer melhor a Apremavi, que apoiou a restauração de áreas degradadas no episódio.

No dia 29 de março um grupo de 18 moradores do município de Ibirama visitou a Apremavi para conhecer a instituição e aprender ainda mais sobre restauração ambiental. O primeiro contato dos visitantes com a Apremavi se deu com a equipe técnica do projeto Restaura Alto Vale, que fez o convite para a visita.

Em 2020 os moradores da comunidade de Ribeirão das Pedras, em Ibirama (SC), viram a enxurrada atingir florestas, construções e ceifar vidas. A Apremavi visitou a comunidade meses após o evento climático extremo, onde com a ajuda e liderança de moradores, atendeu pelo projeto muitas das famílias atingidas, explicando a importância da restauração da mata ciliar, que havia sido destruída pela enxurrada em dezembro.

Com o apoio do Restaura Alto Vale, proprietários das terras arrasadas pelas chuvas ingentes se reuniram a restauraram várias APPs, sobretudo matas ciliares. Para isso, receberam mudas de árvores nativas; arame para a construção de cercas, quando necessário; orientações e visitas para o monitoramento dos plantios.

Para João Moretti, um dos proprietários que visitou a Apremavi, esse foi apenas o início do trabalho: “O que nós vivenciamos em 2020 foi muito extremo. As marcas da devastação no leito dos rios e margens ainda podem ser vistas, os borrachudos que apareceram na comunidade também mostram que o desequilíbrio ainda existe. Com o apoio do Restaura Alto Vale iniciamos o processo de recuperação. Espero ver novamente a sombra das árvores sobre o rio, como era antes da enxurrada”.

#Antes e Depois da área restaurada na propriedade de João Moretti. Fotos: Arquivo Apremavi.

Na visita do último mês os plantadores de florestas atualizaram os técnicos da Apremavi sobre a evolução dos plantios, e também puderam conhecer mais sobre a atuação da instituição. Foi realizada uma visita à estrutura do Centro Ambiental e do Viveiro Jardim das Florestas, responsável por produzir as mudas utilizadas para regenerar as áreas de Ribeirão das Pedras.

Após o almoço, foram guiados por uma área de restauração da mata ciliar na propriedade de Edegold Schäffer e também pelas trilhas da restauração, áreas demonstrativas da restauração ao longo dos anos. Por fim, o grupo se deslocou ao Parque Natural Municipal da Mata Atlântica, onde após uma breve discussão do histórico de uso e criação do Parque, visitou a trilha e a cachoeira.

Registros da visita ao Viveiro Jardim das Florestas e ao PNM Mata Atlântica.
Fotos: Vitor L. Zanelatto e Gabriela Goebel.

Gabriela Goebel, que atuou junto ao projeto Restaura Alto Vale, destaca o empenho e união dos proprietários: “Em nossas visitas nas propriedades atingidas discutimos a importância de restaurar a mata ciliar presente nas propriedades, já que muitas delas foram totalmente destruídas pela enxurrada. Estamos muito felizes com o engajamento da comunidade, que desde a primeira visita mostrou muita força para lidar com o desastre ocorrido e muito comprometimento com a causa ambiental”.

Autores: Gabriela Goebel e Vitor L. Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer
Foto de capa: Vitor L. Zanelatto

ONGs ambientalistas publicam análise do Projeto que pretende alterar normas para o Parcelamento de Solo para fins urbanos em Urubici

ONGs ambientalistas publicam análise do Projeto que pretende alterar normas para o Parcelamento de Solo para fins urbanos em Urubici

ONGs ambientalistas publicam análise do Projeto que pretende alterar normas para o Parcelamento de Solo para fins urbanos em Urubici

O Projeto de Lei Complementar tem como autor o Executivo Municipal de Urubici, e busca, sem observância à Legislação Federal sobre o tema ou debate com a Sociedade Civil, alterar as regras para o Parcelamento de Solo para fins urbanos no município.

Entre as inconsistências diagnosticadas, está a inobservância da Lei Federal 6.766/79, evidenciada no artigo 3° da Lei Complementar: “Somente será admitido o parcelamento do solo, remembramentos e condomínios, para fins urbanos, se localizados na Macrozona Urbana, de acordo com os limites e parâmetros fixados na lei de uso e ocupação do solo e em lei Municipal do Perímetro Urbano”. O trecho não especifica o que está exatamente definido como Macrozona Urbana e se efetivamente essa projeção de Macrozona Urbana atende aos requisitos mínimos legais.

Além das incoerências identificadas com a Legislação Federal sobre a regulamentação agrária as organizações destacam a relevância da biodiversidade presente no município, conforme destaca o seguinte trecho do documento:

“É importante recordar que essa proteção é necessária, também, porque há regiões rurais do Município de Urubici com elevada importância ecológica, a exemplo do “Campo dos Padres”, considerado um ecótono, lugar de transição de diferentes ecossistemas, que serve de habitat de grande variedade de espécies vegetais e animais, incluindo mais de 180 espécies de aves, e protege nascentes hídricas que abastecem os rios Canoas, Itajaí e Tubarão”.

 

Paisagem na região do Campo dos Padres, em Urubici. Foto: Wigold B. Schaffer.

Além disso, a proposta de Lei desconsidera o previsto na Lei 11.428/2006 – Lei da Mata Atlântica, bem como do Decreto no 6.660/2008, que a regulamenta. O art. 31 da Lei da Mata Atlântica estabelece a necessária obediência do parcelamento do solo em área de vegetação secundária, em estágio médio de regeneração, do bioma, ao Plano Diretor municipal e demais normas aplicáveis, bem como sabe-se das restrições previstas nos §§ 1º e 2º do artigo: nos perímetros urbanos aprovados até 22/12/2006, data de publicação da Lei da Mata Atlântica, só se admite supressão dessa vegetação em caso de empreendimentos que garantam, ao menos, 30% da área com vegetação nativa de Mata Atlântica em estágio médio de regeneração, ao passo que nos perímetros urbanos delimitados após 22/12/2006, devem garantir ao menos 50%.

O estudo das ONGs ambientalistas ganha fechamento com recomendações ao Executivo e Legislativo Municipal de Urubici: “[…] Assim, pretende-se, com a presente análise, que o projeto da Lei Complementar xx seja revisto pela prefeitura de Urubici, e, se for o caso, submetido ao controle social por meio de discussões com o Ministério Público e com a Sociedade Civil”.

 

+ Acesse a íntegra da análise

Até a conclusão deste texto o Projeto de Lei Complementar que dispõe sobre o “Parcelamento de Solo para fins urbanos no Município de Urubici e dá outras providências” não estava publicado no site da Câmara Municipal de Urubici.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Foto de Capa: Wigold B. Schaffer

Apremavi vence o 28º Prêmio Expressão

Apremavi vence o 28º Prêmio Expressão

Apremavi vence o 28º Prêmio Expressão

O 12º Troféu Onda Verde concedido para a Apremavi é um reconhecimento aos resultados do projeto Bosques de Heidelberg, que promove plantios na Mata Atlântica e a conexão de comunidades com a floresta. O projeto recebe o 28º Prêmio Expressão de Ecologia na categoria ‘Parceria Global Pela Segurança Climática’.

O projeto é fruto da parceria teuto-brasileira entre a Apremavi e a Bund für Umwelt und Naturschutz Deutschland – BUND, que já realizavam intercâmbios e apoio mútuo nas ações desenvolvidas pela causa socioambiental. A iniciativa tomou forma em 1998, quando os primeiros bosques foram plantados no coração de Santa Catarina.

