Alceo Magnanini, uma vida dedicada à Natureza

Alceo Magnanini, uma vida dedicada à Natureza

Alceo Magnanini, uma vida dedicada à Natureza

A Rede Nacional Pró Unidades de Conservação (Rede Pró UC) e a Apremavi lamentam o falecimento do professor Alceo Magnanini, um dos mais respeitados ambientalistas brasileiros.

Engenheiro agrônomo de formação, Magnanini foi um dos pioneiros nas ações de conservação da biodiversidade do Brasil, sendo um dos responsáveis pela elaboração da Lei do SNUC, Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Atuou como Botânico do Ministério da Agricultura e Chefe do Setor de Ecologia Florestal do Centro de Pesquisas Florestais e Conservação da Natureza do Estado da Guanabara e Conselheiro do Conselho Florestal Federal. Também foi membro do grupo que delimitou a parte sul da Amazônia e o primeiro diretor do Parque Nacional da Tijuca.

Integrou a equipe técnica que elaborou o Código Florestal Brasileiro de 1965 (Lei 4.771/1965), com visão de futuro vanguardista. O regramento conferiu proteção legal aos principais bens ambientais, independentemente de sua localização, seja no ambiente rural ou urbano, em áreas privadas ou públicas e era considerado um marco na legislação ambiental brasileira, até sua revogação pela Lei 12.651/2012.

A atuação do ativista no grupo de trabalho que elaborou a redação do Código Florestal de 1965 está registrada no livro do Observatório do Código Florestal (OCF), “Uma breve história da Legislação Florestal Brasileira”:

“Em 1961, foi instituído um grupo de trabalho para elaboração da Lei Florestal13, composto por Osny Pereira, como coordenador, Alceo Magnanini, agrônomo pioneiro na área de biogeografia, e mais quatro autoridades no tema florestal. Com a renúncia do Presidente Jânio Quadros, os trabalhos foram interrompidos e retomados em 1962, com o ingresso de um especialista no grupo de trabalho, Victor Farah, primeiro diretor executivo da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza, organização ambientalista pioneira no país. Cada item foi estudado profunda e exaustivamente, com pesquisas de campo, análise de legislações estrangeiras, consultas, debates, até se alcançar o consenso no grupo após dois anos de trabalho.”

Wigold Schäffer, ambientalista e co-fundador da Apremavi, destaca a inspiração que a trajetória de Alceu representa: “Alceo Magnanini além de um grande técnico, foi um ativista ambiental, continuamente defendeu os biomas brasileiros mesmo com idade avançada pois sabia que sem florestas não existe futuro. Foram 96 anos de dedicação à proteção da Natureza”.

O vídeo “Testemunho da história e da verdade” mostra o depoimento de Alceo sobre a elaboração do #CódigoFlorestal de 1965. As gravações ocorreram durante o Seminário “A Mata Atlântica no Ano Internacional das Florestas”, realizado em Brasília (DF), em 2011. Confira:

Autor: Vitor L. Zanelatto.

35 anos semeando ativismo pela vida de todas as espécies

35 anos semeando ativismo pela vida de todas as espécies

35 anos semeando ativismo pela vida de todas as espécies

Hoje completamos 35 anos de luta pela vida de todas as espécies. Celebramos a data relembrando nossas raízes, tronco, galhos, flores, frutos e sementes.

 

Nossas raízes

A história da Apremavi começou na virada de 1980 para 1981 quando Miriam Prochnow e Wigold B. Schaffer se conheceram em um baile de ano novo no interior de Santa Catarina. Nessa mesma década, na região da Serra da Abelha, a Terra Indígena La Klãnõ, em Ibirama (SC), que estava sendo devastada por madeireiros que atuavam sem restrições, situação que deixou o casal indignado. Na ocasião, o amigo Philipp Stumpe apresentou diversas literaturas sobre a luta ambientalista e dos povos indígenas, como o livro Não Verás País Nenhum, de Ignácio de Loyola Brandão, Índios e Brancos no Sul do Brasil, de Sílvio Coelho dos Santos.

O interesse na área ambiental ficou ainda mais evidente o que os levou à procura de Lauro Bacca e Lucia Sevegnani, representantes da Associação Catarinense de Preservação da Natureza (Acaprena), que sugeriram que o casal criasse uma ONG para atuar no Vale do Itajaí. Miriam e Wigold mobilizaram colegas que poderiam colaborar na nova empreitada e assim a Apremavi foi oficialmente fundada. 21 pessoas estiveram presentes na reunião de fundação, realizada em 09 de julho de 1987 em Ibirama (SC), exatamente há 35 anos.

O tronco que nos sustenta

Para cumprir nossa missão de “defender, preservar e recuperar o meio ambiente e os valores culturais, buscando a sustentabilidade em todas as dimensões e a melhoria da qualidade de vida na Mata Atlântica e outros biomas”, contamos hoje com uma equipe de quase 40 colaboradores, entre funcionários, estagiários, aprendizes, consultores e voluntários. Esses profissionais atuam em projetos para a restauração e conservação da Mata Atlântica; todos eles começam no Viveiro Jardim das Florestas, com a produção de novas árvores nativas da Mata Atlântica.

A história do viveiro começou em 1985, dois anos antes da fundação da Apremavi, com a produção das 18 primeiras mudas. Hoje o viveiro é um dos maiores viveiros do sul do Brasil, produzindo mudas de 200 diferentes espécies nativas da Mata Atlântica. Localizado na comunidade de Alto Dona Luiza, em Atalanta (SC), o viveiro é mantido com apoio de vários projetos através da demanda de mudas desses projetos para plantios de restauração ecológica, enriquecimento de florestas e recuperação de áreas degradadas.

O viveiro está equipado com estufas e galpões que dão suporte para todo o processo de produção das mudas. O viveiro é um polo tecnológico por conta de suas pesquisas, sobretudo na produção de espécies nativas da Mata Atlântica, e por conta do sistema Ellepot, implantado em 2019, ocasião em que as instalações foram ampliadas e modernizadas.

Junto ao viveiro, a Apremavi mantém um Centro Ambiental que abriga sua sede e ecoloja. Construído em 2013 com o apoio de inúmeros parceiros da região, foi idealizado para que a Apremavi pudesse desenvolver uma parte importante de sua missão institucional, que é a de compartilhar conhecimentos para a conservação da biodiversidade. Desde a sua inauguração, o Centro Ambiental já foi palco de inúmeras atividades de educação ambiental que aliam teoria e prática e diversas ações diretamente vinculadas aos projetos desenvolvidos pela Apremavi, tornando-o uma referência para outras organizações do Brasil e do exterior.

Uma rede com muitos galhos e folhas

A Apremavi acredita no intercâmbio e nas parcerias como melhor forma de enfrentar os problemas socioambientais. Esteve presente na Rio 92, onde ampliou redes, parcerias e mobilizações em prol das políticas públicas socioambientais. Ajudou a criar a Federação de Entidades Ecologistas Catarinense (FEEC) e faz parte da Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA).

Tem parcerias de sucesso com empresas, poder público, Organizações Não-Governamentais, instituições de ensino e universidades, cooperativas e associações, sempre procurando amplificar o impacto das atividades, compartilhar conhecimentos e co-construir soluções inovadoras para a proteção da Natureza. Faz parte e ajudou a criar coletivos e redes locais, nacionais e internacionais que buscam a implementação de leis ambientais e o desenvolvimento sustentável.

Integra a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), o Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais pelo Meio Ambiente e Desenvolvimento (FBOMS), o Observatório do Código Florestal, o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica e a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura. Também é membro e compõe o conselho do Observatório do Clima, tem assento no Conselho Brasileiro e Internacional do FSC e atua no Diálogo Florestal.

Frutos para colher

Ao longo de sua trajetória, a Apremavi mobilizou grande esforço pelo aprimoramento das políticas públicas ambientais, pela criação de unidades de conservação públicas e particulares, em ações de capacitação e educação ambiental, além de atuar diariamente na restauração e recuperação de áreas degradadas.

Atualmente desenvolve sete projetos, além de diversas iniciativas para a defesa da legislação ambiental e dos territórios, educação ambiental e desenvolvimento de saberes e tecnologias para a restauração e conservação da Mata Atlântica. Conheça os projetos que germinaram na Apremavi e estão sendo promovidos atualmente:

Clima legal: realiza plantios de árvores nativas visando a neutralização das emissões de CO2, amenizando os efeitos da crise climática e contribuindo com a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica.

Bosques de Heidelberg: desenvolvido com a ONG alemã Bund für Umwelt und Naturschutz Deutschland – BUND, promove a restauração da Mata Atlântica e a realização de ações de educação ambiental.

Matas Legais: criado em parceria com a Klabin, desenvolve ações de conservação, educação ambiental e fomento florestal, tendo como base o planejamento de propriedades e paisagens.

Matas Sociais: desenvolvido em parceria com a Klabin e o Sebrae, atua no fortalecimento econômico, ambiental e social das pequenas e médias propriedades rurais do Paraná e Santa Catarina.

Implantando o Código Florestal: atua no fomento de políticas, práticas, transparência e governança para a implantação do Código Florestal. É executado através de um consórcio liderado pelo Observatório do Código Florestal e é apoiado pela Agência Norueguesa de Cooperação para o Desenvolvimento – NORAD.

Conservador das Araucárias: visa a restauração florestal com espécies nativas, atrelada à captura de carbono para mitigação das mudanças climáticas, a adequação de propriedades rurais à legislação ambiental e a conservação de mananciais hídricos, do solo e da biodiversidade, bem como a melhoria da qualidade de vida da população inserida no território. É fruto da parceria entre a Tetra Pak e a Apremavi.

+Floresta: Tem como objetivo contribuir com a restauração da vegetação nativa em Abelardo Luz (SC), área de domínio de Floresta Ombrófila Mista, no Oeste do Estado de Santa Catarina, voltadas ao incremento das populações de araucária (Araucaria angustifolia), imbuia (Ocotea porosa) e xaxim (Dicksonia sellowiana), espécies vegetais ameaçadas de extinção com histórico de intensa exploração no estado.

