Grande inspiração, não só na Apremavi, Miriam Prochnow, ambientalista e co-fundadora da instituição, trabalha na área ambiental há mais de 35 anos. Em seu depoimento sobre como vê o seu trabalho ela relata “gosto de imaginar que meu trabalho inspira e dá forças para que outras mulheres se sintam encorajadas a participar da construção de um mundo melhor para as futuras gerações. Um mundo sustentável e de paz. Nós precisamos que isso aconteça se quisermos que a humanidade continue pelas bandas do planeta Terra”.
Em 1987, na fundação da Apremavi, Miriam esteve acompanhada também de outra mulher inspiradora, Lucia Sevegnani (em memória). Doutora em Ecologia e ex-professora da FURB, Lucia foi, dentre tantas outras coisas, uma das pesquisadoras e organizadoras do “Inventário Florístico Florestal de Santa Catarina”, em 2012. Sua vida e seu trabalho ainda hoje são fonte de pesquisa e alento para toda a sociedade catarinense.
Seguindo os passos das fundadoras, Carolina Schäffer, mestre em Botânica, atualmente exerce a vice-presidência da Apremavi e busca sua maior inspiração na história da instituição e na própria Mata Atlântica, “trabalhar para conservá-la e restaurá-la, e fazer isso na companhia de muitas mulheres aguerridas, é o que me inspira”. Carolina também acredita que “contratar mulheres e empoderá-las para que exerçam suas funções com maestria e autonomia é parte da minha missão como gestora da instituição”.
O olhar e a busca pela equidade de gênero na equipe da Apremavi não é nova. Hoje a instituição emprega 18 mulheres, num universo de 38 colaboradores, e estas ocupam os mais variados cargos da instituição, desde a vice-presidência, a coordenação de projetos e da área financeira, até a área técnica, administrativa e de comunicação e o envolvimento nas atividades do dia-a-dia do Viveiro Jardim das Florestas.
Uma das técnicas ambientais da Apremavi, Gabriela Goebel, mestranda em Botânica, atua e vive pelo que acredita; “meu trabalho contribui com a causa ambiental por meu comprometimento e amor ao meio ambiente. Acredito que essa vontade de fazer a diferença possa inspirar outras mulheres a ocupar e ter voz em todos os espaços, e mostrar que estamos fortes na luta por um mundo mais justo para todas as espécies e ecossistemas”.
Também dedicada, a mestre em Biologia Animal, que atua como assistente de comunicação e informação na instituição, Thamara Santos de Almeida, espera “inspirar e encorajar outras mulheres a acreditarem que é possível lutar contra as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade transformando o amor em mudar essa realidade por trabalho remunerado, conquistando assim a nossa independência financeira, algo tão caro para nós mulheres”.
Em seu depoimento, Thamara toca em outro ponto que precisa ser pauta: a disparidade salarial entre gênero. Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT) apontam que globalmente, em média, as mulheres recebem salários cerca de 20% menores do que os dos homens. Por isso, o encorajamento por independência financeira e a oferta de salários igualitários é uma das ações que ajuda a combater a desigualdade de gênero.
Coordenadora administrativa e membro da diretoria, a administradora Maria Luiza Schmitt Francisco comenta “sinto que vim para este mundo com uma ou com várias missões, buscando sempre a evolução, e que não faz sentido algum trabalhar somente para receber o salário no final do mês. Preciso me sentir realizada e sentir que estou fazendo algo pelo bem comum, para o benefício da minha e, principalmente, das futuras gerações”.
Atuar no presente e inspirar futuras gerações move a Apremavi desde o início, por isso a instituição promove ações de conscientização e educação ambiental no âmbito dos projetos que executa, além de impulsionar o engajamento dos jovens na área socioambiental.
Inspirar pelo exemplo também é lema das auxiliares de administração da Apremavi. A contadora, Sirlene Ceola, pensa que o exemplo dá condições mais fortes que palavras, além disso “ensinar nossos filhos a cuidar do meio ambiente atrai uma geração atrás da outra. Sou inspirada por mulheres e posso fazer o mesmo, inspirá-las com meu trabalho”. E sem dúvida inspira mesmo, tanto é que sua colega Aline Martins, graduanda em administração, diz que espera com a sua atuação profissional “influenciar outras mulheres a ter um olhar mais amplo do meio ambiente, de forma a enxergar sua importância e adquirir responsabilidade social, garantindo à nossa e às futuras gerações uma melhor qualidade de vida”.
A equidade faz parte dos Princípios da Apremavi
Na última revisão da Carta de Princípios da Apremavi foram incorporados os propósitos “Respeitar e valorizar as diferenças individuais (de origem, nacionalidade, gênero, cor/ raça, religião, étnicas, sociais, culturais, etárias, físicas e de orientação sexual)” e “Promover a equidade de gênero, oferecendo oportunidades iguais independente de diferenças individuais em um ambiente de trabalho“. Desde então, estratégias para o cumprimento desses princípios de forma plena estão sendo observadas com ainda mais intensidade e implementadas de forma transversal na instituição.
Muito além de inspirar, na missão pela conservação e restauração da Mata Atlântica e sua biodiversidade, precisamos garantir que todas as mulheres tenham acesso às mesmas oportunidades de aprendizagem e tenham condições igualitárias de trabalho e de ocupação dos espaços científicos, políticos e no setor socioambiental.
REFERÊNCIAS
Lopes, M. M., de Souza, L. G. P., & de Oliveira Sombrio, M. M. (2004). A construção da invisibilidade das mulheres nas ciências: a exemplaridade de Bertha Maria Júlia Lutz (1894-1976). Revista gênero, 5(1).
González, A. I. Á. (2010). As origens e a comemoração do dia internacional das mulheres. São Paulo: Expressão Popular.
Pan American Health Organization (2021). Gendered Health Analysis COVID-19 in the Americas.
Pay transparency legislation: Implications for employers’ and workers’ organizations (2022). International Labour Organization.