Na prática, a Apremavi promove a produção de mudas nativas da Mata Atlântica e o plantio em áreas públicas e privadas, identificadas como paisagens degradadas ou outras que apresentam as características necessárias para que uma floresta possa crescer. Na Alemanha, a BUND realiza junto aos alunos das escolas da cidade a captação de recursos para viabilizar os plantios em terras brasileiras, através da venda de alimentos, como cucas e panquecas, durante as feiras organizadas pela comunidade escolar.

A concentração da captação acontece no período de Natal, quando os alunos são estimulados a substituir os tradicionais presentes de natal pela “compra” de mudas de árvores para restaurar a Mata Atlântica e dar de presente o certificado desse plantio. É possível identificar uma característica que amplia o significado do projeto, e quiçá pode explicar seu sucesso: o envolvimento das comunidades locais para implementar e dar profundidade ao projeto, que oportuniza espaços para a educação ambiental, cidadania e intercâmbios culturais.

Antes e Depois de área restaurada em 1999, através do projeto Bosques de Heidelberg. O bosque faz parte da Kruger Haus, propriedade particular em Trombudo Central, no Alto Vale do Itajaí (SC). Fotos: Arquivo Apremavi.

Além dos plantios, desde 2008, é realizada bianualmente a ação “Der Regenwald kommt in die Klassenzimmer” (A Mata Atlântica vai às salas de aula) na qual representantes da Apremavi realizam em Heidelberg uma semana de palestras em todas as escolas que fazem parte do projeto. As palestras são ministradas em alemão, para estudantes de 09 a 17 anos (Ensino Fundamental e Médio), envolvendo a cada ano cerca de 600 alunos. A palestra aborda principalmente temas como a Mata Atlântica no Brasil, suas riquezas e belezas naturais e também os problemas e ameaças que afetam a sua biodiversidade.

Um dos primeiros bosques do projeto pode ser avistado aos fundos de uma pequena unidade escolar, no interior de Atalanta (SC). A Escola Municipal de Ensino Fundamental Ribeirão Matilde hoje conta com a sombra de imponentes árvores para as brincadeiras dos alunos antes das aulas ou durante o intervalo. Vinte anos após o plantio, alunos e professores organizaram a publicação de uma cartilha para colorir inspirada na floresta ao lado do colégio.

Vídeo elaborado nas celebrações alusivas aos 20 anos do projeto Bosques de Heidelberg, em 2019. 

Principais resultados do Projeto

Plantios: em mais de 20 anos de existência, o Bosques de Heidelberg já promoveu o plantio de 161.448 árvores plantadas e doadas em campanhas de educação ambiental nos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, beneficiando 123 propriedades públicas e privadas e mais de 1.800 pessoas.

Troca de Saberes: foram realizadas sete ações “Der Regenwald kommt in die Klassenzimmer” (A Mata Atlântica vai às salas de aula), com a realização de palestras em 09 escolas da cidade de Heidelberg capacitando 3.610 alunos desde 2008.

Novas florestas: mais de 120 hectares já foram restaurados, sendo 15 bosques implantados em escolas da região do Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina.

Reconhecimento: o bosque implantado na Escola Municipal de Ensino Fundamental Ribeirão Matilde, em Atalanta, recebeu o I Prêmio de Educação Ambiental do Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina, em 2019.

O Prêmio Expressão de Ecologia

O Prêmio Expressão de Ecologia foi criado em 1993 pela Editora Expressão, um ano após a Conferência Mundial do Meio Ambiente no Rio de Janeiro – Eco 92, o primeiro evento da ONU no Brasil que discutiu as questões ambientais. O objetivo do Prêmio Expressão de Ecologia é divulgar as principais ações de sustentabilidade e incentivar a replicabilidade dessas iniciativas.

Em vinte e oito anos de realização, o Prêmio Expressão de Ecologia registrou 3.118 cases inscritos, das principais empresas, ONGs, prefeituras e entidades do Sul e, no último ano, do estado de São Paulo também. Ao contrário da previsão inicial, o Prêmio coleciona centenas de inscrições a cada ano e seus eventos de premiação tornaram-se ponto de referência da comunidade ambiental.

Este é o 12º Troféu Onda Verde, a materialização do Prêmio Expressão de Ecologia, que a Apremavi conquistou. Na última edição, a instituição foi laureada com os cases do projeto Restaura Alto Vale e do Viveiro Jardim das Florestas.

A premiação desta edição vai ocorrer durante o Fórum de Gestão Sustentável 2022. O evento será realizado no dia 27 de maio, das 14h às 17h, no Costão do Santinho Resort, em Florianópolis.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer
Foto de Capa: Arquivo Apremavi

Boca no trombone e mão na massa na Semana da Água

Boca no trombone e mão na massa na Semana da Água

Boca no trombone e mão na massa na Semana da Água

Presente nas necessidades e no organismo dos seres vivos, as fontes de água se encontram poluídas; infestadas por composições tóxicas formuladas pelo Homem e identificadas, cada vez com maior frequência, entre a água que cai da torneira e na corrente sanguínea de seres humanos e não humanos.

Neste ano, a Apremavi utilizou como ponto de partida para dar propósito ao Dia da Água o debate ‘Águas Pela Vida’, co-organizado pelo Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Socioambiental. Pesquisadores, representantes de movimentos sociais e do Poder Legislativo municipal de Florianópolis apresentaram diferentes perspectivas sobre o tema, mas formam coro sobre as necessidades para a proteção deste componente natural: é preciso agir com urgência e tratar a água não meramente como recurso, mas como direito essencial e inalienável de todos os seres.

Na roda de conversa foram relembrados dados da recente pesquisa sobre a qualidade da água nas cidades brasileiras, elaborada pela agência de jornalismo Repórter Brasil, com dados de testes realizados pelas empresas de abastecimento e reunidos pelo Ministério da Saúde. A análise mostrou que mais de 700 cidades apresentaram substâncias químicas e radioativas acima do limite permitido pelo Ministério da Saúde. Pior que dados alarmantes, a inexistência de informações: quase metade dos municípios (48%) não informaram os resultados dos testes feitos na água.

+ Confira o Mapa da Água e a situação na sua cidade.

Miriam Prochnow, co-fundadora e conselheira da Apremavi, propôs uma reflexão durante o evento: “Como a água nos toca? Onde ela nos encontra? É essencial relembrar nossas boas memórias, em rios, nascentes e cachoeiras, e confrontar com as agressões que nossa geração está promovendo. Os dados são assustadores, as mudanças climáticas já afetam o regime hídrico, trazendo secas e tragédias, como a que ocorreu em Petrópolis recentemente”. Vale ressaltar que tragédias como a citada não devem ser classificadas como “naturais”, mas sim antrópicas, até mesmo previsíveis, a partir de uma receita composta por mudanças no uso do solo, ocupação de APPs e descaso do Estado na proteção das florestas.

Miriam também lembrou que a poluição dos recursos hídricos é uma questão histórica no estado, que avanços já foram registrados no passado a partir de mobilizações da Sociedade Civil: “Em 1989 fizemos uma mobilização que chocou muitas pessoas em Blumenau. Buscamos chamar atenção para a qualidade da água. Ancoramos uma representação inusitada no rio, com uma faixa enorme”. Movidas por esperança, curiosidade ou indignação, muitas pessoas apoiaram o movimento e, já no início da década de 1990 Santa Catarina era vista como uma referência para a despoluição de mananciais.

Registro da mobilização realizada em Blumenau em 1989. Foto: Arquivo Apremavi.