Flores do reconhecimento

Com raízes de propósito, troncos e galhos fortes, muitas sementes germinadas, as flores vêm em forma do reconhecimento. As homenagens e os prêmios simbolizam o sucesso dos inúmeros projetos que beneficiaram a Natureza e a sociedade. Entre eles dois Prêmios Fritz Müller de Ecologia (1996 e 2021), doze Prêmios Expressão de Ecologia (1998, 2002, 2007, 2008, 2012, 2015, 2016, 2018, 2019, 2021 [2 categorias] e 2022), o Prêmio Muriqui (2010), além de estar na lista dos 500 melhores projetos ambientais do ‘Prêmios Latinoamérica Verde’ (2020).

A Apremavi também é reconhecida como uma organização que colabora com a implantação dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, através do Movimento ODS SC. Também foi reconhecida como uma iniciativa de impacto e passou a integrar a plataforma Para Quem Doar, iniciativa da Rede Globo para a cultura da doação no Brasil.

Compartilhando sementes de ativismo

Com 35 anos de existência, a Apremavi aprendeu a transformar sementes em novas florestas. Esse, que um dia foi apenas ideal, hoje é realidade nos milhares de hectares restaurados na Mata Atlântica, que seguem crescendo.

Para o plantio de cada mudinha, a colaboração de muitas pessoas foi necessária. O maior ativo da organização hoje é, sem dúvidas, a poderosa rede diversa, dispersa em vários territórios e com múltiplas habilidades, mas que se unem em doação para contribuir com os projetos e praticar o constante ativismo necessário no presente.  Obrigada a cada um que faz ou já fez parte dessa história, que possamos espalhar sementes, germinar e florescer juntos!

Autores: Thamara Santos de Almeida, Carolina Schäffer e Vitor L. Zanelatto

Apremavi na nova iniciativa da Globo para fortalecer a cultura de doação

Apremavi na nova iniciativa da Globo para fortalecer a cultura de doação

Apremavi na nova iniciativa da Globo para fortalecer a cultura de doação

Lançada em junho deste ano, a iniciativa ‘Para Quem Doar’ conecta doadores e organizações da sociedade civil para o aumento do impacto de projetos socioambientais.

Educação, Negritude, LGBTQIAP+, Meio Ambiente, Saúde e Cultura são apenas algumas das causas que tiveram projetos mapeados e reconhecidos através de curadores especialistas no setor; e que agora são apresentadas a potenciais doadores, divulgando campanhas para a captação de recursos em todo o país.

A plataforma coloca em destaque iniciativas que atuam junto à causa e região geográfica de interesse do usuário. São apresentadas informações sobre a natureza do projeto, metas e objetivos, histórico da organização e o destino previsto dos recursos arrecadados. Além disso, os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) associados às atividades são apresentados.

A execução da iniciativa está sendo realizada pela Benfeitoria, uma plataforma de financiamento coletivo que já possibilitou centenas de campanhas de arrecadação para transformar metas em resultados. Já a Rede Globo, que é idealizadora do portal, deverá criar conteúdos para inspirar mais pessoas a doarem, dar mídia para aumentar a visibilidade da ação e de talentos e marcas para fortalecerem causas apoiadas.

As doações são essenciais na manutenção das atividades da Apremavi. Foto: Vitor L. Zanelatto. 

Todas as organizações que integram o projeto foram selecionadas através de uma curadoria minuciosa, endossando a seriedade, transparência e relevância dos projetos e das causas para a sociedade. O processo de doação ocorre no site da própria organização beneficiada, e nenhum valor da doação é retido.

Para Vitor Lauro Zanelatto, colaborador da Apremavi, essa iniciativa significa muito para as organizações e ainda mais para o Brasil: “A plataforma ‘Para Quem Doar’ evidencia a confiança dos brasileiros no trabalho do terceiro setor. Vivemos em um país repleto de agentes de mudança, que assumem o compromisso de criar ONGs, projetos e trabalhar pelas causas em que acreditam, mas que precisam de auxílio para continuar. Queremos ver cada vez mais iniciativas ao nosso lado; no portal e na defesa de um futuro sustentável, justo e democrático”.

Autor: Vitor L. Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer

Parques e ambientalistas novamente sob ataque em SC

Parques e ambientalistas novamente sob ataque em SC

Parques e ambientalistas novamente sob ataque em SC

Os tempos sombrios parecem não ter fim. Ainda estamos impactados com o recente assassinato de Bruno e Dom, a vandalização da estátua de Chico Mendes e todas as questões relacionadas à destruição da Amazônia e nos deparamos com novos ataques a ambientalistas e parques em Santa Catarina.

No dia 28 de junho de 2022, Germano Woehl e Elza Nishimura Woehl foram vítimas de um atentado, com disparos de arma de fogo contra a sua residência, na cidade de Guaramirim. O casal de ambientalistas criou e mantém várias Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) na cidade de Guaramirim e em Itaiópolis. Enquanto isso, em Palhoça, a prefeitura está querendo implantar uma rodovia na área do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e, na região de Blumenau, iniciativas visam mudar a categoria do Parque Nacional da Serra do Itajaí.

Ao mesmo tempo em que manifesta sua solidariedade ao casal de ambientalistas, esperando uma ação urgente para que os culpados sejam punidos, a Apremavi se junta aos movimentos em defesa dos parques acima citados, e tantos outros, cuja manutenção é fundamental para a qualidade de vida de todas as espécies.

Entenda os casos e participe das mobilizações.

Casal de Ambientalistas sofre atentado

Confira a íntegra do relato escrito por Germano Woehl e compartilhado nas redes sociais. Germano e sua esposa, Elza Woehl, foram vítimas de um atentado no dia 28/06. Ambos são ambientalistas, proprietários da RPPN Santuário Rã-bugio, onde desenvolvem projetos em busca da proteção de áreas remanescentes da Mata Atlântica, e também ajudam no monitoramento de tais regiões, alertando e denunciando crimes ambientais.

 

“Sofremos um atentado na última terça-feira, 28/06/2022, por volta das 19h30min. Um motoqueiro parou na estrada em frente de nossa casa em Guaramirim (SC) na RPPN Santuário Rã-bugio e efetuou 3 disparos de arma de fogo, espingarda cano curto calibre 12, contra nossa residência. A PM foi acionada e chegou minutos depois e fez a inspeção. O primeiro tiro foi contra a placa da RPPN (que só vimos no dia seguinte). Outros dois tiros foram em nossa residência, a 25 metros de distância da estrada. Foram usados diferentes tipos de munição. Um tiro de um único balote acertou a parede da casa a alguns centímetros da porta e fez um buraco de 3 cm. Outro tiro, a munição continha 7 balotes que atravessaram a porta veneziana da garagem, ricochetearam na parede interna, estilhaçando a vidraça da porta interna e entraram na sala de jantar, atingindo exatamente o local da mesa onde eu fico durante horas usando o computador. Dois desses balotes ficaram incrustados na madeira e outros 5 foram encontrados pela PM espalhados pela sala.

A PM encontrou as duas cápsulas deflagradas em frente da nossa casa. Por sorte, a Elza (minha esposa) estava no piso superior da casa e nada sofreu, mas ficou em pânico e está muito traumatizada até agora. Quando escuta barulho de moto se aproximando, corre em busca de abrigo e o som estrondoso dos tiros não lhe sai da cabeça. Eu não estava em casa, viajei para Itaiópolis naquele dia e essa foi minha sorte, porque senão eu estaria na linha de tiro dos 7 balotes. Vizinhos ajudaram a acionar a PM e o vizinho de frente viu a moto de trilha barulhenta saindo meio cambaleando”.

 

Nota da Rede de ONGs da Mata Atlântica

Diversas entidades ambientalistas se manifestaram sobre mais esse atentando ao ativismo socioambiental. Confira a nota publicada pela Rede de ONGs da Mata Atlântica, da qual a Apremavi é integrante.

 

No dia 28 de junho de 2022 Germano Woehl e Elza Nishimura Woehl foram vítimas de um atentado, com disparos de arma de fogo contra a residência do casal na cidade de Guaramirim, Santa Catarina. Germano e Elza são ambientalistas, proprietários da RPPN Santuário Rã-bugio. Por meio de programas de educação ambiental desenvolvem diversos projetos que visam a proteção dos remanescentes de Mata Atlântica que, apesar de reduzidos, ainda resguardam uma das mais ricas biodiversidades do planeta e fornecem serviços ambientais indispensáveis para a população.

Como ambientalistas ativistas Elza e Germano também ajudam no monitoramento dos remanescentes de Mata Atlântica, alertando e promovendo denúncias de crimes ambientais. Por certo a insatisfação dos predadores da floresta com o trabalho do casal está na raiz da motivação de mais este atentado. Importante destacar que esse não é o primeiro que eles sofrem. Felizmente o casal não foi atingido; Germano estava fora de casa e Elza no piso superior da casa, que não foi atingido pelos disparos. Acionada a Policia Militar fez rondas pelos arredores, encontrou cápsulas de munição calibre 12, porém não mais localizou o autor dos disparos que, segundo relatos de vizinhos, se evadiu numa motocicleta.

A Rede de ONGs da Mata Atlântica – RMA externa sua total e irrestrita solidariedade ao casal Elza e Germano, repudiando de maneira veemente mais esse intolerável episódio, clamando que todos os esforços sejam envidados para a devida apuração e punição dos autores desse atentado. Não podemos mais tolerar que este cenário, de absoluta insegurança e risco àqueles que se dedicam à defesa do meio ambiente e dos interesses difusos da coletividade, se perpetue. É preciso dar um basta definitivo nesse quadro lastimável, coibindo de forma exemplar esses atentados através da rigorosa e ágil apuração de responsabilidade e aplicação da punição legal prevista.

 

Rodovia quer cortar a restinga do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro

A Prefeitura de Palhoça e o Governo de Santa Catarina estão iniciando uma obra para implantar uma rodovia com duas faixas de pista dupla onde hoje passa a Estrada do Espanhol, uma via de chão batido dentro dos limites físicos do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, possibilitando tráfego intenso numa área com baixo trânsito, que atualmente não afeta nem expõe a risco a fauna e a flora daquele local. É praticamente uma “BR 101” rasgando a restinga do parque, onde ainda existem exemplares de espécies nativas ameaçadas de extinção.

O que causa ainda maior espanto é que a obra está sendo feita sem consulta à comunidade e sem licenciamento ambiental prévio. Segundo o Art. 28 do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, “são proibidas, nas UCs, quaisquer alterações, atividades ou modalidades de utilização em desacordo com os seus objetivos, o seu Plano de Manejo e seus regulamentos”.