Os especialistas defendem que o desmatamento seja zerado no Brasil imediatamente, caso contrário não existirá tempo para discutir e propor soluções que alterem a corrente de autodestruição em que ruma a sociedade. Confira a íntegra da live:

O professor João de Deus Medeiros, da UFSC, destacou a inação dos governos para a proteção dos cursos hídricos e do fornecimento de água. Pelo contrário, retrocessos aprovados nos últimos meses em diferentes instâncias, como o novo Código Ambiental de Santa Catarina (PL 18.350/2022) e o novo regramento para APPs em Áreas Urbanas (PL 14.285/2021) promovem a escassez e agravam a crise.

 

Petição pelas Águas do Brasil

A mesma coalizão que organizou a live no Dia da Água elaborou um manifesto sobre as Águas do Brasil, que se desdobra em um chamado para a manifestação popular, através de uma petição sobre o tema. O texto demanda uma investigação sobre a qualidade da água no Brasil, tendo em vista os dados divulgados no Mapa da Água.

Como ação concreta, é indicada a instalação de uma investigação minuciosa seguindo critérios das agências de controle (ANA e ANS), sob a supervisão do Ministério Público Federal e Polícia Federal, para apurar os seguintes fatos determinados:

1. Identificação das causas e dos responsáveis pela contaminação da água distribuída em numerosas cidades do Estado de Santa Catarina, e do Brasil, conforme amplamente divulgado pela mídia nacional, revelando a presença de substâncias nocivas à saúde, muitas vezes acima do limite permitido na legislação europeia e brasileira, como organoclorados, agrotóxicos, dentre outros;

2. Adoção das medidas cabíveis para que a população urbana e rural tenha acesso irrestrito a todas as informações que garantam o fácil entendimento de que suas águas são potáveis, saudáveis e seguras, resguardando os direitos inalienáveis de saciarmos nossa sede, nos alimentarmos, nos divertirmos, fazermos esportes aquáticos com segurança e celebrarmos nossos ritos religiosos,protegendo também o direito à vida de animais e plantas dos quais tanto dependemos.

3. Monitoramento da qualidade das águas (incluindo a quantificação de contaminantes emergentes) e plena transparência das informações, além da participação da sociedade civil organizada no planejamento das estratégias para garantir a qualidade dos recursos hídricos e o pleno saneamento básico.

+ Acesse e apoie a petição ‘Por uma Urgente e Profunda Investigação do Envenenamento da Nossa Água’

Matas Sociais viabiliza oficina sobre restauração no Paraná

Mudas de espécies nativas da Mata Atlântica produzidas pela Apremavi foram as protagonistas de uma oficina de capacitação para a restauração da Mata Ciliar, no assentamento Imbauzinho, próximo a cidade de Ortigueira (PR). Os participantes colocaram a mão na terra e realizaram o enriquecimento ecológico de uma APP com as mudas doadas através do Programa Matas Sociais.

A ação, associada ao Dia da Água, é resultado de uma parceria entre a Secretaria de Agricultura e do Meio Ambiente de Ortigueira com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR-PR), a Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP-PR) e Sindicatos dos Trabalhadores Rurais do município. Participaram da formação líderes comunitários e moradores do assentamento, composta por palestras relacionadas a conscientização do uso e conservação dos recursos hídricos, assim como a urgência da preservação ambiental das florestas nativas e dos componentes naturais.

Registro dos participantes da Oficina. Foto: Arquivo Apremavi.

Conservação do Solo e da Água em Debate

No Dia da Água (22/03), integrantes da equipe Apremavi estiveram juntos com produtores rurais, técnicos agrícolas e agrônomos no ‘Dia de Campo sobre Conservação do Solo e da Água’’ promovido pela Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural (EPAGRI) no Centro de Treinamento de Agronômica (CETRAG).

O evento contou com palestras sobre o atual estado de conservação dos solos do Alto Vale do Itajaí e com estandes temáticos para discutir boas práticas necessárias para conservação dos solos e da água nas propriedades. A Apremavi acompanhou o lançamento da campanha da Epagri “Vale Solo e Água: quem cuida colhe resultados” para o ano de 2022.

A Apremavi exibiu em um estande do evento ações e projetos que evidenciam a importância da restauração de paisagens na conservação e regeneração dos componentes naturais como o solo e a água. Também foram doadas 100 mudas nativas de diferentes espécies produzidas no Viveiro Jardim das Florestas.

Espaço da Apremavi no Dia de Campo promovido pela Epagri. Foto: Arquivo Apremavi.

Proteção das nascentes e dos rios em pauta na rádio

Ainda no Dia da Água, foi ao ar na Rádio Sintonia uma entrevista com Edilaine Dick, coordenadora de projetos da Apremavi, sobre as ações necessárias para a preservação dos recursos hídricos. A gravação colocou em destaque as possibilidades e caminhos para produtores rurais que buscam promover a restauração de áreas degradadas e o plantio de novas florestas.

Na oportunidade, Edilaine ainda compartilhou os principais resultados do projeto Restaura Alto Vale e reiterou o constante convite para que a comunidade conheça o trabalho e instalações da Apremavi, através de uma visita na sede, em Atalanta (SC). As visitas guiadas no Centro Ambiental e Viveiro da Apremavi estiveram suspensas desde o início da pandemia, mas agora estão sendo retomadas aos poucos. Para visitar a Apremavi, agende sua visita aqui.

+ Escute a entrevista para a Rádio Sintonia

Autor: Vitor Lauro Zanelatto.
Colaboração: Gabriela Goebel e William Villar de Castro Ribas.
Revisão: Carolina Schäffer.
Foto de Capa: Vitor Lauro Zanelatto.

20 anos de Observatório do Clima

20 anos de Observatório do Clima

20 anos de Observatório do Clima

O Observatório do Clima completou ontem (23/03) 20 anos de fundação. São duas décadas de advocacy, potencialização das ações lideradas pela Sociedade Civil e participação no debate público e na construção de soluções para a emergência climática.

Semente cultivada por quatro organizações brasileiras, a ideia de criar um observatório para discutir questões climáticas coletivamente surgiu a partir da insatisfação quanto à forma como o desmatamento era tratado pelo governo nacional no contexto do Protocolo de Kyoto – o primeiro da Convenção do Clima na ONU (Organização das Nações Unidas), assinado no Japão em 1997. De lá até o presente, mais de 50 organizações brasileiras passaram a integrar a coalizão.

Em 2007 o Observatório do Clima iniciou a elaboração de diretrizes para a formulação de políticas públicas de clima no Brasil, um movimento inédito por parte da Sociedade Civil. Muitas das propostas e ambições das organizações que compunham o debate foram incorporadas à Lei 12.187/2009, que define a Política Nacional sobre Mudança do Clima.

Em 2013 o OC entrou numa nova fase: a de geração de dados. Com a chegada de Tasso Azevedo, Coordenador do MapBiomas e scipreneur Ashoka, foi criado o SEEG (Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa), a primeira iniciativa não-governamental no mundo de cálculo anual de emissões em todos os setores da economia.

Outra frente de atuação imprescindível para a democratização do debate e envolvimento da população é a comunicação. O Observatório do Clima produz conteúdos para diferentes canais e estratégias, ampliando a oferta de conteúdos de qualidade sobre clima e as diversas questões socioambientais que fazem intersecção ao tema.

Momentos históricos do Observatório do Clima. Fotos: Reprodução – Observatório do Clima. 

A Apremavi parabeniza todos (as/es) integrantes do Observatório do Clima, e reafirma o compromisso de colaborar para o fortalecimento dessa que, com convicção, é exemplo do da resiliência e impacto da sociedade civil, não apenas para o Brasil, mas para todo o Planeta.

“O Observatório do Clima é uma das redes mais atuantes e combativas da atualidade. Seu trabalho é cada vez mais imprescindível diante do cenário de emergência climática que estamos enfrentando. O OC também tem crescido muito nos últimos anos, com a agregação de novas organizações e isso é muito importante para o fortalecimento das ações. A Apremavi tem muito orgulho por ser uma das organizações fundadoras do OC e já ter sediado um dos seus encontros nacionais” – Miriam Prochnow, co-fundadora e conselheira da Apremavi.

 

Diálogo pelo Futuro

Grande parte do desafio daqueles que integram o OC e as discussões sobre a emergência climática é acreditar na implantação plena na mudança sistêmica para a justiça climática, mesmo num mundo com o avanço de retrocessos e a continuidade da devastação das florestas.

Há muito sabe-se o que fazer para interromper a destruição que o Brasil sofre há mais de 500 anos, como mudar esse paradigma? Márcio Santilli e Txai Suruí, representando as múltiplas faces que dedicam suas vidas à justiça socioambiental, estiveram frente a frente para compartilhar suas visões e perspectivas para o Brasil e para a própria humanidade. Confira:

Observatório do Clima em Atalanta

Em abril 2017 o Observatório do Clima (OC) realizou seu encontro anual no Centro Ambiental Jardim das Florestas, sede da Apremavi. O evento foi uma celebração compartilhada, já que o Observatório do Clima e Apremavi haviam completado 15 e 30 anos de fundação, respectivamente,

Mais de 43 pessoas estiveram presentes, representando 21 membros e organizações observadoras. Além do debate da conjuntura socioambiental e climática, os presentes conheceram as estruturas da Apremavi, o trabalho de planejamento, conservação e restauração de paisagens no Alto Vale do Itajaí (SC). Os participantes também colocaram a mão na terra e, como de costume em encontros de ativistas ambientais, plantaram uma nova floresta na propriedade da Apremavi.

Como resultado das discussões daqueles dias foi lançada a Carta de Atalanta, um documento em protesto contra o ataque coordenado do Congresso Nacional e do Executivo Federal à proteção ambiental e aos direitos dos povos tradicionais.

+ Confira a íntegra da Carta de Atalanta

Participantes do encontro anual do OC de 2017, que ocorreu em Atalanta, durante o plantio em uma mata ciliar. Foto: Arquivo Apremavi.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto.
Revisão: Carolina Schäffer.
Foto de Capa: Arquivo Apremavi.

Projeto da UE contra desmate importado precisa de ajustes, diz OC

Projeto da UE contra desmate importado precisa de ajustes, diz OC

Projeto da UE contra desmate importado precisa de ajustes, diz OC

Trinta e quatro organizações ambientalistas brasileiras, entre elas a Apremavi, publicaram nesta terça-feira (15/3) uma declaração conjunta em que pedem melhorias no projeto da UE de regulamento sobre produtos livres de desmatamento.

DO OBSERVATÓRIO DO CLIMA | As ONGs, filiadas ao Observatório do Clima, dizem na carta que a nova proposta de legislação europeia para banir commodities produzidas com desmatamento está na direção certa para cumprir as metas da Declaração de Glasgow sobre Florestas. O acordo voluntário de 2021 tem o objetivo de “deter e reverter” o desmatamento até 2030.

O Brasil é o maior país de floresta tropical do mundo, abrigando 60% da floresta amazônica. Se o país não combater o desmatamento, a declaração de Glasgow e o próprio objetivo do Acordo de Paris estariam em risco.

“É uma proposta necessária e positiva”, diz a declaração sobre o projeto de lei da UE. No entanto, a nova legislação possui lacunas que precisam ser corrigidas. Entre elas estão as necessidades de proteção mais ampla de ecossistemas e de controle mais rigoroso contra “vazamentos” de desmatamento dentro de uma mesma propriedade.

No comunicado, as ONGs argumentam que, ao usar a definição de “floresta” da FAO (agência da ONU para florestas e agricultura), a proposta acaba deixando desprotegidos importantes ecossistemas que poderiam ser alvo de expansão do agronegócio. O principal deles é o Cerrado, um hotspot de biodiversidade para onde o desmatamento da Amazônia pode vazar. Citando dados ainda a serem publicados do consórcio MapBiomas, as organizações afirmam que, “somente no Brasil, 75% do Cerrado, 89% da Caatinga, 76% do Pantanal e 74% do Pampa estariam em risco”.

O grupo de ONGs também diz que há espaço para melhorias nos critérios de due diligence. De acordo com a proposta da Comissão Europeia, a “parcela” de uma fazenda sujeita a auditoria é definida como a área real da propriedade em que uma determinada mercadoria está sendo produzida. Citando um estudo publicado em 2020 na revista Science que descobriu que até 20% das exportações de soja do Brasil para a Europa estavam contaminadas por desmatamento, incluindo o corte raso dentro da fazenda em áreas em que commodities são cultivadas para mercados menos rigorosos, as ONGs sugerem que toda a área de uma propriedade seja considerada para fins de due diligence.

A proposta também precisa de garantias rígidas sobre direitos humanos, dizem as ONGs. As avaliações de risco previstas na legislação proposta “precisam considerar explicitamente as leis e normas internacionais sobre direitos de posse, notadamente de Povos Indígenas e Comunidades Tradicionais, como a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho”.

O lançamento da carta ocorre às vésperas de uma reunião do Conselho de Meio Ambiente da EU para discutir o regulamento, na próxima quinta-feira (17).

+ Confira o documento aqui. 

Autor: Observatório do Clima. 
Foto de Capa: Vitor Lauro Zanelatto.

Ato Pela Terra e força da Sociedade Civil

Ato Pela Terra e força da Sociedade Civil

Ato Pela Terra e força da Sociedade Civil

Brasileiras e brasileiros estiveram juntos em Brasília para demandar o arquivamento de projetos nocivos à vida e exaltar a pluralidade brasileira.

Na última quarta-feira (09/03) o gramado do Congresso Nacional recebeu milhares de pessoas, numa das maiores mobilizações dos últimos anos. O #AtoPelaTerra, liderado por Caetano Veloso e co-realizado por organizações do terceiro setor, teve como foco mobilizar a sociedade para o impedimento do avanço de propostas recheadas de retrocessos socioambientais que estão tramitando no Congresso, o chamado ‘Pacote da Destruição’.

O ato contou com shows do músico e de outros cantores, como Criolo, Emicida, Seu Jorge, Maria Gadú, Duda Beat, Nando Reis e Baco Exu do Blues. Antes disso, dezenas de ativistas, artistas e líderes ambientalistas do país estiveram com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que se comprometeu em paralisar a tramitação de projetos de lei que já foram aprovados pelos deputados, e estão agora na câmara revisora, como o que muda as regras para o licenciamento de agrotóxicos no Brasil.

Ao comparar com outras manifestações sobre políticas públicas, chama atenção a adesão e apoio de personalidades públicas, de diferentes setores. A participação em peso de cantores, atores, chefes de cozinha e escritores, entre outras classes formadoras de opinião, mostram uma preocupação genuína em colaborar com o desenvolvimento sustentável. Uma mobilização com essa caraterística há muito tempo não era vista no Brasil.

Organizações estimaram cerca de 15 mil participantes no Ato Pela Terra. Foto: Mídia Ninja.