As mobilizações para parar esse descalabro já estão acontecendo. No dia 03 de julho a população local da Comunidade da Baixada do Maciambu fez uma manifestação em prol do Parque. Também já houve uma reunião com o Ministério Público de Santa Catarina.

 

Depoimento de João de Deus Medeiros, coordenador da RMA, na mobilização do último dia 03/07. Crédito: Arquivo RMA.

A construção de uma rodovia para tomar o lugar da atual Estrada do Espanhol, uma via de chão batido que passa pelo Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, deverá ser precedida de estudos para mitigar possíveis danos ambientais. Segundo o Promotor de Justiça José Eduardo Cardoso, há risco iminente de que a obra, que é anunciada como o principal acesso à Praia da Pinheira, possa impactar diretamente na área situada no interior da Unidade de Conservação Estadual classificada no grupo de proteção integral e uso indireto.

O Ministério Público propôs a realização dos estudos de impacto ambiental para o afastamento de riscos de danos ambientais, bem como a previsão de medidas mitigatórias e compensatórias cabíveis – como a implantação de corredores ecológicos -, a exemplo do que sucedeu por ocasião da duplicação da Rodovia BR 101, naquela mesma região.

Na reunião, realizada no dia 01 de julho, houve o consenso entre o Ministério Público e os representantes do IMA e da Prefeitura de Palhoça quanto à necessidade da realização dos estudos ambientais antes da concessão das licenças necessárias para obra, inclusive para verificar se o local é a melhor alternativa para a implantação do novo acesso à Praia da Pinheira.

O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, com 84.130 hectares, é a maior unidade de conservação de Santa Catarina. Foi criado em 1975 com base nos estudos científicos do botânico Pe. Raulino Reitz e do botânico e ecologista Roberto Miguel Klein, com o objetivo de proteger a rica biodiversidade e os mananciais hídricos da região. O Parque ocupa cerca de 1% do território catarinense, com áreas dos municípios de Florianópolis, Palhoça, Santo Amaro da Imperatriz, Águas Mornas, São Bonifácio, São Martinho, Imaruí, Paulo Lopes e Garopaba. E as ilhas do Siriú, dos Cardos, do Largo, do Andrade e do Coral, e os arquipélagos das Três Irmãs e Moleques do Sul.

Aspectos da paisagem do Parque Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e registros da mobilização realizada em 03/07. Fotos: João de Deus Medeiros e Miriam Prochnow.

Proposta pretende mudar categoria do Parque Nacional da Serra do Itajaí

O Parque Nacional da Serra do Itajaí está sofrendo uma forte ameaça por parte de parlamentares catarinenses. A iniciativa pretende mudar a categoria do parque para Floresta Nacional (FLONA). Não há qualquer justificativa minimamente plausível para essa modificação.

A frente da iniciativa estão o Deputado Estadual Ivan Naatz (PL), que organizou uma audiência pública em Blumenau, no dia 29 de junho, para apresentar a proposta, e o Deputado Federal Darci de Matos (PSD), que já protocolou um projeto de lei com o mesmo teor.

O Parque Nacional da Serra do Itajaí, criado em 2004, tem 57 mil hectares distribuído por nove municípios da chamada região do Vale Europeu: Blumenau, Ascurra, Apiúna,, Botuverá, Gaspar, Guabiruba, Indaial, Presidente Nereu e Vidal Ramos. É uma unidade de conservação de proteção integral, sob gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O Parque abriga mais de 500 espécies de árvores e arbustos, 350 espécies de aves e mamíferos, algumas delas ameaçadas de extinção, que necessitam de proteção contra exploradores e caçadores, e que ali encontram local propício para sua reprodução e vivência, podendo aumentar suas populações e recolonizar áreas degradadas e pobres em vida silvestre. A floresta do parque representa um dos melhores remanescentes da Mata Atlântica do estado de Santa Catarina. É também uma área importantíssima de recursos hídricos, para o abastecimento da população do vale do Itajaí.

A mudança de categoria da UC representa um grande retrocesso, com interesses exclusivamente destrutivos, e precisa ser impedido. Um abaixo-assinado contra a proposta foi articulado pela Associação Catarinense de Preservação da Natureza (ACAPRENA). Confira:

Sou contra o fim do PARQUE NACIONAL DA SERRA DO ITAJAÍ (57 mil hectares de Mata Atlântica) e DEFENDO o PARQUE NACIONAL como a forma mais adequada de PROTEGER os mananciais fornecedores de água de Classe UM para dezenas de municípios de Santa Catarina, o turismo e a biodiversidade e apoio a justa INDENIZAÇÃO dos proprietários.

Aspectos da paisagem do Parque Nacional da Serra do Itajaí.
Fotos:  Miriam Prochnow e Heinz Beyer.

Autora: Miriam Prochnow
Revisão: Carolina Schäffer e Vitor L. Zanelatto

Matas Sociais mobiliza comunidade para a proteção de nascente

Matas Sociais mobiliza comunidade para a proteção de nascente

Matas Sociais mobiliza comunidade para a proteção de nascente

No último dia 23 de junho o Assentamento Egideo Brunetto realizou uma atividade essencial para a proteção dos recursos hídricos. Moradores da comunidade, localizada em Rio Branco do Ivaí (PR), se reuniram para a proteção de uma nascente de água, através do plantio de mudas nativas.

A nascente é de suma importância para as necessidades das famílias, e também é utilizada nas atividades econômicas realizadas no território. Segundo Thiago Fernandes Piccini, morador da comunidade, esta ação é muito relevante para a recuperação do meio ambiente, preservação e manutenção da água e da vida no local:  “Sempre tivemos a intenção de recuperar essa área, mas somente agora, com apoio da Apremavi e da Klabin, conseguimos promover a restauração. Com o planejamento ambiental da área e a doação das mudas, estaremos contribuídos para uma melhor qualidade de vida para nossas famílias. Somos muito gratos pela presença do Programa Matas Sociais em nossa região”.

Através do programa, foram doadas 960 mudas de árvores nativas da Mata Atlântica, produzidas no Viveiro Jardim das Florestas. Os técnicos da Apremavi elaboram o planejamento ambiental inicial da área e orientaram o pessoal a respeito das técnicas de manejo e plantio para o pleno desenvolvimento da floresta. Os moradores locais ficaram responsáveis por plantar as mudas e realizar a manutenção da área nos próximos anos. Ao todo o Matas Sociais já realizou a doação de mais de 6 mil mudas para o assentamento.

Aspectos da área em restauração. Fotos: Emilio Ribas.

O Programa Matas Sociais

O ‘Matas Sociais – Planejando Propriedades Sustentáveis’ é um projeto da parceria entre a Klabin, a Apremavi e o Sebrae que tem o objetivo de contribuir para o fortalecimento econômico, ambiental e social das pequenas e médias propriedades rurais nos 11 municípios onde o projeto atua (Telêmaco Borba, Imbaú, Ortigueira, Curiúva, Sapopema, São Jerônimo da Serra, Cândido de Abreu, Rio Branco do Ivaí, Reserva, Tibagi e Ventania).

Por isso o Matas Sociais auxilia agricultores familiares a encontrar soluções para a adequação das propriedades e comunidades em demandas ambientais Auxilia na realização do Cadastro Ambiental Rural (CAR) no Plano de Recuperação Ambiental (PRA). Também contribui no planejamento sustentável e na diversificação do uso da propriedade. Incentiva assim a agricultura familiar, a permanência no campo, o desenvolvimento da cadeia de produção e consumo na região e o empreendedorismo.

Autor: William V. de Castro Ribas
Revisão: Vitor L. Zanelatto

Projeto +Floresta promove reuniões de mobilização

Projeto +Floresta promove reuniões de mobilização

Projeto +Floresta promove reuniões de mobilização

Os encontros reuniram cerca de 110 moradores de 07 projetos de assentamento da reforma agrária e de uma Terra Indígena do município de Abelardo Luz.

Visando apresentar os objetivos e metodologia de atuação do Projeto +Floresta, a equipe da Apremavi esteve no Oeste catarinense na primeira quinzena de junho. As reuniões foram realizadas nos assentamentos 13 de Novembro, Bela Vista, José Maria, Maria Silverstone, Recanto Olho D’Água, Roseli Nunes, Volta Grande e na Escola Indígena de Ensino Fundamental Cacique Karenh na Terra Indígena (TI) Toldo Imbu.

As reservas legais em condomínio dos PAs mobilizados e uma área de preservação permanente (APP) da TI serão as áreas de atuação do projeto, onde serão restaurados cerca de 260 hectares. Além da equipe da Apremavi, algumas reuniões nos assentamentos contaram com a presença dos técnicos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) de Chapecó. Já na TI, a reunião teve a presença de um técnico da Fundação Nacional do Índio (FUNAI). O IBAMA é o financiador do projeto e o INCRA e FUNAI são parceiros da iniciativa.

Registro da reunião na PA Roseli Nunes – Centro Comunitário da Comunidade Padre Genuíno. Foto: Marluci Pozzan.

Elizete Alexandre, chefe na Unidade Avançada do INCRA em Chapecó, destacou a importância da iniciativa: “O Projeto +Floresta é uma oportunidade muito especial para os assentamentos, pois, irá contribuir com a restauração da vegetação nativa nas áreas de reservas legais, não haverá custos para os beneficiários que têm obrigação legal de cumprir a legislação ambiental. A mobilização realizada nos assentamentos envolvidos foi muito importante para apresentar a iniciativa e para convocar os beneficiários a colaborarem com a APREMAVI para que ele seja executado com êxito”.

O Projeto +Floresta é financiado pelo IBAMA através do Acordo de Cooperação Técnica Nº 34/2021 e supervisionado pelo Ministério Público Federal de Santa Catarina, Instituto Socioambiental (ISA) e Justiça Federal de Santa Catarina, na forma da ação n° 5001458- 53.2017.4.04.7200/SC.

Autoras: Marluci Pozzan e Edilaine Dick
Revisão: Vitor L. Zanelatto

Veja nosso Relatório de Atividades de 2021, um ano para refletir e espalhar sementes

Veja nosso Relatório de Atividades de 2021, um ano para refletir e espalhar sementes

Veja nosso Relatório de Atividades de 2021, um ano para refletir e espalhar sementes

O que dizer de 2021? Podemos afirmar, com triste certeza, que ele se soma aos anos anteriores e fica marcado por um cenário de inseguranças sociais, políticas, sanitárias e ambientais.

Como aponta o Relatório de Atividades de 2021, que acaba de ser divulgado, ao longo do ano a sociedade civil reuniu esforços para garantir a integridade da legislação ambiental, mas as boiadas que passaram foram muitas. Além do ativismo permanente, na Apremavi o mão-na-massa seguiu fazendo parte da nossa realidade diária.

Muitas atividades ainda se mantiveram em ambientes virtuais em razão da pandemia, mas dos nossos dias de campo veio o resultado esperado: milhares de árvores plantadas, centenas de hectares restaurados, várias propriedades planejadas sob a perspectiva ambiental e muitas pessoas envolvidas. E claro, a semente de transformação nasceu no Viveiro Jardim das Florestas, que produziu mais de meio milhão de mudas nativas.

Assembleia Geral de 2022

No dia 27 de julho associados, diretores e conselheiros se reuniram virtualmente para a Assembleia Geral Ordinária de 2022. O encontro é previsto no estatuto e foi um momento de prestação de contas e apresentação dos destaques de 2021. Além das ações e atividades vinculadas aos projetos e áreas temáticas, das campanhas e da atuação em redes e coletivos, foram demonstrados os balanços financeiros e discutidas as articulações em andamento já em 2022.

Entre os presentes, João Paulo Capobianco, vice-presidente do Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS), parabenizou a instituição pelo relatório de atividades apresentado. “A Apremavi é uma instituição consolidada e reconhecida há muito tempo. É animador e reconfortante ver o trabalho florescendo e juntando tantos parceiros importantes, vejo que hoje ela está super bem posicionada para enfrentar os desafios atuais e futuros”, declarou.

Os desafios de fato são muitos, mas nossa experiência de 35 anos (a serem comemorados este ano) nos põe a seguir trabalhando com esperança e força. Esperança que nossas sementes nativas encontrem ainda mais áreas para germinar e crescer. E força para se manter vigilantes e presentes, defendendo a ciência e democracia, conservando a natureza e a biodiversidade e agregando parceiros nas atividades diárias.

Sergio Blanco, parceiro que nos ouvia diretamente da Espanha, comentou da alegria em estar presente na Assembleia: “me alegra estar entre amigos porque a Apremavi é luz em meio a tantas desesperanças. Ver o trabalho realizado nos dá força para seguir lutando diante de tantas preocupações com a realidade ambiental do Brasil e do mundo”.

Registro da Assembleia Ordinária de 2021, realizada na última segunda-feira (27/06).
Figura: Arquivo Apremavi.

Autor: Carolina Schäffer
Revisão: Vitor L. Zanelatto

Como protegemos nossas mudas nativas durante o inverno

Como protegemos nossas mudas nativas durante o inverno

Como protegemos nossas mudas nativas durante o inverno

A cerca de 500 metros de altitude, a área no coração de Santa Catarina, onde está instalado o Viveiro Jardim das Florestas, registra temperaturas negativas durante as intensas frentes frias do inverno, além de geadas e ventanias. 

Com a chegada do inverno a germinação e crescimento das plantas perde velocidade. São meses de verdadeira resistência às baixas temperaturas, aos menores índices de incidência solar, à geada nas folhas e congelamento do solo e aos ventos intensos que são frequentes durante a estação, sobretudo no Sul e Sudeste do Brasil.

Desde o início do Viveiro Jardim das Florestas a Apremavi infelizmente já registrou perdas no estoque e nas estruturas, principalmente por eventos extremos de geada e ventanias, e mais recentemente por um ciclone-bomba. Dezenas de milhares de mudas foram perdidas em anos de inverno intenso, e muitas outras tiveram o crescimento prejudicado.

Registro das consequências da geada em 2000, uma das mais intensas já registradas no viveiro.
Foto: Miriam Prochnow.

Esses episódios incentivaram nossos viveiristas a pesquisar e testar novas formas de mitigar os prejuízos. Paralisar ou reduzir a produção não é uma opção, já que essa medida representaria a diminuição da quantidade de espécies no viveiro, além de comprometer a oferta de mudas grandes e rustificadas para os plantios durante as outras estações.

Foram aplicados e testados recursos, soluções naturais e principalmente criatividade para mitigar os efeitos do frio. Os esforços renderam resultados positivos: nos últimos anos o número de perdas no viveiro reduziu consideravelmente.

Confira algumas estratégias que podem representar a sobrevivência das mudinhas durante o inverno:

Acondicionamento das mudinhas recém repicadas no interior de estufas

Considerando a fragilidade das pequenas mudas recém transplantadas nas embalagens é imprescindível que em épocas frias susceptíveis a geadas e a ventos fortes elas estejam protegidas das intempéries para que possam se desenvolver. As mudas nas estufas significam melhor crescimento e desenvolvimento devido a esse ambiente a temperatura ser mais elevada que o ambiente externo.

Manejo das mudas no interior da estufa. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Identificar as espécies mais sensíveis

Cada espécie reage de modo diferente ao frio, devido a morfologia vegetal e também das características adquiridas por conta da evolução e do habitat. Algumas apresentam muita resistência, como é o caso da araucária (Araucaria angustifolia), já outras demandam cuidados específicos para a sobrevivência, como é o caso do palmito-juçara (Euterpe edulis), que na floresta é protegido do frio e do vento pela copa de árvores maiores. É preciso observar quais espécies precisam de cuidados adicionais e armazenar as mudas nos espaços com maior proteção.

Identificação de espécies sensíveis ao frio. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Mudanças na rotina de irrigação 

A geada nas folhas se dá através da formação de cristais de gelo por conta do frio intenso. Em dias de baixa umidade, a irrigação nas horas mais frias pode significar a adição do elemento que formará a geada. Já em dias onde a água foi depositada sob as folhas naturalmente, a irrigação contínua até o nascer do sol poderá impedir a formação de gelo, já que a temperatura da água é maior que a do próprio ambiente.

Essa prática pode significar o aumento do consumo de água e é considerada uma medida extrema, justificada apenas nos dias mais frios do ano ou de alerta de geada intensa.

A mudança na rotina da irrigação pode colaborar com a redução de danos no viveiro. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Proteção das folhas com coberturas

Para impedir a deposição de água nas folhas e reduzir a velocidade dos ventos, as bancadas de armazenamento recebem cobertura com sombrite, uma malha sintética com a capacidade de regular a incidência solar e de materiais.

Durante os meses de frio, coberturas adicionais são instaladas no viveiro. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Atenção aos fungos e bactérias perniciosas

O frio faz com que o manejo das mudas seja diferente durante o inverno. O estoque fica mais concentrado, com menor espaçamento entre os indivíduos e circulação de ar reduzida, no caso das estufas ou caso haja limitadores de correntes de ar no viveiro. Esses e outros fatores podem favorecer o crescimento e a disseminação de microorganismos nocivos às plantas.

As análises da saúde das plantas, que já ocorrem no viveiro, devem ter frequência ampliada. Caso alguma contaminação seja identificada a fração do estoque afetada deve ser isolada e tratada, de preferência com misturas de compostos orgânicos ou de baixa toxicidade.

Uma das soluções utilizadas na Apremavi é a calda bordalesa, um fungicida permitido na agricultura orgânica formulado com sulfato de cobre e cal. A aplicação nas folhas controla várias doenças causadas por fungos (míldio, ferrugem, cercosporiose, antracnose, entre outras). Tem também efeito repelente contra alguns insetos.

A observação das folhas, caule e do substrato é essencial para identificar injúrias causadas por bactérias e fungos. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Aumento da temperatura com fogueiras

No viveiro, uma área de poucos metros pode armazenar milhares de mudas nativas. Essa concentração dá sentido ao aumento da temperatura do ambiente de modo antrópico, possível através de diferentes estratégias; na Apremavi, fogueiras foram acesas ao lado das bancadas no último ano. A serragem utilizada como combustível limita a formação de chamas, aumentando a segurança do processo e a temperatura do ambiente de modo distenso.

Fogueiras utilizadas para a proteção das mudas em 2021. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Avaliação da viabilidade do plantio

Por vezes, o plantio e consequente exposição das mudas aos eventos climáticos típicos do inverno significa a morte de parte das mudas. As características do tempo e do clima devem ser observadas e, sempre que viável, o plantio postergado para períodos que propiciem o crescimento rápido das plantas.

Adiar o plantio em algumas semanas ou meses pode significar melhores condições para o desenvolvimento das mudas após o plantio. Foto: Vitor Lauro Zanelatto. 

Referências Bibliográficas

EMBRAPA Agropecuária Oeste. Calda Bordalesa: utilidades e preparo. 2008. Disponível em: https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/38833/1/FOL200837.pdf. Acesso em: 25 jun. 2022.
PROCHNOW, Miriam (Org.). No Jardim das Florestas. Rio do Sul: APREMAVI, 2007.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer e Edilaine Dick

Apremavi apresenta caminhos para a restauração em Salete

Apremavi apresenta caminhos para a restauração em Salete

Apremavi apresenta caminhos para a restauração em Salete

O principal objetivo do encontro foi apresentar caminhos para a recuperação de áreas degradadas e para a adequação das propriedades rurais à legislação ambiental.

No dia 3 de junho a Apremavi esteve na Câmara de Vereadores de Salete (SC) para um importante diálogo com a comunidade, que teve como pauta central a regularização das propriedades rurais através da adesão a projetos que poderão viabilizar a implantação do Programa de Regularização Ambiental (PRA).

As colaboradoras da Apremavi Carolina Schäffer e Maíra Ratuchinski ministraram uma palestra sobre o Novo Código Florestal (Lei 12.651/2012), esclarecendo os objetivos e propósito por trás de termos como o Cadastro Ambiental Rural (CAR) e Programa de Regularização Ambiental (PRA), bem como a importância do cumprimento da legislação.

Registro dos diálogos sobre a adequação das propriedades rurais de Salete. Foto: Arquivo Apremavi. 

Cerca de 30 pessoas acompanharam as discussões, dentre elas membros do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (CMDR), representantes da CooperSalete, da Klabin, da Secretaria da Agricultura, o vice-prefeito do município, José Tadeu Tenfen, vereadores e agricultores da região. Durante a palestra, os participantes informaram que 898 propriedades possuem o CAR no município, correspondendo a 82% do território.