Miriam Prochnow, Wigold Schäffer e Gabriela Schäffer, que integram o quadro de conselheiros da Apremavi, representaram a organização em Brasília, ao lado de centenas de integrantes de iniciativas socioambientais. Miriam compartilhou sua percepção sobre essa união multisetorial em prol do Brasil:

“O ato foi emocionante. Milhares de pessoas unidas em uma só voz e amor pela Terra. Falando claramente que a destruição e os retrocessos precisam parar imediatamente. Sem isso não teremos a mínima chance de sobrevivência enquanto espécie. Apesar da pauta pesada, a energia que emanou do movimento durante todo o tempo foi de paz, esperança e resiliência”.

Resiliência deve guiar a atuação em prol da biodiversidade e da vida neste ano, já que vários Projetos de Lei com retrocessos ambientais estão previstos para serem pautados no Congresso esse ano. Enquanto o Senado se mostrou aberto a ouvir as demandas da sociedade, a Câmara preferiu observar o ato da última quarta-feira pelas janelas e, no mesmo dia, seguiu caminho oposto das demandas da sociedade civil. Liderados por Arthur Lira, os deputados aprovaram um Requerimento de Urgência para a tramitação de uma proposta que libera mineração em Terras Indígenas. 

 

Registros da mobilização, desde as primeiras horas da tarde até os últimos shows, que ocorreram à noite. Fotos: Gabriela Schäffer e Wigold B. Schäffer. 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto.
Foto de Capa: Mídia Ninja.

Apremavi divulga novas oportunidades de trabalho

Apremavi divulga novas oportunidades de trabalho

Apremavi divulga novas oportunidades de trabalho

Se você tem interesse na causa ambiental e experiência com comunicação institucional no terceiro setor, ou é ilustrador profissional, esse é o momento de trabalhar conosco!

A Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (APREMAVI) apresenta duas oportunidades de trabalho, no âmbito da Coordenadoria de Comunicação e Informação. Ambas as vagas receberão propostas até o próximo dia 04/04, através de e-mail. Na mesma correspondência, deverá ser apresentado o portfólio profissional.

Vaga Assistente de Comunicação

Oportunidade para profissional pleno, para assistência na Coordenação de Comunicação e Informação da Apremavi. A preferência é pela contratação nos termos da CLT, em dedicação integral, condicionada ao trabalho presencial no Centro Ambiental e Viveiro Jardim das Florestas, sede da Apremavi, em Atalanta (SC).

Contratações PJ serão consideradas, com trabalho presencial opcional (possibilidade de realizar home office) e entrega prevista de 30 horas semanais.

+ Confira o Termo de Referência (TDR) com o detalhamento da oportunidade.

As propostas comerciais e os currículos deverão ser encaminhadas até às 23h59min (horário de Brasília) do dia 04 de março de 2022, para o e-mail info@apremavi.org.br

Contratação de Ilustrador (a/e)

Oportunidade para a elaboração do novo banco de ilustrações da Apremavi e cessão de propriedade do mesmo, com lançamento previsto durante as comemorações de 35 anos de fundação da organização. A contratação será PJ, isto é, sem vínculo empregatício e com pagamento mediante apresentação de nota fiscal.

+ Confira o Termo de Referência (TDR) com o detalhamento da oportunidade*

As propostas comerciais deverão ser encaminhadas até às 23h59min (horário de Brasília) do dia 04 de março de 2022, para o e-mail comunica@apremavi.org.br

A Apremavi tem como princípios a equidade e a diversidade. Incentivamos profissionais de grupos minoritários (de origem e raça, étnicos, gênero, orientação sexual, sociais, culturais, etários, e físicos) a apresentar proposta.

Ajude a Apremavi: compartilhe essas oportunidades de trabalho com profissionais que você conheça.

*Arquivo atualizado em 06/03/2022, com a ampliação de alguns dos prazos previstos na redação do TDR.

Autor: Vitor L. Zanelatto.
Revisão: Carolina Schäffer.
Foto de Capa: Vitor Lauro Zanelatto.

Chuva de flores, o Ripão floresceu!

Chuva de flores, o Ripão floresceu!

Chuva de flores, o Ripão floresceu!

Não é por acaso que em algumas regiões do país essa espécie é chamada de chuva-de-ouro. As flores abundantes e agrupadas do Ripão (Cassia leptophylla Vogel) são capazes de embelezar desde avenidas movimentadas até silenciosas florestas.

Além do seu amplo uso no paisagismo, é indicada para plantios de recuperação de áreas degradadas. Sua germinação e desenvolvimento, que necessitam de condições ideais para ocorrer, são facilitadas pela inserção antrópica no ambiente, acelerando o processo de regeneração. Além disso, a espécie também é utilizada na fitoterapia, sendo preconizada como desintoxicante e depurativa*.

A característica lenhosa dos frutos dificulta a propagação das sementes pelos animais. Após o amadurecimento, entre maio e setembro, é possível realizar a coleta das sementes direto do chão, tendo estas maiores níveis de germinação, se comparado às coletadas diretamente da árvore.

A semeadura demanda alguns cuidados adicionais. É preciso realizar a quebra da dormência das sementes, utilizando água fervente ou ou através da escarificação com uma lixa. O plantio deve ser feito em canteiros semi-sombreados, preferencialmente em substrato organo-argiloso.

Em destaque: brotos de Cassia leptophylla produzidos no Viveiro Jardim das Florestas. Foto: Vitor L. Zanelatto. 
Galeria: Aspectos da Cassia leptophylla Vogel. Fotos: Gerson Luiz Lopes

Ripão

Nome científico: Cassia leptophylla Vogel
Família: Fabaceae
Utilização: Madeira utilizada para fabricação de caixas, brinquedos e pequenas obras. Espécie muito utilizada para o paisagismo em geral.
Coleta de sementes: diretamente da árvore.
Época da coleta de sementes: maio a julho.
Fruto: legumes cilíndricos indeiscentes, lenhosos e alongados, com até 45cm de comprimento.
Flor: pétalas amarelas de até 2cm, agrupadas em racemos terminais pendentes (cachos).
Floração: de agosto a dezembro.
Crescimento da muda: lento.
Germinação: baixa, emergência em 60 dias.
As sementes desta espécie necessitam de quebra de dormência em água fervente.
Plantio: mata ciliar, área aberta, solo degradado.

* Os dados sobre usos medicinais das espécies nativas são apenas para informação geral. O uso de medicamentos fitoterápicos deve ser seguido de orientações médicas.

Fontes consultadas

Jardim Botânico do Rio de Janeiro (ed.). Programa REFLORA/CNPq. Disponível em: http://reflora.jbrj.gov.br/reflora/listaBrasil/. Acesso em: 03 mar. 2022.

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1992. 5ª edição.

PROCHNOW, Miriam (Org.). No Jardim das Florestas. Rio do Sul: APREMAVI, 2007.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Leandro da Rosa Casanova
Foto de capa: Vitor Lauro Zanelatto

FF PR e SC lança Relatório Anual de Atividades 2021

FF PR e SC lança Relatório Anual de Atividades 2021

FF PR e SC lança Relatório Anual de Atividades 2021

Na última semana, a Secretaria Executiva do Fórum Florestal Paraná e Santa Catarina lançou o Relatório Anual de Atividades de 2021. O documento apresenta uma síntese das atividades realizadas no período, como forma de reunir e organizar as ações e esforços dos integrantes e ampliar a transparência da iniciativa.

Em mais um ano com restrições impostas pela pandemia de Covid-19, as reuniões plenárias se mantiveram à distância. Foram realizados encontros nos meses de abril, agosto e novembro. Além disso, os integrantes puderam participar de eventos, debates sobre temas inerentes ao FF PR e SC e na elaboração de publicações, como o artigo submetido à  III Conferência Brasileira de Restauração Ecológica. Outro produto do trabalho do Fórum foi a aprovação das Diretrizes de Funcionamento.

+ Acesse a  íntegra do relatório


Em 2021, os trabalhos do FF PR e SC foram conduzidos por Vitor Lauro Zanelatto, Secretário Executivo do FF PR e SC, com o apoio de Edilaine Dick. A Secretaria Executiva é hospedada pela Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (APREMAVI). Integraram o Grupo de Apoio à Secretaria Executiva Alessandra Xavier  (SPVS) Ivone Namikawa (Klabin) Juliana Tramontina (Adami) e Luciane Costa (IFSC Lages). As empresas mantenedoras da iniciativa foram Adami, Arauco, Klabin e WestRock. 

+ Acesse as memórias de reunião de outros arquivos inerentes ao FF PR e SC

Capa do Relatório Anual de Atividades 2021.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto.
Foto de Capa: Vitor Lauro Zanelatto.

São Joaquim é Sagrado: campanha chama atenção para a importância do Parque

São Joaquim é Sagrado: campanha chama atenção para a importância do Parque

São Joaquim é Sagrado: campanha chama atenção para a importância do Parque

Criado em 06 de junho de 1961, o Parque Nacional de São Joaquim é um dos mais importantes e antigos parques nacionais do sul do Brasil.

Seus 49.800 hectares protegem ecossistemas ameaçados como a Floresta com Araucárias e os Campos de Altitude, espécies da flora ameaçada como o Pinheiro Brasileiro (Araucaria angustifolia) e o Xaxim (Dicksonia sellowiana), e também espécies ameaçadas da fauna como o papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), o leão-baio (Puma concolor) e o lobo-guará (Chrysocyon brachyurus). Protege ainda as nascentes do rio Pelotas e belezas cênicas impressionantes como a Pedra Furada e o Cânion do Funil. É também o motor do ecoturismo, uma das atividades econômicas que mais cresce nos municípios da região.

De acordo com a Diretora Executiva da Rede Pró UC, Angela Kuczach, o “ecoturismo tem crescido na região, e é no Parque Nacional que estão as atrações que as pessoas querem ver, como a Pedra Furada. Esta é uma oportunidade para gerar emprego e renda nas cidades do entorno do Parque com uma atividade de baixo impacto ambiental”.

Em 2021, em comemoração aos 60 anos do Parque, a Rede de Amigas e Amigos do Parque São Joaquim, que reúne voluntários, organizações locais e de outras regiões do Brasil, promoveu uma extensa programação virtual com gestores, especialistas, visitantes, guias e outros atores que se relacionam com o Parque.

Coexistiu com o clima de celebração a necessidade de alertar a sociedade sobre a ameaça de redução da área do Parque. O Projeto de Lei do Senado n° 208/2018 e o Projeto de Lei da Câmara dos Deputados n° 10082/2018 propõem a redução de cerca de 20% da área do Parque. Esses projetos somam-se às tentativas anteriores de redução dos limites da Unidade.

Alertas de que as ameças ainda pairam sobre o Parque, a Rede lança agora a Campanha São Joaquim é Sagrado, com o intuito de tornar a sociedade aliada na luta contra as ameaças e na busca pela consolidação da área como fundamental para a conservação das paisagens, da biodiversidade, da água e da economia da região.

Artes da campanha São Joaquim é Sagrado. Fotos: Carolina Schäffer e Wigold B. Schäffer. 

A campanha São Joaquim é Sagrado

Com um perfil no Instagram e um canal no YouTube, a campanha São Joaquim é Sagrado apresenta as belezas do Parque Nacional de São Joaquim e mostra que a preservação dos elementos que a Unidade de Conservação protege, como água, ar puro, insetos, fauna e flora em geral, colaboram tanto para a qualidade de vida como para a economia da região.

Faça parte do movimento em prol do Parque Nacional de São Joaquim curtindo a página no Instagram e compartilhando fotos com a #sãojoaquimésagrado.

Banner de lançamento da campanha ‘São Joaquim é Sagrado’. Reprodução @saojoaquimesagrado

Autora: Carolina Schäffer
Foto de Capa: Wigold B. Schaffer.

Petrópolis e o esforço dos governantes em ignorar o passado

Petrópolis e o esforço dos governantes em ignorar o passado

Petrópolis e o esforço dos governantes em ignorar o passado

Índices pluviométricos esperados para semanas ou meses são registrados em poucas horas, o solo, em muitas áreas degradadas e alvo de alterações antrópicas significativas, perde sustentação em áreas com declives. Uma paisagem que antes mostrava-se parcimoniosa àqueles desatentos aos riscos da ocupação sem planejamento torna-se em pouco tempo cenário de insegurança geotécnica e uma grave ameaça à vida.

A intensidade das chuvas que atingiram a cidade de Petrópolis (RJ) desde o dia 15 de fevereiro, e com ápice na última semana, foi elemento decisório para que o Brasil observasse mais uma tragédia acontecer. Para quem é morador antigo da cidade, a situação relembra outro episódio sombrio: em 1988 uma situação similar resultou na morte de 171 petropolitanos.  Também na região Serrana do Rio de Janeiro, 918 mortes e pelo menos 99 pessoas desaparecidas foram registradas em 2011.

Agora, em 2022, segundo o Corpo de Bombeiros, 178 cidadãos perderam a vida em função das consequências das chuvas na região. Até o final da elaboração deste texto, outras 110 pessoas estavam desaparecidas. A Defesa Civil da cidade informou que foram registrados mais de 700 deslizamentos de terra, e muitas áreas ainda estão instáveis. 

Trabalho do Corpo de Bombeiros na busca por sobreviventes em Petrópolis. Foto: Eduardo Anizelli/Folhapress

Apesar de quererem justificar os episódios recentes como uma desastrosa combinação de eventos naturais, é preciso relembrar que o cenário de destruição e dor visto em Petrópolis é recorrente no Brasil.

O Alto Vale do Itajaí (SC), berço de atuação da Apremavi, também sofreu repetidamente com a falta de planejamento urbano, planos de contingência e, principalmente, ausência de planos para a mudança sistêmica na ocupação de áreas impróprias à atividades antrópicas e portanto, de risco. No caso mais recente, em dezembro de 2020, 21 pessoas morreram na região, após 120 milímetros de chuva em seis horas causarem deslizamentos de terra e enxurradas em comunidades do interior de Presidente Getúlio e Rio do Sul.

Ainda no final de 2021, fortes chuvas afetaram mais de 70 mil pessoas na Bahia. Mais de 25 cidades decretaram Situação de Emergência e, mais uma vez, esforços foram reunidos para socorrer as vítimas, desalojados e desabrigados.

É possível perceber um padrão em todas essas tragédias, comprovado por análises técnicas e dados. Hora, se há informações, conhecimento dos elementos que aumentam as chances de destruição e a ciência repetidas vezes já orientou para as mudanças necessárias na relação entre a sociedade e a ocupação da paisagem, anunciar os elementos naturais como responsáveis pelas mortes, ou tratar tais situações como desastres, não é apenas uma abordagem imoral, é também muito útil àqueles que de fato possuem responsabilidade sobre o assunto e fazem pouco ou quase nada quando se trata de proteção e bem-estar das pessoas.