Foram abordados temas como uso “legal”, “ilegal” e insustentável da terra, além de terem sido apresentadas situações que mostram a realidade do cumprimento da legislação na prática. Os agricultores assistiram o vídeo do depoimento de um proprietário rural de Salete que, com apoio do Restaura Alto Vale, executado pela Apremavi entre 2018 e 2022, realizou a adequação ambiental da sua propriedade.

#AnteseDepois da área em restauração na propriedade de Henrique e Lidia Smitka, em Santa Terezinha. Fotos: Arquivo Apremavi.

Maíra destacou que esse talvez seja o melhor momento para a ação: “mesmo que o PRA ainda não tenha sido regulamentado, nada impede a restauração e adequação das áreas degradadas. Esse é o momento de sair na frente, aproveitar a oportunidade e regularizar a propriedade rural”.

A oportunidade citada por Maíra é uma parceria entre a Apremavi, Prefeitura Municipal de Salete, a Epagri e a Klabin, visando apoiar os agricultores na adequação ambiental da propriedade, orientação e verificação do CAR e do PRA, além de elaborar uma proposta de restauração para áreas de passivos ambientais, bem como plano de restauração das áreas degradadas, preservando os recursos hídricos, a biodiversidade e auxiliando as propriedades na adequação perante a legislação ambiental vigente.

A Prefeitura Municipal e a Epagri farão orientações sobre o funcionamento do projeto e o cadastro dos interessados. A Apremavi prestará orientação técnica e auxiliará na elaboração do mapa de adequação ambiental da propriedade, verificação do CAR e PRA. Doará parte do arame, quando necessário isolar a área (para os primeiros cadastrados) e também será responsável pelo monitoramento e disponibilizará o projeto técnico. A doação das mudas de árvores nativas contará com o apoio da Klabin. A contrapartida do proprietário será realizar a construção da cerca quando necessário, o plantio e a manutenção da área restaurada.

Como Participar

Para participar o proprietário precisa apresentar a documentação da propriedade que comprove a titularidade (escritura, certidão de inteiro teor, contrato de compra e venda etc.); o Cadastro Ambiental Rural – CAR. A área a ser restaurada não deve ser objeto de licenciamento ambiental ou estar associada a multa ambiental e o plantio deve ocorrer de forma voluntária.

Os agricultores interessados em participar do projeto podem procurar a Epagri, Secretaria da Agricultura do município ou a Apremavi e preencher a ficha de cadastro para facilitar a visita dos técnicos na propriedade.

+ Entre em contato com a Apremavi e saiba mais

Autores: Maíra Ratuchinski e Vitor L. Zanelatto
Revisão: Carolina Schäffer e Thamara Santos de Almeida

Luto por Bruno, Dom e todos os ativistas interrompidos por defender a Natureza

Luto por Bruno, Dom e todos os ativistas interrompidos por defender a Natureza

Luto por Bruno, Dom e todos os ativistas interrompidos por defender a Natureza

A manutenção dos privilégios, das atividades ilícitas e da exploração podem ser apontadas como algumas das preocupações que motivaram o assassinato de Dom Phillips e Bruno Araújo Pereira, imersos na Amazônia e dedicados na proteção dos povos tradicionais que encontram lar na floresta. Aqui, a linearidade deve ser desprezada, não trata-se de um caso isolado, mas do mais recente crime associado a uma política recorrente no país, com sede de sangue ativista.

Bruno foi um dos indigenistas mais experientes do Brasil. Fez carreira na Funai e atuou como coordenador regional da entidade em Atalaia do Norte, justamente a área onde foi assassinado. Apesar do trabalho diuturno, Bruno foi exonerado do cargo em outubro de 2019, após pressão de setores ruralistas ligados ao governo Bolsonaro. Atualmente coordenava atividades na União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava).
Dom atuava no Brasil desde 2007. Escrevia majoritariamente sobre pautas ambientais. Nos últimos anos, dedicou-se a relatar a crise no meio ambiente brasileiro, bem como o assassinato de líderes indígenas. Colaborou com o The Guardian, Financial Times, New York Times e outros dentre os principais jornais do mundo.

O entendimento mútuo da importância da floresta de pé somou-se ao respeito pelos povos originários, e gerou a união potente entre o brasileiro e o britânico. Desde 2018 denunciaram e combateram juntos o garimpo e a pesca ilegais, ação de madeireiras, invasão de terras indígenas e tráfico de drogas na região.

A barbárie contra a dupla em meio à floresta e o descaso das autoridades ante o caso deixam ainda mais claro ao mundo a política ambiental nefasta do governo Bolsonaro, que sem qualquer pudor endossa a violência e atividades ilegais na Amazônia em suas falas, e promove conflitos e agressões através de ações e omissões, o que for mais conveniente para a promoção do garimpo, desmatamento e grilagem de terras.

O que se sabe sobre o caso até agora não pode ser encarado como ponto final de mais uma história escrita com sangue ativista. É preciso pressionar por uma investigação extensiva, independente e profunda; e registrar todas as condições que possibilitaram esse e tantos outros crimes contra a vida devastarem a crença de todo um país na própria humanidade.

Bruno e Dom seguirão protegendo a floresta, estão ao lado de Chico Mendes, Irmã Dorothy, Paulo Guajajara e os muitos que se tornaram alvos por defender a vida.

Charge em homenagem a Bruno, Dom e todos os ativistas que foram interrompidos por defender a Natureza. Crédito: Latuff.

Posicionamento do Observatório do Clima

Na quarta-feira (15), após a confirmação do crime pelas autoridades policiais, o Observatório do Clima publicou uma manifestação indicando algumas das condições que permitiram a escalada das agressões contra ativistas, jornalistas, populações tradicionais e outros defensores das florestas brasileiras.

Construído por dezenas de organizações ambientalistas do país, inclusive a Apremavi, o texto apresenta a indignação, estarrecimento e luto coletivo instalado há muito, e cada dia mais acentuado pelos retrocessos e políticas que servem à morte. Confira a íntegra:

É com tristeza e revolta que o Observatório do Clima recebe a notícia de que o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips foram assassinados no Vale do Javari. Nossos pensamentos se voltam às famílias de ambos, numa dor que também é nossa, por termos tido o privilégio de conviver com a gentileza, a bondade e o profissionalismo de Dom.


O Brasil, um dos países que mais matam ativistas ambientais no mundo, vê se repetir no Javari a tragédia de Chico Mendes, Dorothy Stang, João Cláudio e Maria e tantos outros que confrontaram e confrontam os criminosos que atormentam os povos e saqueiam a floresta na Amazônia.


No governo Bolsonaro, porém, a barbárie tem cúmplices no Palácio do Planalto e nas Forças Armadas. Além de ter deliberadamente entregue a Amazônia ao crime, o regime de Jair Bolsonaro reagiu ao desaparecimento com a mesma crueldade com que tratou as centenas de milhares de brasileiros mortos na pandemia: o Exército adiou o quanto pôde o início das buscas; o presidente da Funai, que havia exonerado Pereira porque este cumprira seu dever de proteger os indígenas em Roraima, lavou as mãos; e o Presidente da República culpou as vítimas, que segundo ele haviam embarcado numa “aventura não recomendável”. A necropolítica, marca do atual governo, também está presente nas mortes de Dom e Bruno.


“Na Amazônia, a bala que mata jornalistas, ativistas e indígenas é comprada com o dinheiro da grilagem, do garimpo ilegal e da madeira roubada. Sob Bolsonaro, esses crimes aumentaram seus negócios, seu poder e sua atuação e hoje estão mais preparados do que nunca para eliminar quem atravessa seu caminho”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima. “Pela omissão nas buscas ou pelo estímulo aos criminosos, o governo Bolsonaro tem todas as digitais impressas nesta tragédia que entristece a todos nós.” #justicaparabrunoedom

+ Confira também a nota da Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA).

Ativistas em constante ataque

O crime contra Dom e Bruno deixa ainda mais evidente que o Brasil, o 4º país que mais registra assassinatos de ativistas socioambientais, jamais colocou a proteção dos defensores da vida como prioridade. Segundo o levantamento anual da ONG Global Witness, o território brasileiro é o 4º mais perigoso para ativistas. Foram 20 assassinatos em 2018, 24 em 2019 e 20 outros em 2020.

Na região da Amazônia, mais de 70% dos assassinatos estão relacionados à defesa do meio ambiente e da terra ou ligados à exploração de recursos naturais como extração madeireira, mineração e agronegócio em grande escala, garimpo ilegal, barragens hidrelétricas e outras infraestruturas. Cidadãos abnegados e militantes que decidiram dedicar suas vidas à luta contra a degradação do clima, uso indevido da terra e defesa dos direitos humanos têm suas vidas ameaçadas por atuarem onde nem mesmo o Estado não cumpre seu papel.

Em setembro de 2021, durante o Congresso Mundial da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), a Apremavi apoiou a Moção 39, um apelo para a proteção de denunciantes e defensores de direitos humanos e povos em relação ao meio ambiente. Pelo menos até 2024 o texto irá compor a agenda da rede.

Outra demanda apoiada pela Apremavi é a implementação do Acordo de Escazú, que visa promover o acesso à Informação, Participação Pública e Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais na América Latina e no Caribe. Embora o compromisso tenha sido aprovado pelo Brasil em 2018, o processo de ratificação está estagnado no Congresso Nacional e sem perspectiva de avanço.

A Apremavi também apoia todos os ativistas que diuturnamente trabalham por um futuro melhor. Confira o vídeo “Aos Ativistas da Mata Atlântica”, editado em 2018:

Autores: Vitor L. Zanelatto e Miriam Prochnow.

Apremavi promove diversas ações na Semana do Meio Ambiente

Apremavi promove diversas ações na Semana do Meio Ambiente

Apremavi promove diversas ações na Semana do Meio Ambiente

Equipe da Rádio Sintonia, líder em audiência na microrregião de Ituporanga (SC), esteve no Viveiro Jardim das Florestas para produzir conteúdos especiais para do Dia do Meio Ambiente. Além disso, promovemos ações de doação de mudas e palestras em alusão à data.

O jornalista Josué Eger foi recepcionado pela equipe do Viveiro, e conferiu de perto os movimentos rápidos para a entrega de mudas às escolas que realizaram ações na Semana do Meio Ambiente. Foi apresentada a tecnologia Ellepot, que permite a produção de mudas em uma embalagem biodegradável e produzida por fontes certificadas. Do tratamento das sementes até a saída para o plantio, as etapas para a produção de mudas foram explicadas com detalhes para os ouvintes da rádio.