 

Faltou vontade e sobraram recursos para prevenir a tragédia

Segundo as informações disponibilizadas no Portal da Transparência, o Estado do Rio de Janeiro gastou apenas metade do previsto em orçamento no programa de prevenção e resposta a desastres. Apenas 47% do valor reservado no erário para ser gasto em estratégias de prevenção e resposta aos riscos de catástrofes foi de fato empenhado em 2021. Foram indicados para aplicações R$ 192,8 milhões deum total de R$ 407,8 milhões previstos no orçamento.

Segundo a apuração da imprensa, a baixa execução não tem relação com a crise financeira do estado. Há um evidente contraste nos investimentos de outras áreas, se comparado com os programas de prevenção de catástrofes. O governo empenhou 86% do total previsto no orçamento de 2021, deixando o programa “Prevenção e Resposta aos Riscos e Recuperação de Áreas Atingidas por Catástrofes” em 42º no ranking de execução, comparado aos 72 previstos no estado. Recursos inicialmente previstos para este e outros programas podem ter sido remanejados para outras áreas ou até mesmo mantidos imobilizados.

Ao contrário da demora para investir na prevenção, os prejuízos materiais da tragédia em Petrópolis já estão sendo divulgados. Segundo um levantamento preliminar da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) o temporal da última semana deverá causar uma perda de R$ 665 milhões, apenas considerando o PIB da cidade. A estimativa de custos para a reconstrução das áreas atingidas e nas obras públicas para a reconstrução da cidade ainda não foram divulgados, mas dado o grave cenário, serão necessários centenas de milhões e anos de trabalho.

 

A importância das Áreas de Preservação Permanente bem preservadas

Além das Unidades de Conservação, existem no Brasil, por força de lei, outras áreas que devem ser protegidas sempre, independentemente de sua localização no território, como as margens de rios, nascentes e topos de morro, entre outras. Essas áreas são consideradas Áreas de Preservação Permanente (APPs), independentemente de estarem em áreas rurais ou urbanas, em terras particulares ou públicas.

As APPs são áreas que têm um papel crucial na prevenção de riscos de enchentes e desbarrancamentos, colaborando com a proteção das pessoas e da biodiversidade em eventos extremos da Natureza. Mesmo com os dados e situações indicando a necessidade de ampliar as áreas protegidas, a legislação brasileira sobre o assunto sofreu mudanças desastrosas e passíveis de contestações, como a mudança no Código Florestal (2012), e até mesmo as recentes mudanças no regramento sobre APPs em áreas urbanas (PL 14285/2021).

Após a Tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro em 2011, especialistas em áreas protegidas e planejamento territorial realizaram um estudo sobre o papel da UCs na mitigação dos efeitos de eventos extremos. Naquela época, a Área de Proteção Ambiental de Petrópolis, Unidade de Conservação de Uso Sustentável, abrigava cerca de 280 mil habitantes e já era apontada como alvo de ocupação de APPs com moradias e atividades industriais e agropecuárias.

O co-fundador e conselheiro da Apremavi, Wigold Schäffer, é um dos autores do documento. Em depoimento ao Observatório do Clima, ele destacou o principal diagnóstico do estudo:

“92% dos deslizamentos que ocorreram naquela ocasião tinham alguma intervenção humana, seja pela construção de moradias, estradas e terraplanagem para construção, entre outras. Apenas 8% dos deslizamentos ocorreram em áreas com vegetação nativa bem conservada”.

Ainda segundo o documento, intervenção antrópica foram responsáveis por 90% dos deslizamentos de terra e rolamento de rochas; como estradas, caminhos, trilhas, terraplanagens, desmatamento de encostas e topos de morro, degradação da vegetação nativa e áreas de pastagens degradadas. Constatou-se também que as áreas que foram mais intensamente afetadas pela tragédia são aquelas consideradas APPs (margens de cursos d’água, encostas com alta declividade e topos de morro ou montanhas). Verificou-se, por outro lado, que nas áreas com a vegetação nativa bem conservada, mesmo quando localizadas em áreas com alta declividade ou topos de morro ou montanhas, a quantidade de deslizamentos e rolamento de rochas foi inferior a 10% do total desses eventos.

+ Confira a íntegra do estudo

Os autores do relatório emitiram uma série de recomendações aos órgãos competentes, como a desocupação das zonas de risco e o cumprimento da legislação. Não há registros de ações posteriores do Governo Federal ou Estadual para a implementação de iniciativas visando a regularização ambiental. Petrópolis, que também foi atingida na tragédia de 2011, tem um quinto de seu território sob alto risco: são mais de 12 mil moradias ameaçadas, segundo o plano municipal de 2018.

Região  de Nova Friburgo, após a trágica;edia de 2011. É possivel observar que os deslizamentos ocorreram em áreas consideradas de preservação permanente (APP de topo de morro, de encosta e de margem de rio). Fonte: ‘Áreas de Preservação Permanente e Unidades de Conservação & Áreas de Risco. O que uma coisa tem a ver com a outra?’


Despreparo da mídia para relacionar o caso às mudanças climáticas

A chuva mais intensa registrada em Petrópolis, segundo as medições do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), foi o elemento conclusivo da tragédia. No entanto, a escassez de informações sobre as causas deste desequilíbrio chamam a atenção na maioria das matérias produzidas sobre o assunto.

Se faz necessária a escuta dos especialistas, divulgação dos efeitos das mudanças climáticas e conscientização da população sobre o tema, para que este seja central nas discussões sobre o futuro do país, desde os planejamentos territoriais das cidades até as campanhas e formulação de planos de governo.

Ao conceder uma entrevista para a TV Jovem Pan, o físico Paulo Artaxo, pesquisador brasileiro que integra o grupo de especialistas responsáveis por elaborar os relatórios do IPCC, fez questão de destacar a urgência em falar e agir sobre as mudanças climáticas; e não apenas esperar para remediar suas consequências.

“Essas tragédias são evitáveis. O Rio de Janeiro possui três radares, capazes de prever com razoável precisão a quantidade de chuvas. A questão não é técnica ou científica, mas sim contar com governos que se preocupem em fazer o necessário para prevenir tragédias. Os eventos climáticos extremos cada vez mais trazem prejuízos socioambientais e econômicos, falta ao país um plano de adaptação às mudanças climáticas”.

+ Confira aqui o resumo comentado do último relatório do IPCC (AR6, WG1)) elaborado pelo Observatório do Clima.


Entrevista completa concedida por Paulo Artaxo à Jovem Pan.

 

Autor: Vitor Lauro Zanelatto.
Revisão: Carolina Schäffer.
Foto de Capa: Registro do socorro às vítimas da tragédia em Petrópolis. Eduardo Anizelli/FolhaPress

Sobre a largura mínima das faixas marginais de curso d’água em área urbana com a nova Lei 14.285/2021

Sobre a largura mínima das faixas marginais de curso d’água em área urbana com a nova Lei 14.285/2021

Sobre a largura mínima das faixas marginais de curso d’água em área urbana com a nova Lei 14.285/2021

Por João de Deus Medeiros, Professor, Biólogo e Dr. em Botânica. Coordenador Geral da Rede de ONGs da Mata Atlântica.

No apagar das luzes do ano de 2021 o Congresso Nacional “brinda” a sociedade brasileira com a edição da Lei no 14.285, de 29 de dezembro de 2021, a qual alterou dispositivos da lei de proteção da vegetação nativa (Lei no 12.651/2012) referentes à proteção de áreas de preservação permanente em áreas urbanas. Modificou ainda o Art. 22 da Lei no 11.952/2009 e o Art. 4o da lei no 6.766/1979.

A nova lei, como tantas outras que reduzem a proteção ambiental no Brasil, teve destacada participação de parlamentares catarinenses. Sua origem remonta ao PL 2510/2019, de autoria do Deputado Rogério Peninha Mendonça (MDB-SC); em maio de 2012 é apresentado pela Deputada Angela Amin (PP-SC) requerimento de urgência na tramitação do PL, sendo o mesmo aprovado em agosto de 2021, quando então é designado como relator o Deputado Darci de Matos (PSD-SC).

Ao tramitar no Senado o texto do PL2510/2019 foi alterado, incluindo a previsão de uma faixa mínima de 15 metros de APP ao longo dos cursos d’água em áreas urbanas. Retornando a Câmara, parecer do relator Darci de Matos conclui pela rejeição à emenda do Senado.

Logo após a edição do novo diploma legal muitas críticas e debates sobre a aplicação do mesmo foram suscitados. A crítica maior se associa ao entendimento de que a norma desloca para os municípios e o Distrito Federal a competência para definir as faixas marginais de qualquer curso d’água perene ou intermitente em áreas urbanas consolidadas, de forma distinta dos parâmetros estabelecidos no inciso I, do caput do art. 4o da Lei no 12.651/2012.

O questionamento quanto a incompatibilidade da norma com a Constituição da República é igualmente levantado, argumentando-se que é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios a proteção do meio ambiente e o combate a poluição em qualquer de suas formas (Art. 23, IV), contudo, a competência para legislar sobre proteção do meio ambiente e controle da poluição é remetida à União, aos Estados e ao Distrito Federal (Art. 24, VI). Já o Art. 30 remete ao município a competência para legislar sobre assuntos de interesse local e suplementar a legislação federal e estadual no que couber. Nesse contexto resta o questionamento quanto a competência legislativa dos municípios para editar norma estritamente vinculada a proteção do meio ambiente e ao combate à poluição, bem como se, havendo norma geral nacional regrando o tema, isso é cabível e até onde é razoável admitir que a flexibilização na proteção de um curso d’água se restringe tão somente ao interesse local de um dado município.

A respeito da discussão do “interesse local” é pedagógica a transcrição de partes de recente decisão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo na ação Popular 1003121-88.2022.8.26.0053, onde é ressaltado que “Não fosse a poluição da bacia do Alto Tiete os municípios a jusante poderiam aproveitar os seus recursos hídricos, inclusive para consumo humano”, e ainda, “Nunca perdendo de vista a principais medidas necessárias a solução desse gravíssimo problema ambiental: da melhoria do saneamento (universalização da coleta e tratamento de esgoto), passando pela restauração da vegetação nativa e pelo uso sustentável da terra, ao controle de uso de pesticidas”. Fica evidente que as intervenções sobre um dado curso d’água não restringem seus efeitos aos limites do município. Intervenções que comprometem a qualidade ou o comportamento das águas, invariavelmente afetam diversas outras áreas a jusante, não havendo qualquer plausibilidade num eventual argumento de que a intervenção sobre APP de curso d’água se caracterize como algo meramente de interesse local. Infelizmente, no Brasil são numerosos os casos que poderíamos indicar, a título de exemplo, da extensão das consequências nefastas de intervenções indevidas ao longo dos cursos d’água.

Ainda restrito a interpretação da efetiva mudança trazida as APPs de cursos d’água, registra-se que a lei Lei no 14.285, em seu artigo 2o, estabeleceu que a Lei no 12.651, de 25 de maio de 2012, passa a vigorar com as seguintes alterações:

“Art. 4o …………………………………………………………………………………………………

§ 10. Em áreas urbanas consolidadas, ouvidos os conselhos estaduais, municipais ou distrital de meio ambiente, lei municipal ou distrital poderá definir faixas marginais distintas daquelas estabelecidas no inciso I do caput deste artigo, com regras que estabeleçam:


I – a não ocupação de áreas com risco de desastres;


II – a observância das diretrizes do plano de recursos hídricos, do plano de bacia, do plano de drenagem ou do plano de saneamento básico, se houver; e


III – a previsão de que as atividades ou os empreendimentos a serem instalados nas áreas de preservação permanente urbanas devem observar os casos de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental fixados nesta Lei.” (NR)

Como podemos observar do texto legal, não houve alteração no caput do Art 4o da Lei no 12.651/2012, o qual estabelece os parâmetros mínimos das APPs como regra geral nacional, inclusive para as zonas urbanas.

O § 10 original, por sua vez, previa que, “No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, observar-se-á o disposto nos respectivos Planos Diretores e Leis Municipais de Uso do Solo, sem prejuízo do disposto nos incisos do caput” , ou seja, essa previsão não obrigava os municípios a estabelecerem exatamente as mesmas dimensões da faixa de APP do inciso I; a lei municipal poderia,
já com base na redação anterior do § 10 definir faixas marginais distintas. A lei no 12.651 não padronizou as faixas de proteção ao longo dos cursos d’água, apenas estabeleceu a base mínima a ser observada em todo o território nacional. Em sendo assim, o que temos é uma determinação estabelecendo que, para áreas urbanas consolidadas, consoante a nova redação dada pela Lei no 14.285, para definir faixas distintas daquelas estabelecidas no inciso I do caput do artigo 4o da Lei no 12.651/2012, o legislador municipal deverá respeitar estrita observância ao que ficou definido nos novos incisos I, II e III. Não há como interpretar que a nova redação do § 10 elimina a exigência legal de se observar os parâmetros mínimos das faixas marginais de cursos d’água.

Não resta qualquer duvida que a intenção dos proponentes e defensores da proposta ora traduzida na Lei no 14.285 sempre foi remeter aos municípios competência plena, até mesmo para definir faixas inferiores ao que define o inciso I do caput do artigo 4o da Lei no 12.651/2012, contudo essa pretendida e indevida competência plena não encontra respaldo algum no novo texto do § 10.

Considerando que a competência legislativa dos estados só pode aumentar o grau de proteção estabelecido na legislação federal e que, consoante a determinação do Art. 24, § 4o da Constituição da República, a superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário, é possível deduzir, subsidiariamente, que qualquer faixa de APP de curso d’água definida em lei municipal que se mostre inferior a largura mínima estabelecida na lei no 12.651/2012 terá sua validade questionada.

A Lei no 14.285/2021 traz uma redação que amplia a insegurança jurídica e poderá acirrar conflitos já existentes e que, frente aos dispositivos vigentes, poderiam ser perfeitamente evitados. A insegurança frente ao texto da nova lei pode ter sido a motivação do envio de Oficio da Federação Catarinense de Municípios (FECAM) endereçado ao Conselho Estadual do Meio Ambiente de Santa Catarina, e que foi apreciado na sua 199a Reunião Ordinária, realizada no dia 04 de fevereiro de 2022. A deliberação do Conselho Estadual do Meio Ambiente de Santa Catarina, propondo a criação de um Grupo de Trabalho para avaliar preliminarmente as implicações da Lei n 14.285/2021 reforça essa percepção de insegurança jurídica com a redação da nova norma.

Relembrando todo o histórico da origem e tramitação do PL 2510/2019, de autoria do Deputado Peninha, não surpreende que o Conselho Estadual do Meio Ambiente de Santa Catarina evite emitir uma resposta direta a FECAM indicando a efetiva abrangência da nova lei; o destacável é o fato de o referido Conselho não respaldar de imediato que a nova lei confere aos municípios a reconhecida pretensão de estabelecer faixas marginais de cursos d’água, em áreas urbanas, inferiores ao mínimo determinado na lei no 12.651/2012.

 

Pin It on Pinterest