Miriam Prochnow, co-fundadora e conselheira da Apremavi, sintetizou o trabalho realizado pela organização: “Essa não é apenas a rotina da Apremavi, mas de muitas pessoas dedicadas à proteção e defesa da Mata Atlântica. Temos o lema ‘Boca no trombone e mão na massa’. Boca no trombone porque atuamos em voz alta, sinalizando os retrocessos e crimes ambientais; já o mão na massa se refere às soluções que nós apresentamos para a sociedade, como o Viveiro Jardim das Florestas e as metodologias de restauração”.

Assista a entrevista e conheça algumas das pessoas responsáveis pela produção de mudas na Apremavi:

Durante a conversa também foi destacada a atuação junto às Unidades de Conservação, desde a proposição de novas áreas até a elaboração dos planos de manejo e participação em conselhos consultivos. Entre outros, a Apremavi ajudou a propor e/ou estabelecer o Parque Natural Municipal da Mata Atlântica (Atalanta), a Estação Ecológica da Mata Preta (Abelardo Luz) e o Parque Estadual das Araucárias (São Domingos e Galvão). Em 2010 criou sua própria Unidade de Conservação: a RPPN Serra do Lucindo, em (Bela Vista do Toldo), que protege mais de 316 hectares da floresta ombrófila mista.

A visita foi encerrada com um convite: “A Apremavi é uma organização que está sempre de portas abertas para a comunidade. Todos podem vir até Atalanta conhecer o viveiro, nossas áreas demonstrativas de restauração, se engajar com as causas ambientais e conhecer nossas atividades de perto”, Miriam completou.

+ Agende sua visita ou entre em contato conosco

Doação de mudas e palestras 

Ações de educação ambiental foram realizadas pela Apremavi no Paraná, através dos Projetos Matas Legais e Mata Sociais, que viabilizaram a doação de mudas e acompanharam plantios em diversas escolas. Edilaine Dick, coordenadora de projetos da Apremavi, ministrou palestras e dinâmicas para estudantes de Monte Carlo (SC); já a equipe do Projeto Matas Legais e Sociais SC esteve em várias escolas da região de Lages.

No sábado, véspera do Dia do Meio Ambiente, a Apremavi também esteve em Rio do Sul (SC), na tradicional doação de mudas organizada pela Rádio Mirador no centro da cidade. Cerca de dez caixas de mudas nativas foram distribuídas.

Registro das ações realizadas em centros de ensino. Fotos: Arquivo Apremavi.

Autor: Vitor Lauro Zanelatto
Revisão: Thamara Santo de Almeida

Conservador das Araucárias inicia restauração em Área Piloto

Conservador das Araucárias inicia restauração em Área Piloto

Conservador das Araucárias inicia restauração em Área Piloto

Restauração de mais de 80 hectares em Urubici, na Serra Catarinense, dá o pontapé inicial da implantação do projeto Conservador das Araucárias.

Uma das metas para o primeiro ano do Conservador das Araucárias, fruto da parceria entre a Tetra Pak e a Apremavi, é a implantação de um projeto piloto de restauração numa propriedade em Urubici (SC).

Localizada na divisa com o Parque Nacional de São Joaquim, no coração da Serra Catarinense e na área de abrangência da Floresta com Araucárias, a Fazenda Santa Bárbara, propriedade escolhida para implantação do piloto, tem ao todo 155 hectares, dos quais 52% eram cobertos por pastagens e usadas pelo gado até recentemente, segundo o proprietário.

A proposta é que sejam restaurados 87,16 hectares usando diferentes metodologias como o plantio de mudas em área total, em 28,49 hectares, o enriquecimento ecológico, em 9,23 hectares, e a condução da regeneração natural, em 49,44 hectares.

As primeiras 4 mil mudas foram plantadas pela equipe da Apremavi, num mutirão realizado de 21 a 23 de fevereiro de 2022. De lá para cá, outras 21 mil mudas de espécies nativas como a araucária, a goiaba-da-serra, a erva-mate, a bracatinga, a imbuia, a aroeira-vermelha etc. já foram plantadas, totalizando 15 hectares restaurados. Nos próximos dois meses devem ser plantadas mais 20 mil mudas, para completar as atividades de restauração planejadas.

Giem Guimarães, proprietário da área, não mede esforços para garantir o sucesso da restauração da propriedade e espera que sua atitude sirva como exemplo. “Entendo que é preciso mostrar à sociedade que os negócios e a conservação podem andar juntos”, complementa.

Muda plantada

Cerca de 4 mil mudas foram plantadas na Fazenda Santa Bárbara apenas nos dois primeiros dias de ação. Fotos: Miriam Prochnow e Vitor L. Zanelatto. 

O Conservador das Araucárias

Lançado em abril, o Conservador das Araucárias é um projeto de restauração ambiental que traz um modelo inovador focado na recuperação de áreas rurais degradadas por meio do plantio de espécies nativas, com benefícios para as comunidades locais, fauna e flora da Mata Atlântica e sequestro de carbono.

Desenvolvido em parceria com a Tetra Pak, líder mundial em soluções para processamento e envase de alimentos, o projeto tem a ambição de restaurar pelo menos 7 mil hectares da Mata Atlântica em um período de dez anos – o equivalente a 9.800 campos de futebol.

O Conservador das Araucárias conta com o acompanhamento da Conservation International (CI), da The Nature Conservancy Brasil (TNC) e da Klabin, fornecedora de matéria prima da Tetra Pak e parceira de longa data da Apremavi nos Programas Matas Legais e Matas Sociais.

+ Saiba mais sobre o projeto

Autora: Carolina Schäffer
Revisão: Miriam Prochnow

Observatório do Código Florestal reúne membros em evento do Código +10

Observatório do Código Florestal reúne membros em evento do Código +10

Observatório do Código Florestal reúne membros em evento do Código +10

No dia 26 de maio o Observatório do Código Florestal realizou sua Reunião Anual de Membros. O encontro aconteceu no Rio de Janeiro na ocasião do Código Florestal +10 e contou com a participação virtual e presencial da maioria das 39 organizações da sociedade civil que compõem a rede.

Entre os temas debatidos, os desafios e gargalos para implementação do Código enfrentados até o momento serviram de base para a proposição de uma agenda positiva com estratégias para o efetivo cumprimento da lei. As organizações integrantes do coletivo puderam compartilhar suas experiências e os desafios específicos de cada território para a implementação dos processos previstos na Lei. 

Carolina Schäffer, vice-presidente da Apremavi, que participou do evento, enfatizou que está mais do que na hora do Código Florestal ser implementado e que é totalmente possível isso ser feito. “A atuação em rede é fundamental para que todas as ações se concretizem”, complementa. 

Registro da Reunião Anual de Membros do OCF, realizada em maio. Foto: Arquivo OCF. 

O Código +10

O Código Florestal +10 marcou os dez anos da edição da nova Lei de proteção da vegetação nativa do Brasil, através da construção de uma agenda positiva para o efetivo cumprimento da legislação. Após o Brasil atingir números recordes de desmatamento em 2021, fica evidente a necessidade e a urgência de envolver diversos segmentos da sociedade nessa força tarefa.

Foi realizado no formato híbrido entre os dias 23 de maio até 02 de junho, com oficinas e mesas de debate online, reuniões presenciais e lançamento de materiais, entre eles a nova publicação da Apremavi – a Cartilha Planejando Propriedades e Paisagens Sustentáveis.

As sessões foram apresentadas por diferentes organizações, consideradas referências nos temas abordados. O evento também fez parte da plataforma Rio 2030, que tem como objetivo elaborar e implementar soluções referentes aos desafios da Agenda 2030.

Para rever os debates, acesse: 

Autora: Carolina Schäffer
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto

Vencedores do Prêmio Expressão de Ecologia recebem troféu Onda Verde

Vencedores do Prêmio Expressão de Ecologia recebem troféu Onda Verde

Vencedores do Prêmio Expressão de Ecologia recebem troféu Onda Verde

As ondas verdes, como são chamados os troféus do Prêmio Expressão de Ecologia, foram entregues aos vencedores da 28ª edição do prêmio, durante o Fórum de Gestão Sustentável 2022, no Costão do Santinho Resort, em Florianópolis (SC).

O evento, que aconteceu no dia 27 de maio, Dia da Mata Atlântica, teve transmissão online e contou com a participação presencial e virtual dos 20 premiados de 2022. Na oportunidade foi lançada a revista Emergência Climática e o livro Consórcio Quiriri, ambos produzidos pela Editora Expressão.

A Apremavi foi premiada com o projeto Bosques de Heidelberg, na categoria Parceria Global Pela Segurança Climática. O projeto é fruto da parceria teuto-brasileira entre a Apremavi e a ONG Bund für Umwelt und Naturschutz Deutschland – BUND, que começou em 1998, tendo as primeiras mudas plantadas em 1999.

Em mais de 20 anos de existência, o Bosques de Heidelberg já promoveu o plantio de 161.448 árvores plantadas e doadas em campanhas de educação ambiental nos estados de Santa Catarina, Paraná e São Paulo, beneficiando 123 propriedades públicas e privadas e mais de 1.800 pessoas. Além disso, desde 2008 foram sete ações “Der Regenwald kommt in die Klassenzimmer” (A Mata Atlântica vai às salas de aula), com a realização de palestras em 09 escolas da cidade de Heidelberg capacitando 3.610 alunos desde 2008.

Registros da cerimônia de entrega do 28ª Prêmio Expressão de Ecologia. Fotos: Miriam Prochnow, Editora Expressão. 

Miriam Prochnow, co-fundadora e conselheira da Apremavi, foi quem recebeu o troféu das mãos de Antônio Odilon Macedo, um dos idealizadores do prêmio e presidente do júri. Para Miriam, participar de mais essa edição do Prêmio Expressão é motivo de orgulho, especialmente por se tratar da premiação ambiental de maior longevidade ininterrupta no Brasil e também por conta da categoria no qual o projeto recebeu a premiação: “o momento em que vivemos é histórico e a construção de parcerias globais no combate às mudanças climáticas é urgente e imprescindível”, comenta Miriam.

Mario Mantovani, ambientalista reconhecido nacionalmente e também parceiro da Apremavi, foi escolhido Personalidade Ambiental do ano. Ele não pode estar presente. O catarinense Lauro Eduardo Bacca, também ambientalista histórico, foi o encarregado de receber a onda verde do Mario. Um importante reconhecimento para o trabalho de todas as organizações da sociedade civil. Miriam Prochnow foi a Personalidade Ambiental no ano de 2017, ano em que a Apremavi completou 30 anos.

Confira a cerimônia de entrega do 28º Prêmio Expressão de Ecologia:

 

Sobre o Prêmio

Reconhecido pelo Ministério do Meio Ambiente, o Prêmio Expressão de Ecologia é realizado anualmente pela Editora Expressão desde 1993, um ano após a Rio 92, a conferência da ONU que inaugurou uma nova era ambiental. Em sua trajetória, o Prêmio contabiliza 3.118 projetos ambientais inscritos.

Autora: Miriam Prochnow
Revisão: Carolina Schäffer 

Pata-de-vaca, pioneira da restauração

Pata-de-vaca, pioneira da restauração

Pata-de-vaca, pioneira da restauração

A Pata-de-vaca (Bauhinia forficata Link) é uma árvore única em suas características, entre elas suas folhas, com formato similar aos cascos dos bovinos, justificando o nome popular da espécie. Outra particularidade está nas flores, as pétalas não são totalmente unidas, formação pouco comum dentre as angiospermas.

Entre as árvores do gênero existem por volta de 300 espécies, muitas delas semelhantes e leves variações em tamanho e cores das flores. É uma planta espinescente, seu tamanho varia entre 5 e 9 metros de altura com um tronco tortuoso. Os frutos em não são comestíveis para os humanos, embora análises bioquímicas revelaram grandes quantidades de proteínas e lipídios nas suas sementes, evidenciando potencial de auxílio na substituição da alimentação humana de proteínas animais, ou ainda ampliando nosso repertório alimentar, integrando a lista de Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs).

A árvore floresce a partir do final do mês de outubro até janeiro, enquanto a maturação dos frutos ocorre nos meses de julho até agosto e suas sementes podem ser colhidas diretamente da árvore ou no chão, quando iniciarem sua abertura espontânea. Em relação à produção de mudas, é necessário colocar as sementes em substrato organo-argiloso assim que colhidas, se maduras. Necessita de meia-sombra para melhor desenvolvimento, com duas irrigações por dia e com média de 20 dias até a emergência, possuindo taxa de 30% de germinação.

A Pata-de-vaca possui distribuição desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul. Apaixona todos que possam admirá-la, por conta das suas flores vistosas, que conferem alto potencial paisagístico. É considerada pioneira e cresce rápido, então também possui um grande valor para áreas degradadas e ocorre quase sempre em formações secundárias, sendo rara a sua presença no interior de mata primária densa.

Aspectos morfológicos da Bauhinia forficata. Fotos: Rubens Teixeira de Queiroz/UFP
Pata-de-vaca

Nome científico: Bauhinia forficata Link
Família: Fabaceae
Utilização: Recomendada para o paisagismo urbano.
Flor: Branca
Fruto: Vagem deiscente, contendo cerca de 10 sementes por vagem.
Coleta de sementes: Diretamente da árvore quando começar a abertura espontânea dos frutos.
Época de coleta de sementes: Abril a julho.
Crescimento de mudas: Relativamente rápido após emergência, que demora por volta de 20 dias.
Plantio: Mata ciliar, área aberta, solo degradado.

Referências:

LORENZI, H. Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas nativas do Brasil. Nova Odessa: Plantarum, 1998. 6ª Edição.
PROCHNOW, Miriam (Org.). No Jardim das Florestas. Rio do Sul: APREMAVI, 2007.
NOGUEIRA, Albina CO; SABINO, Cláudia VS. Revisão do Gênero Bauhinia Abordando Aspectos científicos das espécies Bauhinia forficata Link e Bauhinia variegata L. de interesse para a indústria farmacêutica. Revista fitos, v. 7, n. 02, 2012.

Autor: João Casimiro
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto
Foto de capa: Rubens Teixeira de Queiroz/UFP

Apremavi presente em evento sobre plantas, algas e fungos na UFSC

Apremavi presente em evento sobre plantas, algas e fungos na UFSC

Apremavi presente em evento sobre plantas, algas e fungos na UFSC

Sediado no Centro de Ciências Biológicas da UFSC, o ciclo de palestras e debates reuniu docentes, pós-graduandos, alunos da graduação e comunidade durante os três dias de programação.

No dia 25 de maio de 2022, a Apremavi participou do VII Encontro de Fungos Algas e Plantas, com o tema específico de “Inovações e Impacto Social das pesquisas em Biologia de Fungos Algas e Plantas”. O evento foi realizado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com a organização dos estudantes do Programa de Pós-graduação em Fungos, Algas e Plantas e contou com diversos palestrantes dos mais diferentes setores da sociedade.

O evento concentrou palestras e mesas-redondas norteadas pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Organização das Nações Unidas (ONU), mais especificamente os objetivos 2 (Fome Zero e Agricultura Sustentável), 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima), 14 (Vida na Água) e 15 (Vida Terrestre).

Os ODS foram criados em conformidade com a Agenda 2030 e estipulam 17 objetivos comprometidos com acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que todas as pessoas do planeta possam ter paz e prosperidade. A Apremavi está comprometida com a Agenda 2030 e os ODS e, desde 2020, analisa internamente como incluir as metas globais em seu planejamento estratégico, além de desenvolver ações, projetos e campanhas para alcançá-las.

+ Saiba mais sobre a implementação dos ODS na Apremavi

A participação no evento se deu na mesa-redonda intitulada “Vida na água e na terra”, na qual participantes dos setores governamental, da sociedade civil e da iniciativa privada apresentaram um pouco do trabalho desenvolvido em cada instituição e discutiram possibilidades de parcerias com a universidade e sobre como aproximar os diferentes setores da sociedade das pesquisas realizadas na instituição.

Gabriela Goebel apresentou o trabalho desenvolvido pela Apremavi no primeiro dia do evento. Foto: Vitor Lauro Zanelatto.

Para Gabriela Goebel, colaboradora da Apremavi que representou a instituição no evento e mestranda no Programa Pós-graduação em Fungos, Algas e Plantas (PPGFAP) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), é muito importante o diálogo entre os diferentes setores da sociedade, como as universidades e o terceiro setor. “Existem projetos e iniciativas muito importantes acontecendo na Apremavi, assim como muitas pesquisas com biodiversidade e conservação na universidade. Sendo assim, para potencializar o impacto dessas iniciativas na sociedade é cada vez mais importante a parceria e cooperação entre as instituições, e a Apremavi está aberta ao diálogo e a propostas de futuras parcerias, a fim de desenvolver ações que visem solucionar os problemas ambientais atuais”, destacou a bióloga e técnica ambiental da Apremavi.

O Programa de Pós-graduação desenvolve pesquisas na área de biodiversidade, com foco em fungos, algas e plantas. Vale ressaltar que o Brasil é o país mais biodiverso do mundo, com cerca de 46.975 espécies nativas de fungos, algas e plantas, de acordo com a base de dados Flora e Funga do Brasil. Ainda em relação a esses dados, 55% das espécies de plantas terrestres são endêmicas do Brasil, ou seja, não existem em nenhum outro lugar do mundo.

A partir disso e cada vez mais, diante da emergência das mudanças climáticas, da perda de biodiversidade e destruição dos ecossistemas, torna-se urgente a união e a cooperação de diferentes setores da sociedade para construir projetos, campanhas e ações efetivas para combater os problemas citados.

+ Saiba mais sobre o Programa de Pós-graduação em Fungos, Algas e Plantas (PPGFAP) da UFSC

Importância dos fungos, algas e plantas

Muitas vezes invisíveis aos olhos humanos, os fungos possuem um importantíssimo papel ecológico nos ecossistemas. Muitas espécies atuam como decompositores da matéria orgânica, importantes por realizarem a ciclagem de nutrientes no ambiente, enquanto também há espécies que fazem associação com raízes de plantas. Essa associação é chamada de micorriza e traz benefícios para as plantas ao permitirem o aumento da absorção de água e nutrientes, assim como uma maior capacidade de sobrevivência.

Por sua vez, as algas e as plantas desempenham outro papel fundamental para a existência humana ao absorverem gás carbônico da atmosfera e liberam o oxigênio por meio da fotossíntese, essencial para a vida no planeta. Inclusive, os oceanos, por conta das algas, absorvem a maioria do carbono existente na atmosfera e abrigam uma cadeia alimentar muito complexa e interdependente.

Sendo assim, a diversidade de fungos, algas e plantas é essencial para vida no planeta e para existência humana. São inúmeras as funções que esses organismos desempenham nos ecossistemas e há muito ainda para ser descoberto. As pesquisas relacionadas à biodiversidade, realizadas majoritariamente em universidades, no caso do Brasil, possuem grande potencial para serem utilizadas no dia a dia humano, já que muitos medicamentos, alimentos e materiais são derivados desses organismos vivos.

Para os resultados de uma pesquisa serem aplicados diretamente muita pesquisa básica precisa ocorrer. Além disso, sendo o Brasil o país com a maior biodiversidade do planeta e dado o estado atual de devastação do meio ambiente, é cada vez mais urgente conhecer e conservar as mais diferentes formas de vida existentes.

Amostras de fungos coletados na Mata Atlântica pelo Laboratório de Micologia da UFSC (MICOLAB). Foto: Vitor Lauro Zanelatto.

Autora: Gabriela Goebel.
Revisão: Vitor L. Zanelatto.

Apremavi integra iniciativa do OC com plano de reconstrução ambiental do país

Apremavi integra iniciativa do OC com plano de reconstrução ambiental do país

Apremavi integra iniciativa do OC com plano de reconstrução ambiental do país

O Observatório do Clima lançou no dia 19 de maio de 2022, em Brasília, um documento com 74 medidas que o próximo presidente da República pode adotar nos primeiros dois anos do novo governo para começar a reverter o legado tóxico de Jair Bolsonaro e reconstruir a política ambiental do país.

O primeiro volume da Estratégia Brasil 2045 – Construindo uma potência ambiental, apresenta um plano de longo prazo das 73 organizações integrantes do OC, para o país sair da atual condição de pária ambiental global e usar seu capital natural para gerar emprego e renda — e, no caminho, fazer o que lhe compete para combater a emergência climática.

+ Confira o volume I da Estratégia Brasil 2045 – Construindo uma potência ambiental

O documento lista ações em oito áreas:
1. Política climática e acordos internacionais;
2. Prevenção e controle do desmatamento;
3. Bioeconomia e atividades agrossilvopastoris;
4. Justiça climática;
5. Energia;
6. Biodiversidade e áreas costeiras;
7. Indústria e gestão urbana;
8. Governança e financiamento da política ambiental nacional. Para cada uma delas há ações consideradas prioritárias para o primeiro ciclo do novo governo (2023–2024) e, entre estas, um subconjunto de propostas urgentes a serem adotadas já nos primeiros cem dias de gestão.

Registro do evento de lançamento da Estratégia Brasil 2045. Fotos: Miriam Prochnow.

A Apremavi participou do processo de construção do documento e também do evento de lançamento, tendo a oportunidade de falar sobre o tema Biodiversidade e Áreas Costeiras. Miriam Prochnow, fundadora e conselheira da Apremavi, falou sobre a importância da iniciativa, salientando que todas as propostas não só são perfeitamente implantáveis, como na verdade urgentes.

Ressaltou que: “falando em biodiversidade precisamos lembrar com ênfase, que a nossa resiliência, o nosso poder de ultrapassar as crises, reside na conservação e restauração da natureza. São as Soluções Baseadas na Natureza (SBN) que irão permitir a nossa resistência. Tudo isso também exige uma boa dose de ativismo e de comprometimento de todos os setores da sociedade”. Miriam chegou a propor a necessidade de uma moratória para o desmatamento e conversão de áreas naturais, um basta à destruição, para que haja tempo hábil para agir.

assista a íntegra do evento: 

 

Autora: Miriam Prochnow
Revisão: Carolina Schäffer

Apremavi lança cartilha sobre planejamento de propriedades em evento do Código+10

Apremavi lança cartilha sobre planejamento de propriedades em evento do Código+10

Apremavi lança cartilha sobre planejamento de propriedades em evento do Código+10

Evento integra o Código +10, que aborda a primeira década do novo Código Florestal no Brasil, desafios para a implementação da legislação e soluções possíveis. 

A garantia de um futuro sustentável depende do enfrentamento urgente de alguns desafios ambientais: a perda da biodiversidade, a escassez e diminuição da qualidade da água e as consequências das mudanças climáticas. Olhar esses desafios no âmbito da paisagem é fundamental.

O manual Planejando Propriedades e Paisagens Sustentáveis, lançado hoje, dia 24 de maio, é uma ferramenta de conscientização e formação, para construção desse futuro. Traz informações sobre a Mata Atlântica e sua importância, trata da adequação ambiental de propriedades rurais, especialmente no âmbito do Novo Código Florestal e da Lei da Mata Atlântica e apresenta diversas soluções baseadas na natureza, para serem implementadas nos diversos territórios.

A publicação é uma realização da Apremavi, com apoio da Iniciativa Internacional Clima e Floresta da Noruega (NICFI), num consórcio de organizações não governamentais liderado pelo Observatório do Código Florestal (OCF).

O lançamento

Hoje, dia 24 de maio, das 14h às 15h30, Miriam Prochnow, fundadora e conselheira da Apremavi, participa de um evento virtual para lançamento de instrumentos que promovem a implementação do Código Florestal.

Ao lado de Roberta del Giudice, Secretária Executiva do OCF, de Lícia Azevedo, Especialista em Políticas Florestais da TNC, e de Flávia Ribeiro, Gerente de Comunicação da BVRio, Miriam apresenta as informações sobre a nova publicação da Apremavi. Na ocasião também serão publicizados a Nota Técnica Código Florestal com uma visão geral dos caminhos necessários para avançarmos com o Código Florestal, e uma coleção web que traz exemplos de boas práticas do cumprimento do Código Florestal, que vêm abrindo caminho para a efetivação da lei.

Miriam acredita que é necessário buscar a integração de todas as iniciativas sustentáveis existentes. “Precisamos integrar as soluções baseadas na natureza, que tem a ver com o redesenho e o planejamento das paisagens. Pensar o território com olhar de drone e visão de libélula: do alto, com a complexidade exigida e onde cabem todos os atores e setores existentes naquele território, mas cabe também a natureza”, complementa.

O Código +10

O Código Florestal +10 é um evento que busca marcar os dez anos da edição da nova Lei de proteção da vegetação nativa do Brasil, através da construção de uma agenda positiva para o efetivo cumprimento da legislação. Após o Brasil atingir números recordes de desmatamento em 2021, fica evidente a necessidade e a urgência de envolver diversos segmentos da sociedade nessa força tarefa.

Será realizado no formato híbrido entre os dias 23 de maio até 02 de junho, com oficinas e mesas de debate online e reuniões presenciais. As sessões serão apresentadas por diferentes organizações, consideradas referências nos temas abordados. O evento também faz parte da plataforma Rio2030, que tem como objetivo elaborar e implementar soluções referentes aos desafios da Agenda 2030.

A iniciativa é uma realização do Observatório do Código Florestal (OCF), rede de 39 organizações da sociedade civil, entre elas a Apremavi, que atuam com o propósito de articular pessoas, na implementação do Código Florestal, para gerar um impacto socioambiental positivo. Além disso, diversos parceiros, cruciais na implementação da Lei, também estão ativamente envolvidos nesta ação.

 

O Código Florestal como solução para crise

No dia 31 de maio, das 16h às 17h30, Wigold B. Schaffer, fundador e conselheiro da Apremavi se junta à Rafael Loyola, diretor executivo do Instituto Internacional para Sustentabilidade, Aliny Pires, professora da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, e Mercedes Bustamante, professora da Universidade de Brasília, numa mesa de debate sobre o papel do Código Florestal como solução efetiva para a crise climática, para conter a perda e promover a recuperação da biodiversidade e para prevenir desastres naturais em zonas urbanas.

A proposta também será discutir a proeminência de soluções baseadas na natureza para adaptação climática, segurança hídrica e urbana.

Autora: Carolina Schäffer
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto

Projeto +Floresta é apresentado aos parceiros

Projeto +Floresta é apresentado aos parceiros

Projeto +Floresta é apresentado aos parceiros

Em destaque nos projetos da Apremavi, a Floresta com Araucárias é o foco de mais uma iniciativa liderada pela Instituição.

O Projeto +Floresta foi lançado para contribuir com a restauração da vegetação nativa na Floresta Ombrófila Mista, no Oeste do Estado de Santa Catarina, com o incremento das populações de Araucária, Imbuia, Canela-preta e Xaxim – espécies vegetais ameaçadas de extinção com histórico de intensa exploração no Estado.

Com o financiamento do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA e aprovado por meio do chamamento público IBAMA nº 02/2018 (Restauração de populações da flora ameaçadas de extinção do bioma Mata Atlântica no Estado de Santa Catarina), o projeto será implantado no período de 2022 a 2030 e prevê a restauração de cerca de 260 hectares de áreas degradadas localizadas em reservas legais de sete projetos de assentamentos da reforma agrária e uma terra indígena em Abelardo Luz.

As ações previstas no Projeto +Floresta buscam o enriquecimento, expansão e conexão de fragmentos existentes ou a formação de novas florestas, contribuindo para melhorar a conectividade na paisagem, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, favorecer a manutenção da biodiversidade, proteger o solo e os recursos hídricos e assegurar o bem-estar das populações humanas.

Como pontapé inicial das atividades do projeto +Floresta, a equipe da Apremavi mobilizou reuniões com lideranças locais em abril para apresentar o projeto e consolidar parcerias para a execução dos trabalhos, além de reafirmar a sinergia com as instituições já parceiras no projeto na região Oeste de Santa Catarina.

Reunião de apresentação do +Floresta realizada em Abelardo Luz. Foto: Edilaine Dick.

Articulação das Parcerias

No último dia 19 de abril a coordenadora do projeto Edilaine Dick, o co-fundador da Apremavi Wigold Schäffer e a técnica ambiental Marluci Pozzan se reuniram na Câmara de Vereadores de Abelardo Luz com a diretoria do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), e posteriormente com outras lideranças atuantes nos assentamentos para articular os primeiros passos do projeto.

Para Álvaro Santin, morador do assentamento Dom José Gomes e participante da direção do MST, o projeto é parte da solução para os grandes desafios da atualidade: “Se nós de fato queremos viver com ambiente mais propício, nós vamos ter que tomar grandes medidas enquanto humanidade. Já lançamos há algum tempo o plano nacional ‘Plantar Árvores, Produzir Alimentos Saudáveis’ que tem a ver com a conservação do ambiente, mas também com a produção de alimentos”.

Álvaro encara o +Floresta como uma oportunidade: “Então nesse conjunto, projetos como esse que vai se desenvolver com a Apremavi aqui nos assentamentos da região de Abelardo Luz, nesse projeto do IBAMA, ele tem um significado importante para a gente ir além de conservar. Também é a expectativa que a gente fortaleça a cultura de plantio de árvores, de cuidado, e também da geração de renda e da produção de alimentos saudáveis”.

O plano nacional do MST tem objetivo de realizar a recuperação de áreas degradadas por meio da implementação de agroflorestas e quintais produtivos. Em nível nacional, a meta do movimento é o plantio de 10 milhões de árvores e em Santa Catarina 4 milhões nos próximos 10 anos.

Além do encontro com o MST, outras reuniões com parceiros também foram realizadas. No dia 18 de abril a equipe se reuniu em Chapecó com o IBAMA, com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e Fundação Nacional do Índio (FUNAI). Já no dia 20 de abril, foi realizada uma visita em São Domingos ao Grimpeiro, parceiro do projeto e gestor do Viveiro de Mudas Nativas Ricardo Cunha Canci.

O Projeto +Floresta é financiado pelo IBAMA através do através do Acordo de Cooperação Técnica Nº 34/2021 e supervisionada pelo Ministério Público Federal de Santa Catarina, Instituto Socioambiental (ISA) e Justiça Federal de Santa Catarina, na forma da ação n° 5001458- 53.2017.4.04.7200/SC.

Autores: Marluci Pozzan e Edilaine Dick
Revisão: Vitor Lauro Zanelatto

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